644: Nova espécie de pterossauro “de tamanho considerável” descoberta em Portugal

 

⚗️ CIÊNCIA // PALEONTOLOGIA // 🐦PTEROSSAURO

Uma equipa internacional de investigadores liderada pelo português Octávio Mateus descobriu em Portugal um fóssil de uma nova espécie de pterossauro, a que foi dado o nome de Lusognathus almadrava.

Jason Brougham
Reconstrução do Lusognathus almadrava e do seu habitat paleobiológico

O fóssil, composto por um crânio incompleto e vértebras parciais, foi descoberto em 2018, na Formação Lourinhã, na Praia do Caniçal, no centro-oeste de Portugal, e apresentado num artigo publicado esta semana na revista PeerJ.

A espécie, que pertence à subfamília Gnathosaurinae da família Ctenochasmatidae, remonta ao período Jurássico e é a primeira do seu género a ser encontrada em Portugal.

Com uma envergadura estimada superior a 3,6 metros, o Lusognathus almadrava é um dos maiores pterossauros conhecidos e o maior pterossauro gnatosaurino, desafiando concepções anteriores sobre o tamanho dos pterossauros do Jurássico.

O paleontólogo Octávio Mateus, investigador da Universidade Nova de Lisboa e fundador do Museu da Lourinhã, realça a riqueza e diversidade do Jurássico em Portugal, onde outros fósseis de vertebrados como plesiossauros, ictiossauros, mosassauros e dinossauros também foram encontrados.

“A distribuição global conhecida e diversidade dos pterossauros reforça o seu sucesso como grupo, uma vez que são encontrados em todos os continentes — incluindo a Antárctida”, diz o paleontólogo português, citado pela Sci News.

No entanto, até agora, o registo fóssil de pterossauros em Portugal tinha sido limitado devido à sua estrutura óssea frágil, tornando esta descoberta notável.

“A relativa escassez do seu registo fóssil levanta desafios na compreensão da sua paleobiologia, quando comparados com outros vertebrados”, explica Octávio Mateus.

O pterossauro recém-descoberto habitava um ambiente de lagoa flúvio-deltaica, e os seus robustos dentes sugerem que se alimentava provavelmente de peixe.

A descoberta acrescenta informações críticas à paleobiologia dos pterossauros do Jurássico, especialmente em relação ao seu tamanho.

Embora os pterossauros do Triássico e Jurássico fossem habitualmente considerados menores, com envergaduras de cerca de 1,6 a 1,8 metros, novas evidências sugerem que poderiam ter sido maiores do que se pensava anteriormente.

A descobertas oferece mais evidências de que os pterossauros já tinham atingido tamanhos consideráveis no final do Jurássico, possivelmente como uma resposta evolutiva para competir com as aves.

Este grande tamanho aponta para um ecossistema próspero e abundante em presas durante este período.

ZAP //
23 Setembro, 2023


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599: Reconstruido “monstro fóssil” com 3 olhos que viveu há 520 milhões de anos

 

⚗️ CIÊNCIA // 🦴 FÓSSEIS // 🦖 PALEOBIOLOGIA

Um estudo realizado por cientistas da Universidade de Leicester e do Yunnan Key Laboratory for Palaeobiology utilizou uma tecnologia avançada de digitalização para reconstruir um “monstro fóssil” de três olhos.

(dr) X. Wang
Reconstrução artística do Kylinxia.

Esta reconstrução pioneira forneceu novos detalhes sobre uma criatura fossilizada única que viveu há cerca de 520 milhões de anos, potencialmente colmatando lacunas na nossa compreensão da evolução dos artrópodes.

Os mesmos cientistas já tinham documentado este artrópode num estudo anterior, em 2020. Inicialmente, os investigadores até pensavam que ele teria cinco olhos.

Kylinxia, nome pelo qual foi baptizado, foi meticulosamente fotografado com um scanner de TAC, revelando a sua anatomia preservada numa rocha antiga.

