624: Degelo na Antárctida pode atingir níveis irreversíveis, avisam peritos

 

🇦🇶 ANTÁRCTIDA // 🏔️🐧 DEGELO

É um problema e os especialistas de várias áreas estão fartos de avisar. Apesar de afirmarem que ainda não é irreversível, explicam que o degelo na Antárctida poderá vir a sê-lo em breve.

Um relatório publicado pelo Instituto de Potsdam para a Pesquisa sobre o Impacto das Alterações Climáticas, na Alemanha, há uns dias, concluiu que o degelo na Antárctida ainda não é irreversível, mas poderá sê-lo, em breve.

Conforme partilhado pela Euronews, com o mundo a atingir recordes de temperaturas, houve 2,7 milhões de quilómetros quadrados de gelo marinho perdido na Antárctida, em comparação com as estimativas dos peritos para esta época do ano.

É mais ou menos o mesmo que dez vezes a área do Reino Unido. É uma enorme anomalia negativa no gelo marinho, que nunca tínhamos visto a esta escala no período que monitorizámos nos últimos 45 anos.

Explicou Norman Ratcliffe, British Antarctic Survey.

Esta perda de gelo já está a ter impacto, afectando, nomeadamente, a reprodução das espécies locais, como o pinguim imperador.

A menos que queiramos assistir a muito mais destas coisas no futuro, temos mesmo de avançar com a descarbonização. Isso não vai resolver o problema, mas haverá uma adaptação que é absolutamente necessária.

Alertou, por sua vez, Martin Siegert, cientista polar.

O relatório concluiu que a situação ainda não é irreversível. Contudo, a Antárctida pode vir a colapsar, de forma lenta, mas com efeitos severos na subida do nível médio das águas.

Pplware
Autor: Ana Sofia Neto
16 Set 2023


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published in: 5 dias ago

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558: Criatura verdadeiramente alienígena com 20 braços descoberta na Antárctida

 

CIÊNCIA // BIOLOGIA MARINHA // ANTÁRCTIDA

Um grupo de investigadores descobriu uma nova espécie verdadeiramente assustadora na Antárctida. A criatura com 20 “braços” parece alienígena e foi baptizada com o nome de uma fruta.

Greg W. Rouse
Promachocrinus fragarius

Chama-se estrela antárctida de penas de morango e é uma criatura marinha com cerca de 20 “braços” que podem ter até 20 centímetros de comprimento. Alguns são esburacados e outros emplumados. Esta criatura tem todo o aspecto de um ser alienígena, mas não é.

Embora não se pareça com um morango à primeira vista, basta fazer um pouco de zoom para se observar uma pequena protuberância no ápice de todos os braços. E esta sim, tem o tamanho e a forma de um morango.

É nesta protuberância circular que estão os cirri, filamentos finos e alongados presentes em alguns grupos de invertebrados marinhos.

Os cirri podem ter variadas funções, dependendo do grupo de animais onde estão presentes. Neste caso, os cirri são semelhantes a tentáculos que se projectam desde a base.

A descoberta desta criatura verdadeiramente alienígena foi apresentada num estudo recentemente publicado na Invertebrate Systematics.

“Retiramos vários cirri para ver em que parte é que estes se ligam, e foi aí que percebemos que esta criatura se assemelhava a um morango” explica Greg Rouse, co-autor do estudo e professor de Biologia Marinha na Universidade de Califórnia, em San Diego.

De acordo com o investigador, os cirri têm garras minúsculas na ponta que são usadas para esta criatura se agarrar ao fundo do mar. As partes mais longas, chamados “braços” assemelham-se a penas e ajudam na sua mobilidade.

O nome científico da espécie recém-descoberta é Promachocrinus fragarius. Pertence à classe dos Crinoidea, onde se incluem estrelas-do-mar, ouriços-do-mar, bolachas-do-mar e pepinos-do -mar.

Neste caso trata-se de uma estrela de penas. Daí a designação de “estrela de penas da antárctida”. Fragarius deriva da palavra latina “fragum”, que significa morango.

Foi enquanto arrastavam uma rede ao longo da Antárctida, que o grupo de cientistas da Austrália e EUA encontrou quatro novas espécies que poderão enquadrar-se neste grupo de estrelas de penas da antárctida.

