CIÊNCIA // ASTRONOMIA // ASTROFÍSICA // JAMES WEBB
O Telescópio Espacial James Webb (JWST, sigla inglesa para James Webb Space Telescope) registou novas e espantosas imagens da icónica Nebulosa do Anel (Messier 57 ou M57).
As imagens, divulgadas por uma equipa internacional de astrónomos, incluindo Jan Cami, Els Peeters e Nicholas Clark do Instituto para a Exploração da Terra e do Espaço da Universidade de Ontário Ocidental, mostram a beleza intrincada e etérea da nebulosa com um detalhe sem precedentes, proporcionando aos cientistas e ao público uma visão hipnotizante desta maravilha celeste.

Composição da Nebulosa do Anel pelo instrumento NIRCam do JWST. A imagem mostra claramente o anel principal, rodeado por um ténue haloe com muitas estruturas delicadas. O interior do anel está cheio de gás quente. A estrela que ejectou todo este material é visível bem no centro. A nebulosa foi ejectada apenas há cerca de 4000 anos.
Crédito: NASA, ESA, CSA, Projeto de Imagem da Nebulosa do Anel do JWST; processamento – Roger Wesson
Para muitos entusiastas do céu, a Nebulosa do Anel (localizada na direcção da constelação de Lira) é um objecto bem conhecido e visível durante todo o verão. Mesmo um pequeno telescópio amador revela a característica estrutura de gás incandescente em forma de anel que deu o nome a M57.
“A primeira vez que vi a Nebulosa do Anel foi em criança, através de um pequeno telescópio”, disse o astrofísico Jan Cami, um dos principais membros do Projecto de Imagem da Nebulosa do Anel do JWST.
“Nunca pensei que um dia faria parte da equipa que utilizaria o telescópio espacial mais potente alguma vez construído para observar este objecto”.
A Nebulosa do Anel é muito popular entre os astrónomos, jovens e velhos, e Cami aponta frequentemente para este favorito dos fãs com o telescópio refractor da sua universidade para os visitantes do Observatório Memorial Hume Cronyn durante os eventos públicos nos meses de verão.
“Cientificamente, estou muito interessado em saber como é que uma estrela transforma o seu invólucro gasoso nesta mistura de moléculas simples e complexas e grãos de poeira, e estas novas observações vão ajudar-nos a descobrir isso”, disse Cami.
Messier 57 é uma nebulosa planetária, nebulosas estas que são remanescentes de estrelas moribundas que libertam grande parte da sua massa no fim das suas vidas.
A sua estrutura distinta e cores vibrantes há muito que cativam a imaginação humana. As imagens deslumbrantes captadas pelo JWST fornecem uma oportunidade sem paralelo para estudar e compreender os processos complexos que deram forma a esta obra-prima cósmica.
“O Telescópio Espacial James Webb proporcionou-nos uma visão extraordinária da Nebulosa do Anel que nunca tínhamos visto antes. As imagens de alta resolução não só mostram os detalhes intrincados da concha em expansão da nebulosa, mas também revelam a região interior em torno da anã branca central com uma nitidez requintada,” disse Mike Barlow, professor emérito de física e astronomia do Colégio Universitário de Londres e cientista co-líder do Projecto de Imagem da Nebulosa do Anel do JWST.
“Estamos a testemunhar os capítulos finais da vida de uma estrela, uma ante-visão do futuro distante do Sol, por assim dizer, e as observações do JWST abriram uma nova janela para a compreensão destes eventos cósmicos inspiradores.
Podemos usar a Nebulosa do Anel como laboratório para estudar como as nebulosas planetárias se formam e evoluem”.

O campo de visão completo fotografado com o instrumento NIRCam do Webb, com caixas a indicar a localização dos campos. A região A mostra a estrela central; a região B realça os milhares de aglomerados densos no anel principal; a região C mostra as “listras” radiais que aparecem no halo exterior; e a região D mostra nuvens de gás ainda mais afastadas.
Crédito: NASA, ESA, CSA, Projeto de Imagem da Nebulosa do Anel do JWST; processamento – Roger Wesson
As características impressionantes de M57 são um testemunho do seu ciclo de vida estelar. A cerca de 2600 anos-luz de distância da Terra, nasceu de uma estrela moribunda que expeliu as suas camadas exteriores para o espaço.
O que torna estas nebulosas verdadeiramente deslumbrantes é a sua variedade de formas e padrões, que muitas vezes incluem anéis delicados e brilhantes, bolhas em expansão ou nuvens intrincadas e finas.
Estes padrões são a consequência da complexa interacção de processos físicos ainda não bem compreendidos. A radiação da estrela central quente ilumina agora estas camadas.
Tal como no fogo de artifício, os diferentes elementos químicos da nebulosa emitem luz de cores específicas. Isto resulta em objectos requintados e coloridos, o que permite aos astrónomos estudar em pormenor a evolução química destes objectos.
“Estas imagens são mais do que apenas atractivos estéticos; fornecem uma grande quantidade de conhecimentos científicos sobre os processos de evolução estelar.
Ao estudar a Nebulosa do Anel com o JWST, esperamos obter uma compreensão mais profunda dos ciclos de vida das estrelas e dos elementos que libertam para o cosmos”, disse Nick Cox, membro do ACRI-ST (França) e cientista co-líder do Projecto de Imagem da Nebulosa do Anel do JWST.
A equipa internacional de investigação que analisa estas imagens inclui investigadores do Reino Unido, França, Canadá, EUA, Suécia, Espanha, Brasil, Irlanda e Bélgica.
Peeters, juntamente com Cami e Clark, desempenhou um papel fundamental na investigação espectroscópica do projecto. A espectroscopia é o estudo da absorção e emissão de luz e de outras radiações pela matéria.
“A estrutura deste objecto é incrível, e pensar que tudo isto foi criado por uma única estrela moribunda”, disse Peeters, astrofísica Universidade de Ontário Ocidental e membro do Projecto de Imagem da Nebulosa do Anel do JWST.
“Para além do tesouro morfológico, há também muita informação sobre a composição química do gás e da poeira nestas observações. Até encontrámos grandes moléculas carbonáceas neste objecto e ainda não temos uma ideia clara de como foram lá parar.”
O Telescópio Espacial James Webb, uma colaboração conjunta entre a NASA, a ESA e a Agência Espacial Canadiana (CSA), provou ser um factor de mudança na astronomia.
As suas capacidades vão além do que era possível com os telescópios espaciais anteriores, permitindo aos cientistas penetrar mais profundamente no cosmos e explorar novas fronteiras do Universo.
// Universidade de Ontário Ocidental (comunicado de imprensa)
// Universidade de Manchester (comunicado de imprensa)
// Colégio Universitário de Londres (comunicado de imprensa)
CCVALG
8 de Agosto de 2023
Ex-Combatente da Guerra do Ultramar, Web-designer,
Investigator, Astronomer and Digital Content Creator
published in: 1 mês ago