O Kylinxia tem várias características distintivas, incluindo três olhos na cabeça e dois membros presumivelmente utilizados para caçar. Em termos de tamanho, é comparável a um camarão grande.

Os fósseis em análise foram recolhidos perto de Chengjiang, no sul da China. Este local é conhecido pela sua riqueza em animais fossilizados bem preservados, com mais de 250 espécies distintas.

Esta descoberta tem um grande significado para melhorar a nossa compreensão do desenvolvimento dos artrópodes. Os artrópodes são criaturas caracterizadas por corpos segmentados, com a maioria apresentando dois membros articulados, incluindo caranguejos, lagostas, insectos e aranhas.

Embora o registo fóssil contenha numerosos artrópodes, nomeadamente trilobites, a maioria destes espécimes apresenta esqueletos rígidos preservados. O Kylinxia, por outro lado, destacou-se devido à preservação quase completa da sua anatomia mole, sublinha o Tech Explorist.

Imagens pormenorizadas da cabeça do Kylinxia revelaram seis segmentos, com o primeiro segmento a albergar os olhos, o segundo equipado com um par de membros e os restantes quatro segmentos com um par de membros articulados.

“Após a TAC, podemos virá-lo digitalmente e olhar para a cara de algo vivo há mais de 500 milhões de anos. Quando rodámos o animal, pudemos ver que a sua cabeça tinha seis segmentos, tal como a de muitos artrópodes vivos”, explicou Robert O’Flynn, autor principal do novo estudo.

Greg Edgecombe, do Museu de História Natural, salientou o facto de estas descobertas desafiarem as teorias anteriores sobre a evolução da cabeça dos artrópodes:

“A descoberta de dois pares de pernas anteriormente não detectados em Kylinxia sugere que os artrópodes vivos herdaram uma cabeça de seis segmentos de um antepassado há pelo menos 518 milhões de anos”.

O novo estudo foi publicado em Agosto na revista Current Biology. O estudo precedente foi publicado em Novembro de 2020, na revista Nature.

ZAP //
5 Setembro, 2023


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542: O maior tubarão de sempre estará vivo ou extinto?

 

CIÊNCIA // PALEOBIOLOGIA // 🦈MEGALODON

O Megalodon é o maior tubarão que se sabe que terá existido na Terra. Mas, será que está mesmo extinto?

wildestanimal/Shutterstock

Carcharocles megalodon — ou Megalodon — existiu, mas há mais de 2 milhões de anos que não existem fósseis.

Trata-se do maior tubarão que se conhece. Atingiu o comprimento de 19 metros, sendo que alguns estudos sugerem que poderá ter chegado aos 20,3 metros.

Segundo o ZME Science, consegue ser maior e mais temível que o tubarão branco.

Muito do conhecimento que existe sobre o Megalodon é através dos dentes fossilizados, que medem mais de 180 milímetros de altura inclinada. São os maiores dentes de qualquer espécie de tubarão conhecida.

Os fósseis mais antigos do Megalodon datam de há 23 milhões de anos, mas deixaram de existir, abruptamente, há 3,6 milhões de anos.

Uma vez que não foram encontrados fósseis em camadas geológicas mais recentes, dá-se por extinto o Megalodon. Se ainda existisse, seria de esperar encontrar alguns fósseis.

Nos últimos 3 milhões de anos não foram encontradas marcas de mordidas de Megalodon, por exemplo.

Se ainda existisse, seria possível encontrar marcas das dentadas nas suas presas que sobreviveram ou no caso de terem morrido, os ossos continuariam a apresentar marcas de dentadas.

Os cientistas não encontraram nenhuma dessas marcas, o que é consistente com a falta de fósseis.

O Megalodon não era particularmente exigente quanto ao local onde vivia. Tinha uma distribuição cosmopolita e os seus fósseis foram escavados em muitas partes do mundo, desde a Europa a África e das Américas à Austrália.

Se houvesse um Megalodon por perto, seria de esperar que alguém o avistasse, que relatasse tê-lo visto. As pessoas procuraram, mas não encontraram nada.

