621: Webb descobre metano e dióxido de carbono na atmosfera de K2-18 b

 

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Uma nova investigação realizada por uma equipa internacional de astrónomos, utilizando dados do Telescópio Espacial James Webb da NASA/ESA/CSA, sobre K2-18 b, um exoplaneta 8,6 vezes mais massivo do que a Terra, revelou a presença de moléculas de carbono, incluindo metano e dióxido de carbono.

A descoberta vem juntar-se a estudos recentes que sugerem que K2-18 b poderá ser um exoplaneta Hiceano, um exoplaneta com potencial para possuir uma atmosfera rica em hidrogénio e uma superfície coberta de oceanos de água.

Esta ilustração mostra o possível aspecto do exoplaneta K2-18 b com base em dados científicos. K2-18 b, um exoplaneta 8,6 vezes mais massivo do que a Terra, orbita a estrela anã fria K2-18 na zona habitável e situa-se a 120 anos-luz da Terra. Uma nova investigação com o Telescópio Espacial James Webb da NASA/ESA/CSA revelou a presença de moléculas de carbono, incluindo metano e dióxido de carbono. A abundância de metano e dióxido de carbono, e a escassez de amoníaco, apoiam a hipótese de que pode existir um oceano por baixo de uma atmosfera rica em hidrogénio.
Crédito: NASA, CSA, ESA, J. Olmstead (STScI), N. Madhusudhan (Universidade de Cambridge)

A primeira visão sobre as propriedades atmosféricas deste exoplaneta na zona habitável veio de observações com o Telescópio Espacial Hubble da NASA/ESA, o que levou a estudos adicionais que desde então mudaram a nossa compreensão do sistema.

Foram feitas novas observações com o instrumento NIRISS, com contribuição canadiana, e o instrumento NIRSpec, com contribuição europeia, a bordo do Telescópio Espacial James Webb da NASA/ESA/CSA.

K2-18 b orbita a estrela anã fria K2-18 na zona habitável e situa-se a 120 anos-luz da Terra, na direcção da constelação de Leão. Exoplanetas como K2-18 b, que têm tamanhos entre os da Terra e os de Neptuno, são diferentes de tudo o que existe no nosso Sistema Solar.

Esta falta de planetas análogos nas proximidades significa que estes “sub-Neptunos” são mal compreendidos e a natureza das suas atmosferas é uma questão de debate activo entre os astrónomos.

A sugestão de que o sub-Neptuno K2-18 b poderia ser um exoplaneta Hiceano é intrigante, uma vez que alguns astrónomos pensam que estes mundos são ambientes promissores para procurar evidências de vida.

“As nossas descobertas sublinham a importância de considerar ambientes habitáveis diversos na procura de vida noutros lugares”, explicou Nikku Madhusudhan, astrónomo da Universidade de Cambridge e principal autor do artigo científico que anuncia estes resultados.

“Tradicionalmente, a procura de vida em exoplanetas tem-se concentrado principalmente em planetas rochosos mais pequenos, mas os maiores mundos Hiceanos são significativamente mais propícios a observações atmosféricas.”

A abundância de metano e dióxido de carbono em K2-18 b, bem como a escassez de amoníaco, apoiam a hipótese de que pode existir um oceano por baixo de uma atmosfera rica em hidrogénio.

Estas observações iniciais do Webb também permitiram a detecção de uma molécula chamada sulfureto de dimetilo (ou dimetilsulfureto, DMS).

Na Terra, esta molécula só é produzida por vida. A maior parte do DMS na atmosfera da Terra é emitida pelo fitoplâncton em ambientes marinhos.

A inferência de DMS é menos robusta e requer validação adicional. “As próximas observações do Webb devem ser capazes de confirmar se a molécula DMS está de facto presente na atmosfera de K2-18 b em níveis significativos”, explicou Madhusudhan.

Embora K2-18 b se encontre na zona habitável e se saiba agora que alberga moléculas com carbono, isto não significa necessariamente que o planeta possa suportar vida.

A grande dimensão do planeta – com um raio 2,6 vezes superior ao da Terra – significa que o seu interior contém provavelmente um grande manto de gelo a altas pressões, como Neptuno, mas com uma atmosfera mais fina rica em hidrogénio e uma superfície oceânica.

Prevê-se que os mundos hiceanos tenham oceanos de água. No entanto, também é possível que o oceano seja demasiado quente para ser habitável ou líquido.

“Embora este tipo de planeta não exista no nosso Sistema Solar, os sub-Neptunos são o tipo de planeta mais comum conhecido até agora na Galáxia”, explicou Subhajit Sarkar, membro da equipa da Universidade de Cardiff.

“Obtivemos o espectro mais detalhado de um sub-Neptuno da zona habitável até à data, o que nos permitiu determinar as moléculas que existem na sua atmosfera.”

O espectro de K2-18 b, obtido com o NIRISS (Near-Infrared Imager and Slitless Spectrograph) e o NIRSpec (Near-Infrared Spectrograph) do Webb, mostra uma abundância de metano e dióxido de carbono na atmosfera do exoplaneta, bem como a possível detecção de uma molécula chamada sulfureto de dimetilo (DMS). A detecção de metano e dióxido de carbono, e a escassez de amoníaco, são consistentes com a presença de um oceano por baixo de uma atmosfera rica em hidrogénio. K2-18 b, 8,6 vezes mais massivo que a Terra, orbita a estrela anã fria K2-18 na zona habitável e fica a 120 anos-luz da Terra.
Crédito: NASA, CSA, ESA, J. Olmstead (STScI), N. Madhusudhan (Universidade de Cambridge)

A caracterização das atmosferas de exoplanetas como K2-18 b – ou seja, a identificação dos seus gases e condições físicas – é uma área muito activa na astronomia. No entanto, estes planetas são ofuscados – literalmente – pelo brilho das suas estrelas-mãe muito maiores, o que torna a exploração das atmosferas dos exoplanetas particularmente difícil.

A equipa contornou este desafio analisando a luz da estrela-mãe de K2-18 b à medida que esta atravessava a atmosfera do exoplaneta. K2-18 b é um exoplaneta em trânsito, o que significa que podemos detectar uma queda de brilho à medida que passa pela face da sua estrela hospedeira.

Foi assim que o exoplaneta foi descoberto pela primeira vez. Isto significa que durante os trânsitos uma pequena fracção da luz estelar passa pela atmosfera do exoplaneta antes de chegar a telescópios como o Webb.

A passagem da luz da estrela pela atmosfera exoplanetária deixa vestígios que os astrónomos podem juntar para determinar os gases da atmosfera do exoplaneta.

“Este resultado só foi possível devido à gama alargada de comprimentos de onda e à sensibilidade sem precedentes do Webb, que permitiu a detecção robusta de características espectrais com apenas dois trânsitos,” continuou Madhusudhan.

