500: Depois da implosão no fundo do mar, OceanGate quer criar uma colónia humana em Vénus

 

– Não chegou a implosão do Titan ao tentarem aceder ao Titanic, com a morte de todos os tripulantes e agora querem ir a Vénus? Paralisia cerebral!

🌊 OCEANGATE // 👪 COLÓNIA HUMANA // 🌌 VÉNUS

A OceanGate foi tema de manchetes, durante vários dias consecutivos. Se na altura os motivos escureceram a sua imagem, agora, a ideia poderá intrigar os mais desconfiados. A empresa quer levar uma colónia de humanos para o planeta Vénus.

O Titan da OceanGate implodiu há poucas semanas, deixando cinco aventureiros no fundo do mar. Na altura, a empresa foi dissecada e muitos foram os dedos apontados à alegada irresponsabilidade, antes e depois do acidente.

Apesar do desastre, o sonho de ir mais além não parou por ali e, se o fundo do mar não deu resultados, a OceanGate quer testar o espaço – de forma muito arrojada, diga-se.

OceanGate quer chegar a Vénus… e levar mil humanos consigo

Se há empresas e agências que procuram voltar à Lua ou aterrar em Marte, a OceanGate quer ir para Vénus, instalando uma colónia de mil humanos num dos planetas mais tóxicos do nosso Sistema Solar.

Numa entrevista, Guillermo Söhnlein, co-fundador da OceanGate, partilhou que a empresa está a conduzir um projecto que é muito mais viável e ambicioso do que a ideia de levar humanos até Marte.

Guillermo Söhnlein, cofundador da OceanGate

Tendo em conta as condições inóspitas do planeta, o projecto Humans2Venus procura dar origem a uma estação na órbita de Vénus, a cerca de 48 km da superfície, permitindo a instalação e o desenvolvimento de uma colónia humana.

Apesar de Vénus ser um dos planetas mais agressivos a qualquer tipo de vida e completamente inacessível com a tecnologia de que dispomos hoje, a OceanGate acredita que a sua missão será concretizada, algures em 2050.

Se já lhe surgiram vários senãos para esta colónia venusiana, Guillermo Söhnlein não hesitou em enumerar alguns pontos positivos:

1 – Dimensão

Vénus é o planeta mais parecido com a Terra em tamanho, densidade e gravidade.

2 – Temperatura

Embora a temperatura média de Vénus seja de cerca de 462 °C, quando passamos para a atmosfera, local onde a OceanGate quer instalar a colónia, essa desce para níveis suportáveis pela vida e pelos seres humanos, entre 0 °C e 50 °C. O co-fundador da empresa explicou ainda que estes números permitiriam a existência de água líquida.

3 – Protecção contra a radiação solar

Através da interacção entre a luz ultravioleta do Sol e a atmosfera densamente gasosa de Vénus, é gerado um campo magnético que protege o planeta. Desta forma, as partículas são desviadas para o Sistema Solar, em vez de penetrarem no corpo celeste.

Considerando que Vénus seria um dos últimos planetas a serem considerados para albergar humanos, acompanharemos os avanços (bem como os recuos) desta ideia mirabolante da OcenGate.

Pplware
Autor: Ana Sofia Neto
02 Ago 2023


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488: Como seria viver em Vénus? O lugar mais soalheiro da Terra dá-nos uma ideia

 

CIÊNCIA // VÉNUS // VIDA

O Planalto de Chajnantor, no Deserto de Atacama, recebe tanta luz solar como Vénus, o planeta mais quente do Sistema Solar.

elrentaplats / Flickr

Um novo estudo publicado na Bulletin of the American Meteorological Society identificou o Altiplano do Deserto de Atacama, na América do Sul, como o local mais soalheiro do planeta.

A intensidade solar deste planalto é comparável à quantidade de luz que a que Vénus, o planeta mais quente do nosso Sistema Solar, é exposto.

Dados de satélite já tinham sugerido que o Altiplano, que se estende por partes do Chile, Bolívia e Peru, era o lugar mais ensolarado da Terra. A sua altitude média de 3-750 metros faz dele o segundo planalto mais alto do mundo, depois do Tibete.

Para confirmar as suspeitas levantadas pelo satélite, os investigadores criaram um observatório atmosférico na borda noroeste do Planalto de Chajnantor, no Deserto de Atacama do norte do Chile, em 2016.

