644: Nova espécie de pterossauro “de tamanho considerável” descoberta em Portugal

 

⚗️ CIÊNCIA // PALEONTOLOGIA // 🐦PTEROSSAURO

Uma equipa internacional de investigadores liderada pelo português Octávio Mateus descobriu em Portugal um fóssil de uma nova espécie de pterossauro, a que foi dado o nome de Lusognathus almadrava.

Jason Brougham
Reconstrução do Lusognathus almadrava e do seu habitat paleobiológico

O fóssil, composto por um crânio incompleto e vértebras parciais, foi descoberto em 2018, na Formação Lourinhã, na Praia do Caniçal, no centro-oeste de Portugal, e apresentado num artigo publicado esta semana na revista PeerJ.

A espécie, que pertence à subfamília Gnathosaurinae da família Ctenochasmatidae, remonta ao período Jurássico e é a primeira do seu género a ser encontrada em Portugal.

Com uma envergadura estimada superior a 3,6 metros, o Lusognathus almadrava é um dos maiores pterossauros conhecidos e o maior pterossauro gnatosaurino, desafiando concepções anteriores sobre o tamanho dos pterossauros do Jurássico.

O paleontólogo Octávio Mateus, investigador da Universidade Nova de Lisboa e fundador do Museu da Lourinhã, realça a riqueza e diversidade do Jurássico em Portugal, onde outros fósseis de vertebrados como plesiossauros, ictiossauros, mosassauros e dinossauros também foram encontrados.

“A distribuição global conhecida e diversidade dos pterossauros reforça o seu sucesso como grupo, uma vez que são encontrados em todos os continentes — incluindo a Antárctida”, diz o paleontólogo português, citado pela Sci News.

No entanto, até agora, o registo fóssil de pterossauros em Portugal tinha sido limitado devido à sua estrutura óssea frágil, tornando esta descoberta notável.

“A relativa escassez do seu registo fóssil levanta desafios na compreensão da sua paleobiologia, quando comparados com outros vertebrados”, explica Octávio Mateus.

O pterossauro recém-descoberto habitava um ambiente de lagoa flúvio-deltaica, e os seus robustos dentes sugerem que se alimentava provavelmente de peixe.

A descoberta acrescenta informações críticas à paleobiologia dos pterossauros do Jurássico, especialmente em relação ao seu tamanho.

Embora os pterossauros do Triássico e Jurássico fossem habitualmente considerados menores, com envergaduras de cerca de 1,6 a 1,8 metros, novas evidências sugerem que poderiam ter sido maiores do que se pensava anteriormente.

A descobertas oferece mais evidências de que os pterossauros já tinham atingido tamanhos consideráveis no final do Jurássico, possivelmente como uma resposta evolutiva para competir com as aves.

Este grande tamanho aponta para um ecossistema próspero e abundante em presas durante este período.

ZAP //
23 Setembro, 2023


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537: Novos fósseis de dinossauros descobertos perto do cabo Espichel

 

🇵🇹 PORTUGAL // 🦖PALEONTOLOGIA // CABO ESPICHEL

Foi encontrado um conjunto de fósseis de dinossauros saurópodes, com cerca de 129 milhões de anos, em diferentes camadas na base de uma formação geológica.

© CPGP

Novos fósseis de dinossauros herbívoros foram descobertos a cerca de dois quilómetros a norte do cabo Espichel, incluindo a que poderá ser uma nova espécie de dinossauro saurópode, informou esta sexta-feira o Centro Português de Geo-História e Pré-História (CPGP).

Num comunicado, a instituição explica que foi encontrado um conjunto de fósseis de dinossauros saurópodes, datados do Cretácico Inferior (cerca de 129 milhões de anos), em diferentes camadas na base de uma formação geológica.

Os restos pertencem a diferentes indivíduos de dinossauros saurópodes (os gigantescos dinossauros de pescoço e cauda compridos), com a maioria a pertencer a saurópodes do grupo do titanossauros, que era muito diversificado durante o Cretácico.

O CPGP destaca no comunicado o achado de “duas vértebras em conexão anatómica de um pequeno indivíduo”, que poderão “pertencer a uma nova espécie destes dinossauros, um novo dinossauro de dimensões pequenas, comparadas com os seus parentes gigantescos”.