O Megalodon era um predador de topo. De acordo com pesquisas recentes, estava mais acima na cadeia alimentar do que qualquer predador marinho da história.

Emma Kast, que conduziu a investigação na Universidade de Princeton e agora trabalha no Departamento de Ciências da Terra de Cambridge, afirma que “estamos habituados a pensar nas maiores espécies — baleias azuis, tubarões-baleia, até mesmo elefantes e diplodocus — como filtradores ou herbívoros, não como predadores, mas o Megalodon e os outros tubarões megatotídeos eram carnívoros, verdadeiramente enormes, que comiam outros predadores, e o Meg foi extinto há apenas alguns milhões de anos”.

“Se o Megalodon existisse no oceano moderno, alteraria profundamente a interacção dos seres humanos com o ambiente marinho”, afirmou Danny Sigman, que liderou a nova análise do azoto na Universidade de Princeton.

Os investigadores têm uma ideia de como é que o Megalodon se extinguiu. As causas foram múltiplas.

Em primeiro lugar, foram as alterações climáticas naturais. As temperaturas baixaram, deixando muitas criaturas a lutar para se adaptarem. Mesmo que o Megalodon se pudesse adaptar, as suas presas não o fariam — e para um predador de topo, quando as suas presas estão em apuros, isso são más notícias.

À medida que o seu habitat foi restringido e que as suas presas se tornaram subitamente menos disponíveis, o Megalodon ter-se-ia provavelmente debatido.

Depois, como sugere um estudo de 2022, publicado no Natural History Museum, o Megalodon tinha outro problema: o grande tubarão branco.

O grande tubarão branco é mais pequeno e não precisa de tantas presas como o Megalodon. Na situação de arrefecimento climático, os tubarões brancos mais pequenos poderiam ter-se adaptado melhor, deixando o Megalodon encalhado no topo da cadeia alimentar.

Conclusão: os ecossistemas actuais não podem suportar um predador como o Megalodon. Por isso, assume-se como extinto o mais temível dos tubarões.

 Teresa Oliveira Campos, ZAP //
13 Agosto, 2023


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400: O Grande Sobrevivente: o nosso ancestral que sobreviveu ao asteróide de Chicxulub

 

CIÊNCIA // PALEOBIOLOGIA // ☄️CHICXULUB

O parente mais antigo dos seres humanos, cães e morcegos partilhou o planeta Terra com os Titanossauros e Tricerátopos.

Mark Witton. Steven C. Sweetman, Grant Smith, David M. Martill / Wikipedia
Conceito artístico da fauna de uma lagoa no Cretáceo

Embora os desenhos animados dos Flintstones mostrem os seres humanos a conviver lado a lado com os dinossauros, a ciência sabe que tal não aconteceu.

No entanto, alguns dos nossos ancestrais partilharam um breve episódio da História da Terra com os Tiranossauros e Tricerátopos.

Mas, ao contrário dos dinossauros, estes parentes distantes sobreviveram ao catastrófico evento de extinção em massa desencadeado pelo famigerado asteróide da cratera Chicxulub, de acordo um estudo publicado esta terça-feira na Current Biology.

Este estudo revelou que um grupo de seres vivos de origem cretácea de mamíferos placentários coexistiu brevemente com os dinossauros antes da sua extinção.

Os mamíferos placentários, também conhecidos como euterianos ou apenas placentários, são um grupo diversificado de animais dentro da classe de mamíferos.

Estes são designados por “placentários” devido à presença de uma estrutura especializada chamada placenta, responsável pela transferência de nutrientes e oxigénio do corpo da mãe para o feto em desenvolvimento, durante a gestação.

Há 66 milhões de anos, num ameno dia de primavera, um asteróide atingiu a Terra perto da Península do Yucatán, no México. A devastação provocada por esta catástrofe levou a um evento de extinção em massa que eliminou do planeta Terra uma série de espécies.

A perda mais célebre foi, sem dúvida, a dos dinossauros não aviários, mas há muitas outras espécies que também não conseguiram sobreviver. Um exemplo inclui um roedor conhecido como Vintana Sertichi que habitava as florestas de Madagáscar e podia chegar aos 10 quilos.