A estrela antárctida de penas de morango destaca-se das outras pelo número de braços que possui. “A maioria das estrelas de penas tem 10 braços”, explica Rouse.

O investigador acrescenta ainda que a posição típica de uma estrela de penas é com os braços abertos e para cima, com os cirros apontados para baixo.

Greg W. Rouse
Promachocrinus fragarius pertence à classe dos Crinoidea, onde se incluem estrelas-do-mar, ouriços-do-mar, bolachas-do-mar e pepinos-do -mar

Com esta descoberta, os investigadores poderão adicionar oito espécies nesta categoria de estrelas de penas da Antárctida. Quatro delas descobertas previamente.

“Passamos de uma simples espécie com 20 braços para 8 novas espécies – seis com 20 braços e duas com 10 braços, sob o nome de Promachocrinus”, diz Rouse, que reconhece a “aparência sobrenatural dos movimentos da estrela de penas”. A estrela antárctica de penas de morango foi encontrada entre os 65 e os 1170 metros de profundidade.

Os investigadores afiram que encontrar novas espécies não é um fenómeno raro. No laboratório da Scripps Institution of Oceanograpgy são registados cerca de 10 a 15 espécies novas por ano.

“Encontrámos muitas espécies novas. O problema é a quantidade de trabalho necessário para as identificar e nomear”, explica o autor do estudo.

 Patrícia Carvalho, ZAP //
19 Agosto, 2023


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525: Há 120 mil anos, a temperatura da Terra era semelhante à actual e o Árctico ficou sem gelo

 

🌎TERRA // 🌡️ TEMPERATURA //🌊 ÁRCTICO // ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS 🍂

Um novo estudo analisou o último período em que a Terra atingiu uma temperatura semelhante à actual, de modo a compreender o que poderá acontecer, agora, ao gelo do Árctico.

De um lado, a Antárctida, que parece estar a ser poupada ao degelo provocado pelo aumento progressivo da temperatura média global. Do outro, o Árctico, que tem sido visivelmente afectado.

Agora, um novo estudo, liderado por investigadores da Universidade de Estocolmo, analisou o último período interglaciar – entre 129.000 e 115.000 anos atrás -, por forma a entender o que poderá acontecer, desta vez, ao gelo do Árctico.

O estudo baseou-se na análise de restos fósseis de plâncton dessa época, especificamente foraminíferos planctónicos, um tipo de organismo unicelular.

Nesses fósseis, os investigadores encontraram largas quantidades da espécie Turborotalita quinqueloba, um tipo de plâncton que tende a habitar regiões subpolares e que pode ser encontrado em abundância no Atlântico.

A análise da ocorrência destes microrganismos permitiu concluir que, durante o último período interglaciar, os Verões boreais deixaram o Oceano Árctico completamente sem gelo.

Os autores referem-se a este fenómeno como “Atlantificação”, isto é, a adopção pelo Oceano Árctico de características do Atlântico.

Normalmente, os especialistas em clima recorrem à última era glaciar, usando-a como referência para compreender o que se passa, hoje em dia, com o nosso clima. Principalmente, para estimar o seu comportamento no futuro.

O último período interglaciar, entre 129.000 e 115.000 anos antes do presente, é um período interessante para estudar, porque é a última vez na história da Terra em que as temperaturas médias globais foram semelhantes, ou talvez superiores, às actuais, e o nível do mar foi consideravelmente mais elevado, até 6 a 9 metros mais alto.

Explicou Flor Vermassen, co-autor do estudo, num comunicado de imprensa.

Além disso, importa considerar alguns factores, aquando das comparações entre o último período interglaciar e o presente, nomeadamente, o cumprimento do Acordo de Paris, assinado em 2015, que pressupõe a não ultrapassagem do limite de 1,5 °C acima dos níveis pré-industriais.

A dimensão da camada de gelo do Árctico não está directamente relacionada com a subida do nível da água do mar.

Contudo, existe uma relação indirecta, que pode ter acontecido no último período interglaciar: a modificação do albedo, que faz com que os oceanos convencionais absorvam o calor, enquanto as áreas congeladas o reflectem.