“Para comparação, uma observação de trânsito com o Webb forneceu uma precisão comparável à de oito observações com o Hubble realizadas ao longo de alguns anos e numa gama de comprimentos de onda relativamente estreita”.

“Estes resultados são o produto de apenas duas observações de K2-18 b, com muitas mais a caminho”, explicou o membro da equipa Savvas Constantinou da Universidade de Cambridge.

“Isto significa que o nosso trabalho aqui é apenas uma demonstração inicial do que o Webb pode observar em exoplanetas na zona habitável.”

A equipa tenciona agora realizar uma investigação de seguimento com o MIRI (Mid-InfraRed Instrument) do telescópio, que esperam venha a validar ainda mais as suas descobertas e a fornecer novos conhecimentos sobre as condições ambientais em K2-18 b.

“O nosso objectivo final é a identificação de vida num exoplaneta habitável, o que transformaria a nossa compreensão do nosso lugar no Universo”, concluiu Madhusudhan. “As nossas descobertas são um passo promissor para uma compreensão mais profunda dos mundos Hiceanos nesta busca”.

Os resultados da equipa foram aceites para publicação na revista The Astrophysical Journal Letters.

// ESA (comunicado de imprensa)
// NASA (comunicado de imprensa)
// ESA/Webb (comunicado de imprensa)
// STScI (comunicado de imprensa)
// Universidade de Cambridge (comunicado de imprensa)
// Artigo científico (arXiv.org)

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15 de Setembro de 2023


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482: Nova imagem revela segredos sobre o nascimento de planetas

 

CIÊNCIA // ASTRONOMIA // PLANETAS

Uma nova imagem divulgada pelo ESO (Observatório Europeu do Sul) dá-nos pistas sobre como é que planetas com a massa de Júpiter se podem formar.

Com o auxílio do VLT (Very Large Telescope) e do ALMA (Atacama Large Millimeter/submillimeter Array), os investigadores detectaram enormes aglomerados de poeira próximo de uma estrela jovem, que poderão colapsar e formar planetas gigantes.

No centro desta imagem vemos a jovem estrela V960 Mon, situada a mais de 5000 anos-luz de distância da Terra na constelação do Unicórnio. Material poeirento com potencial para formar planetas envolve a estrela.
Observações obtidas com o instrumento SPHERE (Spectro-Polarimetric High-contrast Exoplanet REsearch) montado no VLT do ESO, representadas a amarelo nesta imagem, mostram que o material poeirento a orbitar em torno da estrela jovem está a coalescer numa série de braços espirais intrincados que se estendem ao longo de distâncias maiores que todo o nosso Sistema Solar.
As regiões azuis representam dados obtidos com o ALMA (Atacama Large Millimeter/submillimeter Array), do qual o ESO é um parceiro. Os dados ALMA mostram a estrutura dos braços espirais mais profundamente, revelando enormes aglomerados poeirentos que poderão fragmentar-se e colapsar para formar planetas gigantes aproximadamente do tamanho de Júpiter, por um processo conhecido por “instabilidade gravitacional”.
Crédito: ESO/ALMA (ESO/NAOJ/NRAO)/Weber et al.

“Esta descoberta é verdadeiramente excitante já que marca a primeira detecção de aglomerados em torno de uma estrela jovem, com o potencial de dar origem a planetas gigantes,” disse Alice Zurlo, investigadora na Universidad Diego Portales, no Chile, envolvida nas observações.

O trabalho baseia-se numa imagem obtida pelo instrumento SPHERE (Spectro-Polarimetric High-contrast Exoplanet REsearch) montado no VLT do ESO, que mostra com extremo detalhe o material que rodeia a estrela V960 Mon.

Esta estrela jovem situa-se a mais de 5000 anos-luz de distância da Terra na constelação do Unicórnio e chamou a atenção dos astrónomos em 2014 quando aumentou subitamente o seu brilho em mais de vinte vezes.

As observações SPHERE, obtidas pouco depois do início desta “explosão” de brilho, revelaram que a matéria que orbita V960 Mon está a coalescer numa série de braços espirais intrincados que se estendem ao longo de distâncias maiores que todo o nosso Sistema Solar.

Esta descoberta motivou os astrónomos a analisarem observações existentes em arquivo do mesmo sistema obtidas pelo ALMA, do qual o ESO é um parceiro.

As observações VLT incidem sobre a superfície da matéria poeirenta em torno da estrela, enquanto o ALMA consegue observar a sua estrutura mais profundamente. “Com o ALMA, tornou-se aparente que os braços espirais se estão a fragmentar, resultando na formação de aglomerados com massas semelhantes às de planetas,” explica Zurlo.

Os astrónomos acreditam que os planetas gigantes se formam ou por “acreção no núcleo”, quando grãos de poeira se juntam, ou por “instabilidade gravitacional”, quando grandes fragmentos de material em torno de uma estrela se contraem e colapsam.

Apesar dos investigadores já terem encontrado evidências anteriores para o primeiro destes cenários, as pistas que apoiam o segundo permanecem escassas.

Do lado esquerdo, a amarelo, temos uma imagem da estrela jovem V960 Mon e do material poeirento que a rodeia, obtida com o instrumento SPHERE (Spectro-Polarimetric High-contrast Exoplanet REsearch) montado no VLT (Very Large Telescope) do ESO. A luz que é reflectida pelo material poeirento em órbita da estrela é polarizada — o que significa que oscila numa direcção bem definida em vez de aleatória — sendo seguidamente detectada pelo SPHERE, que nos releva braços espirais.
Esta descoberta motivou os astrónomos a analisarem observações existentes em arquivo do mesmo sistema obtidas pelo ALMA (Atacama Large Millimeter/submillimeter Array), do qual o ESO é um parceiro. Os resultados desta análise podem ser vistos na imagem da direita, a azul. Os comprimentos de onda da radiação que o ALMA recolhe permitem observar mais profundamente o material em órbita da estrela, e revelam que os braços espirais se estão a fragmentar e a formar aglomerados com massas semelhantes às de planetas. Estes aglomerados poderão fragmentar-se e colapsar para formar planetas gigantes através de um processo conhecido por “instabilidade gravitacional”.
Crédito: ESO/ALMA (ESO/NAOJ/NRAO)/Weber et al.

“Até agora ainda ninguém tinha visto uma observação real de instabilidade gravitacional a ocorrer a escalas planetárias,” disse Philipp Weber, investigador na Universidade de Santiago, Chile, que liderou o estudo publicado na revista da especialidade The Astrophysical Journal Letters.