No entanto, a questão que tem intrigado os cientistas é se antes desta extinção em massa, os mamíferos placentários conviviam com os dinossauros, ou se estes evoluíram após o embate do asteróide.

Embora os mais antigos fósseis de mamíferos placentários datem de rochas com menos de 66 milhões de anos, os dados moleculares sugerem que estes mamíferos têm uma origem bem mais antiga.

Neste novo estudo, uma equipa de paleobiólogos recorreu à análise estatística de registo fóssil para determinar se os mamíferos placentários se originaram antes do evento de extinção em massa. Para tal, recolheram os dados fósseis de grupos de mamíferos placentários mais antigos que existiam.

“Recolhemos milhares de fósseis de mamíferos placentários e analisamos os padrões de origem e de extinção dos diferentes grupos. Com base nisto, conseguimos estimar quando é que os mamíferos placentários evoluíram” afirma Emily Carlisle, co-autora do estudo e paleobióloga da Universidade de Bristol.

Este modelo determina a idade de origem das linhagens com base no momento em que surgiram pela primeira vez. Já a idade de extinção é estimada com base no momento do seu desaparecimento.

Os resultados do estudo demonstraram que o grupos de mamíferos que inclui primatas, coelhos, lebres, cães e gatos evoluíram um pouco antes desta extinção em massa. Tal significa que os seus ancestrais conviveram e partilharam a Terra com os dinossauros.

No entanto, só após o embate do asteróide é que estas linhagens de mamíferos placentários começaram a ganhar forma e a evoluir para os animais que conhecemos actualmente.

É possível que a diversificação do grupo só tenha acontecido quando os dinossauros saíram de cena, uma vez que deixou de haver competição por recursos.

Ainda assim, e de acordo com este novo estudo, a verdade é que os primeiros mamíferos placentários sobreviveram a uma catástrofe única na História da Terra.

O primeiro lugar do pódio, no que toca a espécies vencedoras, vai para os Brontotheres ou “Bestas do Trovão”, ancestrais do majestoso e enorme rinoceronte, que não só sobreviveram como evoluíram e cresceram, passando de animais com 18 kg, para animais com mais de 900 kg.

Patrícia Carvalho, ZAP //
29 Junho, 2023



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280: Carambolas… será que o primeiro animal do mundo foi identificado?

 

CIÊNCIA // PALEOBIOLOGIA // CARAMBOLAS

Há mais de 500 milhões de anos, o primeiro animal nascia nos nossos oceanos. Mas afinal, quem foi o primeiro animal multicelular do mundo? A ciência pode ter desvendado o mistério que se mantém aceso há séculos.

Wikimedia commons
Ctenóforos, mais conhecidos como carambolas-do-mar

Uma das dificuldades em descobrir quem foi o primeiro é o facto de esta misteriosa entidade, por ser certamente um animal de corpo mole, não deixa registo fóssil.

As porifera — ou esponjas — sempre foram um dos maiores candidatos ao título de ‘primeiro animal do mundo’, algo que se deve em grande parte à sua simplicidade atómica — não têm sistema nervoso, digestivo nem cardiovascular e passam a sua vida inteira no mesmo sítio, a filtrar alimento que passa pelas águas do mar.

Agora, nova informação determina que os ctenóforos (também conhecidos como carambolas-do-mar), primos distantes das alforrecas que, em contraste, percorrem grandes distâncias pelos oceanos em busca de alimento, podem ter chegado antes das esponjas.

Resultados contraditórios foram obtidos em análises anteriores, que se concentraram nas sequências genéticas. Algumas sequências sugeriram que as esponjas chegaram antes, enquanto outras ditaram que foram os ctenóforos.

Mas um estudo publicado esta quarta-feira na revista Nature revelou um padrão evidente que determina que, muito possivelmente, estas carambolas-do-mar evoluíram antes das esponjas e que as estas passaram o seu cromossoma misturado para os animais que se seguiram.

