401: Afinal, a Terra pode ter demorado “pouco tempo” a formar-se

 

CIÊNCIA // TERRA // FORMAÇÃO

Há uma nova teoria que altera o que “era garantido” em relação à formação Terra, bem como ao tempo que a água demorou a chegar ao nosso planeta.

ETH Zurich

A teoria clássica sobre a formação do planeta Terra descreve o (longo) episódio como uma fase de grandes colisões entre fragmentos celestes, em escalas de tempo de 50 a 100 milhões de anos.

Os planetas são criados ao longo de milhões de anos, através da colisão constante de corpos, o que vai aumentando gradualmente o seu tamanho.

De facto, a teoria mais consensual no seio da comunidade científica é que Terra tenha levado mais de 100 milhões de anos a formar-se integralmente.

Outra teoria, amplamente aceite, diz que a água ‘caiu’ na Terra, devido à colisão de cometas – que são corpos ricos em água.

Um estudo feito por investigadores da Universidade de Copenhaga, na Dinamarca, publicado na revista Nature, levanta agora outra hipótese, acerca a formação do planeta.

As evidências científicas revelaram que a Terra foi formada por um acumular extremamente rápido de minúsculos fragmentos de forma mais ou menos arredondada.

Isaac Onyett, autor correspondente do estudo, disse, citado pela Tech Explorist, que “os planetas se terão expandido num disco em torno do ‘jovem’ Sol, e o disco estaria coberto de poeira microscópica”.

“Quando o recém-planeta atinge um certo tamanho, ele começa a funcionar como um aspirador, recolhendo rapidamente toda aquela poeira. E, como resultado, torna-se do tamanho da Terra, em questão de alguns milhões de anos”, mas, considera Isaac Onyetto, não em tantos como aqueles que se pensavam.

O cientista disse também que “a aspiração de pequenas partículas de poeira garantiu que a água tivesse chegado ao planeta”, através da integração de corpos gelados, como cometas.

“O disco também contém muitas partículas de gelo. À medida que o ‘efeito aspirador’ aspira a poeira, ele também integra uma parte do gelo. Esse processo contribui para a presença de água durante a formação da Terra, em vez de depender de um evento casual que só fornece água 100 milhões de anos depois”, esclareceu Isaac Onyett.

As descobertas do estudo demonstram que, afinal, é possível que a Terra se tenha formado em muito menos tempo do que aquilo que, anteriormente, se pensava. De acordo com esta teoria, precisou “apenas” de um milhão de anos.

Este novo estudo abre ainda a possibilidade de existência de água em planetas de outros sistemas que não o solar. Só é preciso que o planeta esteja à distância certa do “seu Sol”.

Miguel Esteves, ZAP //
30 Junho, 2023



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234: Vivemos num holograma? Uma teoria com 25 anos e muitos adeptos

 

FÍSICA QUÂNTICA // UNIVERSO HOLOGRÁFICO

Um universo holográfico pode parecer ficção científica, mas é uma hipótese que tem cativado os físicos há décadas.

Oleksandr Pidvaldny / Pexels

A ideia foi proposta pela primeira vez por Juan Maldacena em 1997, e sugere que o Universo é um holograma que projecta a ilusão de espaço tridimensional a partir de uma superfície bidimensional.

Embora esta teoria continue por provar, tornou-se uma das descobertas mais importantes das últimas décadas, uma vez que pode oferecer uma solução para a tão procurada unificação da física quântica e da relatividade geral.

O princípio holográfico tem ajudado a dar sentido a muitos problemas difíceis da física de partículas e dos buracos negros.

Por exemplo, Stephen Hawking e Jacob Bekenstein estavam a tentar compreender o papel que a mecânica quântica desempenha nos buracos negros, onde o espaço-tempo é tão deformado e a gravidade é tão forte que nada pode escapar à sua atracção.

Descobriram que a informação contida num buraco negro depende da área do seu horizonte de eventos e não do volume que este engloba. Isto significa que, de alguma forma, toda a informação de uma região tridimensional do Espaço poderia caber no limite bidimensional à sua volta.

O trabalho de Maldacena tornou-se, desde então, um dos trabalhos mais estudados e citados da física teórica. O princípio holográfico sugere que tudo o que vemos no Universo pode ser uma projecção de uma realidade bidimensional que existe no limite do espaço-tempo.

Se isto for verdade, significaria que o Universo em que vivemos não é o que parece, e que as leis da física que observamos são apenas uma aproximação de uma realidade mais fundamental.

Apesar das diferenças entre o Universo teórico de Maldacena e o que observamos, a sua ideia captou a imaginação tanto dos teóricos da teoria de cordas como das pessoas que trabalham com a relatividade geral.

O princípio holográfico pode ser a chave para desvendar os mistérios da gravidade quântica, que há muito ilude os físicos. Ao sugerir que o Universo é um holograma, o trabalho de Maldacena abriu novas vias de investigação e desafiou os físicos a pensar sobre a natureza da realidade de formas novas e emocionantes.

ZAP //
9 Maio, 2023


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