“Há mais de dez anos que o nosso grupo procura sinais de como é que os planetas se formam, por isso não podíamos estar mais entusiasmados com esta descoberta,” disse Sebastián Pérez, membro da equipa da Universidade de Santiago, Chile.

Os instrumentos do ESO ajudarão os astrónomos a revelar mais detalhes sobre este sistema planetário em formação e o ELT (Extremely Large Telescope) desempenhará um papel crucial.

Actualmente em construção no deserto chileno do Atacama, o ELT será capaz de observar este sistema com um detalhe sem precedentes, recolhendo informações preciosas sobre ele.

“O ELT permitirá explorar a complexidade química que circunda estes aglomerados, ajudando-nos assim a saber mais sobre a composição do material a partir do qual se estão a formar potenciais planetas,” concluiu Weber.

// ESO (comunicado de imprensa)
// Observatório ALMA (comunicado de imprensa)
// Artigo científico (The Astrophysical Journal Letters)
// Artigo científico (PDF)

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28 de Julho de 2023


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416: Um planeta que desafia a morte

 

CIÊNCIA // ASTRONOMIA // PLANETAS

Quando o nosso Sol chegar ao fim da sua vida, expandir-se-á até 100 vezes o seu tamanho actual, envolvendo a Terra. Muitos planetas noutros sistemas solares enfrentam um destino semelhante à medida que as suas estrelas hospedeiras envelhecem.

Mas nem toda a esperança está perdida: astrónomos do IfA (Institute for Astronomy) da Universidade do Hawaii fizeram a notável descoberta da sobrevivência de um planeta após o que deveria ter sido a morte certa às mãos da sua estrela. O estudo foi publicado na revista Nature.

Representação artística do possível cenário em que Baedku era originalmente um sistema binário composto por uma estrela gigante vermelha em órbita de uma estrela anã branca. A proximidade do par estelar permitiu a transferência de material entre as duas estrelas, levando à sua eventual fusão. O planeta Halla está em primeiro plano, orbitando perigosamente perto, mas suficientemente longe para sobreviver ao impacto da colisão explosiva do par estelar.
Crédito: Observatório W. M. Keck/Adam Makarenko

O planeta semelhante a Júpiter, 8 UMi b, oficialmente chamado Halla, orbita a estrela gigante vermelha Baekdu (8 UMi) a apenas metade da distância que separa a Terra do Sol.

Utilizando dois observatórios na ilha do Hawaii – o Observatório W. M. Keck e o CFHT (Canada-France-Hawaii Telescope) – uma equipa de astrónomos liderada por Marc Hon, bolseiro do Hubble da NASA no IfA, descobriu que Halla persiste apesar da evolução normalmente perigosa de Baekdu.

Utilizando observações das oscilações estelares de Baekdu feitas pelo TESS (Transiting Exoplanet Survey Satellite) da NASA, descobriram que a estrela está a queimar hélio no seu núcleo, o que indica que já se tinha expandido enormemente até se tornar uma estrela gigante vermelha.

A estrela teria inchado até 1,5 vezes a distância orbital do planeta – engolindo o planeta no processo – antes de encolher para o seu tamanho actual a apenas um-décimo dessa distância.

“O engolfamento planetário tem consequências catastróficas para o planeta ou para a própria estrela – ou para ambos”, disse Hon, autor principal do estudo.

“O facto de Halla ter conseguido persistir na vizinhança imediata de uma estrela gigante que, de outra forma, o teria engolido, destaca o planeta como um sobrevivente extraordinário.”

Observatórios Maunakea confirmam sobrevivente

O planeta Halla foi descoberto em 2015 por uma equipa de astrónomos da Coreia do Sul utilizando o método da velocidade radial, que mede o movimento periódico de uma estrela devido à força gravitacional do planeta que a orbita.

Após a descoberta de que a estrela deve ter sido, em tempos, maior do que a órbita do planeta, a equipa do IfA realizou observações adicionais entre 2021 e 2022 usando o HIRES (High Resolution Echelle Spectrometer) do Observatório Keck e o instrumento ESPaDOnS (Echelle SpectroPolarimetric Device for the Observation of Stars) do CFHT.

Estes novos dados confirmaram que a órbita quase circular de 93 dias do planeta permaneceu estável durante mais de uma década e que o movimento para trás e para a frente deve ser devido a um planeta.

“No seu conjunto, estas observações confirmaram a existência do planeta, deixando-nos com a questão premente de saber como é que o planeta realmente sobreviveu”, disse o astrónomo do IfA, Daniel Huber, segundo autor do estudo. “As observações de múltiplos telescópios em Maunakea foram cruciais neste processo”.

Caminhos evolutivos para o sistema 8 UMi. (Em cima) Se o planeta 8 UMi b tivesse orbitado de perto uma única estrela, a expansão da estrela teria destruído o planeta. (Meio e baixo) A fusão de duas estrelas oferece dois cenários que podem ter levado à sobrevivência do planeta em torno de uma estrela com núcleo de hélio, como se observa actualmente.
Crédito: Brooks G. Bays, Jr, SOEST/Universidade do Hawaii

Escapando ao engolfamento

A uma distância de 0,46 unidades astronómicas (UA, ou a distância Terra-Sol) da sua estrela, o planeta Halla assemelha-se a planetas “mornos” ou “quentes”, parecidos a Júpiter, que se pensa terem começado em órbitas maiores antes de migrarem para o interior, perto das suas estrelas.

No entanto, face a uma estrela hospedeira em rápida evolução, tal origem torna-se uma via de sobrevivência extremamente improvável para o planeta Halla.

Outra teoria para a sobrevivência do planeta é o facto de nunca ter enfrentado o perigo de ser engolido. Tal como o famoso planeta Tatooine da saga “Guerra das Estrelas”, que orbita dois sóis, a estrela hospedeira Baekdu pode ter sido originalmente duas estrelas, segundo a equipa.

A fusão destas duas estrelas pode ter impedido qualquer uma delas de se expandir o suficiente para engolir o planeta.

Uma terceira possibilidade é que Halla seja um relativo recém-nascido – que a colisão violenta entre as duas estrelas tenha produzido uma nuvem de gás a partir da qual o planeta se formou. Por outras palavras, o planeta Halla pode ser um planeta de “segunda geração” nascido recentemente.

“A maior parte das estrelas estão em sistemas binários, mas ainda não sabemos bem como se formam os planetas à sua volta”, disse Hon. “Por isso, é plausível que existam mais planetas à volta de estrelas muito evoluídas graças às interacções binárias.”