Sabendo previamente que as esponjas, alforrecas e muitos outros invertebrados têm cromossomas com genes similares, os investigadores compararam as sequências de genes conservados nos cromossomas (moléculas genéticas) e encontraram padrões que indicam a ordem da evolução dos dois organismos.

Na amostra testada encontravam-se os genomas do ctenóforo, duas esponjas marinhas, dois animais unicelulares — ameboide e coanoflagelado — e um parasita de peixes microbial, todos comparados a animais mais modernos.

Verificou-se então que as esponjas e outros animais mais modernos partilham os mesmos traços de um raro tipo de fusão de cromossomas e reordenação de eventos.

Estes traços não estavam, no entanto, nas carambolas-do-mar, cujos genomas são muito semelhantes aos animais unicelulares.

“Encontrámos uma mão cheia de reordenamentos partilhados pelas esponjas e pelos animais não ctenóforos que, em contraste, se assemelharam a não-animais.

A explicação mais simples é que os ctenóforos ramificaram-se antes dos reordenamentos ocorrerem”, afirmou o biólogo molecular e autor do estudo, Daniel Rokhsar, em declarações à EurekAlert.

“O sinal está lá e ele apoia fortemente o cenário ‘ctenóforos ramificaram-se primeiro’. A única maneira de a hipótese de as esponjas surgirem primeiro ser verdade seria se múltiplos reordenamentos convergentes acontecessem tanto nas esponjas como nos animais não-ctenóforos, algo que é altamente improvável”, afirmou Rokhsar, que reforçou o valor da pesquisa para outras descobertas do mundo animal.

“Esta pesquisa dá-nos contexto para entendermos o que faz dos animais animais. Este trabalho vai ajudar-nos a perceber as funções básicas que todos partilhamos, como por exemplo, como é que eles comem ou se mexem”, concluiu.

ZAP //
21 Maio, 2023


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264: Descoberto fóssil de monstro marinho gigante do Jurássico. Foi encontrado por acaso num museu

 

CIÊNCIA // PALEOBIOLOGIA // FÓSSEIS

O animal tinha entre entre 9,8 e 14,4 metros de comprimento e é o maior pliossauro descoberto até agora.

Megan Jacobs/University of Portsmouth

Um fóssil de um monstro marinho gigante antigo foi descoberto por acaso num museu britânico. É um dos maiores carnívoros que alguma vez habitou as águas do nosso planeta, de acordo com o novo estudo publicado na Proceedings of the Geologists’ Association.

Os quatro ossos em causa são vértebras de uma espécie desconhecida de um predador do Jurásico chamado pliossauro e indicam que o animal poderia crescer quase até aos 15 metros de comprimento — o dobro do tamanho de uma baleia assassina.

A nova descoberta obriga à revisão de estimativas anteriores do tamanho dos monstros pré-históricos. “É incrível provar que houve realmente uma espécie de pliossauro gigante nos mares do Jurássico tardio.

Não me surpreenderia se um dia descobrirmos algumas provas de que esta espécie monstruosa era ainda maior“, relata David Martill, professor de Paleobiologia.

Martill descobriu as ossadas completamente por acaso quando mexia nas gavetas de fósseis do Museu Abingdon County Hall, no Reino Unido. Após encontrar uma vértebra gigante, foi informado de que o museu tinha mais três ossos semelhantes.

Os fósseis foram retirados de uma escavação em Oxfordshire a um depósito que terá 152 milhões de anos, escreve o Live Science.

Os cientistas usaram depois lasers para analisar os fósseis e estimaram que pertenceriam a um monstro marinho que teria entre 9,8 e 14,4 metros de comprimento, o que o torna o maior pliossauro alguma vez descoberto.

Os pliossauros eram os principais predadores dos oceanos durante o período Jurássico — há entre 201 e 145 milhões de anos — e deslocavam-se usando quatro barbatanas semelhantes a remos. Matavam as presas com os seus enormes e afiados dentes, tendo dentadas mais fortes do que as de um T-Rex.

