621: Webb descobre metano e dióxido de carbono na atmosfera de K2-18 b

 

⚗️ CIÊNCIA // 🔭 ASTRONOMIA // telescópio espacial jwst james webb aleatório WEBB // K2-18 b

Uma nova investigação realizada por uma equipa internacional de astrónomos, utilizando dados do Telescópio Espacial James Webb da NASA/ESA/CSA, sobre K2-18 b, um exoplaneta 8,6 vezes mais massivo do que a Terra, revelou a presença de moléculas de carbono, incluindo metano e dióxido de carbono.

A descoberta vem juntar-se a estudos recentes que sugerem que K2-18 b poderá ser um exoplaneta Hiceano, um exoplaneta com potencial para possuir uma atmosfera rica em hidrogénio e uma superfície coberta de oceanos de água.

Esta ilustração mostra o possível aspecto do exoplaneta K2-18 b com base em dados científicos. K2-18 b, um exoplaneta 8,6 vezes mais massivo do que a Terra, orbita a estrela anã fria K2-18 na zona habitável e situa-se a 120 anos-luz da Terra. Uma nova investigação com o Telescópio Espacial James Webb da NASA/ESA/CSA revelou a presença de moléculas de carbono, incluindo metano e dióxido de carbono. A abundância de metano e dióxido de carbono, e a escassez de amoníaco, apoiam a hipótese de que pode existir um oceano por baixo de uma atmosfera rica em hidrogénio.
Crédito: NASA, CSA, ESA, J. Olmstead (STScI), N. Madhusudhan (Universidade de Cambridge)

A primeira visão sobre as propriedades atmosféricas deste exoplaneta na zona habitável veio de observações com o Telescópio Espacial Hubble da NASA/ESA, o que levou a estudos adicionais que desde então mudaram a nossa compreensão do sistema.

Foram feitas novas observações com o instrumento NIRISS, com contribuição canadiana, e o instrumento NIRSpec, com contribuição europeia, a bordo do Telescópio Espacial James Webb da NASA/ESA/CSA.

K2-18 b orbita a estrela anã fria K2-18 na zona habitável e situa-se a 120 anos-luz da Terra, na direcção da constelação de Leão. Exoplanetas como K2-18 b, que têm tamanhos entre os da Terra e os de Neptuno, são diferentes de tudo o que existe no nosso Sistema Solar.

Esta falta de planetas análogos nas proximidades significa que estes “sub-Neptunos” são mal compreendidos e a natureza das suas atmosferas é uma questão de debate activo entre os astrónomos.

A sugestão de que o sub-Neptuno K2-18 b poderia ser um exoplaneta Hiceano é intrigante, uma vez que alguns astrónomos pensam que estes mundos são ambientes promissores para procurar evidências de vida.

“As nossas descobertas sublinham a importância de considerar ambientes habitáveis diversos na procura de vida noutros lugares”, explicou Nikku Madhusudhan, astrónomo da Universidade de Cambridge e principal autor do artigo científico que anuncia estes resultados.

“Tradicionalmente, a procura de vida em exoplanetas tem-se concentrado principalmente em planetas rochosos mais pequenos, mas os maiores mundos Hiceanos são significativamente mais propícios a observações atmosféricas.”

A abundância de metano e dióxido de carbono em K2-18 b, bem como a escassez de amoníaco, apoiam a hipótese de que pode existir um oceano por baixo de uma atmosfera rica em hidrogénio.

Estas observações iniciais do Webb também permitiram a detecção de uma molécula chamada sulfureto de dimetilo (ou dimetilsulfureto, DMS).

Na Terra, esta molécula só é produzida por vida. A maior parte do DMS na atmosfera da Terra é emitida pelo fitoplâncton em ambientes marinhos.

A inferência de DMS é menos robusta e requer validação adicional. “As próximas observações do Webb devem ser capazes de confirmar se a molécula DMS está de facto presente na atmosfera de K2-18 b em níveis significativos”, explicou Madhusudhan.

Embora K2-18 b se encontre na zona habitável e se saiba agora que alberga moléculas com carbono, isto não significa necessariamente que o planeta possa suportar vida.

A grande dimensão do planeta – com um raio 2,6 vezes superior ao da Terra – significa que o seu interior contém provavelmente um grande manto de gelo a altas pressões, como Neptuno, mas com uma atmosfera mais fina rica em hidrogénio e uma superfície oceânica.

Prevê-se que os mundos hiceanos tenham oceanos de água. No entanto, também é possível que o oceano seja demasiado quente para ser habitável ou líquido.

“Embora este tipo de planeta não exista no nosso Sistema Solar, os sub-Neptunos são o tipo de planeta mais comum conhecido até agora na Galáxia”, explicou Subhajit Sarkar, membro da equipa da Universidade de Cardiff.

“Obtivemos o espectro mais detalhado de um sub-Neptuno da zona habitável até à data, o que nos permitiu determinar as moléculas que existem na sua atmosfera.”

O espectro de K2-18 b, obtido com o NIRISS (Near-Infrared Imager and Slitless Spectrograph) e o NIRSpec (Near-Infrared Spectrograph) do Webb, mostra uma abundância de metano e dióxido de carbono na atmosfera do exoplaneta, bem como a possível detecção de uma molécula chamada sulfureto de dimetilo (DMS). A detecção de metano e dióxido de carbono, e a escassez de amoníaco, são consistentes com a presença de um oceano por baixo de uma atmosfera rica em hidrogénio. K2-18 b, 8,6 vezes mais massivo que a Terra, orbita a estrela anã fria K2-18 na zona habitável e fica a 120 anos-luz da Terra.
Crédito: NASA, CSA, ESA, J. Olmstead (STScI), N. Madhusudhan (Universidade de Cambridge)

A caracterização das atmosferas de exoplanetas como K2-18 b – ou seja, a identificação dos seus gases e condições físicas – é uma área muito activa na astronomia. No entanto, estes planetas são ofuscados – literalmente – pelo brilho das suas estrelas-mãe muito maiores, o que torna a exploração das atmosferas dos exoplanetas particularmente difícil.