Pplware
Autor: Ana Sofia Neto
09 Ago 2023


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173: ONU diz que glaciares estão a derreter a uma velocidade dramática

 

ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS // GLACIARES // DERRETIMENTO // ANTÁRCTIDA 🇦🇶

“O gelo marinho antárctico está no nível mais baixo de sempre e alguns glaciares europeus estão literalmente a derreter a uma velocidade recorde”, indica a Organização Meteorológica Mundial no relatório anual sobre o estado do clima mundial.

© EPA/Karl Petersen

O relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM) relativo a 2022, divulgado esta sexta-feira, revela que os glaciares estão a derreter a um ritmo dramático e que vários indicadores de alterações climáticas voltaram a atingir níveis recorde.

No relatório anual sobre o estado do clima mundial, a OMM destaca as mudanças globais na terra, nos oceanos e na atmosfera, causadas por níveis recorde de gases com efeito de estufa, responsáveis pela retenção de calor que resulta no aquecimento global.

 

#ClimateChange shocks increased in 2022. Ocean heat and sea level rise at record levels. Antarctic sea ice hit a new low. Extreme glacier melt in Europe. #StateOfClimate report highlights the huge socio-economic cost of droughts, floods, and heatwaves. 🔗 https://bit.ly/stateofclimate2022

A OMM, um organismo da ONU, precisa que “o gelo marinho antárctico está no nível mais baixo de sempre e alguns glaciares europeus estão literalmente a derreter a uma velocidade recorde”.

“Os glaciares enfrentam um risco cada vez maior, porque a concentração de dióxido carbono (CO2) já é muito elevada e é provável que a subida do nível do mar continue durante milhares de anos”, disse o Secretário-Geral da OMM, Petteri Taalas, citado pela agência AFP.

O degelo não pode ser parado “a menos que seja criada uma forma de remover o CO2 da atmosfera”, acrescentou.

De acordo com a OMM, os glaciares de referência, os que são alvo de observações a longo prazo, registaram uma mudança média de espessura superior a -1,3 metros entre Outubro de 2021 e Outubro de 2022, correspondendo a uma perda muito superior à média da última década.

Os glaciares dos Alpes europeus sofreram um degelo recorde devido à combinação da existência de pouca neve no inverno, à chegada de poeiras do Saara em Março de 2022 e às ondas de calor registadas entre maio e o inicio de Setembro, destaca o relatório.

Estes glaciares perderam 6% do seu volume de gelo entre 2021 e 2022, em comparação com um terço verificado entre 2001 e 2022.

Alterações climáticas são responsáveis por inundações e ondas de calor. Estão a “afectar populações em todos os continentes”

O relatório anual confirma que a temperatura média global em 2022 foi 1,15°C mais elevada do que na época pré-industrial (1850-1900) e que os últimos oito anos foram os mais quentes de que há registo, apesar do arrefecimento causado pelo fenómeno climático La Niña durante três anos seguidos.

Este relatório confirma também que o ano passado foi marcado na Europa por ondas de calor no verão, às quais, recorda a OMM, foram associadas a 4.600 mortes em Espanha, 4.500 na Alemanha, 2.800 no Reino Unido, 2.800 em França e 1.000 em Portugal.

Portugal foi um dos muitos países que registaram em 2022 o seu ano mais quente. Outros países foram Espanha, França, Reino Unido, Itália, Alemanha, Suíça, Irlanda, e Bélgica.

Os autores do relatório insistem que as alterações climáticas mantêm-se como responsáveis por secas, inundações e ondas de calor e que estão a “afectar populações em todos os continentes, causando milhares de milhões de dólares em perdas”.

Embora a OMM ainda não disponha de números completos para 2022 relativamente à concentração de gases com efeito de estufa causadores do aquecimento global, a agência da ONU recordou que níveis recorde foram atingidos em 2021.

O dióxido de carbono, o principal gás com efeito de estufa, atingiu 415,7 partes por milhão em 2021 (mais 149% do que na era pré-industrial), enquanto o metano atingiu 1,9 partes por milhão (mais 262%) e o óxido nitroso subiu para 0,33 partes por milhão (mais 124 %).

A organização baseada em Genebra observou ainda que o nível do mar está a subir a um ritmo acelerado, de 2,27 milímetros por ano na década 1993-2002, para 4,62 milímetros por ano no período 2013-2022.

Outro problema nos oceanos resultante das alterações climáticas, a acidificação por dióxido de carbono absorvido pela água, fez com que o pH da superfície do oceano aberto atingisse o seu nível mais baixo em 26.000 anos, o que pode ter consequências graves para a vida marinha, adverte a OMM.

