472: Origem da “música do Universo”: investigador português tem uma explicação

 

🌌 UNIVERSO // 🎶MÚSICA // ORIGEM

Investigador da FCTUC propõe teoria que explica sinais de ondas gravitacionais a baixa frequência recentemente detectados.

O cosmólogo Ricardo Zambujal Ferreira, investigador auxiliar no Centro de Física da Universidade de Coimbra (CFisUC), foi um dos autores que propôs uma das teorias que explicam os sinais das ondas gravitacionais a baixa frequência, recentemente detectadas.

A importante descoberta, anunciada por observatórios de Pulsar Timing Array – PTA (pulsares de milissegundos), entre eles o North American Nanohertz Observatory for Gravitational Waves (NanoGRAV) e o European Pulsar Timing Array (EPTA), demonstra que a interpretação proposta pelo investigador da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Coimbra é uma das explicações mais plausíveis para os sinais detectados.

“Esta descoberta tem um grande impacto em várias áreas da física moderna, desde a astrofísica à cosmologia. Em particular, abre-nos uma janela radicalmente nova para o universo primordial e para novos testes de física fundamental”, considera Ricardo Zambujal Ferreira.

“Os observatórios detectaram estas ondas através da monitorização de estrelas pulsares, estrelas de neutrões que emitem um sinal/pulso electromagnético a cada milissegundo”, explica o investigador.

“A passagem de uma onda gravitacional distorce o espaço-tempo entre nós e as pulsares, alterando desta forma os intervalos de tempo entre pulsos”.

“Foi através da medição contínua, ao longo de mais de dez anos, dos pulsos emitidos por uma rede de dezenas de pulsares, que os PTA detectaram a presença de ondas gravitacionais”, explica o também co-autor do artigo científico, publicado na The Astrophysical Journal Letters.

Segundo o investigador da FCTUC, a interpretação mais convencional para a origem das ondas gravitacionais observadas é de que tenham sido geradas por um conjunto de milhões de buracos negros super-massivos em binárias (que se orbitam mutuamente), que se formam durante processos de fusão entre galáxias.

No entanto, esta não é a única explicação possível, existem outras igualmente estudadas num dos artigos científico que dão conta da descoberta.

“Uma dessas alternativas foi proposta em 2022 por mim e pelos meus colaboradores, na qual sugerimos que as ondas gravitacionais observadas pudessem ter origem na dinâmica de certas estruturas cosmológicas, conhecidas como redes de paredes de domínio (domain wall networks)”, conta Ricardo Zambujal Ferreira.

Ricardo Zambujal Ferreira é cosmólogo e investigador auxiliar no Centro de Física da UC

“Estas estruturas formam-se no universo primordial caso exista uma nova partícula fundamental, para além das já conhecidas, com uma simetria particular denominada simetria discreta”, revela o cosmólogo.

Segundo o investigador, “o artigo do NANOGrav analisa a nossa proposta em grande detalhe e confirma que as redes de paredes de domínio efectivamente providenciam uma explicação tão plausível dos dados quanto os buracos negros super-massivos, e em certos casos até melhor.”

Vamos ter de esperar pelos próximos anos e por mais dados para determinar com segurança qual das interpretações é a correta”, conclui.

ZAP // Notícias UC
26 Julho, 2023


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399: Finalmente! Cientistas ouviram pela primeira vez a música de fundo do Universo

 

CIÊNCIA // ⚛️ UNIVERSO // 🎶 MÚSICA DE FUNDO

Astrónomos conseguiram alcançar uma proeza monumental: detectaram ondas gravitacionais de baixa frequência utilizando uma antena de pulsares de milissegundos dentro da Via Láctea.

Aurore Simonnet / NANOGrav Collaboration
Conceito artístico de dois buracos negros supermassivos a gerar ondas gravitacionais através de uma rede de pulsares

Após quase uma década de esforços, os cientistas ouviram finalmente o zumbido das ondas gravitacionais que ressoam por todo o Universo.

Esta importante descoberta marca a primeira detecção de sempre de ondas gravitacionais de fundo, um eco subtil mas persistente de ondas gravitacionais que se crê terem sido desencadeadas por eventos cósmicos que ocorreram pouco depois do Big Bang, bem como pela fusão de buracos negros super-massivos espalhados pelo cosmos.

Embora a existência deste fundo tenha sido anteriormente teorizada pelos físicos, a natureza dos sinais de ondas gravitacionais que o compõem, vibrando a escalas de tempo de décadas e emanando com fraca intensidade, tornou a sua detecção uma tarefa árdua.

Agora, através de observações de longo prazo, a presença destas ondas gravitacionais foi inequivocamente confirmada, escreve o Space.com.

Embora a causa exacta deste zumbido permaneça desconhecida, o sinal detectado constitui uma “prova irrefutável” que se alinha com as previsões teóricas de ondas gravitacionais provenientes de numerosos pares dos “buracos negros mais massivos de todo o Universo”, alguns pesando milhares de milhões de vezes mais do que o nosso Sol.

Esta revelação foi partilhada por Stephen Taylor, astrofísico de ondas gravitacionais da Universidade de Vanderbilt e um dos principais investigadores envolvidos no estudo.

Foram publicados quatro diferentes estudos sobre esta questão na revista The Astrophysical Journal Letters:

Anteriormente, tinham sido revelados indícios do mesmo sinal numa série de artigos publicados por cientistas da China, Índia, Europa e Austrália.

