517: Cápsula do tempo cheia de arte a caminho da Lua

 

🌕 LUA // CÁPSULA DO TEMPO

A Lua é só por si uma cápsula do tempo. Encerra em si segredos, momentos históricos que mudaram este lado do universo desde há pelo menos 4,5 mil milhões de anos. Agora a humanidade vai incrustar uma nova cápsula, mas carregada do que chamamos de arte.

Lunar Codex será o testemunho da arte para os humanos do futuro

Um arquivo de arte internacional vai este ano para a Lua. O projecto, designado por Lunar Codex, apresenta-se como “uma mensagem numa garrafa para o futuro, para que os viajantes que encontrem estas cápsulas do tempo possam descobrir alguma da riqueza do nosso mundo actual”.

O projecto contém arte contemporânea, poesia, revistas, música, filmes, podcasts e livros de 30.000 artistas, escritores, músicos e cineastas de 157 países.

O projecto é gerido pela Incandence, uma empresa privada que detém as cápsulas do tempo físicas, a tecnologia de arquivo utilizada nas cápsulas e as marcas registadas relacionadas. O trabalho foi concebido pelo cientista e autor canadiano Samuel Peralta, que é o CEO da Incandence.

De 2023 a 2026, numa missão paralela aos lançamentos da Artemis, a NASA não só enviará instrumentos científicos para a Lua, como também transportará cargas comerciais de parceiros.

O executivo desta empresa, em Julho de 2020, comprou espaço de carga útil à Astrobotic Technology, reservando-o para as cápsulas de tempo que constituem o Lunar Codex. Depois, começaram a chegar as candidaturas.

Os artistas não têm de pagar para serem considerados, mas as obras que entram foram todas seleccionadas a dedo.

MoonPod será na Lua uma espécie de museu encapsulado

Se tudo correr como planeado, o projecto será uma instalação permanente na Lua, dentro de um MoonPod a bordo do módulo de aterragem lunar da Astrobotic Peregrine Mission 1, cujo lançamento está previsto para o final deste ano.

A equipa planeia enviar algumas colecções através de vários lançamentos em foguetões da SpaceX e da United Launch Alliance.

Uma mensagem deste género requer um suporte igualmente duradouro. O escolhido para suportar o arquivo Lunar Codex é o NanoFiche – um material à base de níquel que grava versões reduzidas de textos e fotografias numa superfície semelhante a um disco.

NanoFiche tem como base o níquel. Nunca se degrada e nunca tem de ser substituída. O níquel não oxida, e pode suportar radiação electromagnética, calor elevado, frio extremo e exposição aos elementos, micróbios e muitos tipos de químicos, durante milhares de anos ou mais na Terra.

De acordo com as informações relativas ao Lunar Codex, um único disco, com cerca de 3 centímetros de diâmetro, pode conter centenas de pequenas imagens quadradas, cada uma com 2.000 pixeis por 2.000 pixeis de tamanho.

São apresentados em conjuntos de três para retratar a cor, um canal para cada vermelho, verde e azul.

Cada disco “pode armazenar 150.000 páginas de texto ou fotografias numa única folha de 8,5 “x11″. É actualmente o suporte de armazenamento de maior densidade do mundo”.

A vantagem destes discos é o facto de se poderem ler os dados facilmente com um microscópio ou uma lupa muito potente, sem necessidade de software.

Ultrapassa as dificuldades que muitas formas de armazenamento digital têm actualmente, que é o facto de os dados digitais, normalmente mantidos sob a forma de bits, se poderem degradar com o tempo.

Uma vez que o níquel não oxida, não se degrada nem derrete (a não ser sob temperaturas extremamente elevadas) e pode suportar vários tipos de factores ambientais que poderão ter de suportar no espaço exterior, como a radiação e a radiação electromagnética, é a forma mais estável e provavelmente mais barata de opção de armazenamento a longo prazo.

A Arch Lunar Library, um esforço da Arch Mission Foundation, sem fins lucrativos, para preservar a cultura e o conhecimento humanos, também utiliza a NanoFiche como forma preferida de armazenamento.

Este tipo de armazenamento, contudo, tem algumas limitações. Por exemplo, a captura de filmes e música seria fastidiosa e dispendiosa. No caso do filme, cada fotograma teria de ser gravado – uma tarefa assustadora.

