331: A Betelgeuse está quase 50% mais brilhante do que o normal (e pode explodir dentro de décadas)

 

CIÊNCIA // 🔭 ASTRONOMIA // ⚠️ BETELGEUSE

Sempre que algo acontece com Betelgeuse, proliferam as especulações sobre ela explodir como uma super-nova.

ALMA (ESO/NAOJ/ NRAO) / E. O’Gorman / P. Kervella

Agora, a estrela super-gigante vermelha brilhou mais quase 50%, e isso fez com que as especulações aumentassem novamente.

Betelgeuse não é apenas uma super-gigante vermelha, é também uma estrela variável semi-regular pulsante. Isso significa que há alguma periodicidade nas suas mudanças de brilho, embora as amplitudes possam variar.

Possui um ciclo de aproximadamente 400 dias onde o seu brilho muda. Também tem um ciclo mais curto de 125 dias, outro ciclo de 230 dias e um enorme ciclo de 2200 dias, todos determinados por pulsações. Todos esses ciclos podem tornar a estrela difícil de entender claramente.

Há alguns anos, Betelgeuse escureceu e as pessoas perguntaram o que isso significava. Acontece que o brilho da estrela na verdade não mudou.

Em vez disso, a estrela ejectou material da sua superfície que arrefeceu numa nuvem de poeira e bloqueou a luz. O episódio chama-se “O Grande Escurecimento“.

Agora que está a brilhar, está a atrair a atenção dos cientistas novamente. Novas pesquisas mostram que ela pode explodir como uma super-nova mais cedo do que se esperava.

Um novo artigo publicado na Royal Astronomy Society debruçou-se sobre isto. “O estágio evolutivo de Betelgeuse inferido de seus períodos de pulsação”. O autor principal é Hideyuki Saio, da Universidade de Tohoku, no Japão.

Os autores dizem que Betelgeuse pode ser a próxima super-nova da Via Láctea, independentemente de qual dos seus resultados possa ser verdadeiro.

“Concluímos que Betelgeuse está no estágio final da queima de carbono do núcleo e é um bom candidato para a próxima super-nova galáctica”, escrevem.

Quando estrelas como Betelgeuse perdem massa, a sua gravidade não pode mais conter a sua pressão externa e elas expandem-se num envelope mais volumoso. Assim, apesar de perderem massa, eles crescem de tamanho.

Depois de estrelas como Betelgeuse deixarem a sequência principal e não fundirem mais hidrogénio em hélio nos seus núcleos, as coisas mudam drasticamente. Durante o estágio de fusão de hélio que se segue, o carbono acumula-se nos seus núcleos.

De seguida, eles iniciam um período central de queima de carbono que produz outros elementos. Os autores do novo artigo dizem que Betelgeuse está nos estágios finais desse período.

Mas quão tarde? Quanto tempo falta? Ainda não há uma resposta exacta para isso. Mas o estudo apresenta algumas possibilidades sólidas.

O período central de queima de carbono tem várias fases. A dificuldade em determinar quando Betelgeuse se tornará uma super-nova vem em parte de determinar em qual dessas fases ela está.

Betelgeuse pulsa, ejecta material, gira e, acima de tudo, é uma estrela em fuga acelerando pelo Espaço. A sua distância de nós também está sujeita a debate.

O que chamou a atenção de todos foram estas duas frases da pesquisa: “Segundo essa figura, o núcleo entrará em colapso dentro de algumas dezenas de anos após a exaustão do carbono.

Isso indica que Betelgeuse é uma candidata muito boa para a próxima super-nova galáctica, que ocorre muito perto de nós”.

Mas o que não atraiu tanta atenção é a parte seguinte do artigo. “Na verdade, não é possível determinar o estágio evolutivo exacto, porque as condições da superfície dificilmente mudam no estágio final próximo à exaustão do carbono e além”, escrevem os investigadores.

Os astrónomos só podem ver a superfície, mas é o que está a acontecer nas profundezas da estrela que conta a história.

Quando finalmente explodir – e ninguém discorda de sua eventual explosão como super-nova – não é provável que produza uma explosão mortal de raios gama como algumas super-novas.

E, embora ejecte material e produza poderosos raios-X e radiação ultravioleta, estamos muito longe para sermos afectados.

