630: Extraterrestres em TRAPPIST-1e podem encontrar-nos pela nossa poluição

 

🌌 UNIVERSO // 🌎TERRA // POLUIÇÃO // TRAPPIST-1e

Procuramos pelo universo bioassinaturas que indiciem a presença do que possamos classificar como vida. Por outro lado, se no exoplaneta TRAPPIST-1e, que fica a 40 anos-luz de distância da Terra e que poderá ter todas as condições para albergar vida, algum ser inteligente estiver a olhar para o sistema solar, poderá descobrir-nos, através da poluição que produzimos. O que pensariam de nós os extraterrestres?

Habitantes do planeta TRAPPIST-1e podem saber que existimos

Se formas de vida alienígenas num exoplaneta a cerca de 40 anos-luz de distância tivessem a sua própria versão do Telescópio Espacial James Webb e o apontassem para nós, seriam capazes de detectar vida?

A resposta é sim, de acordo com um novo estudo datado de 28 de Agosto de 2023, liderado pelo astro-biólogo Jacob Lustig-Yeager da Johns Hopkins. E é a poluição da nossa atmosfera que nos denuncia.

Mas o inverso também seria verdade. Se uma civilização extraterrestre tivesse tecnologia semelhante à nossa, poderia produzir poluição na sua atmosfera, que nós poderíamos detectar como um sinal de vida.

Os cientistas já tinham considerado esta ideia antes. No novo estudo, os investigadores imaginaram alienígenas hipotéticos no exoplaneta TRAPPIST-1e à procura de vida na Terra.

Simulação da Terra vista do exoplaneta próximo da Terra

A premissa básica é que o telescópio Webb poderia encontrar sinais de bioassinaturas ou tecnoassinaturas em mundos alienígenas próximos. Assim, uma civilização alienígena avançada num desses planetas poderia potencialmente encontrar-nos também.

Parece lógico, certo? Neste cenário, quaisquer alienígenas em TRAPPIST-1e veriam a Terra como um exoplaneta em trânsito a partir da sua localização. Poderiam então analisar a nossa atmosfera, tal como nós estudamos a deles com o Webb.

O estudo centra-se sobretudo na detecção de poluição produzida artificialmente na atmosfera de um planeta, como os clorofluorocarbonetos (CFC) na Terra.

Na investigação utilizou-se um novo modelo de recuperação de dados atmosféricos chamado SMARTER. Este baseia-se em espectros anteriores de planetas terrestres. O documento explica:

Este modelo tem a capacidade de analisar a transmissão de UV a ondas milimétricas, luz reflectida e dados de emissão para exoplanetas com uma vasta gama de composições atmosféricas, temperaturas e pressões.

Os investigadores utilizaram o exoplaneta TRAPPIST-1e como modelo análogo à Terra. É um dos sete planetas rochosos de dimensão terrestre que orbitam a estrela anã vermelha TRAPPIST-1, a cerca de 40 anos-luz de distância.

Primeiro, simularam os dados da TRAPPIST-1e a partir do Webb. Descobriram que o Webb deveria ser capaz de detectar moléculas de vida ou tecnologia no TRAPPIST-1e, caso existissem. Isto poderia incluir poluentes industriais como os CFCs.

Poluição é um sinal de vida. Confuso?

Em seguida, os investigadores utilizaram dados do satélite SCISAT do Canadá, que monitoriza os gases atmosféricos. Reduziram intencionalmente a qualidade dos dados e “fizeram uma confusão”.

A ideia era imitar a forma como um telescópio extraterrestre poderia ver a Terra a 40 anos-luz de distância.

Smith explicou como o fizeram:

Primeiro, a equipa simulou como seria a visão do SCISAT da atmosfera terrestre se o satélite estivesse situado na extremidade do nosso sistema solar em vez de na órbita baixa da Terra. De seguida, adicionou uma série de “ruído”, ou seja, pedaços aleatórios de luz infravermelha que não provêm da estrela ou do planeta. Finalmente, recolheu amostras destes dados com ruído a uma resolução muito mais baixa, semelhante à forma como o JWST veria um planeta a 40 anos-luz de distância.

E funcionou! Os investigadores conseguiram detectar nos dados simulados substâncias químicas associadas à vida e à tecnologia. O facto de o terem conseguido fazer mesmo com dados mais confusos e de menor qualidade foi um grande feito.

Os resultados mostraram que, de facto, se houvesse extraterrestres avançados na TRAPPIST-1e com telescópios como o Webb, poderiam encontrar vida na Terra. Portanto, o inverso também deveria ser verdade.

Por exemplo, se o Webb detectasse CFCs na atmosfera do TRAPPIST-1e ou de outro exoplaneta, isso seria uma boa prova da existência de uma civilização nesse planeta. Pelo menos na Terra, os CFCs só são produzidos artificialmente.

Será o TRAPPIST-1e um exoplaneta habitável?

Agora a pergunta de um milhão: quanto ao TRAPPIST-1e em si, será habitável? Bom, ainda não sabemos se pode ou não suportar vida de qualquer tipo. Depende, em primeiro lugar, do facto de o planeta ter ou não uma atmosfera.