// Observatório W. M. Keck (comunicado de imprensa)
// CFHT (comunicado de imprensa)
// Universidade do Hawaii (comunicado de imprensa)
// IA (comunicado de imprensa)
// Universidade de Sydney (comunicado de imprensa)
// Universidade de Nova Gales do Sul (comunicado de imprensa)
// Artigo científico (Nature)
// Artigo científico (arXiv.org)

CCVALG
4 de Julho de 2023



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401: Afinal, a Terra pode ter demorado “pouco tempo” a formar-se

 

CIÊNCIA // TERRA // FORMAÇÃO

Há uma nova teoria que altera o que “era garantido” em relação à formação Terra, bem como ao tempo que a água demorou a chegar ao nosso planeta.

ETH Zurich

A teoria clássica sobre a formação do planeta Terra descreve o (longo) episódio como uma fase de grandes colisões entre fragmentos celestes, em escalas de tempo de 50 a 100 milhões de anos.

Os planetas são criados ao longo de milhões de anos, através da colisão constante de corpos, o que vai aumentando gradualmente o seu tamanho.

De facto, a teoria mais consensual no seio da comunidade científica é que Terra tenha levado mais de 100 milhões de anos a formar-se integralmente.

Outra teoria, amplamente aceite, diz que a água ‘caiu’ na Terra, devido à colisão de cometas – que são corpos ricos em água.

Um estudo feito por investigadores da Universidade de Copenhaga, na Dinamarca, publicado na revista Nature, levanta agora outra hipótese, acerca a formação do planeta.

As evidências científicas revelaram que a Terra foi formada por um acumular extremamente rápido de minúsculos fragmentos de forma mais ou menos arredondada.

Isaac Onyett, autor correspondente do estudo, disse, citado pela Tech Explorist, que “os planetas se terão expandido num disco em torno do ‘jovem’ Sol, e o disco estaria coberto de poeira microscópica”.

“Quando o recém-planeta atinge um certo tamanho, ele começa a funcionar como um aspirador, recolhendo rapidamente toda aquela poeira. E, como resultado, torna-se do tamanho da Terra, em questão de alguns milhões de anos”, mas, considera Isaac Onyetto, não em tantos como aqueles que se pensavam.

O cientista disse também que “a aspiração de pequenas partículas de poeira garantiu que a água tivesse chegado ao planeta”, através da integração de corpos gelados, como cometas.

“O disco também contém muitas partículas de gelo. À medida que o ‘efeito aspirador’ aspira a poeira, ele também integra uma parte do gelo. Esse processo contribui para a presença de água durante a formação da Terra, em vez de depender de um evento casual que só fornece água 100 milhões de anos depois”, esclareceu Isaac Onyett.

As descobertas do estudo demonstram que, afinal, é possível que a Terra se tenha formado em muito menos tempo do que aquilo que, anteriormente, se pensava. De acordo com esta teoria, precisou “apenas” de um milhão de anos.

Este novo estudo abre ainda a possibilidade de existência de água em planetas de outros sistemas que não o solar. Só é preciso que o planeta esteja à distância certa do “seu Sol”.

Miguel Esteves, ZAP //
30 Junho, 2023



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364: Gemini North detecta vários elementos formadores de rocha na atmosfera de um exoplaneta escaldante

 

CIÊNCIA // GEMINI NORTH // EXOPLANETAS

Astrónomos, recorrendo ao telescópio Gemini North, uma metade do Observatório Internacional Gemini operado pelo NOIRLab (National Optical-Infrared Astronomy Research Laboratory) da NSF (National Science Foundation), detectaram múltiplos elementos formadores de rocha na atmosfera de um exoplaneta do tamanho de Júpiter, WASP-76b.

O planeta está tão perigosamente perto da sua estrela hospedeira que os elementos formadores de rocha – como o magnésio, o cálcio e o níquel – são vaporizados e dispersos pela sua atmosfera abrasadora. Este perfil químico intrigante fornece novos conhecimentos sobre a formação de sistemas planetários, incluindo o nosso.

Esta impressão artística ilustra como os astrónomos que utilizam o telescópio Gemini North, uma metade do Observatório Internacional Gemini operado pelo NOIRLab da NSF, fizeram múltiplas detecções de elementos formadores de rocha na atmosfera de um exoplaneta da dimensão de Júpiter, WASP-76b. O chamado “Júpiter quente” está perigosamente perto da sua estrela hospedeira, o que está a aquecer a atmosfera do planeta a temperaturas espantosas e a vaporizar elementos formadores de rocha, como o magnésio, o cálcio e o ferro, fornecendo uma visão sobre a formação do nosso próprio Sistema Solar.
Crédito: Observatório Internacional Gemini/NOIRLab/NSF/AURA/J. da Silva/Spaceengine/M. Zamani

WASP-76b é um mundo estranho. Localizado a 634 anos-luz da Terra, na direcção da constelação de Peixes, o exoplaneta semelhante a Júpiter orbita a sua estrela hospedeira a uma distância excepcionalmente íntima – cerca de 12 vezes mais perto do que Mercúrio está do Sol – o que aquece a sua atmosfera a uns abrasadores 2000° C.

Estas temperaturas extremas “incharam” o planeta, aumentando o seu volume para quase seis vezes o de Júpiter.

A temperaturas tão extremas, os elementos formadores de minerais e rochas, que de outra forma permaneceriam escondidos na atmosfera de um planeta gigante gasoso mais frio, podem revelar-se.

Utilizando o telescópio Gemini North, uma metade do Observatório Internacional Gemini operado pelo NOIRLab da NSF, uma equipa internacional de astrónomos detectou 11 destes elementos formadores de rocha na atmosfera de WASP-76b.

A presença e as quantidades relativas destes elementos podem fornecer informações fundamentais sobre a forma exacta como os planetas gigantes gasosos se formam – algo que permanece incerto mesmo no nosso próprio Sistema Solar. Os resultados foram publicados na revista Nature.

Desde a sua descoberta em 2013, durante o levantamento WASP (Wide Angle Search for Planets), que muitos astrónomos têm vindo a estudar o enigmático WASP-76b.

Estes estudos levaram à identificação de vários elementos presentes na atmosfera do exoplaneta quente. Nomeadamente, num estudo publicado em Março de 2020, uma equipa concluiu que poderia haver chuva de ferro no planeta.

Ciente destes estudos existentes, Stefan Pelletier, estudante de doutoramento do Instituto Trottier para Investigação Exoplanetária da Universidade de Montréal e autor principal do artigo científico, foi inspirado a explorar os mistérios deste estranho exoplaneta e a química da sua atmosfera escaldante.

Em 2020 e 2021, usando o instrumento MAROON-X do Gemini North (um novo instrumento especialmente concebido para detectar e estudar exoplanetas), Pelletier e a sua equipa observaram o planeta à medida que este passava em frente da estrela hospedeira em três ocasiões distintas.

Estas novas observações revelaram uma série de elementos formadores de rocha na atmosfera de WASP-76b, incluindo sódio, potássio, lítio, níquel, manganês, crómio, magnésio, vanádio, bário, cálcio e, tal como detectado anteriormente, ferro.

