488: Como seria viver em Vénus? O lugar mais soalheiro da Terra dá-nos uma ideia

 

CIÊNCIA // VÉNUS // VIDA

O Planalto de Chajnantor, no Deserto de Atacama, recebe tanta luz solar como Vénus, o planeta mais quente do Sistema Solar.

elrentaplats / Flickr

Um novo estudo publicado na Bulletin of the American Meteorological Society identificou o Altiplano do Deserto de Atacama, na América do Sul, como o local mais soalheiro do planeta.

A intensidade solar deste planalto é comparável à quantidade de luz que a que Vénus, o planeta mais quente do nosso Sistema Solar, é exposto.

Dados de satélite já tinham sugerido que o Altiplano, que se estende por partes do Chile, Bolívia e Peru, era o lugar mais ensolarado da Terra. A sua altitude média de 3-750 metros faz dele o segundo planalto mais alto do mundo, depois do Tibete.

Para confirmar as suspeitas levantadas pelo satélite, os investigadores criaram um observatório atmosférico na borda noroeste do Planalto de Chajnantor, no Deserto de Atacama do norte do Chile, em 2016.

Os dados do observatório confirmaram as previsões do satélite, registando um recorde de iluminação solar de 2.177 watts por metro quadrado em Janeiro de 2017. A média anual foi de 308 watts por metro quadrado, a mais alta em todo o mundo.

“É a radiação que receberíamos no Verão se estivéssemos em Vénus”, explicou Raul Cordero, autor do estudo e climatologista da Universidade de Groningen, nos Países Baixos, numa declaração ao The Washington Post.

Apesar da proximidade de Mercúrio ao Sol, Vénus mantém o título de planeta mais quente do Sistema Solar devido à sua espessa atmosfera que prende o calor como uma estufa. A temperatura média da superfície de Vénus chega aos 470°C, sendo quente o suficiente para derreter chumbo.

Embora o Deserto de Atacama não atinja estas temperaturas escaldantes, a intensidade da sua luz solar é comparável.

O estudo também descobriu que as nuvens finas e fragmentadas em alta altitude podem ocasionalmente aumentar a intensidade da luz Sol ao reflectir a radiação. Esta reflexão, combinada com a baixa cobertura de nuvens da região, contribui para a quantidade extrema de luz solar.

A equipa sugere ainda que o Planalto de Chajnantor é o “lugar ideal para testar a segurança, durabilidade e design de futuras centrais fotovoltaicas à prova de variação” devido à sua excepcional exposição solar.

No entanto, também enfatizaram a necessidade de protecção de alto nível para a pele daqueles que estão expostos a tais níveis de radiação.

ZAP //
29 Julho, 2023


Ex-Combatente da Guerra do Ultramar, Web-designer,
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published in: 2 meses ago

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432: A construção do Extremely Large Telescope do ESO vai a metade

 

ESO // 🔭 EXTREMELY LARGE TELESCOPE

O Extremely Large Telescope (ELT) do Observatório Europeu do Sul (ESO) é um telescópio terrestre revolucionário que terá um espelho principal de 39 metros e será o maior telescópio óptico/infravermelho do mundo: o maior olho do mundo virado para o céu.

A construção deste projecto tecnicamente complexo está a avançar a bom ritmo, tendo o ELT chegado agora a metade da sua construção.

O telescópio situa-se no topo do Cerro Armazones no deserto chileno do Atacama, onde engenheiros e operários estão actualmente a montar a estrutura da cúpula do telescópio a um ritmo impressionante. Notando-se claramente mudanças de dia para dia, a estrutura de aço adquirirá em breve a típica e conhecida forma redonda das cúpulas dos telescópios.

Os espelhos do telescópio e outros componentes estão a ser construídos por empresas na Europa, onde os trabalhos também estão a avançar a bom ritmo. O ELT do ESO contará com um design óptico pioneiro composto por cinco espelhos, que inclui um espelho principal gigante (M1) constituído por 798 segmentos hexagonais.