Os resultados do Webb para os dois planetas mais próximos da estrela, o TRAPPIST-1b e o TRAPPIST-1c, mostraram que não têm atmosfera ou, na melhor das hipóteses, têm uma atmosfera extremamente ténue. Isto parece desencorajador.

No entanto, outros estudos sugeriram que o TRAPPIST-1e e o TRAPPIST-1f podem ser os mais potencialmente habitáveis de todos os sete planetas.

O TRAPPIST-1e pode ser capaz de manter uma atmosfera mais espessa e até mesmo água na sua superfície. Mas até termos novos dados do Webb, ainda não sabemos.

O Webb tem estado ocupado a observar vários dos planetas TRAPPIST-1, pelo que não deve demorar muito até sabermos mais sobre as condições do TRAPPIST-1e.

A poluição em si não é uma coisa boa, claro. Mas pode vir a ser um dos primeiros sinais de vida extraterrestre avançada que alguma vez descobriremos.

E pode ser uma das primeiras formas de os extraterrestres nos encontrarem. Estamos apenas a começar a ser capazes de analisar as atmosferas de planetas como o TRAPPIST-1e. Será interessante ver o que o Webb e outros telescópios futuros encontrarão.

Conclusão: os investigadores mostram como uma civilização alienígena em TRAPPIST-1e nos poderia encontrar detectando a nossa poluição. Simularam a Terra vista a 40 anos-luz de distância.

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Autor: Vítor M


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627: Estamos perto de recuperar a camada de ozono e resolver um dos nossos maiores problemas

 

🌎 PLANETA // 🌌OZONO

Estamos quase a recuperar totalmente a camada de ozono, resolvendo aquele que foi, durante muito tempo, um dos maiores problemas da humanidade.

Num mundo sobrelotado, as alterações climáticas não são o único desafio que a humanidade enfrenta. Aliás, antes, nas últimas décadas do século XX, a protagonista era outra: a camada de ozono.

Apesar de já não ser tema de manchete, o problema associado à camada de ozono foi identificado em meados da década de 1980.

Na altura, uma série de estudos revelou que a utilização de um certo número de compostos químicos – nomeadamente os clorofluorocarbonos (CFC), gases incluídos em aerossóis – chegava à atmosfera e decompunha o ozono.

Sendo o ozono essencial à nossa sobrevivência, por ser responsável pela absorção de grande parte dos raios ultravioleta que chegam à Terra vindos do Sol, a destruição da sua camada foi, desde logo, identificada como um problema a resolver, urgentemente.

A comunidade internacional reagiu ao problema e, em 1987, entrou em vigor o Protocolo de Montreal, que pôs fim à emissão de CFC. Os resultados não foram imediatos, mas a situação do buraco da camada de ozono foi sendo atenuada: primeiro, foi travada a sua expansão e, mais tarde, foi iniciada a sua recuperação.

Estamos a conseguir recuperar a camada de ozono

Mudanças desta envergadura demoram o seu tempo a reverter, e, depois de muitos anos a lidar com o problema, a Organização das Nações Unidas aponta 2040 como o ano que ditará o início do fim do buraco da camada de ozono.

O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e a Organização Meteorológica Mundial (OMM) constataram que a restauração desta camada está num caminho favorável. As duas entidades estimam que a recuperação nas diferentes zonas do mundo dar-se-á entre 2040 e 2066.

A previsão aponta que a Antárctida seja o “last man standing“. De acordo com o último relatório de avaliação quadrienal do Painel de Avaliação Científica do Protocolo de Montreal, a camada de ozono atingirá os níveis de 1980, em 2066. Isto colocar-nos-á a meio do processo de recuperação.

Apesar desta previsão, é possível que outras áreas se recuperem bem mais cedo, como o buraco do Árctico, que é mais recente e mais pequeno.

Fora das regiões polares, a recuperação da camada de ozono poderá ocorrer em menos de duas décadas, por volta de 2040.

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Autor: Ana Sofia Neto
19 Set 2023


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617: NASA revelou o seu muito aguardado relatório sobre avistamentos de OVNIs e extraterrestres

 

🇺🇸 EUA // 🛰️ NASA // 👽 EXTRATERRESTRES

Tem sido um tempo de revelações, insinuações e de muitos testemunhos em volta de extraterrestres e OVNIs, entre avistamentos e hipotéticas ameaças de outros mundos.

Nesse sentido, a NASA encomendou um relatório sobre material recolhido a uma comissão independente de peritos. Foi então criada uma compilação de acontecimentos anómalos. Veja o que foi apresentado sobre a existência ou não visitas de alienígenas ao planeta Terra.

Os fenómenos anómalos não identificados (UAP) continuarão a ser isso mesmo: fenómenos não identificados. É o que se pode deduzir da apresentação do último relatório encomendado pela NASA sobre o assunto.

A comissão de peritos responsável pelo texto recomendou, no entanto, à agência que aperfeiçoasse os seus instrumentos para cooperar na resolução destes acontecimentos enigmáticos.

O relatório diz pouco mais do que aquilo que já veio a público. Uma das principais conclusões é que os instrumentos utilizados pela agência espacial, satélites e telescópios de vários tipos, não foram concebidos para identificar e resolver estes fenómenos anómalos.