Os dados do observatório confirmaram as previsões do satélite, registando um recorde de iluminação solar de 2.177 watts por metro quadrado em Janeiro de 2017. A média anual foi de 308 watts por metro quadrado, a mais alta em todo o mundo.

“É a radiação que receberíamos no Verão se estivéssemos em Vénus”, explicou Raul Cordero, autor do estudo e climatologista da Universidade de Groningen, nos Países Baixos, numa declaração ao The Washington Post.

Apesar da proximidade de Mercúrio ao Sol, Vénus mantém o título de planeta mais quente do Sistema Solar devido à sua espessa atmosfera que prende o calor como uma estufa. A temperatura média da superfície de Vénus chega aos 470°C, sendo quente o suficiente para derreter chumbo.

Embora o Deserto de Atacama não atinja estas temperaturas escaldantes, a intensidade da sua luz solar é comparável.

O estudo também descobriu que as nuvens finas e fragmentadas em alta altitude podem ocasionalmente aumentar a intensidade da luz Sol ao reflectir a radiação. Esta reflexão, combinada com a baixa cobertura de nuvens da região, contribui para a quantidade extrema de luz solar.

A equipa sugere ainda que o Planalto de Chajnantor é o “lugar ideal para testar a segurança, durabilidade e design de futuras centrais fotovoltaicas à prova de variação” devido à sua excepcional exposição solar.

No entanto, também enfatizaram a necessidade de protecção de alto nível para a pele daqueles que estão expostos a tais níveis de radiação.

ZAP //
29 Julho, 2023


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Conjunção astronómica Vénus – Lua

 

Flag for Portugal Lisbon, Portugal — Moonrise, Moonset, and Moon Phases, Abril 2023

Moon: 15.7%

Waxing Crescent

Current Time: 24 de Abr de 2023, 0:30:01
Moon Direction: 306,93° NW
Moon Altitude: -1,55°
Moon Distance: 393.400 km
Next Full Moon: 5 de Mai de 2023, 18:34
Next New Moon: 19 de Mai de 2023, 16:53
Next Moonrise: Today, 9:26

Hoje, via-se perfeitamente à vista desarmada Vénus em conjunção astronómica com a Lua.

Stellarium

De acordo com o site In-The-Sky.org, a Lua estará com magnitude de -10.3, e a de Vénus será de -4.1, ambos na constelação de Touro. Quanto mais brilhante um corpo parece, menor é o valor de sua magnitude (relação inversa). O Sol, por exemplo, que é o objecto mais brilhante do céu, tem magnitude aparente de -27.

24.04.2023


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Cientistas partilham mapa compreensivo dos vulcões em Vénus – cerca de 85.000

 

CIÊNCIA // VULCANISMO // VÉNUS

Tem interesse nos relatos de erupções vulcânicas recentes em Vénus? Os cientistas planetários Paul Byrne e Rebecca Hahn da Universidade de Washington em St. Louis querem que se utilize o seu novo mapa de 85.000 vulcões em Vénus para ajudar a localizar o próximo fluxo de lava activo. O seu estudo foi publicado na revista Journal of Geophysical Research: Planets.

Um novo artigo científico na revista Journal of Geophysical Research: Planets fornece o mapa mais compreensivo de todas as construções vulcânicas em Vénus jamais compilado.
Crédito: Rebecca Hahn, Universidade de Washington em St. Louis

“Este artigo científico fornece o mapa mais completo de todas as construções vulcânicas em Vénus alguma vez compilado”, disse Byrne, professor associado de ciências da Terra e planetárias.

“Fornece aos investigadores uma base de dados extremamente valiosa para a compreensão do vulcanismo naquele planeta – um processo planetário chave, mas para Vénus é algo sobre o qual sabemos muito pouco, apesar de ser um mundo do mesmo tamanho que o nosso”.

Byrne e Hahn utilizaram imagens de radar da missão Magellan da NASA a Vénus para catalogar vulcões em Vénus a uma escala global. A sua base de dados resultante contém 85.000 vulcões, dos quais cerca de 99% têm menos de 5 km em diâmetro.

“Desde a missão Magellan da NASA na década de 1990 que temos muitas questões importantes sobre a geologia de Vénus, incluindo as suas características vulcânicas”, disse Byrne.