Devido às temperaturas extremas da atmosfera de WASP-76b, os elementos detectados pelos investigadores, que normalmente formariam rochas aqui na Terra, são, ao invés, vaporizados e, portanto, presentes na atmosfera nas suas formas gasosas.

Embora estes elementos contribuam para a composição dos gigantes gasosos do nosso Sistema Solar, esses planetas são demasiado frios para que os elementos se vaporizem na atmosfera, tornando-os praticamente indetectáveis.

“São verdadeiramente raras as vezes em que um exoplaneta a centenas de anos-luz de distância nos pode ensinar algo que, de outra forma, seria impossível saber sobre o nosso próprio Sistema Solar”, disse Pelletier. “É esse o caso com estudo”.

A abundância de muitos destes elementos coincide de perto com as abundâncias encontradas tanto no nosso Sol como na estrela hospedeira do exoplaneta.

Isto pode não ser coincidência e fornece mais evidências de que os planetas gigantes gasosos, como Júpiter e Saturno, são formados de modo mais parecido com as estrelas – coalescendo a partir do gás e da poeira de um disco protoplanetário – em vez da gradual acreção e colisão de poeira, rochas e planetesimais, que vão formar planetas rochosos, como Mercúrio, Vénus e a Terra.

Outro resultado notável do estudo é a primeira detecção inequívoca de óxido de vanádio num exoplaneta. “Esta molécula é de grande interesse para os astrónomos porque pode ter um grande impacto na estrutura atmosférica dos planetas gigantes quentes”, diz Pelletier.

“Esta molécula desempenha um papel semelhante ao do ozono, sendo extremamente eficiente no aquecimento da atmosfera superior da Terra.”

Pelletier e a sua equipa estão motivados para aprender mais sobre WASP-76b e outros planetas ultra-quentes.

Esperam também que outros investigadores aproveitem o que aprenderam com este exoplaneta gigante e o apliquem para compreender melhor os nossos próprios planetas do Sistema Solar e a forma como surgiram.

“Disponível para os astrónomos de todo o mundo, o Observatório Internacional Gemini continua a fornecer novos conhecimentos que contribuem para a nossa compreensão da estrutura física e química de outros mundos.

Através destes programas de observação, estamos a desenvolver uma imagem mais clara do Universo em geral e do nosso lugar nele”, disse o director do programa do Observatório Gemini da NSF, Martin Still.

“Gerações de investigadores utilizaram as medições das abundâncias de hidrogénio e hélio de Júpiter, Saturno, Úrano e Neptuno para avaliar as teorias de formação de planetas gasosos”, afirma Björn Benneke, professor da Universidade de Montréal e co-autor do estudo.

“Da mesma forma, as medições de elementos mais pesados como o cálcio ou o magnésio em WASP-76b ajudarão a compreender melhor a formação de planetas gasosos.”

// NOIRLab (comunicado de imprensa)
// Observatório Internacional Gemini (comunicado de imprensa)
// Universidade de Montréal (comunicado de imprensa)
// iREx (comunicado de imprensa)
// Artigo científico (Nature)

CCVALG – Centro Ciência Viva do Algarve
16 de Junho de 2023


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361: Proxima Centauri b é o planeta que está no horizonte de Elon Musk

 

– Ainda gostava de saber como é que “nascem”, nas mãos de multi-bilionários conhecidos por esse Mundo fora, biliões de dólares (e €uros)… E tanta gente por esse Mundo a morrer de doença e de fome…!

FICÇÃO CIENTÍFICA // PROXIMA CENTAURI B

Elon Musk quando comenta algo é porque tem algum interesse estratégico. No passado domingo, o multimilionário dono da SpaceX twittou que o planeta mais próximo da Terra fora do Sistema Solar, o Proxima Centauri b, estava aqui ao lado. O homem que quer colonizar Marte já pensa noutro destino?

Elon Musk já olha para o próximo planeta para conquistar

Elon Musk é um sonhador que aposta tudo para concretizar os seus mais ambiciosos planos. Os exemplos são bem conhecidos.

Contudo, ter o humano como multi-planetário, é seguramente o seu maior objectivo de vida. Conhecemos as suas ideias para a colonização de Marte.

Os desenvolvimentos na nave para lá chegarmos também são alvo de muita curiosidade e é um dos impulsionadores da construção de uma base lunar, como ponto intermédio da exploração espacial.

No domingo, no seu Twitter, Elon Musk escreveu “Praticamente ao lado” sobre o planeta.

Estes temas ecoam por todo o mundo e tornam o tema mais interessante. Naturalmente surgiram as dúvidas sobre se conseguirá a humanidade dar o salto até a este exoplaneta “aqui ao lado”.

Próxima Centauri b pode ser a nossa nova Terra?

Próxima Centauri b é um exoplaneta que orbita a estrela Próxima Centauri, que é a estrela mais próxima do nosso sistema solar, localizada a aproximadamente 4,24 anos-luz de distância da Terra, na constelação de Centauro.

O planeta Próxima Centauri b foi descoberto em 2016 através de observações astronómicas e é considerado um planeta rochoso com uma massa similar à da Terra.

Está localizado na chamada “zona habitável” da sua estrela, o que significa que pode ter condições favoráveis para a existência de água líquida na superfície, um factor importante na procura por vida como a conhecemos.

Representação artística de Proxima b comparada com a Terra. Parece ser apenas ligeiramente mais maciço (Fonte: PHL, Universidade de Porto Rico em Arecibo).

No entanto, devido à sua proximidade com a sua estrela, Próxima Centauri b está sujeito a algumas condições desafiadoras. A estrela Próxima Centauri é uma anã vermelha, que é menor e mais fria que o nosso Sol.

Como resultado, Próxima Centauri b está mais próximo da estrela do que a Terra está do Sol, completando uma órbita em apenas 11,2 dias terrestres.

A proximidade com a estrela significa que Próxima Centauri b provavelmente está sujeito a intensas radiações e variações extremas de temperatura.

Além disso, como a estrela Próxima Centauri é conhecida por sua actividade estelar, incluindo erupções estelares, a presença de uma atmosfera protectora para o planeta torna-se ainda mais crucial para sustentar a vida.

Longe da Terra, mas perto da ambição de Musk

Devido à sua localização distante, a caracterização detalhada de Próxima Centauri b é um desafio para a astronomia actual.

No entanto, a descoberta deste exoplaneta tem estimulado a pesquisa e o interesse na procura por exoplanetas potencialmente habitáveis e na possibilidade de vida além do nosso sistema solar.