Como alternativa, são capturados guiões ou roteiros. No caso da música, esta é representada como partituras ou ficheiros MIDI codificados em hexadecimal.

O Lunar Codex está também a experimentar outra forma de arquivar música, gravando os seus espectrogramas de frequência e forma de onda em NanoFiche.

A música original pode ser reconstruida através de algoritmos de análise de ondas sonoras.

Explica Peralta no sítio Web.

Claro que o The Lunar Codex não é o primeiro projecto a pôr os pés na Lua. Para além da biblioteca lunar da Arch Mission Foundation e de uma variedade de “lixo humano” deixado para trás, há também o “Museu da Lua“, que chegou com a Apollo 12 em 1969.

Este “Museu” não é nada mais que uma bolacha de cerâmica gravada com obras de arte de seis artistas proeminentes do final dos anos 1960.

Estas informações poderão um dia, num futuro muito distante, contar um pouco sobre como era a humanidade, quando esta desaparecer, tal como a conhecemos, e outra descobrir ou desenterrar estas cápsulas do tempo.

Pplware
Autor: Vítor M.
06 Ago 2023


Ex-Combatente da Guerra do Ultramar, Web-designer,
Investigator, Astronomer and Digital Content Creator



published in: 2 meses ago

Loading

515: “Cápsula do tempo” dos Himalaias com 600 milhões de anos guarda os segredos da Terra

 

CIÊNCIA // CÁPSULA DO TEMPO // 🌎TERRA

A descoberta de gotas de água dos antigos oceanos em depósitos minerais nos Himalaias pode ajudar-nos a perceber o que precipitou o Grande Evento de Oxigenação da Terra.

Peter Thomas / Unsplash

Um novo estudo publicado na Precambrian Research relata a descoberta de gotas de água do mar que terão cerca de 600 milhões de anos e estão presas em depósitos minerais nos Himalaias.

Esta descoberta impressionante dá-nos pistas valiosas sobre o Grande Evento de Oxigenação da Terra, a glaciação Terra Bola de Neve e a subsequente evolução de formas de vida complexas, escreve o SciTech Daily.

A equipa de investigadores estudou os depósitos dos Himalaias com carbonatos de cálcio e magnésio quando se deparou com gotas de água presas. Prakash Chandra Arya, autor principal do estudo, refere-se a estes depósitos como uma “cápsula do tempo para os oceanos paleozóicos“.

Há entre 700 e 500 milhões de anos, ocorreu um fenómeno conhecido como a Terra Bola de Neve, durante a qual a Terra foi coberta por uma espessa camada de gelo por um período prolongado.

Depois deste período gelado, o Segundo Grande Evento de Oxigenação resultou numa explosão nos níveis de oxigénio na atmosfera, abrindo caminho para a evolução de formas de vida complexas.

Embora estes eventos sejam reconhecidos nas comunidades científicas, a sua relação permanece um mistério. Isto deve-se principalmente à falta de fósseis bem preservados e ao desaparecimento de todos os oceanos antigos que existiram na história da Terra.

As recentemente descobertas rochas marinhas nos Himalaias podem preencher as lacunas que faltam.

Os depósitos, que datam da glaciação Terra Bola de Neve, revelaram uma prolongada falta de cálcio nas bacias sedimentares, possivelmente devido à baixa entrada fluvial.

Os investigadores propõem que esta privação de cálcio levou a uma deficiência de nutrientes que pode ter estimulado o crescimento de ciano-bactérias foto-sintéticas.

Este organismo de crescimento lento poderia ter começado a produzir mais oxigénio, levando a uma explosão nos níveis de oxigénio na atmosfera e, por consequência, à evolução de formas de vida complexas.

As descobertas sugerem que estes depósitos podem fornecer informações cruciais sobre condições oceânicas antigas, incluindo o pH, a composição química e a estrutura isotópica, guardando potencialmente as respostas a perguntas relacionadas com a evolução oceânica e a vida na história da Terra.

ZAP //
6 Agosto, 2023


Ex-Combatente da Guerra do Ultramar, Web-designer,
Investigator, Astronomer and Digital Content Creator



published in: 2 meses ago

Loading