“Mas com a recente descoberta de vulcanismo activo em Vénus, compreender exactamente onde os vulcões estão concentrados no planeta, quantos são, quão grandes são, etc., torna-se ainda mais importante – especialmente porque teremos novos dados sobre Vénus nos próximos anos”.

“Tivemos a ideia de elaborar um catálogo global porque ninguém o tinha feito a esta escala antes”, disse Hahn, estudante de ciências da Terra e planetárias na Universidade de Washington, autora principal do novo artigo científico.

“Foi enfadonho, mas eu tinha experiência na utilização do software ArcGIS, que foi o que usei para construir o mapa. Essa ferramenta ainda não existia quando estes dados foram disponibilizados na década de 1990”.

“As pessoas na altura desenhavam círculos, à mão, em torno dos vulcões, quando agora o posso fazer no meu computador”.

“Esta nova base de dados vai permitir aos cientistas pensar onde mais procurar evidências de actividade geológica recente”, disse Byrne, docente do Centro McDonnell para Ciências Espaciais da mesma universidade.

“Podemos fazê-lo quer através da pesquisa de dados da Magellan, já com décadas de existência (como o novo artigo científico fez), quer analisando dados futuros e comparando-os com os da Magellan”.

Sapas Mons, um grande vulcão em Marte, tem cerca de 400 km em diâmetro. Foi observado pela sonda Magellan.
Crédito: NASA/JPL

O novo estudo de Byrne e Hahn inclui análises detalhadas sobre onde se encontram os vulcões, onde e como estão agrupados e como as suas distribuições espaciais se comparam com as propriedades geofísicas do planeta, tais como a espessura da crosta.

No seu conjunto, este trabalho fornece a compreensão mais abrangente das propriedades vulcânicas de Vénus – e talvez do vulcanismo de qualquer mundo até agora.

Isto porque, embora saibamos muito sobre os vulcões na Terra que se encontram em terra, é provável que ainda existam muitos por descobrir sob os oceanos. Na ausência de oceanos, toda a superfície de Vénus pode ser vista com imagens de radar da Magellan.

Embora existam vulcões em quase toda a superfície de Vénus, os cientistas encontraram relativamente menos vulcões na faixa dos 20-100 km de diâmetro, que deduzem ser em função da disponibilidade de magma e do ritmo de erupções.

Byrne e Hahn também quiseram observar de perto os vulcões mais pequenos em Vénus, aqueles com menos de 5 km de diâmetro que foram ignorados por caçadores de vulcões anteriores.

“São a característica vulcânica mais comum no planeta: representam cerca de 99% do seu conjunto de dados”, disse Hahn. “Analisámos a sua distribuição utilizando diferentes estatísticas espaciais para descobrir se os vulcões estão agrupados em torno de outras estruturas em Vénus, ou se estão agrupados em certas áreas”.

Os vulcões mais pequenos à superfície de Vénus – como os agrupados aqui – são mais difíceis de detectar, mas constituem cerca de 99% das construções vulcânicas rastreadas numa nova e abrangente base de dados de vulcões por cientistas da Universidade de Washington. Estes vulcões foram observados pela nave espacial Magellan
Crédito: NASA/JPL, JGR Planets

O novo conjunto de dados sobre os vulcões de Vénus está alojado na Universidade de Washington e disponível livremente para a consulta por outros cientistas.

“Já sabemos de colegas que descarregaram os dados e que estão a começar a analisá-los – que é exactamente o que nós queremos”, disse Byrne.

“Outras pessoas vão levantar novas perguntas que nós não levantámos, sobre a forma, tamanho, distribuição dos vulcões, tempo de actividade em diferentes partes do planeta, etc. Estou entusiasmado por ver o que eles conseguem descobrir com a nova base de dados”!

E se 85.000 vulcões em Vénus parece ser um grande número, Hahn disse que na realidade é conservador. Ela pensa que existem centenas de milhares de características geológicas adicionais que têm algumas propriedades vulcânicas. São apenas demasiado pequenas para serem detectadas e confirmadas.

“Um vulcão com 1 quilómetro em diâmetro teria 7 pixéis nos dados da Magellan, o que é realmente difícil de ver”, disse Hahn. “Mas com uma resolução melhorada, poderíamos ser capazes de resolver essas estruturas”.