Mesmo parecendo perto em anos luz, 4,2 anos-luz é aproximadamente igual a 39,663 biliões de quilómetros. Impossível para a tecnologia atual, mas desejável para um futuro não muito distantes, espera-se.

Possivelmente Elon Musk olha para este planeta como um local onde as perguntas são muito mais que as resposta, onde existe uma centelha de esperança de poder ter condições para a humanidade daqui a uns séculos chamar de nova casa, para já é apenas isso.

Pplware
Autor: Vítor M
15 Jun 2023


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307: A procura por planetas habitáveis cresce

 

CIÊNCIA // ASTRONOMIA // PLANETAS

Uma equipa de investigadores da Universidade do Michigan está a sugerir uma nova forma de expandir a procura de planetas habitáveis que tem em conta uma zona não considerada anteriormente: o espaço entre a estrela e aquilo a que se chama a “linha de fuligem” nos discos de formação planetária.

Impressão artística de um jovem disco de formação planetária ilustrando as localizações respectivas das linhas de fuligem e de água gelada. Os planetas nascidos no interior da linha de fuligem serão ricos em silicato. Planetas nascidos no interior da linha de água gelada, mas exteriores à linha de fuligem, serão ricos em silicato e fuligem. Os planetas nascidos no exterior da linha de água gelada serão mundos de água.
Crédito: Ari Gea/SayoStudio

Os mundos que se formam nesta região – um disco de poeira que gira em torno de uma estrela central a partir da qual se podem construir planetas – podem ter superfícies ricas em compostos de carbono voláteis muito diferentes dos da Terra.

Estes planetas seriam também ricos em carbono orgânico, mas pobres em água, de acordo com Ted Bergin, que liderou o estudo que incluiu geoquímicos, cientistas planetários, astro-químicos e especialistas em exoplanetas.

Quando procuramos planetas semelhantes à Terra, estamos particularmente interessados não só em corpos que se pareçam com o nosso, mas também naqueles que se formaram por processos semelhantes.

Os modelos actuais de exoplanetas rochosos são construídos com base em condições atmosféricas e composições semelhantes às da Terra, incluindo as moléculas essenciais à vida que se formam a partir de blocos de carbono e água.

Estes modelos também se focam em zonas dentro dos discos de formação planetária chamadas linhas de gelo, regiões suficientemente distantes da estrela central do disco que marcam o local onde a água ou outras moléculas chave passam do estado gasoso para o estado sólido.

Os mundos terrestres, como o nosso planeta, formaram-se a partir de sólidos. Há muito que se pensa que a Terra, que contém apenas cerca de 0,1% de água em massa, deve ter-se formado dentro da linha da água gelada.

Mas esse tipo de modelo pode ser demasiado limitado, disse Bergin. Para expandir a procura por planetas habitáveis, Bergin e a sua equipa de investigação sugerem um novo modelo que considera a “linha de fuligem”, um limite mais próximo da estrela no sistema. Entre esta fronteira e a estrela, os compostos orgânicos nos sólidos sublimam do estado sólido para o gasoso.

A consideração desta região englobaria também planetas rochosos que podem ter mais carbono do que a Terra, levantando questões sobre o que isso significa para a habitabilidade deste tipo de planetas.

As conclusões da equipa de investigação interdisciplinar foram publicadas na revista The Astrophysical Journal Letters.

“Acrescenta uma nova dimensão à nossa procura da habitabilidade. Pode ser uma dimensão negativa ou positiva”, disse Bergin. “É excitante porque conduz a todo o tipo de possibilidades infinitas”.

Tal como a Terra é pobre em água, também é pobre em carbono, disse Bergin. Quando se formou, provavelmente recebeu apenas 1 átomo de carbono por cada 100 disponíveis nos materiais de formação planetária. Os astrónomos pensam que a linha de fuligem explica porque é que a Terra tem tão pouco carbono.

Se os blocos de construção da Terra se formaram no interior da linha de fuligem, a temperatura e a radiação solar atingiram os materiais que iriam formar o jovem planeta, transformando os compostos ricos em carbono em gás e limitando o carbono nos sólidos que são fornecidos à Terra em formação.

O modelo da equipa teoriza sobre a formação de outros planetas nascidos entre a linha de fuligem e as linhas de água gelada.

Um tal mundo não parece existir no nosso Sistema Solar, mas o nosso Sistema Solar não é representativo da maioria dos sistemas planetários conhecidos à volta de outras estrelas, disse Bergin. Estes outros sistemas planetários são completamente diferentes.

Os seus planetas estão mais próximos do Sol e são muito maiores, variando em tamanho desde as chamadas super-Terras até aos mini-Neptunos, acrescentou.

“São grandes rochas ou pequenos gigantes gasosos – este é o tipo mais comum de sistema planetário. Portanto, talvez, dentro de todos os outros sistemas estelares da Via Láctea, exista uma população de corpos que não reconhecemos antes e que têm muito mais carbono no seu interior.

Quais são as consequências disso?”, disse Bergin. “O que isto significa para a habitabilidade precisa de ser explorado”.

No seu estudo, a equipa modela o que acontece quando um mundo rico em silicatos com 0,1% e 1% de carbono em massa e um conteúdo variável de água se forma na região da linha de fuligem.

A equipa descobriu que um planeta assim desenvolveria uma atmosfera rica em metano através de um processo chamado “desgaseificação”. Nesta circunstância, os compostos orgânicos num planeta rico em silicatos produzem uma atmosfera rica em carbono.

A presença de metano proporciona um ambiente fértil para a geração de neblinas através de interacções com fotões estelares. Isto é análogo à geração de neblinas a partir do metano em Titã, no nosso próprio Sistema Solar.

“Os planetas que nascem nesta região, que existe em todos os sistemas de formação planetária, libertarão mais carbono volátil dos seus mantos”, disse Bergin. “Isto pode levar à produção natural de neblinas.

Tais névoas foram observadas nas atmosferas de exoplanetas e têm o potencial de mudar o cálculo do que consideramos mundos habitáveis”.

A neblina à volta de um planeta pode ser um sinal de que o planeta tem carbono volátil no seu manto. E mais carbono, a espinha dorsal da vida, no manto de um planeta, significa que o planeta tem uma hipótese de ser considerado habitável – ou pelo menos merece um segundo olhar, disse Bergin.

“Se isto for verdade, então pode haver uma classe comum de planetas nublados com carbono volátil abundante, e o que isso significa para a habitabilidade precisa de ser explorado”, disse.

“Mas depois há o outro aspecto: E se tivermos um mundo da dimensão da Terra, onde há mais carbono? O que é que isso significa para a habitabilidade, para a vida? Não sabemos, e isso é excitante”.

