450: Os fantasmas das estrelas mortas formam um alinhamento misterioso no Espaço

 

CIÊNCIA // 🌌UNIVERSO //🌃ESTRELAS

Os restos fantasmagóricos das estrelas mortas alinham-se misteriosamente da mesma forma na Via Láctea. Apesar de esta peculiaridade ter sido detectada há mais de uma década, uma equipa de cientistas pensa agora estar mais perto de encontrar o motivo.

ESA / Hubble & NASA
Nebulosas planetárias NGC 6302, NGC 6881 e NGC 5189

As nebulosas planetárias de um determinado tipo parecem estar todas alinhadas da mesma forma: quase paralelas ao plano galáctico.

Segundo o Science Alert, este pormenor foi detectado, pela primeira vez, pelo astrónomo Bryan Rees, da Universidade de Manchester, há mais de uma década.

Recentemente, uma equipa de investigadores – que inclui Rees e os astrofísicos Shuyu Tan e Quentin Parker, da Universidade de Hong Kong – pensa estar mais perto de descobrir a razão: o ambiente magnético na região.

As nebulosas planetárias são um fenómeno de vida relativamente curta. No fundo, são restos de estrelas como o nosso Sol que chegam ao fim da sua vida e ejectam o seu material exterior antes de o núcleo colapsar e se transformar num resto estelar conhecido como anã branca.

Como são libertadas sem a explosão de uma super-nova, as nebulosas permanecem muitas vezes relativamente intactas, flutuando como bolhas brilhantes no Espaço.

Aliás, foi exactamente por isso que foram denominadas de “nebulosas planetárias”, uma vez que são redondas como os planetas.

Contudo, se a anã branca partilhar o seu sistema com outra estrela, a nebulosa já assume um aspecto muito diferente.

De acordo com a comunidade científica, o movimento orbital entre as duas estrelas em sistemas binários esculpe a nebulosa em lóbulos, assemelhando-se assim a uma ampulheta.

Em 2011, Bryan Rees reparou que estas nebulosas em forma de ampulheta estão muitas vezes alinhadas de tal forma que o seu eixo longo fica paralelo, ou quase paralelo, ao plano galáctico.

Recentemente, a equipa analisou 136 nebulosas planetárias no bojo galáctico da Via Láctea – uma região de estrelas muito compactas que se encontra no centro da maioria das galáxias espirais – e descobriu que as nebulosas que apresentam este alinhamento são aquelas em que o binário se encontra numa órbita muito pequena e apertada.

Segundo os cientistas, este factor é uma pista que pode ajudar a desvendar a história da formação da galáxia.

Já em relação ao alinhamento perfeito deste subconjunto específico de nebulosas planetárias, os cientistas sugerem que a única explicação plausível são os campos magnéticos.

Embora, actualmente, não sejam suficientemente fortes para explicar o arranjo uniforme, podem ter sido no passado, mantendo os binários alinhados muito antes da formação das nebulosas planetárias.

O artigo científico foi recentemente publicado na The Astrophysical Journal Letters.

 Liliana Malainho, ZAP //
18 Julho, 2023



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395: Nebulosa do “gato sorridente” capturada em nova imagem do ESO

 

CIÊNCIA // ESO // NEBULOSAS

A maternidade estelar Sh2-284 é uma vasta região de gás e poeira e a sua zona mais brilhante, visível nesta imagem, tem uma dimensão de cerca de 150 anos-luz (mais de 1.400 biliões de km). Situa-se a aproximadamente 15.000 anos-luz de distância da Terra na constelação do Unicórnio.

Esta nuvem vermelha e laranja, parte da nebulosa Sh2-284, foi capturada com todo o detalhe pelo VLT Survey Telescope, no Observatório Europeu do Sul (ESO). A nebulosa encontra-se repleta de estrelas jovens, já que gás e poeira coalescem nesta nuvem para formar novos sóis. Se olharmos para a nuvem como um todo talvez vejamos a cara de um gato que nos sorri.

Aninhado no centro da parte mais brilhante da nebulosa, mesmo por baixo do “focinho do gato”, encontra-se um enxame de estrelas jovens conhecido por Dolidze 25, que produz enormes quantidades de radiação e ventos fortes.

A radiação é suficientemente intensa para ionizar o hidrogénio gasoso na nuvem, o que dá origem às brilhantes cores vermelhas e laranjas. É em nuvens como esta que residem os blocos constituintes de novas estrelas.

Os ventos do enxame central de estrelas empurram o gás e a poeira para fora da nebulosa, criando um espaço vazio no seu centro.

Ao encontrar zonas mais densas de material, que oferecem mais resistência à erosão, os ventos varrem primeiro as áreas que as rodeiam, criando vários pilares, que apontam para o centro da nebulosa.

Podemos ver estas estruturas ao longo das fronteiras de Sh2-284, como por exemplo o que vemos do lado direito da imagem.

Apesar destes pilares parecerem pequenos, a verdade é que têm uma dimensão de vários anos-luz e contêm enormes quantidades de gás e poeira, a partir dos quais se formam novas estrelas.

Esta imagem foi criada a partir de dados obtidos pelo VST Survey Telescope (VST), propriedade do Instituto Nacional de Astrofísica italiano (INAF) e acolhido pelo ESO no seu Observatório do Paranal, no Chile. O VST dedica-se a mapear o céu austral no visível com o auxílio da sua câmara de 256 milhões de pixeis especialmente concebida obter imagens de campo muito largo.

Esta imagem foi obtida no âmbito do rastreio VPHAS+ (VST Photometric Hα Survey of the Southern Galactic Plane and Bulge), que estudou mais de 500 milhões de objectos da nossa Galáxia, ajudando-nos a compreender melhor o nascimento, vida e morte eventual das estrelas existentes na nossa Via Láctea.

ESO – European South Observatory
eso2309pt — Foto de Imprensa
27 de Junho de 2023



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