Em vez disso, será um espectáculo de luzes visível para toda a Humanidade, e isso mudará a constelação de Orion para sempre. Os cientistas dizem que provavelmente deixará para trás uma estrela de neutrões e talvez um pulsar que será visível durante milhões de anos.

Todo o evento, do início ao fim, será uma oportunidade sem precedentes para estudar a evolução estelar, super-novas e remanescentes estelares.

A velha Betelgeuse vai ensiná-los muito. Isto é, se a humanidade ainda estiver por perto quando o evento abençoado ocorrer.

ZAP // Universe Today
7 Junho, 2023

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230: Se Betelgeuse não explodir em breve, “eu própria faço-a explodir”

 

ASTRONOMIA // BETELGEUSE // ASTROFÍSICA

Os astrónomos estão impacientemente à espera que a Betelgeuse nos surpreenda com a sua tão aguardada explosão. “Se não explodir em breve, eu própria faço-a explodir.”

Graphics Department / MPIA

Os cientistas prevêem que Betelgeuse, uma das estrelas mais icónicas da Terra, se transforme numa super-nova em breve. O acontecimento, há muito aguardado pela comunidade científica, chegou ao Twitter – e, claro, com humor à mistura.

Segundo o Futurism, a explosão da super-gigante vermelha pode acontecer dentro de 100.000 anos. Apesar de ser um período de tempo muito extenso para nós, é um mero piscar de olhos em termos cósmicos.

Ansiosos com o grande momento, os cientistas escolheram o Twitter para fazerem piadas sobre a situação e afastar, assim, alguma ansiedade.

“É bom que Betelgeuse expluda em breve”, brincou Sanjana Curtis, astrofísica da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos. “Ou eu própria faço-a explodir.”

https://twitter.com/sanjanacurtis/status/1653909330595332100?ref_src=twsrc%5Etfw%7Ctwcamp%5Etweetembed%7Ctwterm%5E1653909330595332100%7Ctwgr%5Ed057a8d7205e7db669b75ccc2286b7cea7a7b726%7Ctwcon%5Es1_&ref_url=https%3A%2F%2Fzap.aeiou.pt%2Fbetelgeuse-eu-propria-faco-explodir-534099

Já Daria Pidhorodetska, cientista planetária da NASA, actualizou o seu estado na rede social: “A verificar a conta da Betelgeuse num bar lotado.”

A investigadora referia-se à Betelgeuse Status, uma conta de Twitter actualizada diariamente para informar os seus seguidores acerca do estado da estrela.

A morte iminente de Betelgeuse é um tema de tal forma popular no meio científico do Twitter que fizeram ressurgir uma banda desenhada do XKCD de 2016 sobre o assunto. E uma breve pesquisa no site da banda desenhada revelou que está longe de ser a única sobre a gigante vermelha.

Aqueles que aguardam ansiosamente a morte da estrela fazem parte da classe dominante do Twitter em termos de Astronomia, mas há algumas excepções. É o caso de Eilat Glikman, física do Middlebury College, que não quer que a estrela altere.

Sou uma má astrónoma por não querer que a Betelgeuse expluda, uma vez que Orion é a minha constelação favorita devido à sua simetria e beleza deslumbrantes?”, questionou.

Recentemente, ao analisarem dados do Telescópio Espacial Hubble da NASA e de vários outros observatórios, os astrónomos descobriram que a brilhante estrela explodiu o seu topo em 2019.

Betelgeuse perdeu uma parte substancial da sua superfície visível e produziu uma gigantesca Ejecção de Massa Superficial (EMS), algo nunca antes visto no comportamento normal de uma estrela.

Apesar de o Sol ter ejecções de massa coronal que expelem pequenos pedaços da atmosfera exterior, os astrónomos nunca testemunharam uma quantidade tão grande da superfície visível de uma estrela a ser disparada para o Espaço.

Isto significa que Betelgeuse é agora tão grande que, se substituíssemos o Sol no centro do nosso Sistema Solar, a sua superfície exterior estender-se-ia para além da órbita de Júpiter.

O que não sabemos é se a explosão total da super-gigante vermelha está iminente. No entanto, talvez não seja uma má ideia mantermo-nos actualizados sobre o assunto… e, para isso, contamos não só com artigos científicos, como também com o Twitter.

Liliana Malainho, ZAP //
8 Maio, 2023

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