A equipa contornou este desafio analisando a luz da estrela-mãe de K2-18 b à medida que esta atravessava a atmosfera do exoplaneta. K2-18 b é um exoplaneta em trânsito, o que significa que podemos detectar uma queda de brilho à medida que passa pela face da sua estrela hospedeira.

Foi assim que o exoplaneta foi descoberto pela primeira vez. Isto significa que durante os trânsitos uma pequena fracção da luz estelar passa pela atmosfera do exoplaneta antes de chegar a telescópios como o Webb.

A passagem da luz da estrela pela atmosfera exoplanetária deixa vestígios que os astrónomos podem juntar para determinar os gases da atmosfera do exoplaneta.

“Este resultado só foi possível devido à gama alargada de comprimentos de onda e à sensibilidade sem precedentes do Webb, que permitiu a detecção robusta de características espectrais com apenas dois trânsitos,” continuou Madhusudhan.

“Para comparação, uma observação de trânsito com o Webb forneceu uma precisão comparável à de oito observações com o Hubble realizadas ao longo de alguns anos e numa gama de comprimentos de onda relativamente estreita”.

“Estes resultados são o produto de apenas duas observações de K2-18 b, com muitas mais a caminho”, explicou o membro da equipa Savvas Constantinou da Universidade de Cambridge.

“Isto significa que o nosso trabalho aqui é apenas uma demonstração inicial do que o Webb pode observar em exoplanetas na zona habitável.”

A equipa tenciona agora realizar uma investigação de seguimento com o MIRI (Mid-InfraRed Instrument) do telescópio, que esperam venha a validar ainda mais as suas descobertas e a fornecer novos conhecimentos sobre as condições ambientais em K2-18 b.

“O nosso objectivo final é a identificação de vida num exoplaneta habitável, o que transformaria a nossa compreensão do nosso lugar no Universo”, concluiu Madhusudhan. “As nossas descobertas são um passo promissor para uma compreensão mais profunda dos mundos Hiceanos nesta busca”.

Os resultados da equipa foram aceites para publicação na revista The Astrophysical Journal Letters.

// ESA (comunicado de imprensa)
// NASA (comunicado de imprensa)
// ESA/Webb (comunicado de imprensa)
// STScI (comunicado de imprensa)
// Universidade de Cambridge (comunicado de imprensa)
// Artigo científico (arXiv.org)

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15 de Setembro de 2023


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“Impressões digitais” do Sistema Solar encontradas nas memórias da flotilha da ESA

 

CIÊNCIA // UNIVERSO // ESA

Todas as naves espaciais são lançadas com um objectivo e, no caso das missões científicas, os instrumentos a bordo são a chave para o cumprir.

Quer se trate do telescópio extremamente sensível Gaia, que está a mapear mais de mil milhões de estrelas na Galáxia, ou da HRSC (High-Resolution Stereo Camera) da Mars Express, que está a revelar a topografia do Planeta Vermelho, as naves espaciais têm geralmente os seus “olhos” focados em coisas e fenómenos que os humanos querem compreender.

Impressão de artista da missão Rosetta a mostrar a libertação do “lander” Philae no cometa 67P/Churyumov–Gerasimenko.
Crédito: ESA/ATG medialab; imagem do cometa – ESA/Rosetta/Navcam

Mas, tal como nós, as naves espaciais também têm corpos que sentem o que lhes acontece e memórias que guardam a história das suas experiências ao longo de anos, por vezes décadas, no espaço.

Esta informação, designada por “dados de manutenção” e considerada sobretudo uma ferramenta de engenharia, tem sido talvez negligenciada em termos dos conhecimentos científicos que revela sobre os ambientes que as nossas missões habitam, e igualmente do Planeta Vermelho, onde um dia também esperamos chamar casa.

Foi concluído um primeiro estudo exaustivo de viabilidade que analisa anos de “registos diários” de arquivo de sete missões da ESA espalhadas pelo Sistema Solar, centrando-se num dos fenómenos meteorológicos mais perigosos no espaço para a exploração humana e robótica actual e futura – os eventos de partículas energéticas solares.

O “clima espacial” é completamente diferente do clima na Terra, mas as partículas energéticas solares podem ser vistas como “pedras de granizo” atómicas aceleradas a velocidades inimagináveis. São partículas emitidas pelo Sol, na sua maioria protões, mas também partículas maiores, como núcleos de hélio (com dois protões e dois neutrões) e “iões HZE”.

Os iões HZE são criados quando os núcleos de elementos mais pesados do que o hidrogénio e o hélio, ou seja, com três ou mais protões, são destituídos dos seus electrões, deixando de ser neutros e passando a ter carga eléctrica.

O Sol visto pela Solar Orbiter no ultravioleta extremo a uma distância de cerca de 75 milhões de quilómetros. A imagem é um mosaico de 25 imagens individuais obtidas no dia 7 de Março de 2022 pelo telescópio de alta resolução do instrumento EUI (Extreme Ultraviolet Imager). Obtida a um comprimento de onda de 17 nanómetros, na região do ultravioleta extremo do espectro electromagnético, esta imagem revela a atmosfera superior do Sol, a coroa, que tem uma temperatura de cerca de um milhão de graus Celsius. No total, a imagem final contém mais de 83 milhões de píxeis numa grelha de 9148 x 9112 píxeis, o que a torna a imagem de maior resolução alguma vez obtida do disco completo do Sol e da sua atmosfera exterior, a coroa. Uma imagem da Terra é também incluída para efeitos de escala, na posição das 2 horas.
Crédito: ESA & NASA/Solar Orbiter/equipa do EUI; processamento de dados – E. Kraaikamp (ROB)

Estas partículas são constantemente emitidas pelo Sol em todas as direcções – o vento solar – mas recebem frequentemente um enorme empurrão quando o Sol entra em erupção com enormes proeminências solares e ejecções de massa coronal.