Os dinossauros terão vivido nas proximidades de um ambiente de litoral (lagunar), frequentado por diferentes espécies de vertebrados (crocodilos, pterossauros, tartarugas e outros dinossauros), que usavam a região como habitat ou zona de passagem entre área de alimentação, considera o CPGP no comunicado.

Os resultados agora divulgados na revista Science Direct resultam do trabalho de uma equipa de paleontólogos e geólogos portugueses e brasileiros, liderada pelo paleontólogo Silvério Figueiredo.

DN/Lusa
11 Agosto 2023 — 16:31


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509: Percetus colossus. Gigantesco animal extinto pode ser o mais pesado da História

 

CIÊNCIA // 🇵🇪 PERU // 🦖 PALEONTOLOGIA // PERCETUS COLOSSUS

Descoberta de esqueleto de um colosso dos oceanos no Peru pode roubar (por muitas toneladas) a coroa da baleia-azul, considerada a mais pesada de sempre.

Alberto Gennari
Uma impressão de um artista de como será a Perucetus colossus

Considerada há décadas o maior animal a alguma vez respirar no Planeta Terra, a baleia-azul pode estar prestes a ser destronada por uma familiar.

Pensava-se que as baleias só tinham atingido tamanhos colossais há três ou quatro milhões de anos, mas a recente descoberta de 13 vértebras, quatro costelas e um quadril absolutamente gigantescos, em Ica, Peru, fez os paleontólogos confirmar que estamos perante uma nova besta que viveu há 39 milhões de anos — a Percetus colossus.

As estimativas dos investigadores, partilhadas na Nature, apontam para 20 metros de comprimento e mais de 340 toneladas de imensidade nos oceanos, lê-se em comunicado oficial.

Em comparação, a actual recordista baleia-azul “só” atinge as 200 toneladas, apesar de atingir os 30 metros de comprimento.

A diferença, que aparentemente só se reflecte no peso, deve-se precisamente ao peso dos ossos da colossus, mais densos, que serviriam de lastro para melhor flutuabilidade nas águas costeiras, segundo o New Atlas. Ao contrário de outras baleias anciãs, a colossus vivia exclusivamente dentro de água.

“A flutuabilidade associada ao aumento da massa óssea é consistente com um estilo de vida em águas rasas, o que apoia a teoria de que os basilossaurídeos eram hiper-especializados para esse tipo de ambiente costeiro e ilumina a ordem de animais antigos”, dizem os investigadores.

E o que é que um gigante de quase 200 mil quilos come? Provavelmente peixe e crustáceos. Está também em cima da mesa a possibilidade de ter sido pioneira de sistemas de filtragem alimentar que baleias de barbatana usaram, mais tarde, para devorar krill — crustáceo semelhante ao camarão — às toneladas, mas é difícil dizer sem ser encontrado um crânio do animal.

 Tomás Guimarães, ZAP //
3 Agosto, 2023


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487: Tartaruga “panqueca” com 150 milhões de anos encontrada na Alemanha

 

CIÊNCIA // 🐢TARTARUGAS // PALEOECOLOGIA

Uma equipa de cientistas encontrou um fóssil muito bem preservado de uma tartaruga achatada do período Jurássico tardio. O antigo réptil nadava em águas pouco profundas perto de um conjunto de ilhas na actual Baviera.

(dr) Peter Nickolaus
Impressão de artista da tartaruga “panqueca” Solnhofia parsonsi

O espécime achatado de Solnhofia parsonsi foi encontrado no sul da Alemanha, numa Baviera com um aspecto muito diferente do da região actual. Há cerca de 150 milhões de anos, era um arquipélago tropical pouco profundo com recifes de corais à sua volta.

Quando animais como esta tartaruga morriam nestas massas de água salgada e com pouco oxigénio, os necrófagos tinham muita dificuldade em separar os seus restos mortais.

“A muito boa preservação dos fósseis nas camadas de calcário pode ser explicada pelas condições ambientais da época”, disse o paleoecologista da Universidade de Tübingen, Andreas Matzke, em comunicado.

É por isso que a descoberta deste espécime é tão importante: actualmente, o seu estudo é fundamental para ajudar os paleontólogos a descobrir mais informações sobre a evolução destes répteis em ecossistemas marinhos mais superficiais.

Fóssil da tartaruga “panqueca” Solnhofia parsonsi

Ao contrário das tartarugas actuais, os membros anteriores e posteriores desta tartaruga são curtos, um pormenor que sugere que vivia perto da costa.