E é exactamente esse tipo de dados que as futuras missões a Vénus vão obter na década de 2030.

“A NASA e a ESA vão cada uma enviar uma missão a Vénus na década de 2030 para obter imagens de radar de alta resolução da superfície”, disse Byrne. “Com essas imagens, poderemos procurar aqueles vulcões mais pequenos que prevemos que existam.

“Esta é uma das descobertas mais excitantes que fizemos em Vénus – com dados que têm décadas!”, disse Byrne. “Mas há ainda um grande número de questões que temos sobre Vénus que não podemos responder, para as quais temos de alcançar as nuvens e a superfície.

“Estamos apenas a começar”, disse.

// Universidade de Washington em St. Louis (comunicado de imprensa)
// Artigo científico (JGR Planets)

Astronomia – Centro Ciência Viva do Algarve
4 de Abril de 2023


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20: Dados da Magellan revelam actividade vulcânica em Vénus

 

CIÊNCIA // ASTRONOMIA // VÉNUS  // GEOLOGIA

Foram observadas, pela primeira vez na superfície de Vénus, evidências geológicas directas de actividade vulcânica recente. Os cientistas fizeram a descoberta depois de analisarem imagens de radar tiradas há mais de 30 anos, na década de 1990, pela missão Magellan da NASA. As imagens revelaram uma fissura vulcânica que mudou de forma e aumentou significativamente de tamanho em menos de um ano.

Este modelo 3D gerado por computador da superfície de Vénus mostra o cume de Maat Mons, o vulcão que está a exibir sinais de actividade. Um novo estudo revelou que uma das fissuras de Maat Mons foi ampliada e mudou de forma ao longo de um período de oito meses em 1991, indicando a ocorrência de um evento eruptivo. Crédito: NASA/JPL-Caltech

Os cientistas estudam vulcões activos para compreender como o interior de um planeta pode moldar a sua crosta, impulsionar a sua evolução e afectar a sua habitabilidade.

Uma das novas missões da NASA a Vénus irá fazer exactamente isso. Liderada pelo JPL da NASA no sul do estado norte-americano da Califórnia, a VERITAS (Venus Emissivity, Radio science, InSAR, Topography, And Spectroscopy) será lançada dentro de uma década.

O orbitador estudará Vénus da superfície ao núcleo para compreender como um planeta rochoso do mesmo tamanho da Terra tomou um caminho muito diferente, evoluindo para um mundo coberto por planícies vulcânicas e terreno deformado escondido sob uma atmosfera espessa, quente e tóxica.

“A selecção da missão VERITAS pela NASA inspirou-me a procurar por actividade vulcânica recente nos dados da Magellan”, disse Robert Herrick, professor na Universidade do Alaska, em Fairbanks, membro da equipa científica da VERITAS, que liderou a pesquisa dos dados de arquivo.

“Não esperava realmente ter sucesso, mas após cerca de 200 horas de comparação manual das imagens de diferentes órbitas da Magellan, vi duas imagens da mesma região, tiradas com oito meses de intervalo, exibindo alterações geológicas provocadas por uma erupção”.

A pesquisa e as suas conclusões estão descritas num novo estudo publicado na revista Science. Herrick também apresentou os achados no passado dia 15 de Março durante a 54.ª Conferência de Ciência Lunar e Planetária, realizada no estado norte-americano do Texas.

Os dados de altitude para as regiões Maat Mons e Ozza Mons, na superfície de Vénus, podem ser vistos à esquerda, com a área de estudo indicada pela caixa preta. À direita estão as observações da Magellan antes (A) e depois (B) da ampliação da fissura de Maat Mons, com possíveis novos fluxos de lava após um evento eruptivo.
Crédito: Robert Herrick/UAF

Modelando um vulcão

As mudanças geológicas que Herrick encontrou ocorreram em Atla Regio, uma vasta região montanhosa perto do equador de Vénus que acolhe dois dos maiores vulcões do planeta, Ozza Mons e Maat Mons. Há muito que se pensa que a região é vulcanicamente activa, mas não havia evidências directas de actividade recente.

Ao examinar as imagens de radar da Magellan, Herrick identificou uma fissura vulcânica associada a Maat Mons que mudou significativamente entre Fevereiro e Outubro de 1991.

