– Enviem os fantoches valentões da merda engravatados do kremlin para a frente de batalha com uma kalashnikov nas mãos! A “heroicidade” dessa escumalha russonazi apenas está na ponta da língua! E já agora, alistem-se todos os pró-russonazis e mostrem a vossa “valentia” com uma arma nas mãos e a pegar a morte pelos cornos!
🇷🇺 卐 MOSCÓVIA // 🇷🇺 卐 RUSSONAZIS // 🇺🇦 UCRÂNIA
Momento emocionante captado em família. “A morte está à tua espera?” – o soldado responde: “Falo asperamente: sim”.

Kateryna Klochko / EPA
Denis Ivanov, nome fictício, foi chamado para a guerra há quase um ano, em Outubro de 2022.
O jovem russo vivia em Saratov e ele – e a sua família – foram o foco de uma reportagem impressionante da Rádio Liberdade.
A sua esposa, Vera (também nome fictício) admitiu que não estava à espera da convocatória. No início, o russo não apareceu mas, após a segunda chamada e após ameaças no emprego de Vera, onde avisaram que a família teria problemas caso recusasse combater, o marido aceitou.
Comprou equipamento com o seu próprio dinheiro. Ele e muitos outros russos de Saratov. Nos exercícios, o equipamento estava bom para o lixo.
Estiveram em Saratov nos primeiros tempos, depois rumaram à Bielorrússia. Em Maio deste ano teria as suas primeiras férias – mas não houve férias para ninguém.
Denis foi para a guerra na Ucrânia. Nos primeiros tempos, sempre que falavam ao telefone, o soldado respondia “está tudo bem”.
Mas, na semana passada, Vera entrou em pânico: “Ele ligou na quinta-feira e disse que as Forças Armadas ucranianas estavam a controlar Andreevka e a avançar para Bakhmut. E eles são colocados em Andreevka praticamente sem armas”.
Denis contou a Vera que os russos, no geral, estão a atacar “com pás e sem apoio de artilharia”. E não dá para recuar porque, se recuarem, serão assassinados.
Eram 1.000, passaram a ser 400 soldados. Naquela zona de combate, em dois dias morreram 600 russos, segundo Denis – embora os relatórios oficiais indiquem que morreram três soldados russos.
A mãe do soldado queria divulgar esta informação, sobretudo a escassez de armas. Mas foi logo atacada por mães e esposas de outros soldados: “O mundo não precisa de saber disso”.
“As esposas preocupam-se mais com os seus salários do que com os seus maridos. Estão preocupadas com a possibilidade de que, se os nomes dos rebeldes vierem à luz, eles simplesmente sejam considerados “desaparecidos em combate” e não recebam quaisquer pagamentos”, explica Vera.
Até que, a meio da entrevista…
…Denis telefona.
“A Ucrânia estes a controlar Andreevka, basicamente somos carne para canhão. As pessoas morrem por nada. As pessoas vão para um lado e não voltam”, ouve-se do outro lado da linha.
Quando os soldados avisam os superiores que, se entrarem em Andreevka nunca mais vão sair de lá vivos, os superiores respondem: “E daí?”.
Denis tem noção de que “dificilmente” vai conseguir sair daquela zona.
À pergunta “Qual o sentido de recapturar a aldeia?”, Denis responde: “Também fazemos essa pergunta ao comando. Não temos resposta”.
Denis quer voltar para casa: “Não tenho nada para fazer aqui”. E acha que o significado da guerra, no geral, depende da pessoa: “Uns vêm para aqui para melhorar a sua situação financeira. Outros são mesmo patriotas”.
“Mas eu não estou na minha terra agora. E se me perguntarem: “Porque estás a lutar?”, então não darei resposta. Eu não tenho uma resposta para dar”.
“Não sei por que estou aqui”.
E depois, a emoção: “Não sei se algo vai mudar na nossa situação aqui, após a publicação desta reportagem na rádio, mas sei que amanhã partiremos para o ataque. E posso nunca mais ligar para casa”.
A sua esposa tira o altifalante do telemóvel, corre para a varanda a chorar e continua a falar com o marido: “Volta, por favor”, ouve-se.
A morte
Antes do telefonema de Denis, o filho do soldado, que ainda nem tem 2 anos, estava sentado ao colo da mãe e começou a tocar com o dedo no telemóvel, onde está uma fotografia do soldado.
“Pai!”, diz a criança.
“Sim, é o pai”, diz Vera para o filho. A seguir comenta com o repórter da rádio: “Não quero que o meu filho conheça o pai apenas por fotografias”.
Depois, a meio do telefonema, a pergunta dura: “A morte está à tua espera? Se não for de um lado, será do outro?”.
A resposta de Denis não é menos dura: “Falo asperamente: sim”.
ZAP //
20 Setembro, 2023
Ex-Combatente da Guerra do Ultramar, Web-designer,
Investigator, Astronomer and Digital Content Creator
published in: 2 dias ago