Já a cabeça e a carapaça (parte superior das costas), que também estão muito bem preservadas no fóssil, revelam que o animal tinha um bico longo e pontiagudo e um crânio triangular com cerca de 5 centímetros de comprimento.

A carapaça apresenta uma forma única que se assemelha a um polígono de cinco lados e a parte de trás uma pequena cavidade, característica da espécie.

“A Solnhofia parsonsi pode ter usado a sua grande cabeça para esmagar alimentos duros, como invertebrados com carapaça, como fazem algumas tartarugas modernas, mas isso não significa que estes constituíssem exclusivamente a sua dieta”, explicou Márton Rabi, co-autor do artigo científico publicado no Scientific Journals.

De acordo com o Interesting Engineering, esta tartaruga destaca-se por ser apenas a segunda a preservar tanto o crânio como os ossos traseiros do corpo nas suas posições naturais.

As suas articulações revelam que os ossos estão ligados da mesma forma que estavam durante a vida do animal, o que permite aos cientistas estudar a anatomia completa do espécime e obter informações valiosas sobre a sua estrutura, estilo de vida e história evolutiva.

ZAP //
29 Julho, 2023


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284: Já sabemos quantos T-Rex alguma vez existiram — e o número é aterrorizante

 

– Já cá não moram, não fazem mal a ninguém. Em contrapartida existe uma sub-espécie humana de T-Rex’s que continuam a fazer muito mal a toda a civilização…

CIÊNCIA // PALEONTOLOGIA / 🦖 DINOSSAUROS // T-REX

Uma nova pesquisa estima que 1,7 mil milhões de T-Rex existiram na Terra, um valor bem abaixo de uma estimativa anterior.

Michael Watts / Pixabay

Alguma vez se perguntou quantos T-Rex é que já caminharam pela Terra? Um novo estudo publicado na Paleontology tem a resposta — e o número é de dar pesadelos.

A pesquisa sugere que até 1,7 mil milhões destes animais terão existido. O valor baseou-se em estimativas que tiveram em conta a esperança média de vida, a maturidade sexual e o número de ovos de T-Rex que, em média, sobreviviam.

Apesar de 1,7 mil milhões ser muita fruta, esta estimativa ainda fica bem abaixo do valor antecipado por um estudo de 2021 — 800 milhões abaixo.

A nova investigação tem em conta dados mais recentes sobre o crescimento e a reprodução dos T-Rex, devendo por isso ser mais precisa.

“Ao contrário do meu modelo, o tempo de geração, bem como as esperanças de vida, taxas brutas de reprodução e valores reprodutivos de indivíduos calculados a partir do modelo anterior, todos contradizem fortemente a nossa compreensão actual da biologia do T-Rex e de outros terópodes”, explica a ecologista evolutiva Eva Griebeler, da Universidade de Mainz.

Os novos cálculos sugerem, por isso, uma taxa de sobrevivência mais baixa, menos regerações no geral, e uma quantidade menor de ovos postos. Estes dados foram obtidos com base em estudos de fósseis e comparações com espécies modernas que os cientistas acreditam que mantiveram alguns traços dos dinossauros.

Griebeler testou o seu modelo com dados de 23 diferentes espécies existentes entre répteis, pássaros e mamíferos e descobriu que as suas previsões dos números da população eram mais próximas do que as do modelo anterior. Isto sugere que as estimativas relativas ao número de T-Rex também estarão mais próximas.

Um dos autores do estudo de 2021, o paleontólogo Charles Marshall, também acredita que o novo modelo é mais preciso, afirmando ao Live Science que o número de 1,7 mil milhões é “mais realista“.

ZAP //
23 Maio, 2023


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272: Dentes de chaves de fenda? Paleontólogos ficaram perplexos

 

CIÊNCIA // PALEONTOLOGIA

Cientistas começaram a perguntar: “Estava a comer o quê? Móveis do IKEA?”.

5telios / Flickr
Crânio de um mosassauro

Os “monstros marinhos” não entram só nos filmes. Há muito, muito tempo, há cerca de 100 milhões de anos, haveria muitos monstros marinhos, no período Cretáceo Superior.

Havia répteis marinhos pré-históricos, autênticos lagartos predadores, que tinham o tamanho de um autocarro. Eram predadores marinhos dominantes. E seriam venenosos.

Esses mosassauros terão sido extintos ao mesmo tempo que os dinossauros. Ainda bem, reage muita gente.