O resultado são ondas massivas de partículas carregadas, varridas por estas erupções e aceleradas quase à velocidade da luz. Podem penetrar no campo magnético da Terra e constituir um perigo significativo de radiação para as naves espaciais e para os astronautas.

Compreender a distribuição e o movimento das partículas energéticas solares em todo o Sistema Solar é importante, mas difícil, pois requer instrumentos espalhados pelo espaço para as detectar e compreender como viajam.

Sete missões, sete ambientes espaciais em mudança

Dados dos sensores de engenharia a bordo da Rosetta, ExoMars TGO, Mars Express, Venus Express, Solar Orbiter, BepiColombo e Gaia foram recolhidos e analisados, revelando detecções simultâneas de eventos de partículas energéticas solares em diferentes locais do Sistema Solar.

O estudo mostra que estas missões fornecem uma boa rede de detecções de partículas solares em locais onde não existem observações científicas.

As naves espaciais têm muitos detectores de manutenção em diferentes posições que monitorizam o seu estado geral e o das suas cargas úteis – instrumentos científicos.

Os contadores EDAC (“Error Detection and Correction”, detecção e correcção de erros de memória) estão entre eles e o seu papel é proteger as memórias do computador de uma nave espacial de erros causados por partículas energéticas que atingem os chips do computador – “‘bit-flips‘ provocados por perturbações de um único evento”.

Os eventos de partículas solares podem ser inferidos a partir de um aumento súbito de erros contados, na ordem das dezenas por dia, registados pelos contadores EDAC.

Por exemplo, um evento de partículas solares no dia 7 de Março de 2012, foi indicado nos dados como um dos maiores a ser testemunhado em Marte e Vénus, “sentido” pela Mars Express e pela Venus Express.

Os rastreadores de estrelas da Venus Express, que ajudam a orientar a nave espacial, ficaram até cegos durante cinco dias devido ao evento.

A detecção indirecta destes acontecimentos poderá ser muito importante para os modeladores do vento solar e para os estudos sobre a forma como as partículas e os “transientes” se propagam através do Sistema Solar.

As missões do estudo são muito diferentes, com naves novinhas em folha, como a BepiColombo, e a mais antiga ainda em funcionamento, a Mars Express, concebida na década de 90.

As suas posições no Sistema Solar, as suas diferentes tecnologias e materiais e as diferentes localizações dos seus sensores fornecem resultados interessantes.

A Mars Express é mais sensível a eventos de partículas energéticas solares do que qualquer uma das outras, sentindo quase todos, com a Venus Express e a Rosetta não muito atrás.

A BepiColombo e a Solar Orbiter têm a bordo instrumentos científicos destinados a estudar estes eventos, pelo que foram utilizadas como comparações directas.

Imagem final de uma animação que mostra a propagação de uma ejecção de massa coronal que deixou o Sol no dia 14 de Outubro de 2014 e realçando a velocidade a que chegou a várias naves espaciais nos dias, semanas e meses seguintes (não à escala). Clique na imagem para ver a animação.
Crédito: ESA

“Os ambientes extremos em que as missões operam podem exercer uma enorme pressão sobre o hardware da nave espacial. Isto pode significar que, apesar de terem sido concebidas para estes cenários, nem sempre se comportam exactamente como gostaríamos, especialmente à medida que a nave envelhece”, acrescenta Simon Wood, Engenheiro de Operações da Mars Express.

“Dados de engenharia como estes sempre foram vitais para as missões no espaço profundo, mas é excitante saber que décadas de informação podem também ser utilizadas para construir uma imagem científica do Sistema Solar. É por isso que nunca deitamos nada fora – não se sabe que segredos estão guardados nos dados transmitidos do espaço”.

Há muito a aprender com estes resultados, tanto para a ciência como para a engenharia. Para a ciência, a distribuição e propagação dos eventos de partículas energéticas através do Sistema Solar pode ser compreendida a partir de locais distantes onde os instrumentos científicos não estão disponíveis.

Para a engenharia, estas memórias desenterradas devem ser úteis para aprender mais sobre a protecção das naves espaciais contra a radiação solar, sobre como e porquê são accionados avisos a bordo que levam a “modos de segurança” desnecessários e dispendiosos, e talvez estes dados possam mesmo ser úteis para avisos em tempo real da actividade solar.

Eventualmente, todos estes dados serão disponibilizados ao público no Arquivo de Ciências Planetárias da ESA, mas com milhares de parâmetros de manutenção e muitos milhares de terabytes de dados, terão de ser organizados de forma a serem acessíveis e a fazerem sentido para os cientistas que os queiram utilizar.

“As naves espaciais são lançadas com instrumentos, cargas úteis, e pensa-se ‘óptimo – vai fazer ciência com isso’, mas uma nave espacial é muito mais do que isso”, diz Beatriz Sanchez-Cano, autora principal do artigo e parte da equipa científica da Mars Express na Universidade de Leicester.

“Os contadores de memória revelam muito, mas também os impactos da poeira nos painéis solares, que nos falam de micro-meteoritos e detritos espaciais, e as grandes oscilações de temperatura também têm o seu efeito.

Este tipo de experiência dos satélites também contribui para a ciência, e é tudo isto que, em conjunto, torna estas missões incríveis, fantásticas”.

Com cuidado continuado e curiosidade, as naves espaciais podem revelar muito mais do que aquilo para que foram inicialmente concebidas, fazendo crescer “novos instrumentos” no espaço e aumentando o seu retorno científico.

Se olharmos, descobrimos que o Sistema Solar está a deixar a sua impressão digital nos nossos exploradores espaciais, e precisamos de compreender estes efeitos antes de o podermos explorar em segurança por nós próprios.

