616: Só há três fronteiras que o ser humano ainda não ultrapassou para acabar de destruir o planeta

 

🌎 PLANETA TERRA // 💀 DESTRUIÇÃO

Um novo estudo revelou que as actividades humanas afectam dois terços dos factores que mantêm o planeta estável. É necessário trabalhar na integridade da biosfera, para que a Terra não tenha um “ataque cardíaco” a qualquer instante.

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As actividades humanas levaram a que seis de nove factores que mantêm a estabilidade do planeta tenham sido ultrapassados. Só restam três.

O estudo, divulgado esta quarta-feira pela Universidade de Copenhaga, actualiza o quadro das fronteiras planetárias e mostra que as actividades humanas estão a ter um impacto crescente no planeta, aumentando o risco de acontecerem alterações dramáticas nas condições globais da Terra.

As seis fronteiras ultrapassadas são as alterações climáticas, a integridade da biosfera, as mudanças no uso da terra, as mudanças no uso de água potável, os fluxos biogeoquímicos e os factores não naturais gerados pela actividade humana, como os compostos químicos sintéticos.

A destruição da camada do ozono, a carga de aerossóis na atmosfera e a acidificação dos oceanos são as fronteiras, segundo o estudo, são as três fronteiras que o ser humano ainda não ultrapassou para consumar a destruição do planeta.

Estabelecer limites é fundamental

As nove fronteiras representam componentes do ambiente global que regulam a estabilidade e a habitabilidade do planeta para as pessoas.

Durante mais de três mil milhões de anos, a interacção entre a vida e o clima controlou as condições ambientais globais da Terra.

No entanto, as actividades humanas, como as mudanças de utilização do solo, a alteração da quantidade de água nos rios e no solo, a introdução de produtos químicos sintéticos no ambiente e a emissão de gases com efeito de estufa para a atmosfera, influenciaram essa interacção.

Respeitar e manter as interacções no sistema terrestre é fundamental para garantir que as actividades humanas não desencadeiam mudanças dramáticas no estado da Terra, que provavelmente diminuiriam a capacidade do planeta para suportar as civilizações modernas, avisa-se no estudo.

Alertando que não basta uma atenção global ao clima, os cientistas dizem que as transgressões estão a aumentar em todos os limites e não apenas nos seis que já foram ultrapassados, com excepção para a degradação da camada de ozono da Terra.

Planeta em risco de ter “ataque cardíaco”

O estudo foi publicado, esta quarta-feira, na revista “Science Advances” e representa a terceira actualização do quadro feito por 29 cientistas de oito países.

Katherine Richardson, professora do Instituto Globe e dirigente do Centro de Ciência da Sustentabilidade da Universidade de Copenhaga, que dirigiu o estudo, diz que a “pressão sanguínea” da Terra é muito elevada e que é preocupante a tendência para a transgressão crescente dos limites do planeta.

“A transgressão de seis limites, por si só, não implica necessariamente a ocorrência de uma catástrofe, mas é um sinal de alerta claro. Podemos considerá-lo como se fosse a nossa própria tensão arterial”, avisa citada num comunicado da Universidade, avisando que, para bem de todos, é preciso baixar a pressão sobre as seis fronteiras.

“Uma tensão arterial superior a 120/80 não é garantia de um ataque cardíaco, mas aumenta o risco de um”, acrescentou.

O estudo conclui que é preciso dar mais atenção à interacção entre as diversas fronteiras, que o planeta não se protege só com atenção às alterações climáticas e que é preciso trabalhar na integridade da biosfera, porque as duas questões caminham juntas.

Além disso, é deixado o alerta de que o uso excessivo da biomassa afecta a biodiversidade. O uso crescente da biomassa como alternativa aos combustíveis fósseis está a retirar energia que estava disponível para sustentar a natureza.

Os cientistas salientam que é preciso que a vida no planeta se desenvolva dentro dos limites definidos pela ciência. E que tal já foi reconhecido na área do clima (Acordo de Paris) e na área da biodiversidade (COP15 de Montreal-Kunming).

Mas frisam que tal não é suficiente, “nem de longe”.

ZAP // Lusa
14 Setembro, 2023


Ex-Combatente da Guerra do Ultramar, Web-designer,
Investigator, Astronomer and Digital Content Creator



published in: 7 dias ago

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