Agora um estudo publicado na revista Fossils, nesta quarta-feira, revela a descoberta de um novo tipo de mosassauro.

Os paleontólogos descobriram uma mandíbula parcial com duas coroas dentárias enterradas lá no fundo em Oulad Abdoun, numa zona de Marrocos.

Os dentes, bizarros, são diferentes de tudo que já tinha sido descoberto, destaca o portal Gizmodo.

Dentes relativamente pequenos, curtos e têm sinais óbvios de desgaste nas pontas.

Mas é uma “série notável de cristas proeminentes, afiadas e serrilhadas”, de acordo com os paleontólogos. Ou seja, nada parecido com as morfologias dentárias anteriores – nem de mosassauro, nem de outro réptil ou mesmo nem de qualquer outro vertebrado.

“Os dentes parecem a ponta de uma chave de fenda Phillips, ou talvez uma chave hexagonal. Então o que está a comer? Parafusos de cabeça Phillips? Móveis IKEA? Quem sabe?”, perguntou Nick Longrich, paleontólogo da Universidade de Bath (Reino Unido) e principal autor do estudo.

Este novo ser terá vindo de uma espécie e de um género totalmente diferentes dos mosassauros descobertos até aqui.

Os cientistas optaram por juntar “estrela” e “dente”, em latim, para descrevê-lo como Stelledens.

O nome da espécie é Mysteriosus – porque esta descoberta é mesmo um mistério, ainda. Até porque não surgiu qualquer pista sobre a sua alimentação. Os dentes não ajudaram.

“É possível que tenha encontrado uma maneira única de se alimentar, ou talvez estivesse a preencher um nicho ecológico que simplesmente não existe hoje”, analisou Nick Longrich.

De resto, até seria um mosassauro pequeno: cerca de 5 metros de comprimento; o dobro de um golfinho.

ZAP //
19 Maio, 2023


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194: Eric comeu um teleósteo desconhecido. E morreu

 

R.I.P. – paz à sua alma… 🙂

CIÊNCIA // PALEONTOLOGIA // PLESIOSSAURO

Uma equipa de paleontólogos australianos concluiu que, pouco tempo antes de morrer, Eric comeu um peixe teleósteo de espécie desconhecida. Não se preocupe, Eric é um Umoonasaurus demoscyllus — e aconteceu há alguns milhões de anos.

Anne Musser / Australian Museum
Eric, o plesiossauro

Uma análise da última refeição de um plesiossauro conhecido como “Eric” permitiu aos paleontólogos conhecer melhor a dieta destes répteis marinhos pré-históricos, que viveram há mais de 66 milhões de anos.

Os restos mortais do Umoonasaurus demoscyllus foram encontrados em 1987, nas minas de opala de Coober Pedy, no sul da Austrália. Após milénios de exposição à pedra preciosa, o fóssil estava opalizado, bastante bem preservado e quase intacto.

Num estudo recente, uma equipa liderada por Joshua White, investigador da Australian National University, usou raios-X e imagens de tomografia computorizada para realizar uma análise minuciosa ao conteúdo do estômago do dinossauro.

O estudo, publicado na Alcheringa: An Australasian Journal of Palaeontology, permitiu aos cientistas encontrar 17 vértebras de um peixe teleósteo não identificado — provando que estes predadores de pescoço curto eram definitivamente piscívoros.

Segundo os investigadores, a descoberta prova também que é possível usar raios-X  para reconstituir as dietas de outras espécies extintas que viveram na Terra há centenas de milhões de anos.

“Estudos anteriores examinaram a superfície exterior do esqueleto opalizado de Eric para encontrar pistas”, explica White numa nota de imprensa publicada a semana passada na Scimex.

“Mas esta abordagem pode ser difícil e limitante, já que é raro encontrar conteúdo intestinal fossilizado — e pode haver mais coisas escondidas sob a superfície, que seriam quase impossível que os paleontólogos vissem sem destruir o fóssil”, acrescenta o investigador.

Para distinguir entre o que poderiam ser os restos da última refeição de Eric e simples gastrólitos (sim, os dinossauros sofriam de pedras do estômago), a equipa usou as imagens obtidas por TC e raios-X para criar um modelo 3D do fóssil.