// ESA (comunicado de imprensa)
// Artigo científico (Space Weather)

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15 de Agosto de 2023


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544: O Universo é (literalmente) um mistério: cientistas encontram um “?” no Espaço

 

CIÊNCIA // 🌌UNIVERSO // ❓MISTÉRIOS

“O que sou eu?” O Universo parece enviar-nos subtilmente a indirecta, no canto da nova imagem do Telescópio James Webb. E eis o cúmulo: os cientistas não sabem o que é o “?”

ESAWebb
A gigante “questão cósmica”

À primeira vista, a nova imagem do Telescópio James Webb — apesar de deslumbrante — não passa de mais uma captura do fantástico cosmos, mas se olharmos com atenção, podemos concluir que o Universo é uma grande “questão cósmica”.

O nascimento espectacular de uma estrela era o protagonista da imagem, mas acabou por ser empurrado para segundo plano quando, no fundo da fotografia, foi vista uma luz que… levanta questões, uma vez que se assemelha (e muito) a um ponto de interrogação.

Os cientistas não sabem o que é o misterioso objecto — apenas que está muito longe. Entre os vários objectos cósmicos presentes na imagem, quanto mais vermelho é o objecto, mais longe este está de nós.

No caso do “?”, nova descoberta fascinante, as duas bolhas presentes parecem ter a mesma cor, levantando a possibilidade de serem duas galáxias diferentes e longínquas a interagir entre si — um contacto que as transforma em “estruturas” alongadas e irregulares.

É, olhando racionalmente para o caso, um óptimo exemplo de pareidolia.

 Tomás Guimarães, ZAP //
13 Agosto, 2023


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510: Luz verde para o Telescópio dos 1000 planetas. Portugal vai a bordo

 

CIÊNCIA // ASTRONOMIA // MISSÃO ARIEL

A Agência Espacial Europeia validou o desenho dos instrumentos científicos da missão Ariel, que conta com importante participação do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA).

A missão Ariel, da Agência Espacial Europeia (ESA), que conta com participação do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA), irá observar a composição química de 1000 planetas em órbita de outras estrelas, e transformar a nossa compreensão sobre como se formam e evoluem os sistemas planetários.

A missão recebeu luz verde na revisão preliminar ao projecto dos instrumentos científicos (Preliminary Design Review, ou PDR), que é a confirmação por parte dos técnicos da ESA de que os módulos para a ciência da missão respondem a todos os requisitos.

Os instrumentos poderão agora começar a ser construídos e testados, o que permite manter a data de lançamento para 2029.

Estima-se que, só na nossa galáxia, haja biliões de planetas. A diversidade dos mais de 5000 que foram já descobertos não encontra paralelo no Sistema Solar, e para os cientistas ainda não é claro quais os factores que são determinantes na história evolutiva dos planetas.

A Ariel é a missão espacial dedicada a tentar resolver este puzzle e enquadrar o Sistema Solar no contexto dos seus vizinhos galácticos.

Irá observar na luz visível e no infravermelho as atmosferas – os seus elementos ou compostos químicos, as nuvens e a variação da temperatura na vertical – e o interior de cerca de 1000 planetas gasosos e rochosos já descobertos.

Foram seleccionados para esta missão por serem quentes ou mornos, nos quais é mais fácil fazer o seu “retrato químico” completo.

O conjunto de instrumentos científicos da Ariel está a ser desenvolvido por um consórcio de mais de 50 instituições de 16 países membros da Agência Espacial Europeia. Portugal faz parte do consórcio e tem uma forte contribuição.

Para além de um co-investigador Principal, Pedro Machado, representante nacional da Ariel, investigador do IA e da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, lideram ou participam em grupos de trabalho vários investigadores do IA, como Elisa Delgado-Mena, Olivier Demangeon e Tiago Campante, da Universidade do Porto/CAUP.

Em conjunto, integram e cruzam o conhecimento sobre estrelas, exoplanetas e atmosferas planetárias, áreas essenciais para a ciência que será feita com a Ariel.

“Os nossos objectivos científicos tiveram influência nas decisões do design dos instrumentos agora validado, por exemplo na selecção dos filtros a usar e na sensibilidade necessária”, diz Pedro Machado, responsável pela equipa que explora as sinergias entre o conhecimento sobre o Sistema Solar e o dos exoplanetas.

“Também na engenharia, o grupo do IA de Instrumentação e Sistemas para a Astronomia tem um papel fundamental”, acrescenta.

Este grupo co-lidera, com a Universidade de Oxford, o desenvolvimento do sistema de suporte óptico em terra, para o teste e verificação dos requisitos do telescópio e dos sensores do instrumento.

“O grupo está a desenvolver a componente de iluminação na luz visível e infravermelha, assim como um conjunto de sensores ópticos e de infravermelhos de referência”, diz Manuel Abreu, do IA e de Ciências ULisboa, responsável pela componente portuguesa de instrumentação da missão Ariel.

“A fase seguinte será a produção dos desenhos finais e, depois da aprovação da ESA, a construção do sistema de teste, que será instalado no Royal Appleton Laboratory, no Reino Unido”.

O próximo passo da missão passará pelo Critical Design Review e pela construção e teste dos primeiros módulos.

A Agência Espacial Portuguesa tem sido crucial na coordenação dos esforços das equipas nacionais envolvidas, assim como no apoio aos projectos a financiamento por parte da Agência Espacial Europeia, através do programa PRODEX.

Da parte da engenharia, Portugal participa também no sistema de absorção de luz indesejável que se introduz no telescópio, através da Active Space Technologies.

Em 2029, o telescópio Ariel será colocado num ponto para lá da órbita da Lua, a cerca de 1,5 milhões de quilómetros da Terra, na mesma região onde se encontram os telescópios Euclid e James Webb. A duração prevista para a missão é de 4 anos.