// Universidade do Michigan (comunicado de imprensa)
// Artigo científico (The Astrophysical Journal Letters)
// Artigo científico (arXiv.org)

Astronomia – Centro Ciência Viva do Algarve
30 de maio de 2023


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293: E se o Mustafar de Darth Vader fosse real? Cientistas acabam de o descobrir

 

CIÊNCIA // ASTRONOMIA

Uma equipa de astrónomos descobriu recentemente um exoplaneta do tamanho da Terra que parece estar completamente coberto de vulcões. É o irmão gémeo real do planeta Mustafar, de A Guerra das Estrelas: A Vingança dos Sith.

(dr) NASA’s Goddard Space Flight Center/Chris Smith (KRBwyle)
Planeta LP 791-18 d, a 90 anos-luz de distância da Terra

LP 791-18 d é um planeta rochoso com tamanho semelhante ao da Terra que orbita uma pequena estrela anã vermelha, a cerca de 90 anos-luz do nosso planeta, na constelação Cratera.

Segundo o Futurism, o exoplaneta poderá estar coberto por vulcões e, assim, rivalizar com o corpo celeste mais vulcanicamente activo do nosso Sistema Solar, a lua Io de Júpiter.

Os astrónomos descobriram esta característica peculiar a partir de dados reunidos pelo TESS (Transiting Exoplanet Survey Satellite) e pelo telescópio espacial Spitzer.

Por outras palavras, poderíamos estar perante o equivalente ao planeta fictício Mustafar do universo de Star Wars, uma paisagem vulcânica infernal que serve de cenário para o confronto entre Obi-Wan Kenobi e o seu antigo aluno Darth Vader.

Estranhamente, em A Guerra das Estrelas: A Vingança dos Sith, este é o planeta a que Darth Vader acaba por chamar “casa”.

O indício de actividade vulcânica neste exoplaneta indica a possibilidade de formação de uma atmosfera, um dos requisitos necessários para a existência de água líquida.

Acresce ainda o facto de o planeta estar na zona habitável da estrela, o que faz com que seja mesmo provável, ainda que só numa das faces do planeta.

“O lado diurno seria provavelmente demasiado quente para a existência de água líquida à superfície”, explicou Björn Benneke, co-autor do artigo científico publicado na Nature e professor de astronomia na Universidade de Montreal.

“Mas a quantidade de actividade vulcânica que suspeitamos que ocorra em todo o planeta poderia sustentar uma atmosfera, o que poderia permitir a condensação de água no lado nocturno“, acrescentou num comunicado da NASA.

Este é o terceiro exoplaneta a ser descoberto neste sistema: o LP 791-18 b é cerca de 20% maior do que a Terra, enquanto o LP 791-18 c tem cerca de 2,5 vezes o tamanho do nosso planeta. Ainda assim, os astrónomos acreditam que LP 791-18 d pode ser um alvo igualmente interessante de analisar.

“Uma grande questão na astrobiologia, o campo que estuda as origens da vida na Terra e fora dela, é se a actividade tectónica ou vulcânica é necessária para a vida”, começou por explicar a co-autora Jessie Christiansen, investigadora do NExScI (NASA’s Exoplanet Science Institute) no Instituto de Tecnologia da Califórnia.

“Para além de potencialmente fornecerem uma atmosfera, estes processos podem agitar materiais que de outra forma se afundariam e ficariam presos na crosta, incluindo aqueles que pensamos serem importantes para a vida, como o carbono”, acrescentou a investigadora.

Liliana Malainho, ZAP //
25 Maio, 2023


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275: Spitzer e TESS encontram mundo do tamanho da Terra potencialmente coberto por vulcões

 

CIÊNCIA // ASTRONOMIA // SPITZER // TESS

Os astrónomos descobriram um exoplaneta, ou mundo para lá do nosso Sistema Solar, com a dimensão da Terra, que poderá estar coberto de vulcões.

Chamado LP 791-18 d, o planeta poderá sofrer surtos vulcânicos tão frequentes como a lua de Júpiter, Io, o corpo mais vulcanicamente activo do nosso Sistema Solar.

Impressão de artista de LP 791-18 d, um mundo do tamanho da Terra a cerca de 90 anos-luz de distância. A força gravitacional de um planeta mais massivo no sistema, visto como o disco azul ao fundo, pode resultar no aquecimento interno e em erupções vulcânicas – tanto como a lua de Júpiter, Io, o corpo geologicamente mais activo do Sistema Solar. Os astrónomos descobriram e estudaram o planeta utilizando dados do Telescópio Espacial Spitzer e do TESS (Transiting Exoplanet Survey Satellite), juntamente com muitos outros observatórios.
Crédito: Centro de Voo Espacial Goddard da NASA/Chris Smith (KRBwyle)

Os investigadores descobriram e estudaram o planeta utilizando dados do TESS (Transiting Exoplanet Survey Satellite) da NASA e do Telescópio Espacial Spitzer, já aposentado, bem como de um conjunto de observatórios terrestres.

O artigo científico sobre o planeta – liderado por Merrin Peterson, licenciado do iREx (Trottier Institute for Research on Exoplanets), da Universidade de Montreal – foi publicado na edição de 17 de maio da revista Nature.

“LP 791-18 d sofre bloqueio de maré, o que significa que o mesmo lado está constantemente virado para a sua estrela”, disse Björn Benneke, co-autor e professor de astronomia no iREx que planeou e supervisionou o estudo. “O lado diurno será provavelmente demasiado quente para a existência de água líquida à superfície.

Mas a quantidade de actividade vulcânica que suspeitamos ocorrer por todo o planeta poderia sustentar uma atmosfera, o que permitiria a condensação de água no lado nocturno”.

LP 791-18 d orbita uma pequena estrela anã vermelha a cerca de 90 anos-luz de distância na direcção da constelação de Taça. A equipa estima que seja apenas ligeiramente maior e mais massivo do que a Terra.

Os astrónomos já sabiam da existência de dois outros mundos no sistema antes desta descoberta, chamados LP 791-18 b e c. O planeta interior é cerca de 20% maior do que a Terra. O planeta exterior c tem cerca de 2,5 vezes o tamanho da Terra e mais de sete vezes a sua massa.

Durante cada órbita, os planetas d e c passam muito perto um do outro. Cada passagem próxima do planeta mais massivo c produz um puxão gravitacional no planeta d, tornando a sua órbita algo elíptica.

Nesta trajectória elíptica, o planeta d é ligeiramente deformado de cada vez que gira em torno da estrela.

Estas deformações podem criar fricção interna suficiente para aquecer substancialmente o interior do planeta e produzir actividade vulcânica à sua superfície. Júpiter e algumas das suas luas afectam Io de forma semelhante.

O planeta d situa-se no limite interior da zona habitável, a gama tradicional de distâncias, à estrela, em que os cientistas supõem que pode existir água líquida à superfície de um planeta.