Australian National University
Modelo 3D do conteúdo intestinal de Eric

As imagens obtidas permitiram à equipa descobrir que a última refeição do réptil pré-histórico tinha sido um teleósteo — uma classe de peixes com estruturas ósseas — de uma espécie desconhecida.

“Os plesiossauros eram predadores de nível médio — algo como um leão-marinho, que comiam peixes pequenos e eram provavelmente caçados por predadores maiores”, diz White. Eric não estava no topo da cadeia alimentar.

Eric deve o seu nome a uma música dos Monty Python

Na altura da sua descoberta, o fóssil opalizado foi vendido a um negociante de pedras preciosas, mas viria mais tarde a ser resgatado por particulares e doado ao Australian Museum — onde se encontra em exposição, juntamente com o seu teleósteo.

Armando Batista, ZAP //
27 Abril, 2023


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182: Encontrado o elo perdido que explica porque os dinossauros eram gigantes

 

CIÊNCIA // PALEONTOLOGIA // DINOSSAUROS

O elo perdido entre os dinossauros mais antigos, cujo tamanho variava de alguns centímetros até três metros de comprimento, e os gigantes mais recentes, que podiam ser maiores do que dois autocarros, acaba de ser encontrado.

Márcio L. Castro / FAPESP
Os Macrocollum itaquii tinham sacos ocos que permitiram o seu crescimento

Num novo estudo, investigadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), no Brasil, apontam a evidência mais antiga do traço evolutivo que favoreceu o gigantismo dos dinossauros: um fóssil de Macrocollum itaquii,

Este dinossauro bípede é um sauropodomorfo, grupo ancestral de dinossauros quadrúpedes gigantes de pescoço longo.

A descoberta foi apresentada num artigo publicado em Março na revista científica The Anatomical Record.

Enterrado há 225 milhões de anos no que hoje é o município de Agudo, no Rio Grande do Sul, o Macrocollum itaquii é o dinossauro com estruturas conhecidas como sacos aéreos mais antigo estudado até hoje.

Estes espaços ocos nos ossos, que ainda se encontram actualmente presentes nas aves, ajudavam os dinossauros a obter mais oxigénio, arrefecer melhor o corpo, suportar as duras condições do planeta na altura — e a tornar-se gigantes, como é o caso dos famosos Tyrannosaurus rex e Brachiosaurus.

“Os sacos aéreos tornavam os ossos menos densos, permitindo que os dinossauros pudessem superar os 30 metros de comprimento”, explica o paleontólogo Tito Aureliano, primeiro autor do estudo, realizado durante o seu doutoramento no Instituto de Geociências da Unicamp.

“O Macrocollum itaquii  foi o maior de seu tempo, com cerca de três metros de comprimento, e poucos milhões de anos antes os maiores dinossauros tinham cerca de um metro. Foram certamente os sacos aéreos do Macrocollum que lhe permitiram atingir tamanho”, completa.

“Este foi um dos primeiros dinossauros a pisar na Terra, no período Triássico. Essa adaptação possibilitou que crescessem e resistissem ao clima quer desse período quer dos posteriores, o Jurássico e o Cretáceo”, explica Fresia Ricardi Branco, professora do IG-Unicamp e co-autora do estudo.

“Os sacos aéreos foram uma vantagem evolutiva sobre outros grupos, como os mamíferos, permitindo aos dinossauros diversificar-se mais rapidamente”, acrescenta a investigadora.

Num estudo anterior, a equipa de investigadores tinha mostrado que os fósseis mais antigos até agora encontrados não tinham evidências de sacos aéreos, o que sugere que esta característica evoluiu pelo menos três vezes de forma independente.

“É como se a evolução tivesse feito experiências diferentes até chegar a uma configuração definitiva, em que os sacos aéreos iam desde a região cervical até à cauda. Não foi um processo linear”, conclui Aureliano.

ZAP  // FAPESP
25 Abril, 2023


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159: A Antárctida era a ponte para os dinossauros viajarem entre continentes

 

CIÊNCIA // PALEONTOLOGIA // 🇦🇶 ANTÁRCTIDA // DINOSSAUROS

Um crânio de quase 100 milhões de anos de um saurópode descoberto na Austrália, excepcionalmente bem conservado, mostra que os dinossauros atravessaram a Antárctida desde a América do Sul até à Austrália, revelou um grupo de investigadores.

Dariusz Sankowski / Pixabay

O crânio quase completo do saurópode pertence a uma espécie chamada Diamantinasaurus matildae. Os saurópodes são conhecidos pelo seu pescoço extremamente longo.