ZAP // I.Astro
3 Agosto, 2023


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490: ESA está preocupada com o mau odor nas partes íntimas dos astronautas

 

CIÊNCIA // 👨‍🚀ASTRONAUTAS // ⚕️HIGIENE

Já sabíamos que a Lua cheirava mal. Também é conhecida a difícil tarefa dos astronautas tomarem banho do espaço, assim como fazerem as suas necessidades.

Contudo, a Agência Espacial Europeia (ESA) parece estar também preocupada com o que se passa no interior dos trajes dos astronautas. A agência encomendou um estudo para tratar do fedor que vem de dentro dos fatos.

Um mau odor que cresce dentro dos fatos no espaço

Num comunicado de imprensa, a ESA referiu um projecto liderado pela Áustria com a intenção de manter o interior dos fatos lunares saudável para as próximas missões Artemis, que prevêem o regresso dos astronautas europeus e americanos à Lua pela primeira vez em meio século.

Integrado num projeto mais vasto da ESA, conhecido como Planetary Exploration Textiles (PExTEx), o Fórum Espacial Austríaco está a tomar a seu cargo uma missão denominada Biocidal Advanced Coating Technology for Reducing Microbial Activity, ou BACTeRMA, que se ocupará da higiene do interior dos fatos nas condições extremas de uma nave espacial.

Pense em manter a sua roupa interior limpa; é uma tarefa bastante fácil no dia a dia, graças ao detergente, às máquinas de lavar e às máquinas de secar. Mas em habitats na Lua ou mais além, lavar o interior dos fatos espaciais de forma consistente pode não ser prático.

Referiu a engenheira de materiais e processos da ESA, Malgorzata Holynska, no comunicado.

Basicamente o que está implícito é que existe uma grande dificuldade para lavar o interior dos fatos espaciais e que, dado o ambiente no seu interior, pode facilmente cheirar mal e haver um conjunto de situações de pouca higiene. Mais ainda com a partilha destes equipamentos por vários astronautas.

Roupa interior espacial

Apesar de existirem agentes anti-microbianos tradicionais, como a prata e o cobre, a ESA observa que equipar o interior dos fatos espaciais com estes materiais pode irritar a pele dos astronautas e o seu uso regular pode manchá-los.

Para resolver este problema, os cientistas que trabalham no BACTeRMA analisam os compostos químicos conhecidos como “metabolitos secundários”, que os micróbios produzem para se protegerem. Segundo refere o comunicado, estes compostos coloridos “têm frequentemente qualidades antibióticas”.

Os cientistas austríacos da equipa BACTeRMA estão a trabalhar com a empresa Vienna Textile Lab para criar aquilo a que chamam uma colecção “bacteriográfica” dos chamados materiais “biocidas” que estão a ser testados contra a radiação, poeira lunar e simulações de suor humano para ver como se comportam.

O astronauta da ESA Alexander Gerst veste a roupa interior para o seu passeio espacial de 7 de Outubro de 2014. | Créditos: ESA

Actualmente, o Fórum Espacial Austríaco testa os seus protótipos de têxteis biocidas num simulador de fatos espaciais e, em breve, poderão ser utilizados numa simulação de uma missão a Marte, que terá lugar no próximo ano na Arménia, acrescenta o comunicado.

As questões relacionadas com a higiene espacial não são novas, mas esta abordagem parece poder ajudar a manter as coisas frescas a bordo das missões Artemis tripuladas, que verão os astronautas a lidar com climas de naves espaciais durante cerca de um mês – uma viagem que não parece assim tão longa, a não ser que se considere o quão nojento seria passar tanto tempo sem roupa interior limpa.

Pplware
Autor: Vítor M
31 Jul 2023

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Regresso de satélite “made in Portugal” à Terra foi um “sucesso”

 

CIÊNCIA // 🇵🇹 PORTUGAL // 🛰️SATÉLITES

O Aeolus “entrou com sucesso no corredor pretendido, sobre a Antárctica”, onde se desintegrou, anunciou a Agência Espacial Europeia.

Imagens virtuais do satélite Aeolus
© ESA

O satélite europeu Aeolus – que chegou ao fim da sua missão em órbita – regressou “com sucesso” à Terra, após uma manobra inédita para minimizar o risco de queda de detritos no solo, anunciou neste sábado a Agência Espacial Europeia (ESA, na sua sigla em inglês).

O satélite de observação da Terra, que contou com tecnologia portuguesa, foi lançado para o espaço em 2018 para medir os ventos. Neste seu regresso, entrou na atmosfera de forma controlada, após vários dias de manobras para baixar a sua órbita.

Com pouco mais de uma tonelada, a nave que operava a uma altitude de 320 quilómetros desceu gradualmente até aos 120 quilómetros. Entrou depois na atmosfera, onde se desintegrou na noite de sexta-feira, informou a ESA.

O Aeolus “entrou com sucesso no corredor pretendido, sobre a Antárctica, onde há menos população no mundo”, disse à AFP o engenheiro da ESA, Benjamin Bastida, responsável pelos detritos espaciais.

O satélite foi projectado no final dos anos 1990 e não tinha a potência de propulsão necessária para controlar a sua queda, indicou o engenheiro. As manobras de assistência controlada na atmosfera são frequentes para satélites recentes.

O satélite tem o nome do guardião dos ventos na mitologia grega (Aeolus em inglês, Éolo em português).

Esteve em missão durante cinco anos, mais dois do que o prazo inicialmente previsto, com o intuito de ajudar os especialistas a melhorarem os modelos climáticos e as previsões meteorológicas.

Foi desligado, no início de Julho deste ano, depois de quase ter esgotado o combustível.