Na imagem de Fevereiro, a fissura aparecia quase circular, cobrindo uma área com menos de 2,2 quilómetros quadrados. Tinha lados interiores íngremes e mostrava sinais de lava nas suas encostas exteriores, factores que sugeriam actividade.

Nas imagens de radar captadas oito meses mais tarde, a mesma abertura tinha duplicado de tamanho e ficado deformada. Parecia também estar cheia até acima com um lago de lava.

Mas como as duas observações eram de ângulos de visão opostos, tinham perspectivas diferentes, o que as tornava difíceis de comparar. A baixa resolução dos dados com três décadas só tornou o trabalho mais complicado.

Herrick juntou-se a Scott Hensley do JPL, cientista do projecto VERITAS e especialista na análise de dados de radar como os da Magellan. Os dois investigadores criaram modelos informáticos da fissura em várias configurações para testar diferentes cenários de eventos geológicos, tais como deslizamentos de terras. A partir desses modelos, concluíram que só uma erupção poderia ter provocado a mudança.

“Apenas algumas das simulações coincidiram com as imagens e o cenário mais provável é que a actividade vulcânica ocorreu à superfície de Vénus durante a missão da Magellan”, disse Hensley. “Embora este seja apenas um ponto de dados para um planeta inteiro, confirma a existência de actividade geológica moderna”.

Os cientistas compararam o tamanho do fluxo de lava gerado pela actividade de Maat Mons com a erupção do Kilauea em 2018, na Ilha Grande do Hawaii.

Este mapa global e simulado por computador da superfície de Vénus foi construído a partir de dados das missões Magellan e Pioneer Orbiter da NASA. Maat Mons, o vulcão que exibiu sinais de uma erupção recente, está dentro do quadrado perto do equador do planeta.
Crédito: NASA/JPL-Caltech

O legado da Magellan

Herrick, Hensley e o resto da equipa da VERITAS estão ansiosos por ver como o conjunto de instrumentos científicos avançados e os dados de alta resolução da missão irão complementar a notável colecção de imagens de radar da Magellan, que transformou o conhecimento da humanidade sobre Vénus.

“Vénus é um mundo enigmático e a Magellan sugeriu tantas possibilidades”, disse Jennifer Whitten, investigadora adjunta principal da VERITAS na Universidade de Tulane, em Nova Orleães.

“Agora que estamos muito certos de que o planeta sofreu uma erupção vulcânica há apenas 30 anos, esta é uma antevisão das incríveis descobertas que a VERITAS irá fazer”.

A VERITAS vai utilizar um radar de abertura sintética topo-de-gama para criar mapas globais em 3D e um espectrómetro no infravermelho próximo para descobrir de que é feita a superfície.

A sonda também irá medir o campo gravitacional do planeta para determinar a estrutura do interior de Vénus. Juntos, os instrumentos vão fornecer pistas sobre os processos geológicos passados e presentes do planeta.

E enquanto os dados da Magellan eram originalmente complexos de estudar – Herrick disse que na década de 1990 basearam-se em caixas de CDs de dados de Vénus que foram compilados pela NASA e entregues por correio -, os dados da VERITAS estarão disponíveis online para a comunidade científica. Isso permitirá aos investigadores aplicar técnicas de ponta, como a aprendizagem de máquina, para analisar o planeta e ajudar a revelar os seus segredos mais íntimos.

Esses estudos serão complementados pela EnVision, uma missão europeia a Vénus com lançamento previsto para o início da década de 2030. A sonda transportará o seu próprio radar de abertura sintética (de nome VenSAR), que está a ser desenvolvido no JPL, bem como um espectrómetro semelhante ao que a VERITAS levará. Tanto Hensley como Herrick são membros chave da equipa científica do VenSAR.

// NASA (comunicado de imprensa)
// Universidade do Alaska, Fairbanks (comunicado de imprensa)
// Artigo científico (Science)

Astronomia – Centro Ciência Viva do Algarve
17 de Março de 2023


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8: O inóspito Vénus pode ter sido preenchido por oceanos no passado

 

CIÊNCIA // ASTRONOMIA // VÉNUS

Cientistas querem saber como e porque é que Vénus chegou ao estado em que se encontra actualmente, sobretudo devido às suas aparentes semelhanças com a Terra.

Paul K. Byrne / NASA / USGS

Apesar de ser um do vizinho da Terra, Vénus não poderia ser mais diferente em termos físicos, com a sobrevivência humana a ser impossível devido a factores tóxicos.