Portanto, de agora em diante é essencial melhorar as capacidades dos instrumentos da agência, calibrar os sensores dos seus instrumentos ou multiplicar o número de medições efectuadas. Com isso, a NASA poderá contribuir para a resolução destes fenómenos no futuro.

A frota de observatórios de satélites terrestres da NASA deve assumir um papel de apoio na determinação das condições ambientais que coincidem com os UAP.

Refere o relatório num dos seus pontos.

O que são os UAPs?

O que faz de um UAP um fenómeno anómalo não identificado é precisamente o facto de não sabermos o que é. E se alguém estava à espera que este relatório resolvesse algum deles como sendo visitas extraterrestres, terá de esperar.

O relatório cita vários casos, alguns deles já tratados pela Força Aérea dos EUA. Dois desses exemplos foram resolvidos como sendo de aviões comerciais. Outro UAP mencionado no relatório, que parece ser uma esfera metálica observada por um drone MQ-9 num local do Médio Oriente, continua por resolver.

A NASA lançou o relatório hoje em Washington às 10h00 (15h00 em Portugal continental). A apresentação contou com a presença de figuras-chave da NASA, como o Administrador da NASA, Bill Nelson, que anunciou a criação de uma direcção de investigação UAP.

Nelson também sublinhou que “não sabemos o que são UAPs”, e que não há provas de que qualquer dos fenómenos observados que permanecem por resolver tenham algo a ver com visitas extraterrestres.

No entanto, reiterou o compromisso da agência para com a transparência na investigação e para com quaisquer hipotéticas descobertas futuras: “o que quer que encontremos, dir-vos-emos”.

A apresentação contou também com a presença de outros altos funcionários da NASA, como Nicola Fox e Dan Evans, bem como de David Spregel, membro da equipa responsável pelo relatório.

A montanha pariu um rato?

– Quem estão paridos são os mentecaptos anormalóides que pensam que estamos sozinhos no Universo…

Este relatório era esperado há mais de um ano. Conforme foi notícia, a NASA criou uma comissão independente para levar a cabo o maior estudo institucional sobre OVNIs até à data.

Com um orçamento de 100.000 dólares (cerca de 94 mil euros) e um prazo de nove meses (passaram 15 meses desde que ouvimos falar dele pela primeira vez), o relatório gerou uma grande expectativa na altura.

Entretanto, como temos visto, acumulam-se provas de como os Estados Unidos começaram a levar a sério o objectivo de acabar com o secretismo em torno desta questão.

O Pentágono, mais concretamente a Força Aérea dos EUA, é o outro ramo da administração com muito a dizer sobre o assunto.

A resposta dos militares a esta nova transparência foi o All-domain Anomaly Resolution Office (AARO), um departamento dedicado ao estudo de anomalias como os UAPs, também criado em 2022.

A NASA e o AARO chamaram ocasionalmente a atenção para a necessidade de cooperação entre as duas agências, a fim de esclarecer o maior número possível destes fenómenos.

A questão das hipotéticas visitas de extraterrestres ao nosso planeta tem tido outras faces. Por exemplo, os oficiais militares que testemunharam há dois meses perante o sub-comité da Câmara dos Representantes dos EUA sobre UAP.

Declararam então que o governo dos Estados Unidos não só tinha conhecimento da visita de inteligências extraterrestres ao nosso planeta, mas que possuía tecnologia extraterrestre.

Algo semelhante aconteceu ontem na Câmara dos Deputados do México, embora neste caso, o ufólogo Jaime Maussan tenha ido ao órgão legislativo com várias “provas” do que ele alegou serem corpos de alienígenas.

Outra fonte de controvérsia foi a descoberta dos restos do que poderia ser um meteorito interestelar, ou seja, os restos minerais de um asteróide que, como Oumamua, chegou ao nosso sistema solar vindo de um lugar distante.

A diferença entre Oumamua e o chamado IM1 é que este último acabou por se despenhar ao largo da costa da Papua Nova Guiné em 2014.

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Autor: Vítor M
14 Set 2023


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615: Observatório de Mundos Habitáveis acredita que pode detectar vida extraterrestre

 

⚗️ CIÊNCIA // 👽VIDA ALIENÍGENA

Os humanos não estão convencidos de que só existimos nós num universo tão vasto. E cada vez se fala mais em bioassinaturas no espaço, de exoplanetas que podem albergar vida extraterrestre e da necessidade de explorarmos essa possível realidade.

Como tal, em Agosto, cientistas e engenheiros reuniram-se no Caltech para discutir a futura missão para detectar vida para além da Terra. A responsabilidade será do Observatório de Mundos Habitáveis e a missão poderá ser lançada no final desta década.

Vida extraterrestre… a humanidade não desiste!

A missão proposta, denominada Observatório de Mundos Habitáveis, poderá ser a primeira a detectar vida para além da Terra. Pelo menos é essa a expectativa dos cientistas e engenheiros que discutiram essa ideia no Caltech. A missão deverá descolar no final da década de 2030 ou no início da década de 2040.

O Decadal Survey on Astronomy and Astrophysics da National Academy of Sciences – um roteiro dos objectivos futuros da astronomia – escolheu o Observatório de Mundos Habitáveis como a sua principal prioridade em 2020. O observatório ficaria atrás apenas do Telescópio Espacial James Webb.