DN/AFP
29 Julho 2023 — 18:12


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450: Os fantasmas das estrelas mortas formam um alinhamento misterioso no Espaço

 

CIÊNCIA // 🌌UNIVERSO //🌃ESTRELAS

Os restos fantasmagóricos das estrelas mortas alinham-se misteriosamente da mesma forma na Via Láctea. Apesar de esta peculiaridade ter sido detectada há mais de uma década, uma equipa de cientistas pensa agora estar mais perto de encontrar o motivo.

ESA / Hubble & NASA
Nebulosas planetárias NGC 6302, NGC 6881 e NGC 5189

As nebulosas planetárias de um determinado tipo parecem estar todas alinhadas da mesma forma: quase paralelas ao plano galáctico.

Segundo o Science Alert, este pormenor foi detectado, pela primeira vez, pelo astrónomo Bryan Rees, da Universidade de Manchester, há mais de uma década.

Recentemente, uma equipa de investigadores – que inclui Rees e os astrofísicos Shuyu Tan e Quentin Parker, da Universidade de Hong Kong – pensa estar mais perto de descobrir a razão: o ambiente magnético na região.

As nebulosas planetárias são um fenómeno de vida relativamente curta. No fundo, são restos de estrelas como o nosso Sol que chegam ao fim da sua vida e ejectam o seu material exterior antes de o núcleo colapsar e se transformar num resto estelar conhecido como anã branca.

Como são libertadas sem a explosão de uma super-nova, as nebulosas permanecem muitas vezes relativamente intactas, flutuando como bolhas brilhantes no Espaço.

Aliás, foi exactamente por isso que foram denominadas de “nebulosas planetárias”, uma vez que são redondas como os planetas.

Contudo, se a anã branca partilhar o seu sistema com outra estrela, a nebulosa já assume um aspecto muito diferente.

De acordo com a comunidade científica, o movimento orbital entre as duas estrelas em sistemas binários esculpe a nebulosa em lóbulos, assemelhando-se assim a uma ampulheta.

Em 2011, Bryan Rees reparou que estas nebulosas em forma de ampulheta estão muitas vezes alinhadas de tal forma que o seu eixo longo fica paralelo, ou quase paralelo, ao plano galáctico.

Recentemente, a equipa analisou 136 nebulosas planetárias no bojo galáctico da Via Láctea – uma região de estrelas muito compactas que se encontra no centro da maioria das galáxias espirais – e descobriu que as nebulosas que apresentam este alinhamento são aquelas em que o binário se encontra numa órbita muito pequena e apertada.

Segundo os cientistas, este factor é uma pista que pode ajudar a desvendar a história da formação da galáxia.

Já em relação ao alinhamento perfeito deste subconjunto específico de nebulosas planetárias, os cientistas sugerem que a única explicação plausível são os campos magnéticos.

Embora, actualmente, não sejam suficientemente fortes para explicar o arranjo uniforme, podem ter sido no passado, mantendo os binários alinhados muito antes da formação das nebulosas planetárias.

O artigo científico foi recentemente publicado na The Astrophysical Journal Letters.

 Liliana Malainho, ZAP //
18 Julho, 2023



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415: Lançamento bem-sucedido do Euclid da ESA

 

CIÊNCIA // ASTRONOMIA // EUCLID

O telescópio espacial Euclid da ESA descolou num foguetão Falcon 9 da SpaceX a partir da Estação da Força Espacial de Cabo Canaveral na Florida, EUA, às 16:12 (hora portuguesa) do dia 1 de Julho.

O lançamento bem-sucedido marca o início de uma ambiciosa missão para desvendar a natureza de dois misteriosos componentes do nosso Universo, a matéria escura e a energia escura, e ajudar-nos-á a responder à pergunta fundamental: de que é feito o Universo?

A descolagem do foguetão Falcon 9 da SpaceX, com o telescópio espacial Euclid da ESA a bordo, a partir de Cabo Canaveral, EUA.
Crédito: SpaceX

No seguimento do lançamento e da separação do foguetão, o ESOC (European Space Operations Centre) da ESA em Darmstadt, na Alemanha, confirmou a aquisição de sinal do Euclid através da estação terrestre de New Norcia na Austrália às 16:57 (hora portuguesa).

“O lançamento bem-sucedido do Euclid marca o início de uma nova aventura científica para nos ajudar a responder a uma das perguntas mais empolgantes da ciência moderna”, afirmou o Director-geral da ESA, Josef Aschbacher.

“O Euclid tornou-se possível devido à liderança da ESA, ao esforço e à competência de centenas de instituições industriais e científicas europeias, bem como através da colaboração com parceiros internacionais. A busca de respostas a perguntas fundamentais sobre o nosso cosmos é o que nos torna humanos.

E, frequentemente, é o que promove o avanço da ciência e o desenvolvimento de novas tecnologias potentes e de grande alcance. A ESA está empenhada em expandir as ambições e os sucessos da Europa no espaço para as gerações futuras.”

“A missão Euclid é o resultado da paixão e da competência daqueles que contribuíram para a concepção e construção deste sofisticado telescópio espacial, da competência da nossa equipa de operações de voo e do espírito curioso da comunidade científica”, afirma Giuseppe Racca, gestor do projecto Euclid da ESA.

“Houve muitas dificuldades no decurso do projecto, mas trabalhámos arduamente e atingimos agora com sucesso este marco do lançamento, em conjunto com os nossos parceiros do Consórcio Euclid e da NASA.”

O Consórcio Euclid contribuiu com dois instrumentos altamente avançados, o VIS (VISible, uma câmara que funciona no visível) e o NISP (Near-Infrared Spectrometer and Photometer). A NASA forneceu os detectores para o NISP.

Explorar o Universo escuro

O Euclid observará milhares de milhões de galáxias até 10 mil milhões de anos-luz para criar o maior e mais exacto mapa 3D do Universo, sendo o próprio tempo a terceira dimensão.