Se o planeta for tão geologicamente activo como a equipa de investigação suspeita, poderá manter uma atmosfera. As temperaturas podem descer o suficiente no lado nocturno do planeta para que a água se condense à superfície.

O planeta c já foi aprovado para tempo de observação com o Telescópio Espacial James Webb e a equipa pensa que o planeta d é também um candidato excepcional para estudos atmosféricos pela missão.

“Uma grande questão na astrobiologia, o campo que estuda amplamente as origens da vida na Terra e fora dela, é se a actividade tectónica ou vulcânica é necessária para a vida”, disse a co-autora Jessie Christiansen, investigadora do NExScI (NASA’s Exoplanet Science Institute) no Instituto de Tecnologia da Califórnia em Pasadena.

“Para além de potencialmente fornecerem uma atmosfera, estes processos podem agitar materiais que de outra forma se afundariam e ficariam presos na crosta, incluindo aqueles que pensamos serem importantes para a vida, como o carbono”.

As observações do sistema pelo Spitzer foram das últimas que o satélite recolheu antes de ser desactivado em Janeiro de 2020.

“É incrível ler sobre a continuação das descobertas e publicações anos após o fim da missão do Spitzer”, disse Joseph Hunt, gestor do projecto Spitzer no JPL da NASA no sul da Califórnia.

“Isto mostra realmente o sucesso dos nossos engenheiros e cientistas. Juntos, construíram não só uma nave espacial, mas também um conjunto de dados que continua a ser uma mais-valia para a comunidade astrofísica”.

// NASA (comunicado de imprensa)
// Universidade da Califórnia, Riverside (comunicado de imprensa)
// Universidade de Montreal (comunicado de imprensa)
// Universidade do Colorado em Boulder (comunicado de imprensa)
// Universidade do Kansas (comunicado de imprensa)
// Centro para Astrofísica | Harvard & Smithsonian (comunicado de imprensa)
// IAC (comunicado de imprensa)
// Artigo científico (Nature)

Astronomia – Centro Ciência Viva do Algarve
19 de Maio de 2023


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215: Cientistas observam pela primeira vez uma estrela a engolir um planeta

 

CIÊNCIA // ASTRONOMIA

Cientistas observaram pela primeira vez uma estrela a “engolir” um planeta” – um dos possíveis fins para os planetas do sistema solar.

© Handout / NSF’s NOIRLab / AFP

Um grupo de cientistas informou esta quarta-feira que observaram pela primeira vez uma estrela a “engolir” um planeta, oferecendo uma ante-visão do destino esperado da Terra dentro de cerca de cinco mil milhões de anos.

No entanto, quando o Sol possivelmente engolir a Terra, causará apenas uma “pequena perturbação” comparada com esta explosão cósmica, segundo os astrónomos norte-americanos.

Acredita-se que a maioria dos planetas encontra o seu fim quando a sua estrela fica sem energia, transformando-se numa gigante vermelha que se expande.

Os astrónomos já tinham visto os efeitos do antes e do depois deste processo, mas nunca antes tinham apanhado um planeta no ato de ser consumido.

Kishalay De, investigador pós-doutorado no MIT, nos Estados Unidos, e principal autor do novo estudo, disse que a descoberta acidental desenrolou-se tal como numa “história de detectives”.

“Tudo começou há cerca de três anos, quando eu estava a analisar os dados do estudo Zwicky Transient Facility, que capta imagens do céu todas as noites”, disse Kishalay De numa conferência de imprensa.

O cientista deparou-se com uma estrela cujo brilho aumentou subitamente mais de 100 vezes num período de 10 dias.

A estrela encontra-se na galáxia Via Láctea, a cerca de 12.000 anos-luz da Terra, perto da constelação de Aquila, que se assemelha a uma águia.

“Gelo em água a ferver”

O investigador tem andado à procura de sistemas estelares binários, nos quais a estrela maior cria explosões muito brilhantes chamadas “outbursts“.

Porém, os dados mostraram que esta explosão estava rodeada de gás frio, sugerindo que não se tratava de um sistema estelar binário. E o telescópio espacial de infravermelhos NEOWISE da NASA mostrou que a poeira tinha começado a sair da área meses antes da explosão.

Mais intrigante ainda foi o facto de a explosão ter produzido cerca de 1000 vezes menos energia do que as fusões entre estrelas observadas anteriormente.

“Perguntamo-nos: o que é 1000 vezes menos maciço do que uma estrela?” disse De. A resposta estava perto da Terra: Júpiter.

A equipa de investigadores do MIT, Harvard e Caltech estabeleceu que o planeta engolido era um gigante gasoso com uma massa semelhante à de Júpiter, mas estava tão próximo da sua estrela que completou uma órbita em apenas um dia.

A estrela, que é bastante semelhante ao Sol, engoliu o planeta durante um período de cerca de 100 dias, começando por “mordiscar” as suas bordas, que ejectaram poeira.

A explosão brilhante ocorreu nos últimos 10 dias, quando o planeta foi totalmente destruído ao mergulhar no interior da estrela.

Miguel Montarges, um astrónomo do Observatório de Paris que não esteve envolvido na investigação, notou que a estrela era milhares de graus mais quente do que o planeta.

“É como colocar um cubo de gelo numa panela a ferver”, disse à AFP.

A ver o destino da Terra

Morgan MacLeod, pós-doutorado na Universidade de Harvard e co-autor do estudo, publicado na revista Nature, disse que a maioria dos milhares de planetas descobertos fora do Sistema Solar até agora “acabarão por sofrer este destino”.

Quando o Sol se expandir para além de Mercúrio, Vénus e a Terra, dentro de cerca de cinco mil milhões de anos, estes planetas terão “perturbações menos dramáticas” porque os planetas rochosos são muito mais pequenos do que os gigantes gasosos, explicou MacLeod.

“De facto, serão perturbações muito pequenas na produção de energia do Sol”, frisou.

Contudo, mesmo antes de ser “engolida”, a Terra já será “bastante inóspita”, porque o Sol já terá evaporado toda a água do planeta, acrescentou MacLeod.

Ryan Lau, astrónomo e co-autor do estudo, acredita que a descoberta “fala da transitoriedade da nossa existência”.

“Depois dos milhares de milhões de anos que dura a vida do nosso Sistema Solar, a nossa própria fase final irá provavelmente terminar num clarão final que dura apenas alguns meses”, disse num comunicado.

Agora que os astrónomos sabem o que procurar, esperam que em breve possam observar muitos mais planetas a serem consumidos pelas suas estrelas.

Só na Via Láctea, esse fenómeno pode acontecer uma vez por ano, disse De.

D.N.
DN/AFP
03 Maio 2023 — 17:04

28.04.2023


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