Os resultados deste relatório são conhecidos depois de na quinta-feira o relatório “Estado do Clima Europeu 2022”, do Serviço de Monitorização das Alterações Climáticas Copernicus, indicar que o ano passado foi o segundo mais quente na Europa desde que há registo, com 0,9 graus celsius (ºC) acima da média, enquanto o verão foi o mais quente de sempre, com 1,4ºC acima da média.

Este trabalho do Copernicus revela que as temperaturas na Europa estão a subir duas vezes mais que a média global e este aumento é mais rápido do que em qualquer outro continente, segundo hoje divulgado.

No ano passado, o relatório da OMM relativo a 2021 apontava para recordes em quatro marcadores considerados chave das alterações climáticas: concentrações de gases com efeito de estufa, aumento do nível do mar, temperatura e a acidificação dos oceanos.

Notícia actualizada às 14:30

D.N.
DN/Lusa
21 Abril 2023 — 12:58


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159: A Antárctida era a ponte para os dinossauros viajarem entre continentes

 

CIÊNCIA // PALEONTOLOGIA // 🇦🇶 ANTÁRCTIDA // DINOSSAUROS

Um crânio de quase 100 milhões de anos de um saurópode descoberto na Austrália, excepcionalmente bem conservado, mostra que os dinossauros atravessaram a Antárctida desde a América do Sul até à Austrália, revelou um grupo de investigadores.

Dariusz Sankowski / Pixabay

O crânio quase completo do saurópode pertence a uma espécie chamada Diamantinasaurus matildae. Os saurópodes são conhecidos pelo seu pescoço extremamente longo.

Era também um titanossauro, o único grupo de dinossauros saurópodes a viver até ao fim do Cretáceo (há 145 a 66 milhões de anos), antes da extinção dos dinossauros não pertencentes à região, relatou o Live Science.

Paleontologistas escavaram o espécime em 2018, num rancho de ovelhas a noroeste de Winton, em Queensland, na Austrália, e deram-lhe o nome de “Ann”.

O D. matildae tinha o comprimento de um campo de ténis (23,77 metros) e pesava cerca de 27,5 toneladas, três vezes mais do que o Tyrannosaurus rex.

Os fósseis pareciam semelhantes aos ossos desenterrados na Argentina, o que levou os investigadores a pensar que os saurópodes viajavam entre a América do Sul e a Austrália, via Antárctida.

“Ao analisar os restos mortais, encontramos semelhanças entre o crânio de Ann e o crânio de um titanossauro chamado Sarmientosaurus musacchioi, que viveu na América do Sul aproximadamente ao mesmo tempo que O Diamantinasaurus viveu em Queensland”, disse Stephen Poropat, paleontólogo da Universidade de Curtin em Perth, Austrália.

“Sugerimos que os saurópodes viajavam entre a Austrália e a América do Sul, via Antárctida, durante o Cretácico médio”, continuou o investigador, um dos autores do novo estudo, publicado na Royal Society Open Science.

No Cretácico, a Antárctida estava coberta de florestas e vegetação luxuriante. Os investigadores já sabiam que os saurópodes percorriam essa massa terrestre, após a descoberta do primeiro fóssil de um dinossauro de pescoço, em 2011.

Alguns cientistas já tinham teorizado que estes gigantes usavam a Antárctida para fazer a ponte entre continentes. Na altura, a Austrália, a Nova Zelândia, a Antárctida e a América do Sul formaram o último remanescente do super-continente Gondwana, de acordo com o Museu Australiano.

Agora, no novo estudo, os investigadores compararam o crânio do saurópode mais bem preservado encontrado até à data na Austrália com outros de todo o mundo.

Utilizando varreduras detalhadas dos restos mortais de Ann, a equipa detectou semelhanças notáveis com um crânio de Sarmientosaurus descoberto na província de Chubut, no sul da Argentina, e descrito num estudo de 2016 na PLOS One.

Os investigadores já suspeitavam que estes dois dinossauros estavam intimamente relacionados mas, até agora, faltavam provas. “Osso por osso, os crânios do Diamantinasaurus e do Sarmientosaurus são extremamente semelhantes”.