Este mapa detalhado da forma, posição e movimento das galáxias revelará como a matéria está distribuída através de distâncias imensas e como a expansão do Universo evoluiu ao longo da história cósmica, possibilitando aos astrónomos inferirem as propriedades da energia escura e da matéria escura. Isto ajudará a desenvolver um melhor entendimento do papel da gravidade e a determinar a natureza destas enigmáticas entidades.

“Hoje, celebramos o lançamento bem-sucedido de uma missão pioneira que coloca a Europa na vanguarda dos estudos cosmológicos”, afirma Carole Mundell, Directora de Ciência da ESA.

“Se queremos compreender o Universo em que vivemos, precisamos de desvendar a natureza da matéria escura e da energia escura e compreender o papel que desempenharam na formação do nosso cosmos. Para dar resposta a estas perguntas fundamentais, o Euclid apresentará o mapa mais detalhado do céu para além da nossa Galáxia.

Este manancial inestimável de dados também permitirá à comunidade científica investigar muitos outros aspectos da astronomia durante muitos anos”.

Para alcançar o seu ambicioso objectivo, o Euclid está equipado com um telescópio reflector de 1,2 m que alimenta dois instrumentos científicos inovadores: o VIS, que tira imagens muito nítidas das galáxias ao longo de uma grande fracção do céu e o NISP, que consegue analisar a luz infravermelha da galáxia para estabelecer exactamente a sua distância.

O veículo espacial e as comunicações serão controladas a partir do ESOC. Para lidar com as vastas quantidades de dados que o Euclid adquirirá, a rede Estrack de antenas de comunicação espacial da ESA foi actualizada.

Estes dados serão analisados pelo Consórcio Euclid, um grupo de mais de 2.000 cientistas de mais de 300 institutos da Europa, EUA, Canadá e Japão.

À medida que a missão avança, o tesouro de dados do Euclid será lançado com uma cadência anual e estará acessível à comunidade científica global através do Science Archive alojado no Centro de Astronomia Espacial Europeu da ESA, em Espanha.

“Este é um grande momento para a ciência, um momento há muito ansiado: o lançamento do Euclid, numa missão para decifrar o enigma da matéria escura e da energia escura”, afirma René Laureijs, Cientista do Projecto Euclid da ESA.

“O grande mistério dos constituintes fundamentais do Universo está mesmo à nossa frente e oferece um desafio formidável. Graças ao seu telescópio avançado e a uma instrumentação científica potente, o Euclid está preparado para nos ajudar a desvendar este mistério.”

A viagem do Euclid da ESA até L2.
Crédito: ESA

Viagem até ao segundo ponto de Lagrange

Nas próximas quatro semanas, o Euclid viajará na direcção do Segundo Ponto de Lagrange Sol-Terra, um ponto de equilíbrio do sistema Sol-Terra localizado a 1,5 milhões de km da Terra (cerca de quatro vezes a distância da Terra à Lua) na direcção oposta à do Sol.

Ali, o Euclid será manobrado para órbita em torno deste ponto e os controladores da missão iniciarão as actividades para verificarem todas as funções do veículo espacial, verificar o telescópio e ligar, finalmente, os instrumentos científicos.

Os cientistas e engenheiros entrarão então numa fase intensa, com a duração de dois meses, de testes e calibração dos instrumentos científicos do Euclid e de preparação para observações de rotina.

Ao longo de seis anos, o Euclid examinará um terço do céu com uma exactidão e sensibilidade sem precedentes.

// ESA (comunicado de imprensa)

CCVALG
4 de Julho de 2023



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409: Euclid. O telescópio espacial europeu que vai estudar os mistérios sombrios do universo já foi lançado

 

UNIVERSO // EUCLID // LANÇAMENTO

Os cientistas esperam que os dados do Euclid os ajudem a aprender mais sobre a evolução de galáxias, buracos negros e muito mais.

Euclid foi lançado da Florida
© Gregg Newton / AFP

O telescópio espacial europeu Euclid descolou este sábado para a primeira missão de sempre que tem como objectivo lançar luz sobre dois dos maiores mistérios do universo: a energia escura e a matéria escura.

O telescópio descolou com sucesso de Cabo Canaveral, Florida, às 11h12, horário local (16h12 portuguesas), num foguetão Falcon 9 da empresa norte-americana SpaceX.

A Agência Espacial Europeia foi forçada a recorrer à empresa do bilionário Elon Musk para lançar a missão depois de a Rússia ter retirado os seus foguetões Soyuz, como resposta às sanções relacionadas com a guerra na Ucrânia.

Depois de uma viagem de um mês pelo espaço, Euclid vai juntar-se ao seu “colega” James Webb – telescópio espacial desenvolvido em conjunto entre a Agência Europeia, NASA e a agência espacial canadiana – num ponto estável a cerca de 1,5 milhões de quilómetros (mais de 930.000 milhas) da Terra, chamado de segundo ponto de Lagrange.

A partir daí, o Euclid “desenhará” o maior mapa do universo, abrangendo até dois mil milhões de galáxias em mais de um terço do céu.

Ao capturar a luz que levou 10 mil milhões de anos para chegar à vizinhança da Terra, o mapa também oferecerá uma nova visão da história do universo de 13,8 mil milhões de anos.

Os cientistas esperam usar essas informações para abordar o que o director do projecto Euclid, Giuseppe Racca, chama de “embaraço cósmico”: 95% do universo permanece desconhecido para a humanidade.

Acredita-se que cerca de 70% seja energia escura, o nome dado à força desconhecida que está a causar a expansão acelerada do universo. E 25% é matéria escura, a qual se acredita que sirva unir o universo e componha cerca de 80% da sua massa.

“Desde que pudemos ver as estrelas que nos perguntamos: o universo é infinito? De que é feito? Como funciona?”, refere o cientista da NASA, Michael Seiffert, também inserido no projecto Euclid, à AFP.

“É absolutamente incrível que possamos recolher dados e realmente começar a progredir um pouco em algumas dessas questões.”