Era também um titanossauro, o único grupo de dinossauros saurópodes a viver até ao fim do Cretáceo (há 145 a 66 milhões de anos), antes da extinção dos dinossauros não pertencentes à região, relatou o Live Science.

Paleontologistas escavaram o espécime em 2018, num rancho de ovelhas a noroeste de Winton, em Queensland, na Austrália, e deram-lhe o nome de “Ann”.

O D. matildae tinha o comprimento de um campo de ténis (23,77 metros) e pesava cerca de 27,5 toneladas, três vezes mais do que o Tyrannosaurus rex.

Os fósseis pareciam semelhantes aos ossos desenterrados na Argentina, o que levou os investigadores a pensar que os saurópodes viajavam entre a América do Sul e a Austrália, via Antárctida.

“Ao analisar os restos mortais, encontramos semelhanças entre o crânio de Ann e o crânio de um titanossauro chamado Sarmientosaurus musacchioi, que viveu na América do Sul aproximadamente ao mesmo tempo que O Diamantinasaurus viveu em Queensland”, disse Stephen Poropat, paleontólogo da Universidade de Curtin em Perth, Austrália.

“Sugerimos que os saurópodes viajavam entre a Austrália e a América do Sul, via Antárctida, durante o Cretácico médio”, continuou o investigador, um dos autores do novo estudo, publicado na Royal Society Open Science.

No Cretácico, a Antárctida estava coberta de florestas e vegetação luxuriante. Os investigadores já sabiam que os saurópodes percorriam essa massa terrestre, após a descoberta do primeiro fóssil de um dinossauro de pescoço, em 2011.

Alguns cientistas já tinham teorizado que estes gigantes usavam a Antárctida para fazer a ponte entre continentes. Na altura, a Austrália, a Nova Zelândia, a Antárctida e a América do Sul formaram o último remanescente do super-continente Gondwana, de acordo com o Museu Australiano.

Agora, no novo estudo, os investigadores compararam o crânio do saurópode mais bem preservado encontrado até à data na Austrália com outros de todo o mundo.

Utilizando varreduras detalhadas dos restos mortais de Ann, a equipa detectou semelhanças notáveis com um crânio de Sarmientosaurus descoberto na província de Chubut, no sul da Argentina, e descrito num estudo de 2016 na PLOS One.

Os investigadores já suspeitavam que estes dois dinossauros estavam intimamente relacionados mas, até agora, faltavam provas. “Osso por osso, os crânios do Diamantinasaurus e do Sarmientosaurus são extremamente semelhantes”.

Os crânios de dinossauros são uma descoberta extremamente rara. Além de alguns dentes, o crânio de Ann é apenas o segundo crânio de saurópode encontrado na Austrália, após a descoberta em 2016 de um crânio parcial.

Isto porque as cabeças dos saurópodes eram pequenas em relação ao seu tamanho corporal e eram constituídas por ossos minúsculos e delicados, decompostos mais rapidamente do que os membros robustos, explicou Stephen Poropat.

“As semelhanças entre os crânios do Diamantinasaurus e do Sarmientosaurus da América do Sul, de idade semelhante, são bastante impressionantes, e acrescentam mais apoio à hipótese de que os titanossauros deslocaram-se entre a Austrália e a América do Sul durante o meio do Crétaceo, presumivelmente através da Antárctida”, disse ao Live Science Matthew Lamanna, paleontólogo do Museu Carnegie de História Natural e um dos autores do estudo de 2016.

ZAP //
18 Abril, 2023


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148: Podem as galinhas ser a chave para recriarmos dinossauros?

 

CIÊNCIA // PALEONTOLOGIA // DINOSSAUROS // GALINHAS

Há cientistas a explorar como é que podem usar ADN de galinha para recriar uma espécie de dinossauro. Será isto possível?

Luis Rey / Wikimedia

As galinhas partilham um antepassado em comum com os dinossauros. Por muito que as duas criaturas sejam diferentes, este é um dado adquirido para os cientistas.

Aliás, já desde 1869 que se falava de pássaros e dinossauros serem parentes, depois de Thomas Huxley ter encontrado traços aviários no crânio de dinossauros.

O ADN de galinha contém restos dos seus antepassados dinossauros. Portanto, será possível recriar dinossauros através de ADN de galinha?

