247: GPS português no espaço. Empresa de Coimbra usa IA para proteger satélites do lixo espacial

 

🇵🇹 PORTUGAL // LIXO ESPACIAL // LIMPEZA // IA

A empresa portuguesa Neuraspace nasceu em plena pandemia, em 2020, e está a dar cartas no espaço, na “corrida” para organizar o trânsito de satélites. Com tecnologia de Inteligência Artificial (IA), é uma espécie de GPS para evitar acidentes com o “lixo espacial”.

johan63 / Canva

milhões de objectos à deriva no espaço que são um problema para os satélites, pois, por mais pequenos que sejam, podem causar danos irreparáveis, com os consequentes custos que isso implica. Vários desses satélites são essenciais para os serviços de Internet e telecomunicações, entre outros.

Deste modo, a Neuraspace usa tecnologias de Inteligência Artificial (IA) para organizar o trânsito de satélites, com o objectivo de evitar o choque com o “lixo espacial”.

“Estamos a falar de pedaços abandonados de foguetões ou satélites, que estão no espaço e tem uma particularidade muito específica: não estão parados” e podem viajar “a 25 mil quilómetros por hora”, como explica à Rádio Renascença (RR) o director de desenvolvimento de negócios da Neuraspace, Carlos Cerqueira.

Assim, podem ocorrer “grandes acidentes provocados por pequenas peças”, pois “não é preciso ser uma peça enorme para destruir um satélite”, como analisa Carlos Cerqueira. “Uma peça de um centímetro pode destruir qualquer satélite” e “há mais de um milhão de peças dessas à solta no espaço”, nota.

É no meio deste “drama” que a Neuraspace actua, alertando os operadores de satélites para onde estão estas peças. Funciona, deste modo, como uma espécie de GPS espacial.

Um mapa do espaço

“O operador de satélite, em princípio, sabe onde está o seu satélite. O que nós temos que fazer é avisar onde estão os restantes objectos, sejam eles pedaços de lixo ou satélites activos”, refere Carlos Cerqueira à RR, notando que é preciso “avisá-los da sua localização e prever o que é que vai acontecer”, dando essa informação “da forma mais precisa possível”.

“É aí que entra a nossa vantagem competitiva com recurso à IA e ao “machine learning””, continua o responsável da Neuraspace.

O processo funciona com um “mapa do espaço”, ou um “catálogo com a posição conhecida dos objectos”, explica ainda.

Já há várias empresas a actuarem neste sector, mas Carlos Cerqueira acredita que a Neuraspace é “uma das mais inovadora de todas, se não a mais inovadora“, devido ao “uso único” que faz da IA.

Abrir escritório em Pampilhosa da Serra

A empresa tem financiamento privado, mas também tem recebido apoios públicos através do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

Em Abril de 2022, o PRR aprovou um financiamento de cerca de 25 milhões de euros para “um projecto em consórcio com universidades portuguesas: o Técnico, a Universidade de Coimbra, Universidade Nova”, entre outras entidades, que vai permitir à Neuraspace “adquirir infra-estruturas para ter acesso a melhor informação, a melhores dados”, e também ter acesso a conhecimento académico “mais actualizado”, revela Carlos Cerqueira.

Os planos da empresa passam, agora, por abrir um espaço na Pampilhosa da Serra, já depois de uma parceria com a Câmara Municipal local deste município do distrito de Coimbra. Além de Coimbra, a Neuraspace também tem escritório em Lisboa.

ZAP //
11 Maio, 2023


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29: A Barbie descobriu a solução de um problema irritante para os astronautas na Lua

 

TECNOLOGIA // LUA // PÓ LUNAR // BARBIE

Experiências com Barbies revelaram que sprays de nitrogénio líquido são a melhor opção para remover o pó lunar dos fatos dos astronautas.

I. Wells et al., 2023

Se ter de limpar frequentemente o pó em já é irritante, imagine-se as dores de cabeça que o pó da Lua — que se agarra a praticamente tudo — causa aos cientistas.

Já há décadas que os astronautas procuram o melhor método para limparem totalmente o pó lunar dos seus fatos, que tem efeitos nefastos na saúde humana e acelera a degradação dos equipamentos.

Os astronautas da missão Apollo, por exemplo, usaram escovas para tentar remover o pó com dos fatos, mas este método estragava o tecido devido à constante fricção do pó abrasivo.

A “cientista” Barbie ajudou uma equipa de investigadores a finalmente descobrir uma solução mais simples.

“A poeira da lua é tem uma carga electrostática, é abrasiva e chega a todos os lugares, tornando-se uma substância muito difícil de lidar”, explica Ian Wells, autor principal do artigo e aluno da Escola de Engenharia Mecânica e de Materiais da Universidade Estadual de Washington.

Num estudo publicado na Acta Astronautica, os investigadores avançam que sprays de pressão com nitrogénio líquido são a melhor forma de eliminar todos os vestígios de pó lunar dos fatos.

Os testes feitos com Barbies vestidas com mini-fatos de astronauta mostraram que um spray com nitrogénio líquido consegue remover, em média, 98% do pó agarrada ao tecido quando usado em vácuo, para simular uma câmara de ar.

O spray também causou poucos danos aos fatos, escreve o Gizmodo. Ao longo dos 233 ciclos totais de tratamentos em 26 amostras de fatos, o spray causou pouca degradação no tecido.

Para simular o pó, os cientistas usaram cinzas vulcânicas do Monte St. Helens e também materiais da Offplanet Research e da Exolith Labs.

Este método também dispensa o uso de abrasão física em favor do efeito Leidenfrost, que é mais frequentemente visto quando uma bolha de água fria dança sobre uma frigideira quente, pois é isolada da superfície quente por uma camada de vapor.

O spray funciona de maneira semelhante; o nitrogénio líquido frio acumula-se no fato espacial mais quente, envolvendo as partículas de poeira antes de flutuar para fora da superfície do tecido.

“Os sprays de líquidos criogénicos são um conceito desenvolvido recentemente e conveniente para a mitigação do pó num ambiente lunar”, rematam os autores.

Adriana Peixoto, ZAP //
20 Março, 2023


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