Mais de 70% das peças em bruto e dos suportes para estes segmentos já foram fabricados, enquanto os espelhos M2 e M3 já foram fundidos e estão agora a ser polidos.

Os progressos no M4, um espelho adaptável e flexível que ajustará a sua forma mil vezes por segundo para corrigir as distorções causadas pela turbulência do ar, são particularmente impressionantes: as suas seis pétalas finas estão finalizadas, estando actualmente a ser integradas na sua unidade estrutural.

Além disso, as seis fontes de laser, outro componente-chave do sistema de óptica adaptativa do ELT, foram também já fabricadas e entregues ao ESO para serem testadas.

Todos os outros sistemas necessários para completar o ELT, incluindo o sistema de controlo e o equipamento necessário para montar e pôr em funcionamento o telescópio, estão também a progredir bem no seu desenvolvimento ou produção.

Além disso, os quatro primeiros instrumentos científicos com que o ELT será equipado encontram-se na fase final de concepção, estando alguns prestes a começar a ser fabricados. Adicionalmente, a maior parte das infra-estruturas de apoio ao ELT está já instalada no Cerro Armazones ou nas suas proximidades.

Por exemplo, o edifício técnico que, entre outros, será utilizado para o armazenamento e revestimento de diferentes espelhos do ELT está totalmente construído e equipado, enquanto uma central fotovoltaica que fornece energia renovável ao local do ELT começou a funcionar o ano passado.

A construção do ELT do ESO começou há nove anos atrás com uma cerimónia de lançamento da primeira pedra. O topo do Cerro Armazones foi aplanado em 2014 para dar espaço ao telescópio gigante.

Prevê-se, no entanto, que a conclusão dos restantes 50% do projecto seja significativamente mais rápida do que a construção da primeira metade do ELT.

A primeira metade do projecto incluiu o longo e meticuloso processo de finalização da concepção da grande maioria dos componentes a fabricar para o ELT.

Adicionalmente, alguns dos elementos, tais como os segmentos de espelho e os seus componentes e sensores de apoio, exigiram a construção de protótipos pormenorizados e ensaios significativos antes de se passar à produção em massa.

Não nos podemos ainda esquecer que a pandemia de COVID-19 afectou a construção, tendo o local estado encerrado durante vários meses e a produção de muitos dos componentes do telescópio sofrido atrasos.

Com os processos de produção agora totalmente retomados e optimizados, prevê-se que a finalização da restante metade do ELT demore apenas cinco anos.

No entanto, a construção de um telescópio tão grande e complexo como o ELT não está obviamente isenta de riscos até este estar concluído e a funcionar.

O Director Geral do ESO, Xavier Barcons, afirma: “O ELT é o maior da próxima geração de telescópios terrestres que operarão no óptico e infravermelho próximo, sendo também o que está mais avançado na sua construção. Atingir os 50% de conclusão não é de todo um feito menor, tendo em conta os desafios inerentes a projectos grandes e complexos. A chegada a este marco só foi possível graças ao empenho de todas as pessoas que trabalham no ESO, ao apoio contínuo dos Estados Membros desta Organização e ao empenho dos nossos parceiros na indústria e nos consórcios de instrumentos. Estou muito orgulhoso pelo facto do ELT ter atingido este marco“.

Previsto para dar início às observações científicas em 2028, o ELT do ESO abordará questões astronómicas tais como: Estaremos sós no Universo? Serão as leis da física universais? Como é que se formaram as primeiras estrelas e galáxias? O ELT irá mudar radicalmente a nossa compreensão do Universo, fazendo-nos repensar o nosso lugar no cosmos.

Observatório Europeu do Sul (ESO)
eso2310pt — Nota de Imprensa Institucional
11 de Julho de 2023



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published in: 3 meses ago

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