Um dos objectivos do Observatório de Mundos Habitáveis será ajudar os astrónomos a estudar exoplanetas na zona habitável, a região em torno de uma estrela onde as temperaturas são adequadas para a existência de água líquida.

A chave para encontrar vida noutros mundos seria a capacidade do observatório para examinar as atmosferas dos exoplanetas.

O observatório irá mascarar a luz da estrela-mãe com um coronógrafo, ou sombra de estrela, para ver melhor a atmosfera de um exoplaneta.

Os astrónomos poderão então detectar os químicos na atmosfera que podem indicar a presença de vida. Estes indicadores são chamados bioassinaturas. Como disse Nick Siegler do JPL:

Estimamos que só na nossa galáxia existam vários milhares de milhões de planetas do tamanho da Terra na zona habitável. Queremos sondar as atmosferas destes exoplanetas para procurar oxigénio, metano, vapor de água e outros químicos que possam indicar a presença de vida. Não vamos ver homenzinhos verdes, mas sim assinaturas espectrais destes químicos chave, ou aquilo a que chamamos bioassinaturas.

O coronógrafo é fundamental

O projecto do Observatório de Mundos Habitáveis dependerá de um coronógrafo. A concepção segue investimentos recentes que serão utilizados no Telescópio Espacial Nancy Grace Roman, cujo lançamento está previsto para maio de 2027.

Uma versão recente do coronógrafo – denominada vortex coronagraph – encontra-se no Keck Planet Imager and Characterizer, parte do Observatório Keck no Hawaii.

O vortex coronagraph permite aos cientistas obter imagens directas das emissões térmicas de exoplanetas jovens e quentes, gigantes gasosos. Os planetas são cerca de um milhão de vezes mais fracos do que as suas estrelas.

Mas os cientistas gostariam de ver melhor os planetas mais pequenos, da dimensão da Terra, na zona habitável. No entanto, estes planetas mais pequenos são muito mais pequenos do que as suas estrelas-mãe.

A Terra, por exemplo, é 10 mil milhões de vezes mais fraca que o Sol. Por isso, um coronógrafo construído para detectar um exoplaneta como a Terra seria “exponencialmente mais difícil”.

Na reunião realizada no Caltech em Agosto, os participantes discutiram um coronógrafo com um espelho deformável. Um dos problemas de um coronógrafo típico é o facto de a luz difusa continuar a infiltrar-se na imagem sob a forma de manchas.

Um espelho deformável poderia ajudar a cancelar a luz estelar dispersa. Veja no vídeo abaixo como funciona um coronógrafo com um espelho deformável.

O coronógrafo do Telescópio Espacial Nancy Grace Roman

O Telescópio Espacial Nancy Grace Roman será o primeiro a utilizar este tipo de coronógrafo. Este coronógrafo deverá permitir obter imagens de exoplanetas até mil milhões de vezes mais fracos do que as suas estrelas.

O Telescópio Espacial Nancy Grace Roman deverá ser capaz de obter imagens de planetas gigantes gasosos maduros e jovens, bem como de discos de detritos resultantes da formação de planetas. Como disse Vanessa Bailey do JPL:

O Instrumento coronográfico do Roman é o próximo passo da NASA no caminho para encontrar vida fora do nosso sistema solar. A diferença de desempenho entre os telescópios actuais e o Observatório de Mundos Habitáveis é demasiado grande para ser colmatada de uma só vez. O objectivo do Instrumento é ser este trampolim intermédio. Demonstrará várias das tecnologias necessárias, incluindo máscaras de coronógrafo e espelhos deformáveis, a níveis de desempenho nunca antes alcançados fora do laboratório.

O coronógrafo do Observatório de Mundos Habitáveis terá de ter um desempenho ainda melhor.

Segundo Dimitri Mawet do JPL:

Temos de ser capazes de deformar os espelhos com um nível de precisão de um picómetro [um trilionésimo de metro]. Teremos de suprimir a luz das estrelas por outro factor de cerca de 100 em comparação com o coronógrafo de Roman. O workshop ajudou-nos a perceber onde estão as lacunas na nossa tecnologia e onde precisamos de fazer mais desenvolvimentos na próxima década.

Em resumo, o futuro Observatório de Mundos Habitáveis da NASA irá analisar as atmosferas dos exoplanetas, procurando assinaturas de vida extraterrestre. Para isso a luz das estrelas terá de ser “apagada”, para não ofuscar os planetas que podem conter o que a humanidade tanto procura.

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Autor: Vítor M
13 Set 2023


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598: Quantas pessoas serão necessárias para colonizar Marte?

 

🚀 MARTE // 👪 COLONIZAÇÃO

Não nos chega a Terra e, por isso, há empresários e agências a pensar em formas de levar seres humanos para Marte. Segundo um novo estudo, não só há um número de pessoas apontado como sustentável para a criação de uma colónia, como há outros elementos a ter em consideração, no momento da sua selecção.

Um novo estudo realizado por uma equipa de investigadores dos Estados Unidos da América concluiu que para sustentar uma colónia durante o tempo suficiente para estabelecer uma presença sustentável em Marte seriam precisas apenas 22 pessoas.

