373: Em 17 anos, a Terra inclinou-se quase 80 centímetros para Este

 

– Aos terraplanistas: como vão resolver este problema? Vai tudo de cambalhota para o Espaço? 😂

🌎 TERRA // ESPAÇO // INCLINAÇÃO

O eixo de rotação da Terra está a inclinar-se para Este a uma velocidade de 4,36 cm/ano. Entre 1993 e 2010 inclinou-se quase 80 centímetros.

Ki-Weon Seo et al. / Advancing Earth and Space Science

Com base em modelos climáticos, cientistas calcularam que, entre 1993 e 2010, a humanidade extraiu 2.150 giga-toneladas de água subterrânea.

Esse número corresponde a um aumento de 6 milímetros do nível das águas do mar.

Sabe-se, através de estudos e estimativas anteriores, que durante o século XX houve um esgotamento significativo das águas subterrâneas.

Esse esgotamento teve um peso também significativo no aumento do nível das águas do mar, como repara o Tech Explorist.

Um novo estudo, publicado esta quinta-feira, no Advancing Earth and Space Science, sugere que, de tanta água que já foi bombeada do solo, entre 1993 e 2010, a Terra inclinou-se aproximadamente 80 centímetros para Este.

O eixo de rotação da Terra – linha recta imaginária que cruza o centro da Terra e ambos os pólos geográficos, em torno da qual o planeta gira – vai mudando.

A extracção e redistribuição das águas subterrâneas promove ainda mais esse processo.

Em 2016, a comunidade científica já tinham sugerido que a água tem interferência no movimento rotacional da Terra.

No novo estudo, os cientistas simularam num computador as mudanças relatadas acerca da inclinação do eixo de rotação da Terra.

A equipa verificou a influência do movimento da água: inicialmente tendo em conta as camadas de gelo e glaciares; e depois os vários cenários de redistribuição das águas subterrâneas.

Posteriormente, os pesquisadores incluíram as tais 2.150 giga-toneladas de redistribuição de águas subterrâneas. O modelo foi ao encontro da inclinação observada.

Além disso, o sítio de onde a água é extraída também pode ser um factor importante, no que diz respeito à forma como a terra se inclina.

Ki-Weon Seo, geofísico da Universidade Nacional de Seul que liderou o estudo, disse estar “muito feliz” por encontrar a causa da inclinação do eixo de rotação.

“Mas, por outro lado, como morador da Terra e pai, estou preocupado e surpreso ao ver que o bombeamento de águas subterrâneas é outra fonte de aumento do nível médio das águas mar”, confessou.

Só com medidas para conter o esgotamento das águas subterrâneas é que a inclinação pode ser desacelerada.

“Observar mudanças no eixo de rotação da Terra é útil para entender as variações de armazenamento de água em escala continental”, esclareceu Ki-Weon Seo.

Surendra Adhikari, pesquisador do Laboratório de Propulsão a Jacto, disse que esta descoberta da comunidade científica é “bastante significativa”, e deixou um alerta.

“Num ano, o eixo de rotação normalmente muda vários metros, portanto, essas mudanças não correm o risco de alterar as estações. No entanto, em escalas de tempo geológico, a inclinação da terra pode ter impacto no clima”, disse o cientista.

Há dados acerca do movimento dos pólos disponíveis, desde o final do século XIX.

No entanto, com este novo estudo, é possível “entender melhor as variações de armazenamento de água continental durante os últimos 100 anos”, concluiu Surendra Adhikari.

Miguel Esteves, ZAP //
18 Junho, 2023


Web-designer, Investigator, Astronomer
and Digital Content Creator


published in: 3 meses ago

Loading

356: Durante mil milhões de anos os dias na Terra tiveram só 19 horas. Foi um período aborrecido

 

CIÊNCIA // TERRA // GEOFÍSICA // GEOLOGIA

É complicado conseguir fazer tudo o que queremos num dia que só tem 24 horas. Mas se vivêssemos há alguns milhares de milhões de anos, seria muito pior: o dia na Terra tinha menos 5 horas.

Envato Elements

Num novo estudo, cientistas desafiaram a noção convencional de que a duração do dia na Terra tem vindo a diminuir consistentemente ao longo da história devido à influência gravitacional da lua.

De acordo com o novo estudo,  a duração do dia na Terra pode ter permanecido constante em cerca de 19 horas durante mil milhões de anos, período frequentemente referido como “the boring billion” — em que basicamente nada aconteceu no nosso planeta.

O estudo, conduzido por Ross Mitchell, geofísico do Instituto de Geologia e Geofísica da Academia Chinesa de Ciências, e Uwe Kirscher, investigador da Universidade Curtin, na Austrália, foi publicado esta segunda-feira na Nature Geoscience.