Ainda assim, Vénus partilha algumas semelhanças com a Terra. Ambos os planetas têm aproximadamente o mesmo tamanho, massa e densidade, e têm composições muito semelhantes. O que dá pertinência à seguinte questão: poderá Vénus ter sido alguma vez habitável?

Com esta premissa, um novo estudo descobriu que se Vénus alguma vez teve condições habitáveis, e água líquida na sua superfície, foi há muito tempo e por um breve período.

Os cientistas Alexandra Warren e Edwin Kite da Universidade de Chicago modelaram a história da atmosfera de Vénus para determinar a taxa e os mecanismos da perda de oxigénio — o que por sua vez revelou que se o planeta alguma vez teve água líquida (algo que suscita muitas dúvidas aos cientistas), foi há mais de 3 mil milhões de anos.

Actualmente, Vénus é extremamente seca e com baixos níveis de oxigénio. A sua atmosfera é 96% de dióxido de carbono, 3% de azoto e com vestígios de outros gases, tais como o dióxido de enxofre.

A sua atmosfera é também extremamente espessa, com uma pressão 90 vezes superior à da Terra, embalada por ventos fortes e ácidos.

Devido à espessura, o calor não tem como escapar, apesar de Vénus ter a superfície mais quente de qualquer planeta do Sistema Solar e uma temperatura ambiente média de 464 graus Celsius.

Ainda assim, há a possibilidade de no início do Sistema Solar, quando o Sol era menos poderoso, Vénus poderia ter sido mais ameno, inclusive com lagos e oceanos de água líquida.

Como tal, os cientistas querem saber como e porque é que Vénus chegou ao estado em que se encontra actualmente, sobretudo devido às suas aparentes semelhanças com a Terra.

Explorar a sua história poderia ajudar-nos a descobrir a probabilidade do nosso planeta seguir o mesmo caminho.

A falta de oxigénio na atmosfera de Vénus é algo confuso. Se este planeta alguma vez tivesse tido um oceano líquido, essa água teria evaporado para a atmosfera à medida que Vénus aqueceu, separando-se em hidrogénio e oxigénio através da foto-dissociação, uma reacção química desencadeada pela luz solar. O hidrogénio teria escapado para o espaço, mas o oxigénio deveria ter permanecido.

Warren e Kite pretendiam saber para onde esse oxigénio pode ter ido, por isso construíram um modelo baseado numa Vénus habitável. Colocaram oceanos de água na superfície, adicionaram mecanismos que poderiam ter contribuído para a perda de oxigénio, ajustaram parâmetros tais como a quantidade de água e o período de tempo em que poderia ter estado presente.

Um cenário a que chegaram apontava para a possibilidade de o oxigénio de Vénus ter estabelecido uma ligação com o carbono emitido pelos vulcões para formar dióxido de carbono, mas tal parece bastante improvável.

Pelo contrário, o oxigénio pode ter tido dois destinos: escapar para o espaço ou ficar sequestrado no magma oxidável, na superfície do planeta. Quanto aos oceanos, precisam de ter secado pelo menos há 3 mil milhões de anos.

Mas a magnitude da actividade vulcânica passada de Vénus pode ser limitada pela quantidade de argónio radioactivo, o qual ainda está presente na atmosfera do planeta.

Ao determinar o quão activo era o vulcanismo de Vénus no passado, os investigadores conseguiram de estimar a quantidade de água que o planeta poderia ter tido.

A resposta não é muito concreta, destaca o Science Alert. Os oceanos de Vénus não poderiam ter tido mais de 300 metros de profundidade, ou seja, menos de 10% da média de 3.688 metros de profundidade dos oceanos da Terra.

Assim, os resultados conciliam a falta de oxigénio na atmosfera actual de Vénus com potenciais condições de habitabilidade precoce, mas a lacuna, dizem os investigadores, é estreita.

Esse frecha torna-se ainda mais estreita quando se considera o registo de árgon. Menos de 0,4% das corridas foram bem sucedidas quando se tem em conta todo o âmbito da atmosfera actual de Vénus.

As futuras missões poderiam tentar medir a composição da superfície de Vénus para ajudar a determinar se o planeta caiu de facto nesta frecha muito estreita.

ZAP //
15 Março, 2023


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