Estes cientistas defendiam que os sinais podem ter origem na fusão de buracos negros super-massivos envolvidos em danças cósmicas, entrando gradualmente em espiral em direcção um ao outro ao longo de milhões de anos.

Durante este ballet, emitem energia sob a forma de ondas gravitacionais que reverberam por todo o tecido do Universo.

Os investigadores sublinham que o zumbido de fundo observado das ondas gravitacionais tem aumentado de importância ao longo do tempo, fornecendo provas tentadoras de que podem existir centenas de milhares, ou mesmo milhões, de buracos negros super-massivos prontos a fundir-se nas próximas centenas de milhares de anos.

Para detectar o fundo de ondas gravitacionais, os astrónomos concentraram a sua atenção nos pulsares de milissegundos, restos de estrelas mortas que giram rapidamente até 700 vezes por segundo com uma regularidade notável, emitindo feixes de luz a partir dos seus pólos magnéticos.

Estes feixes, quando observados da Terra, aparecem como “pulsos”.

ZAP //
29 Junho, 2023



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46: Físicos manipularam a “luz quântica” pela primeira vez

 

CIÊNCIA // FÍSICA // LUZ QUÂNTICA

Pela primeira vez, uma equipa internacional de físicos manipulou com sucesso pequenas partículas leves, conhecidas como fotões, que têm uma forte relação umas com as outras.

LaDarius Dennison / Dartmouth College
Um fotão dividido em dois

Este é um avanço no domínio quântico, que pode levar à criação de tecnologia com a qual nem sonhamos actualmente. “Isto abre a porta à manipulação daquilo a que podemos chamar de “luz quântica””, referiu a física Sahand Mahmoodian, da Universidade de Sidney, citado pelo Science Alert.

“Esta ciência fundamental abre o caminho para avanços em técnicas de medição quântica e computação quântica fotónica”, acrescentou.

Embora os físicos estejam a ficar muito bons a controlar átomos quânticos, provou-se ser muito mais desafiador conseguir o mesmo com a luz.

Nesta nova experiência, uma equipa da Universidade de Sidney e da Universidade de Basileia, na Suíça, disparou um único fotão e também um par de fotões ligados a um ponto quântico (um átomo criado artificialmente), medindo um atraso de tempo directo entre o fotão que estava sozinho e os que estavam ligados.

“O dispositivo que construímos induziu interacções tão fortes entre os fotões que pudemos observar a diferença entre um fotão que interage sozinho em comparação com” aqueles que interagem com dois, disse a física Natasha Tomm, da Universidade de Basileia, uma das autoras do estudo, publicado recentemente na Nature Physics.

“Observámos que um fotão foi atrasa-se por um tempo mais longo em comparação com dois fotões. Com esta interacção realmente forte entre fotões, os dois fotões ficam enredados sob a forma do que se chama um estado ligado a dois fotões”, explicou.

A equipa estabeleceu este estado utilizando emissão estimulada – um fenómeno descrito pela primeira vez por Albert Einstein, em 1916, e que constitui a base dos lasers modernos.

No interior de um laser, uma corrente eléctrica é utilizada para produzir electrões dentro dos átomos de um material óptico, como o vidro ou o cristal.

Essa excitação faz com que os electrões subam uma órbita no núcleo do seu átomo. E quando regressam ao seu estado normal, emitem energia sob a forma de fotões.

Estas são as emissões “estimuladas” e este processo significa que todas as fotos resultantes têm comprimentos de onda idênticos, ao contrário da luz branca normal, que é uma mistura de diferentes frequências (cores).

Um espelho é então utilizado para ressaltar os fotões antigos e novos de volta para os átomos, estimulando a produção de fotões mais idênticos.

Esses fotões movem-se em uníssono, viajando com a mesma velocidade e direcção, e acumulam-se até ultrapassarem os espelhos e o meio óptico e libertarem a explosão num feixe de luz perfeitamente sincronizado, que pode manter-se fortemente focado em longas distâncias.

Este tipo de interacção fria entre luz e matéria é a base de todos os tipos de tecnologia, tais como GPS, computadores, imagens médicas e redes de comunicações globais.

Mesmo o LIGO, o observatório de ondas gravitacionais de interferómetro laser que detectou ondas gravitacionais pela primeira vez em 2015, baseia-se em lasers.

Mas toda esta tecnologia ainda requer uma grande quantidade de fotões, o que limita o quão sensíveis podem ser.

O novo avanço conseguiu agora estimular a emissão e detecção de fotões únicos, bem como de pequenos grupos de fotões de um único átomo, levando a que estes fiquem fortemente relacionados – por outras palavras, “luz quântica”.

“Ao demonstrar que podemos identificar e manipular estados ligados a fotões, demos um primeiro passo vital para o aproveitamento da luz quântica para uso prático”, indicou Sahand Mahmoodian.

Os próximos passos, explicou, passam por utilizar a abordagem para gerar estados de luz que possam fazer melhores computadores quânticos.

“Esta experiência é bela, não só porque valida um efeito fundamental – emissão estimulada – no seu limite máximo, mas também representa um enorme passo tecnológico no sentido de aplicações avançadas”, acrescentou Natasha Tomm.

“Podemos aplicar os mesmos princípios para desenvolver dispositivos mais eficientes que nos dão estados ligados ao fotão. Isto é muito promissor para aplicações numa vasta gama de áreas: desde a biologia ao fabrico avançado e ao processamento de informação quântica”, concluiu.

ZAP //
25 Março, 2023


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