Tradicionalmente, recorda o Phys.org, os geólogos estimam a duração dos dias no passado longínquo da Terra contando as camadas sedimentares criadas pelas flutuações das marés em planícies de lama.

No entanto, devido à escassez e à natureza contestada desses registos, os autores do estudo recorreram a um método diferente, conhecido como cicloestratigrafia, que identifica os ciclos “Milankovitch” — as mudanças climáticas impulsionadas pelas oscilações orbitais e de rotação da Terra.

Mitchell e Kirscher aproveitaram registos recentes de ciclos Milankovitch, e reavaliaram as teorias correntes sobre a paleorotação da Terra.

Uma dessas teorias sugere que a duração do dia na Terra pode ter permanecido constante devido a um equilíbrio entre as marés atmosféricas solares e as marés oceânicas lunares.

Estas forças ter-se-iam se oposto, com a atracção lunar a desacelerar a rotação da Terra e a maré solar a acelerá-la.

Os dados obtidos pelos investigadores no decorrer do estudo apoiam esta teoria, que aponta para um período de mil milhões de anos durante o qual a duração do dia parece ter parado de aumentar e se manteve constante em cerca de 19 horas.

Curiosamente, este período de “rotação estagnada” ocorre entre as duas maiores subidas dos níveis de oxigénio na Terra, sugerindo uma potencial ligação entre a rotação da Terra e o desenvolvimento da atmosfera.

Timothy Lyons, investigador da Universidade da Califórnia, que não esteve envolvido no estudo, comentou as implicações desta descoberta. “É fascinante pensar que a evolução da rotação da Terra pode ter afectado a evolução da composição da atmosfera”.

O novo estudo acrescenta peso à ideia de que o aparecimento de vida complexa na Terra, que requeria mais tempo para as bactérias foto-sintéticas produzirem mais oxigénio, teve que esperar por… dias mais longos.

ZAP //
14 Junho, 2023

 


Web-designer, Investigator, Astronomer
and Digital Content Creator


published in: 3 meses ago

Loading

48: Há um imenso oceano por baixo dos seus pés

 

CIÊNCIA // GEOFÍSICA

A ringwoodite forma-se apenas com a intensa pressão encontrada em direcção ao centro do planeta.

NASA/OIB

Bem nas profundez da Terra, muito abaixo da superfície que pisamos, há um massivo reservatório de água que contém três vezes a quantidade de água que existe nos oceanos que conhecemos.

Uma equipa de investigadores norte-americanos recorreu a dois mil sismómetros para estudar as ondas sísmicas de mais de 500 sismos. Através da velocidade das ondas, em diferentes profundidades, os cientistas conseguiram determinar que tipo de rochas eram atravessadas pelas ondas antes de alcançarem os sensores.

Assim, descobriram que cerca de 700 quilómetros abaixo dos nossos pés na “zona de transição” entre o manto inferior e o superior existia uma rocha chamada ringwoodite.

A ringwoodite forma-se apenas com a intensa pressão encontrada em direcção ao centro do planeta. Apenas uma amostra do interior da Terra — também foi encontrada em meteoritos — foi descoberta, presa dentro de um pequeno diamante. A ringwoodite contém água, não em formato líquido, mas presa no interior da estrutura molecular dos minerais.

“A ringwoodite é como uma esponja, a absorver água. Há algo muito especial na sua estrutura cristalina, o que lhe permite atrair hidrogénio e prender água“, explicou o geofísico Steve Jacobsen em 2014. “Este mineral pode conter muita água sob condições do manto profundo”.

Algumas experiências anteriores sugeriram que a ringwoodite pode conter até 1,5% de água, e as ondas sísmicas detectadas eram consistentes com a rocha por baixo dos nossos pés com água.

A equipa estimou que se apenas 1% da rocha na zona de transição fosse água, tal significaria que contém três vezes mais água do que todos os oceanos na superfície da Terra. Essa previsão iria coincidir com os resultados obtidos.

“Se houver uma quantidade substancial de H2O na zona de transição, então deverá acontecer algum derretimento em áreas onde há fluxo para o manto inferior”, disse o sismólogo Brandon Schmandt, “e isso é consistente com o que encontrámos”.

Jacobsen acredita que o estudo contribuiu para a evidência de que a água da Terra “veio de dentro”, disse à New Scientist.

“Penso que estamos finalmente a ver provas de todo um ciclo da água da Terra, o que pode ajudar a explicar a vasta quantidade de água líquida na superfície do nosso planeta habitável”, acrescentou Jacobsen numa declaração. “Os cientistas têm procurado esta água profunda em falta há décadas”.

ZAP //
25 Março, 2023


Web-designer e Criador
de Conteúdos Digitais


published in: 6 meses ago

Loading