A equipa utilizou modelos e simulações para determinar a dimensão mínima da população inicial para uma colónia de Marte bem sucedida e próspera. Caso a colónia seja menor do que a apontada como ideal, a colonização do planeta vermelho poderá ser um fracasso.

Além do número de pessoas, os investigadores descobriram que a colónia humana em Marte tem de contar com a mistura correta de tipos de personalidade. Isto, para garantir que os seleccionados conseguem trabalhar em conjunto durante muito tempo, num ambiente muito isolado. Caso contrário, a colonização poderá não correr bem.

Para além dos desafios técnicos e de engenharia, os colonizadores também enfrentarão desafios psicológicos e de comportamento humano.

O nosso objectivo é compreender melhor as interacções comportamentais e psicológicas dos seleccionados através de uma abordagem de modelação baseada em agentes (simulação ABM).

Esta modelação baseada em agentes é uma técnica utilizada na investigação económica ou da saúde. De forma simples, são simulações informáticas concebidas para estudar as interacções de “agentes” autónomos com poder de decisão num sistema. Embora normalmente se concentrem em pessoas, o sistema pode também incluir objectos, localização e a passagem do tempo.

A equipa incluiu, na sua modelação, quatro tipos de personalidade:

  • Agradáveis, com baixa competitividade, baixa agressividade e baixa fixação na rotina;
  • Sociais, moderadamente competitivos, competitivos nas interacções sociais e requerem interacção social, mas também têm baixa fixação na rotina;
  • Reactivos, moderadamente competitivos, competitivos na interacção social e fixados na rotina;
  • Neuróticos, altamente competitivos, agressivos socialmente, altamente fixados na rotina e têm problemas com o tédio.

A cada agente foram também atribuídas competências de duas categorias: gestão e engenharia. Outros factores, como a disponibilidade de recursos, as relações interpessoais e o alinhamento de tarefas, também foram tidos em consideração.

Como perceberam que são precisas 22 pessoas para colonizar Marte?

A equipa estudou as incursões humanas em ambientes isolados sob elevado stress, como a Antárctida, submarinos e a Estação Espacial Internacional, por forma a compreender melhor os desafios e os factores de stress.

Depois, realizou cinco execuções do seu modelo durante um período de 28 anos, variando a dimensão da população de 10 para 170 em aumentos de 10 indivíduos, testando posteriormente populações iniciais ainda mais pequenas.

Uma vez que existem tarefas críticas que têm de ser constantemente realizadas – como a produção de ar, água e alimentos, a remoção de resíduos e a recuperação de acidentes -, foi definido um tamanho de população de 10 como o mínimo absoluto para uma colónia estável. De ressalvar que foram incluídos números iguais de cada tipo de personalidade em cada conjunto inicial.

Após 28 anos, a população inicial mínima capaz de sustentar uma população superior a 10 indivíduos era de 22 pessoas. Contudo, o tipo de personalidade desempenhou um papel significativo. Afinal, “o tipo de personalidade Agradável foi o único a sobreviver durante toda a duração das execuções do modelo”.

Estas descobertas, que ainda não foram revistas por pares, foram apresentadas em pormenor, num artigo publicado arXiv.

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Autor: Ana Sofia Neto

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595: Júpiter foi atingido por um objecto celeste não identificado que provocou uma explosão (vídeo)

 

⚗️ CIÊNCIA // 🔭 ASTRONOMIA // 💥JÚPITER // ASTERÓIDES ☄️

Um astrónomo amador detectou um clarão de luz no gigante gasoso, indicando um pequeno impacto. Contudo, por menor que pareça, o estrondo, na medida de Júpiter, haverá de ser poderoso. Mas terá sido tão marcante para “ferir” o denso manto de nuvens que envolve este gigante gasoso?

E se fosse na Terra?

Sendo o maior planeta do nosso sistema solar, Júpiter não é um planeta para brincar. Isso não impede que cometas ou asteróides errantes testem o gigante gasoso, colidindo ocasionalmente com Júpiter devido ao seu enorme tamanho e à sua imensa força gravitacional.

No final da semana passada, um astrónomo amador captou um breve impacto em Júpiter, que apareceu como uma explosão de luz brilhante deixada por um pequeno objecto.

O MASA Planetary Log, uma conta de astronomia amadora no X (antigo Twitter), publicou um vídeo do impacto que teve lugar no dia 28 de Agosto às 17:45, hora de Portugal continental (1h45 hora local do Japão no dia 29 de Agosto). O evento foi confirmado por outros astrónomos amadores no X, que relataram ter visto o clarão brilhante.

O objecto que embateu em Júpiter é provavelmente um pequeno cometa ou um asteróide. Júpiter não é estranho a estes impactos. Como um gigante no nosso sistema solar, a sua poderosa força gravitacional e a proximidade da cintura principal de asteróides colocam-no em perigo.

O último impacto registado teve lugar em Setembro de 2021, e o objecto tinha dimensões semelhantes às deste recente.

Mas talvez o evento de impacto mais famoso tenha ocorrido em 1994, quando fragmentos do cometa Shoemaker-Levy 9 colidiram com Júpiter com a força de 300 milhões de bombas atómicas, de acordo com a NASA.