Os crânios de dinossauros são uma descoberta extremamente rara. Além de alguns dentes, o crânio de Ann é apenas o segundo crânio de saurópode encontrado na Austrália, após a descoberta em 2016 de um crânio parcial.

Isto porque as cabeças dos saurópodes eram pequenas em relação ao seu tamanho corporal e eram constituídas por ossos minúsculos e delicados, decompostos mais rapidamente do que os membros robustos, explicou Stephen Poropat.

“As semelhanças entre os crânios do Diamantinasaurus e do Sarmientosaurus da América do Sul, de idade semelhante, são bastante impressionantes, e acrescentam mais apoio à hipótese de que os titanossauros deslocaram-se entre a Austrália e a América do Sul durante o meio do Crétaceo, presumivelmente através da Antárctida”, disse ao Live Science Matthew Lamanna, paleontólogo do Museu Carnegie de História Natural e um dos autores do estudo de 2016.

ZAP //
18 Abril, 2023


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9: Icebergue 30 vezes maior do que Lisboa é um perigo à solta

 

CIÊNCIA // OCEANOGRAFIA // ICEBERGUES // PERIGOS

Cientistas britânicos estão a monitorizar dois dos maiores icebergues do mundo, à medida que eles se aproximam de áreas onde podem afectar a navegação, a pesca e a vida selvagem.

British Antarctic Survey
A76a é o maior icebergue à solta no planeta.

Estes blocos congelados, do tamanho de cidades, que se separaram da Antárctida podem levar décadas para derreter.

Um grupo de investigadores fotografou um deles, chamado A81. Outra equipa à volta do A76a, que é cerca de 33 vezes maior do que a cidade de Lisboa. Este é um gigante de sensivelmente 3.375 km² e tem um formato longo e fino.

De acordo com o Daily Mail, o icebergue tem 135 quilómetros de comprimento e 25 quilómetros de largura. Alguns compararam a sua aparência a uma tábua de passar a ferro gigante.

O professor Geraint Tarling estava a bordo do Royal Research Ship Discovery e aproveitou a oportunidade para inspeccionar o icebergue à deriva, flutuando do mar de Weddell, na Antárctida, para o Atlântico Sul.

“Estava directamente no nosso caminho quando voltávamos para casa, por isso precisámos de 24 horas para contorná-lo”, disse o oceanógrafo biológico à BBC News.

“Chegamos bem perto em alguns pontos e tivemos uma visão muito boa dele. Recolhemos água à volta do icebergue usando canos especiais não contaminados, por isso temos muitas amostras para estudar”.

O cientista do British Antarctic Survey disse que os enormes icebergues tabulares tiveram uma influência considerável no seu ambiente — tanto perturbador quanto produtivo.

À medida que derretem, esses icebergues despejam volumes gigantescos de água doce no mar, o que pode dificultar o funcionamento de alguns organismos.

Por outro lado, o derretimento também liberta a poeira mineral que foi incorporada ao gelo quando fazia parte de uma calote polar em contacto com o leito rochoso da Antárctida. Essa poeira é uma fonte de nutrientes que estimulam a vida em mar aberto.

O A76a surgiu bem ao sul da sua posição actual, na plataforma de gelo Filchner-Ronne, em Maio de 2021. Agora, está a seguir para norte, levado por correntes e ventos em direcção à lacuna entre os territórios ultramarinos britânicos das Malvinas e da Geórgia do Sul.

Há certa preocupação de que possa virar para o leste em direcção à Geórgia do Sul e fique preso nas águas rasas da sua plataforma continental —ou possivelmente numa série de ilhotas próximas conhecidas como Shag Rocks.

Em qualquer local, seria uma complicação para a vida selvagem e para a população local.

“Se ele ficar encalhado, a nossa maior preocupação é a ruptura e o impacto dos icebergues nos movimentos das embarcações na região”, explicou Mark Belchier, director de pesca e meio ambiente do governo da Geórgia do Sul e das Ilhas Sandwich.

O A81 separou-se da plataforma de gelo Brunt no final de Janeiro. Esperava-se que se desprendesse há vários anos, mas de alguma forma conseguiu agarrar-se ao continente pelos mais finos fios de gelo, desafiando as previsões dos cientistas. O destino final é seguir o a A76a pelas rotas marítimas do Atlântico Sul.

ZAP // BBC Brasil
15 Março, 2023


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