“Detective sombrio”

Guadalupe Canas, membro do consórcio Euclid, disse em conferência de imprensa antes do lançamento que o telescópio espacial era um “detective sombrio” que pode revelar mais sobre ambos os elementos: matéria escura e energia escura..

O Euclid, que tem 4,7 metros de altura e 3,5 metros de largura, usará dois instrumentos científicos para mapear o céu. A sua câmara de luz visível permitirá medir a forma das galáxias, enquanto o seu espectrómetro e fotómetro de infravermelhos permitirão medir a que distância elas estão.

Mas, como é que o Euclid tentará localizar coisas que não podem ser vistas? Procurando a sua ausência.

A luz vinda de biliões de anos-luz de distância é ligeiramente distorcida pela massa de matéria visível e escura ao longo do caminho, um fenómeno conhecido como lente gravitacional fraca.

“Ao subtrair a matéria visível, podemos calcular a presença da matéria escura que está no meio”, disse Racca à AFP.

Embora isso possa não revelar a verdadeira natureza da matéria escura, os cientistas esperam que ela apresente novas pistas que ajudarão a rastreá-la no futuro.

Para a energia escura, o astrofísico francês David Elbaz comparou a expansão do universo a encher um balão com linhas desenhadas nele. Ao “ver a rapidez com que ele infla”, os cientistas esperam medir a respiração – ou energia escura -, fazendo com que ele se expanda.

“Mina de ouro”

Uma grande diferença entre o Euclid e outros telescópios espaciais é o seu amplo campo de visão, que ocupa uma área equivalente a duas luas cheias.

O cientista do projecto, Rene Laureijs, disse que essa visão mais ampla significa que o Euclid será capaz de “surfar no céu e encontrar objectos exóticos” como buracos negros que o telescópio Webb poderá depois investigar com mais detalhe.

Além da energia e da matéria escuras, espera-se que o mapa do universo de Euclid seja uma “mina de ouro para todo o campo da astronomia”, disse Yannick Mellier, chefe do consórcio Euclides.

Os cientistas esperam que os dados do Euclid os ajudem a aprender mais sobre a evolução de galáxias, buracos negros e muito mais.

As primeiras imagens são esperadas assim que as operações científicas começarem, em Outubro, com grandes lançamentos de dados planeados para 2025, 2027 e 2030.

A missão de 1,4 mil milhões de euros deve durar até 2029, mas pode prolongar-se um pouco mais se tudo correr bem.

DN/AFP
01 Julho 2023 — 17:26

– Pena a redacção do Diário de Notícias não ter publicado neste artigo, o lançamento do telescópio EUCLID. Custava assim tanto? A mim, não!



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407: Europa lança hoje telescópio que vai estudar lado oculto do Universo

 

CIÊNCIA // EUCLID // ESA

O telescópio Euclid pretende compreender o que está, efectivamente, a acelerar a expansão do Universo. Portugal faz parte de um consórcio que foi criado para o desenvolver, construir e explorar.

© Facebook da Agência Espacial Europeia

A Europa lança-se este sábado, a partir dos Estados Unidos, à “conquista” do lado oculto do Universo com o envio para o espaço do telescópio Euclid, numa missão com “cunho” português de cientistas, empresas e engenheiros.

A missão da Agência Espacial Europeia (ESA), com participação da congénere norte-americana NASA, tem lançamento marcado para as 16:11 (hora de Lisboa) da base da NASA de Cabo Canaveral.

O telescópio, que tem o nome do matemático Euclides e está equipado com dois instrumentos científicos, irá para o espaço acoplado a um foguetão Falcon 9, da empresa aeroespacial norte-americana SpaceX, do magnata Elon Musk.

Portugal, Estado-membro da ESA desde 2000, ocupa pela primeira vez um lugar de destaque numa missão espacial da ESA, ao fazer parte de um consórcio que foi criado para desenvolver, construir e explorar o telescópio.

De Portugal são oriundos cientistas, engenheiros e empresas que contribuem para a missão em diversos domínios, desde o controlo das operações de voo até ao fabrico de diversos componentes do telescópio espacial e ao planeamento das observações.

Tiago Loureiro, engenheiro aeroespacial que há 19 anos trabalha na ESA, vai co-dirigir as operações de voo a partir da Alemanha, onde funciona o Centro Europeu de Operações Espaciais da ESA.

Trata-se da primeira missão espacial concebida para tentar compreender o que está, efectivamente, a acelerar a expansão do Universo e que, segundo as teorias cosmológicas, se deve à energia escura, uma misteriosa força que se opõe à atracção gravitacional.

Juntas, a energia escura e a matéria escura (matéria invisível, que não emite nem absorve luz) compõem 95% do Universo que continua por desvendar.

Para ajudar a “fazer luz” sobre o Universo oculto, o telescópio Euclid vai, durante os seis anos que duram a sua missão, fazer cerca de 50 mil observações de galáxias, um trabalho que teve no seu planeamento o Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço.

O telescópio vai observar milhares de milhões de galáxias, sobre as quais a matéria e a energia escuras geram efeitos na sua estrutura, forma, distribuição, movimento e evolução, em mais de um terço do céu e “recuando” até 10 mil milhões de anos.

O Euclid será colocado a 1,5 milhões de quilómetros da Terra, num ponto estável, sem interferência da luz do planeta, da Lua e do Sol, onde chegará um mês depois do lançamento.

Espera-se a primeira divulgação de imagens em Novembro e os primeiros dados científicos em Dezembro de 2024.

Caso o lançamento deste sábado falhe há uma segunda oportunidade no domingo.

O lançamento do telescópio Euclid chegou a estar previsto para 2020 e posteriormente para 2022, da base da ESA, na Guiana Francesa, num foguetão russo Soyuz.

Contudo, em 2022, a ESA cortou relações com a Rússia quando o país invadiu a Ucrânia, em Fevereiro.

DN/Lusa
01 Julho 2023 — 11:01



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