Felizmente, Júpiter consegue livrar-se destas colisões. Se um objecto de tamanho semelhante embatesse na Terra, o nosso planeta sofreria muito mais danos.

Na verdade, Júpiter pode ter um papel importante na protecção da Terra e dos restantes planetas do sistema solar interior contra este tipo de impactos. O planeta ou absorve os objectos que se aproximam do sistema solar ou atira-os para mais longe da Terra.

O gigante gasoso do sistema solar sabe certamente como manter a paz na sua vizinhança cósmica.

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Autor: Vítor M
03 Set 2023

Eles andarem por aí…

 


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584: Telescópio James Webb capta a imagem mais nítida de sempre da galáxia Whirlpool

 

CIÊNCIA // UNIVERSO // JAMES WEBB // GALÁXIA WHIRLPOOL

A Galáxia Whirlpool, também conhecida como Galáxia do Redemoinho, tecnicamente denominada Messier 51a (M51a), foi descoberta pela primeira vez em 1773 pelo astrónomo francês Charles Messier. Este é um dos objectos mais conhecidos do céu nocturno.

Desde astrónomos amadores até à NASA, há décadas que todos partilham imagens da galáxia Whirlpool. Mas nunca se viu uma imagem como a que acaba de ser captada pelo Telescópio Espacial James Webb, o mais potente do seu género.

Esta imagem hipnotizante (em destaque no topo) é uma imagem composta dos instrumentos NIRCam e MIRI do telescópio. Ambos os dispositivos foram concebidos para captar o universo distante, descodificando sinais de luz infravermelha provenientes de estrelas e galáxias distantes. O resultado final é a Galáxia Whirlpool num pormenor nunca antes visto.

As regiões vermelho-escuras mostram a poeira quente filamentosa que permeia o meio da galáxia.

As regiões vermelhas mostram a luz reprocessada de moléculas complexas que se formam nos grãos de poeira, enquanto as cores laranja e amarelo revelam as regiões de gás ionizado pelos aglomerados de estrelas recentemente formados.

A retroacção estelar tem um efeito dramático no meio da galáxia e cria uma rede complexa de nós brilhantes, bem como bolhas negras cavernosas.

Afirmou a Agência Espacial Europeia (ESA), que ajudou a construir o telescópio e o lançou para o espaço no ano passado a partir do seu porto espacial na Guiana Francesa.

A agência refere que a retroacção estelar é o termo utilizado para descrever o derrame de energia das estrelas para os ambientes que as formam e é um processo crucial para determinar as taxas de formação das estrelas.

Compreender o feedback estelar é vital para a construção de modelos universais exactos de formação de estrelas.

A imagem do James Webb faz parte de uma série de observações destinadas a esclarecer a interacção entre a retroacção estelar e a formação de estrelas em ambientes fora da nossa galáxia, a Via-Láctea.

A M51 é apelidada de Whirlpool (redemoinho) por causa da sua estrutura em redemoinho, que se assemelha à água em torno de um ralo.

Encontra-se a cerca de 30 milhões de anos-luz de distância, na constelação Canes Venatici, o que significa que a imagem que vemos mostra o aspecto da galáxia Whirlpool há 30 milhões de anos.

James Webb mostra o que nunca foi visto

A Whirlpool tem um irmão mais novo – a galáxia anã NGC 5195. Pensa-se que a influência gravitacional da companheira mais pequena da M51 é parcialmente responsável pela natureza distinta dos braços espirais proeminentes e bem desenvolvidos da galáxia.

Quando foram publicadas em 2011, as imagens do Hubble da galáxia Whirlpool deixaram o mundo estupefacto.

No entanto, numa reviravolta profética, a equipa por detrás das imagens disse que “embora o Hubble esteja a fornecer vistas incisivas da estrutura interna de galáxias como a M51, espera-se que o planeado Telescópio Espacial James Webb produza imagens ainda mais nítidas”.

Se quiser perceber como funciona a galáxia Whirlpool e porque é tão especial, veja este vídeo com Michael Merrifield, professor de astronomia na Universidade de Nottingham:

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Autor: Vítor M
30 Ago 2023


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576: Lua Azul: o que é e quando será a próxima?

 

🇵🇹 CIÊNCIA // 🔭ASTRONOMIA // 🌕 LUA AZUL

É consensual que a Terra foi bafejada pela sorte quando a Lua caiu na sua órbita. O nosso satélite natural brinda-nos com eventos fantásticos, como, por exemplo, o espectáculo da Lua Azul.

Lua Azul: o que é e quando será a próxima?

A próxima Lua Azul ocorrerá na próxima quinta-feira, 31 de Agosto, à 01:35 GMT. Nessa altura, a Lua estará a uma distância de 357.344 km da Terra e será a maior Lua que veremos em 2023, além de que será 30% mais brilhante.

Este é um fenómeno invulgar que ocorre a cada dois anos e meio ou três anos, e que está para acontecer este ano e este mês. Chamaram-lhe Lua Azul, mas, na verdade, astronomicamente falando, trata-se de Lua cheia.