Nos últimos tempos são vários os exemplos de animais extintos que os cientistas estão a tentar trazer de volta. Isto tecnicamente falando, já que os animais recriados não seriam cópias exactas dos animais que outrora existiam, mas sim réplicas geneticamente aproximadas.

Em 2021, uma empresa anunciou que ia avançar com um projecto para “desextinguir” o mamute-lanoso.

A ideia dos cientistas responsáveis pelo projecto consiste em criar um híbrido elefante-mamute. Para que isso seja possível, estão a ser criados em laboratório embriões que contenham ADN de mamute.

Paralelamente, há mais projectos que tentam trazer outros animais de volta ao planeta Terra. Um grupo de cientistas da Universidade de Melbourne está a tentar trazer o tigre-da-Tasmânia de volta.

Outra equipa de cientistas está a tentar trazer de volta à vida o auroque, um animal que é o ancestral de todo o gado e que foi levado à extinção há quase 400 anos.

Os próprios investigadores realçaram que ainda que não estejam nas dimensões dos seus antepassados, os rebanhos criados assemelham-se em grande parte aos auroques ancestrais.

Mais recentemente, uma empresa e uma equipa de cientistas estão a tentar trazer o icónico dodó de volta, após ter sido extinto há quase 400 anos.

Jurassic Park da vida real?

Então, o que é que impede os cientistas de fazerem o mesmo para dinossauros?

O ADN é muito mais fácil de encontrar nas “partes moles” de um animal – os seus órgãos, vasos sanguíneos, nervos, músculos e gordura. O problema é que as partes moles de um dinossauro desapareceram há muito tempo. Elas decompuseram-se ou foram comidas por outro dinossauro.

Como tal, os cientistas têm um grande problema ao tentar encontrar ADN em fósseis de dinossauros, explica William Ausich, professor de Paleontologia na Ohio State University, num artigo publicado no The Conversation.

As moléculas de ADN eventualmente “estragam-se”. Estudos recentes mostram que o ADN desintegra-se após cerca de 7 milhões de anos. Parecem uma boa notícia, mas não é o caso. O último dinossauro morreu há mais de 65 milhões de anos.

E mesmo imaginando que, no futuro, os cientistas encontrem fragmentos de ADN de dinossauro, ainda assim não será possível recriar um dinossauro inteiro. Os investigadores precisariam de combinar fragmentos com o ADN de um animal moderno para criar um organismo vivo.

Mas e com a ajuda de galinhas?

“Se os cientistas conseguirem controlar a expressão de alguns genes e basicamente silenciar o desenvolvimento específico da galinha, eles podem essencialmente descobrir os genes remanescentes dos dinossauros ancestrais e ver o que cresce durante esse desenvolvimento alterado da galinha”, lê-se na revista Nature.

As aves têm a capacidade de desenvolver dentes, escamas, caudas e até mãos. Olhando para um embrião de galinha através de um microscópio é possível ver que ele passa por um estágio de desenvolvimento em que tem uma cauda semelhante a um dinossauro.

Eventualmente há um clique e puff, a cauda interrompe o seu desenvolvimento.

Actualmente, os cientistas podem usar técnicas de genética molecular para perguntar quais genes mudaram e causaram o desaparecimento da cauda.

Percebendo detalhes como este, no futuro, podem mesmo ser capazes de fazer as alterações necessárias para que a galinha se transforme numa espécie de dinossauro.

Em 2015, o mítico paleontólogo Alan Grant, que serviu de inspiração para o protagonista de Jurassic Park, começou a trabalhar com uma equipa de cientistas que acredita conseguir “reviver” os dinossauros nos próximos cinco a dez anos. O prazo de cinco anos já lá vai e o de dez não está muito distante.

Os cientistas de Harvard e Yale estão precisamente focados na galinha. “É claro que os pássaros são dinossauros”, disse Jack Horner, que integra a equipa, em declarações à revista People. “Então, só precisamos de consertá-los para que se pareçam um pouco mais com um dinossauro”.

“Na verdade, as asas e as mãos não são tão difíceis”, disse Horner, acrescentando que um Galinhossaurus – como chama à criação – está a caminho de se tornar realidade. “A cauda é o maior projecto”, sublinhou.

“Mas, por outro lado, conseguimos fazer algumas coisas recentemente que nos deram esperança de que não demore muito”.

Daniel Costa, ZAP //
15 Abril, 2023


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