“Sabemos que estes pliossauros eram animais muito temíveis que nadavam nos mares que cobriam Oxfordshire há entre 145-152 milhões de anos. Eles estavam no topo da cadeia alimentar marinha e provavelmente alimentavam-se de ictiossauros, plesiossauros de pescoço longo e talvez até de crocodilos marinhos menores, simplesmente mordendo-os ao meio e arrancando pedaços deles”, explica Martill.

ZAP //
17 Maio, 2023


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82: Temos pena, Spielberg. O T-Rex tinha lábios (e dentes escondidos)

 

CIÊNCIA // T-REX // PALEOBIOLOGIA

Um novo estudo sugere que focinho do mítico Tiranossauro era mais parecido com o dos lagartos, com lábios, do que com o dos crocodilos, com os seus grandes dentes expostos, como retratado no filme “Jurassic Park”.

Mark Witton / Universidade de Auburn

A ciência pode estar prestes a desmascarar outro mito sobre o tiranossauro rex.

O debate sobre a aparência dos terópodes, o icónico grupo de dinossauros bípedes a que pertence o tiranossauro rex, vem de longa data — e o assunto levanta ainda controvérsia entre os cientistas.

De acordo com um novo estudo, publicado esta quinta-feira na revista Science, o aspectos do mítico T-Rex era bem diferente da que se imagina.

Os autores do estudo sugerem que o focinho dos terópodes como o tiranossauro rex e seus parentes não eram parecidos com crocodilos, com dentes salientes ao longo de uma extensa mandíbula.

Pelo contrário, concluíram agora os investigadores, os T-Rex tinham lábios a ostentavam um largo sorriso — mais como os actuais lagartos.

Segundo Thomas Cullen, paleobiólogo da Universidade de Auburn, nos Estados Unidos, reconstruções feitas por cientistas nos anos 1920 e 1930 apontavam que os terópodes teriam carne a cobrir os dentes.

Mas os media e a indústria do entretenimento, com destaque para o famoso Jurassic Park, filme de Steven Spielberg de 1993, mudou essa imagem, retratando o réptil com dentes enormes e sem lábios.

“Essa imagem do terópode enraizou-se no público: um grande bípede, com enormes facalhões de cortar carne a sair da boca“, diz Cullen.

Para verificar quão realista essa imagem poderia ser, Cullen e os colegas analisaram a relação entre o comprimento do crânio e o tamanho dos dentes de répteis vivos, como os dragões de komodo, que têm lábios e são parentes vivos dos terópodes, e de dinossauros como o velociraptor e o tiranossauro rex.

A equipa concluiu que os dentes dos terópodes não eram demasiado grandes nem demasiado longos para o tamanhos dos seus crânios — pelo que não há razão para acreditar que tivessem que protuberar das suas bocas.

Para ampliar a confiabilidade do estudo, os pesquisadores analisaram também o esmalte dos dentes, comparando um pedaço de dente de um daspletossauro (uma espécie de dinossauro carnívoro e bípede que viveu durante o período Cretáceo)  com o de um crocodilo moderno.

Os dentes dos crocodilos têm uma camada muito mais fina de esmalte na parte externa (ao contrário da parte interna, que fica voltada para a língua) do que os do dinossauro, sugerindo que os dinossauros provavelmente tinham lábios que protegiam os dentes.

Além disso, a equipa comparou a anatomia do crânio de vários animais vivos e mortos, constatando que os crânios dos dinossauros são muito mais parecidos com os dos lagartos e iguanas com lábios.

Contudo, o estudo tem uma limitação: é baseado numa amostra pequena, pelo que é possível que os seus resultados sejam enviesados.

“É um grande primeiro passo”, diz Ashley Morhardt, paleoneurologista da Faculdade de Medicina da Universidade de Washington, em St Louis, no Estados Unidos. “Os resultados são tentadores. Mas receio que precisaremos de ter ainda mais dados para poder ter certezas sobre o debate dos lábios dos dinossauros.”

ZAP // Deutsche Welle / Live Science
1 Abril, 2023


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