Conforme é sabido, a Lua cheia ocorre quando a Terra está entre o Sol e a Lua, um fenómeno que acontece aproximadamente a cada 29,5 dias. Isto significa que normalmente temos uma Lua cheia por mês, doze por ano, embora como os meses são mais longos do que 29 dias, isto não é totalmente exacto.

Já a cor azul que pinta o nome da Lua cheia tem que ver com as gotículas de água no ar ou as partículas lançadas para a atmosfera por catástrofes naturais, como cinzas e fumos vulcânicos. Isto porque, na realidade, o que vamos ver é uma Lua cheia, normal e sem nada de azul.

Então, qual a razão para lhe chamarem azul?

Segundo a NASA, em 1883, um vulcão indonésio chamado Krakatoa produziu uma erupção tão grande que os cientistas a compararam a uma bomba nuclear de 100 mega-toneladas. As cinzas da explosão do Krakatoa subiram tão alto na atmosfera quanto 80 quilómetros.

Muitas dessas partículas de cinzas podem ter cerca de 1 mícron de tamanho, o que poderia espalhar luz vermelha e agir como um filtro azul, fazendo com que a Lua pareça azul.

Luas de cor azul apareceram durante vários anos após a erupção de 1883. Muitos outros vulcões ao longo da história, e até mesmo incêndios florestais, têm sido conhecidos por afectar a cor da Lua.

Para criar uma Lua azulada, as partículas de poeira ou cinzas devem ser maiores que cerca de 0,6 mícron, o que espalha a luz vermelha e permite que a luz azul passe livremente.

Dito tudo isso, o que chamamos de Lua Azul normalmente aparece em cinza pálido, branco ou de cor amarelada – assim como a Lua em qualquer outra noite.

Depois desta, temos de esperar 3 anos para ver outra

Geralmente, as Luas Azuis ocorrem a cada 2 a 3 anos. A nossa última Lua Azul foi em 31 de Outubro de 2020. Marte era vermelho e muito grande, já que estava mais perto da Terra, e era visto no céu perto da Lua Azul.

Portanto, não veremos outra Lua Azul até Agosto de 2026.

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Autor: Vítor M
26 Ago 2023

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Ex-Combatente da Guerra do Ultramar, Web-designer,
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539: Perseidas 2023: pense nos desejos que vem aí uma chuva de estrelas

 

CIÊNCIA // ASTRONOMIA // PERSEIDAS

Estamos a poucas horas de podermos assistir a uma “chuva de estrelas”. Pense nos desejos que de 12 para 13 de Agosto vão ser necessários para serem validados pela chuva de meteoros, conhecida como Perseidas ou “lágrimas de S. Lourenço”. Este é um fenómeno que acontece todos os anos.

O que são exactamente as Perseidas?

Vamos perceber do que se trata este que é o fenómeno astronómico mais fascinante que se pode ver actualmente.

Este fim de semana tem lugar um dos fenómenos astronómicos mais populares do ano: as Perseidas, as chamadas lágrimas de São Lourenço. Isto leva-nos a perguntar o que são, como surgem e porque se repetem com tanta regularidade.

Apesar do seu nome, as estrelas cadentes têm pouco a ver com estrelas. As Perseidas e outras chuvas de meteoros são causadas pela fricção entre pequenos pedaços de rocha e os gases da nossa atmosfera.

Nem todos os asteróides no nosso ambiente são gigantes rochosos capazes de causar eventos cataclísmicos. A maioria destas rochas são de pequenas dimensões.

Quando um deles atravessa a Terra, a enorme velocidade de queda pode fazer com que a rocha se incendeie e seja completamente destruída.

É o que acontece nas chuvas de meteoros? Basicamente no “caminho da Terra”, anualmente atravessa-se uma pequena nuvem de poeiras que se encontra com o nosso planeta numa região do sistema solar.

São detritos de pequenas rochas que provocam a proliferação de objectos incandescentes que atravessam a nossa atmosfera, para se desintegrarem no final da sua viagem.

Estas regiões mais densas de poeira e rochas espaciais estão frequentemente associadas aos cometas. Os cometas tendem a deixar atrás de si rastos de poeira, gás e gelo destacados do corpo principal, que se dispersam ao longo da órbita do cometa.

Imagem da origem das Perseidas

Animação da órbita do 109P/Swift–Tuttle desde 1850 até 2150. A amarelo vemos o Sol, azul a Terra, verde é Júpiter, laranja é a órbita de Saturno, amarelo escuro é Úrano e a violeta o cometa 109P/Swift–Tuttle

A chuva de estrelas é culpa do cometa 109P/Swift-Tuttle

As Perseidas são também causadas por um cometa: o cometa 109P/Swift-Tuttle. Foi identificado em 1860, mas depois de modelar os seus movimentos orbitais e as fontes historiográficas, os investigadores conseguiram ligá-lo a avistamentos anteriores, como os de 69 a.C. ou 188 a.C.

A última vez que este cometa se aproximou do nosso planeta no seu trânsito orbital foi em 1992 e, considerando que são necessários 133 anos para completar uma volta completa em torno do Sol, a próxima vez que cruzaremos o nosso caminho com o 109P/Swift-Tuttle será no ano 2125.

Também com base em modelos orbitais, os astrónomos conseguiram saber que o cometa 109P/Swift-Tuttle não corre o risco de colidir com a Terra.

