587: Um planeta gigante parece ser fruto de colisões planetárias

 

CIÊNCIA // ASTRONOMIA // COLISÕES PLANETÁRIAS

Uma equipa internacional de astrónomos descobriu um planeta da dimensão de Neptuno, mais denso do que o aço, e pensam que a sua composição pode ser o resultado de um choque planetário gigante.

Simulação do impacto.
Crédito: Jingyao Dou

A massa de TOI-1853b é quase o dobro da de qualquer outro planeta de dimensão semelhante conhecido e a sua densidade é incrivelmente elevada, o que significa que é constituído por uma fracção de rocha maior do que seria de esperar a essa escala.

No estudo, publicado na revista Nature, os cientistas liderados por Luca Naponiello, da Universidade de Roma Tor Vergata, sugerem que este facto é o resultado de colisões planetárias.

Estes enormes impactos teriam removido parte da atmosfera mais leve e da água, deixando para trás uma grande quantidade de rocha.

O investigador sénior associado e co-autor, Dr. Phil Carter, da Escola de Física da Universidade de Bristol, explicou: “Temos fortes evidências de colisões altamente energéticas entre corpos planetários no nosso Sistema Solar, como a existência da Lua da Terra, e boas evidências de um pequeno número de exoplanetas.

“Sabemos que há uma enorme diversidade de planetas em sistemas exoplanetários; muitos não têm análogos no nosso Sistema Solar, mas têm frequentemente massas e composições entre as dos planetas rochosos e as de Neptuno/Úrano (os gigantes gelados).

“A nossa contribuição para o estudo foi modelar impactos gigantes extremos que poderiam, potencialmente, remover a atmosfera mais leve e a água/gelo do planeta maior original, de modo a produzir a densidade extrema medida.

“Descobrimos que o corpo planetário inicial teria provavelmente de ser rico em água e sofrer um impacto gigante extremo a uma velocidade superior a 75 km/s para produzir TOI-1853b tal como é observado.”

Este planeta fornece novas evidências da prevalência de impactos gigantes na formação de planetas em toda a Galáxia. Esta descoberta ajuda a ligar as teorias de formação de planetas baseadas no Sistema Solar à formação de exoplanetas.

A descoberta deste planeta extremo fornece novos conhecimentos sobre a formação e evolução dos sistemas planetários.

Jingyao Dou, estudante e co-autor, afirmou: “Este planeta é muito surpreendente! Normalmente, esperamos que os planetas que se formam com esta quantidade de rocha se tornem gigantes gasosos como Júpiter, que têm densidades semelhantes à da água.

“TOI-1853b é do tamanho de Neptuno, mas tem uma densidade superior à do aço. O nosso trabalho mostra que isto pode acontecer se o planeta tiver sofrido colisões planeta-planeta extremamente energéticas durante a sua formação.

“Estas colisões retiraram parte da atmosfera mais leve e da água, deixando um planeta substancialmente rico em rocha e de alta densidade.”

Agora a equipa planeia observações detalhadas de TOI-1853b para tentar detectar qualquer atmosfera residual e examinar a sua composição.

A professora associada e co-autora, Dra. Zoë Leinhardt, concluiu: “Não tínhamos investigado anteriormente impactos gigantes tão extremos, pois não são algo que esperávamos.

Há muito trabalho a fazer para melhorar os modelos de materiais que estão na base das nossas simulações e para alargar a gama de impactos gigantes extremos modelados”.

As simulações foram efectuadas utilizando as instalações computacionais do Centro de Investigação em Computação Avançada da Universidade de Bristol.

// Universidade de Bristol (comunicado de imprensa)
// Artigo científico (Nature)

CCVALG
1 de Setembro de 2023


Ex-Combatente da Guerra do Ultramar, Web-designer,
Investigator, Astronomer and Digital Content Creator



published in: 4 semanas ago

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