Espera-se que passe perto dele no ano 3044, mas temos de entender este “perto” em termos astronómicos. Boas notícias, tendo em conta que o diâmetro do cometa é de 26 quilómetros.

Num sítio bastante escuro, poder-se-ão ver entre 50 e 60 estrelas cadentes por hora.

Onde e quando as podemos ver?

O cruzamento entre o nosso planeta e a esteira do 109P/Swift-Tuttle ocorre num momento específico do nosso trânsito orbital em torno do Sol.

Isto significa que, ano após ano, atingem o seu pico por volta da noite de 10 de Agosto. Este ano o pico ocorrerá na noite entre os dias 12 e 13.

O pico da chuva de meteoros é atingido quando a densidade destas rochas estelares é mais elevada, mas geralmente o nosso planeta encontra estes meteoros de forma progressivamente mais intensa antes do pico e depois diminui.

Normalmente, é possível apanhar algumas destas “lágrimas” entre o final de Julho e o final de Agosto.

As Perseidas são também regulares num outro aspecto: o ponto de onde irradiam, a constelação de Perseu (daí o nome). A procura desta constelação servirá de referência para facilitar a observação da chuva de estrelas mais popular do ano.

Pplware
Autor: Vítor M
12 Ago 2023


Ex-Combatente da Guerra do Ultramar, Web-designer,
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528: Marte está a girar cada vez mais rápido. O que se passa?

 

CIÊNCIA // MARTE // ROTAÇÃO

Um dia na Terra dura cerca de 24 horas. A palavra “cerca” nesta frase poderá suscitar dúvidas aos mais desatentos, mas a realidade é que a taxa de rotação da Terra está sempre a mudar.

Ok, muda pouco, apenas fracções de milissegundos, mas isso significa que o nosso dia comum de 24 horas só se aplica realmente à escala humana. Já Marte está a surpreender, a sua rotação é cada vez mais acelerada. Os cientistas da NASA estão intrigados!

Duvida que o dia na Terra tem cerca de 24 horas?

Há várias coisas que podem alterar a rotação da Terra. A força gravitacional da Lua e as marés estão a abrandar gradualmente a Terra ao longo de milhões de anos.

O derretimento do gelo nas regiões polares, o deslocamento tectónico da crosta terrestre durante os terramotos e até a drenagem da água do aquífero.

A Terra é um mundo geológica e biologicamente activo, pelo que é natural que a taxa de rotação da Terra também seja dinâmica. Mas um estudo recente mostra que a rotação de Marte também está a mudar, o que é um pouco surpreendente.

Os astrónomos podem medir alterações na rotação da Terra na ordem dos nano-segundos e podem mesmo medir mudanças tectónicas na ordem dos milímetros.

Para o efeito, utilizam a interferometria de linha de base muito longa, em que vários radiotelescópios observam um quasar distante. Uma vez que os quasares estão a milhares de milhões de anos-luz de distância, são efectivamente pontos fixos no céu.

Certo, mas se não temos radiotelescópios em Marte, como podemos medir pequenas alterações na sua rotação?

A equipa fez isso com recurso a dados do módulo de aterragem InSight da NASA. Durante a sua missão de quatro anos, o InSight realizou uma experiência conhecida como Rotation and Interior Structure Experiment, ou RISE.

Basicamente, os radiotelescópios na Terra enviavam um sinal para o RISE, que devolvia o sinal. O sinal do RISE sofria um desvio Doppler devido aos movimentos orbitais relativos da Terra e de Marte e às suas rotações.

Uma vez que conhecemos muito bem a rotação da Terra e as órbitas da Terra e de Marte, a longa recolha de dados permitiu à equipa medir a rotação de Marte e a forma como esta se alterava ao longo do tempo.

Como resultado, os investigadores descobriram que a rotação marciana está a aumentar 4 milésimos de segundo por ano ao quadrado. Isto significa que o dia marciano está a encurtar uma fracção de um milissegundo por ano.

Mas Marte não tem uma lua grande e não é geologicamente activo. Então porque é que está a acelerar?

Uma forte possibilidade é que o interior de Marte esteja a mexer-se. Os dados do RISE não mediram apenas a taxa de rotação de Marte, mediram também um efeito conhecido como nutação.

Trata-se de uma oscilação do eixo de um planeta ao longo do tempo e depende em parte da distribuição da massa do planeta. A partir dos dados do RISE, a equipa estima que o núcleo de Marte tem um raio de cerca de 1.800 quilómetros, o que é cerca de metade do raio de 3.390 quilómetros do próprio Marte.

Os dados também sugerem que o núcleo não tem uma densidade uniforme, mas sim camadas de densidade variável.

As camadas de fluido no interior do núcleo podem rodar a um ritmo diferente do da camada exterior sólida, e uma transferência de momento rotacional entre elas pode estar a provocar a aceleração de Marte.

Serão necessárias mais observações para compreender totalmente este processo. Mas sabemos agora que, quando os humanos se instalarem em Marte, terão de ajustar os seus relógios de tempos a tempos, tal como nós fazemos na Terra.

Pplware
Autor: Vítor M
09 Ago 2023


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published in: 1 mês ago

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