– Especialmente para os facciosos fantoches apoiantes pró-terrorismo, peguem neste exemplo e transfiram-no para a Ucrânia onde diariamente, há ano e meio, terroristas psicopatas nazis, assassinam um povo inocente de todas as idades e destroem escolas, residências, super-mercados, hospitais, creches, infra-estruturas civis só porque um psico-sociopata nazi assim o entendeu.
🇺🇸 EUA // 👳✈🏦💥11 SETEMBRO //
TERRORISMO
Passam hoje 22 anos desde que terroristas da Al-Qaeda mataram quase 3.000 pessoas em solo norte-americano, no pior ataque alguma vez registado no país.

Em Nova Iorque, dois feixes de luz assinalam o local onde se encontravam as Torres Gémeas.
© Michael M. Santiago / Getty Images via AFP
“Era suposto eu estar lá”, diz Eneida DelValle, pausando por um momento para conter a emoção. Vinte e dois anos depois dos ataques terroristas do 11 de Setembro, ainda é difícil para esta ex-produtora televisiva, então estudante universitária, falar do que aconteceu naquele dia.
“Cancelaram as aulas e tornaram a minha faculdade num centro de triagem”, conta. “Um dos meus médicos disse que toda a gente acorreu para lá. Tinham o centro de triagem mas não chegava ninguém”, lembra. “Estavam todos mortos.”
Eneida estudava na Borough of Manhattan Community College (BMCC) e tinha uma reunião com um professor no edifício Fiterman, a meros 250 metros de onde as torres colapsaram. Mas o professor remarcou a reunião à última hora e Eneida seguiu para outra zona da cidade.
Quando os aviões pirateados que embateram no World Trade Center fizeram as torres colapsar, o edifício 7 caiu sobre parte do Fiterman, onde Eneida estaria se a reunião não tivesse sido remarcada.
“Os efeitos do 11 de Setembro continuam a afectar os nova-iorquinos de uma forma profunda”, considera. “Muita gente seguiu em frente, mas não é algo que os nova-iorquinos possam fazer”, continua. “É muito difícil para mim ir a essa zona. Nunca estive no Memorial do 11 de Setembro, não consigo.”
Os efeitos dos ataques não se limitam a memórias dolorosas e ao stress pós-traumático colectivo de Nova Iorque.
“Ainda há pessoas a morrer por causa do 11 de Setembro”, sublinha Eneida DelValle, que agora mora noutra zona da cidade. “Desenvolveram cancro, doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC) e outros tipos de doenças provocadas pela inalação e exposição aos destroços ou proximidade aos edifícios atingidos.”
Isso mesmo foi reconhecido na semana passada, quando foram adicionados 43 nomes à lista oficial de vítimas inscrita na World Trade Center Memorial Wall da corporação de bombeiros de Nova Iorque, o New York City Fire Department. Esta parede lembra os bombeiros, paramédicos e profissionais de emergência que morreram na sequência dos trabalhos de recuperação.
“Não há consolação, não há palavras. Não há nada que possamos dizer para substituir a dor que eles aguentaram ao longo dos anos, à medida que vamos lamentando mais distantes dos ataques do 11 de Setembro”, disse o mayor de Nova Iorque, Eric Adams, na cerimónia de adição dos nomes. “Mas eles são heróis, não apenas aqueles que estavam no edifício, mas aqueles que responderam posteriormente.”
A preservação da memória em Nova Iorque, que foi a mais atingida nos ataques terroristas de 2001, parece não ter eco noutras partes do país, algo que o actor David Villar, que vive do outro lado na costa Oeste, considera expectável.
“Quanto mais nos afastamos de uma tragédia, menos as pessoas assinalam, celebram, fazem tributo”, diz ao DN. “Mas talvez mais importante é que uma grande parte do país, de ambos os lados políticos, olha para esse tempo e o que se seguiu – Iraque, Afeganistão, Abu Ghraib, Guantánamo e por aí fora – com muito desdém.”
Não foi sempre assim, como explica a cientista política luso-americana Daniela Melo, professora na Universidade de Boston.
“O 11 de Setembro teve um impacto enorme e imediato na política externa americana”, lembra a especialista. “A administração de George W. Bush reimaginou a política externa americana para fazer face a um novo tipo de inimigo: entidades não-estatais, transnacionais, a usarem Estados fracos ou falhados como portos de abrigo para as suas actividades.”
Os ataques motivaram duas guerras duradouras e, para todos os efeitos falhadas, que levaram tropas americanas para o combate no Iraque e no Afeganistão.
“A administração Bush usou o 11 de Setembro como desculpa para passar legislação como o Patriot Act”, aponta Eneida DelValle. “Usou-o para a guerra no Iraque, quando na verdade os bombistas eram da Arábia Saudita. Mas os sauditas são aliados dos americanos, por isso nunca foram condenados e ele foi atrás do Saddam Hussein.”
A guerra no Iraque durou oito anos e a do Afeganistão vinte, tendo terminado com uma retirada desastrosa já durante a administração de Joe Biden.
“A utilidade do 11 de Setembro como tema mobilizador dos eleitores americanos foi perdendo gás nas administrações de Obama, Trump e Biden”, refere Daniela Melo.
Isto aconteceu, em parte, porque as decisões de invadir o Afeganistão e o Iraque foram mais ou menos consensuais dentro dos Estados Unidos naquela altura.
“Ou seja, tanto democratas como republicanos votaram a favor destas intervenções, que, no entanto, vieram a ser entendidas a longo prazo como erros de estratégia”, sublinha. “Nos últimos ciclos eleitorais, tem sido o produto do 11 de Setembro – as guerras – a ser discutido.”
Isso mesmo foi evidente com as críticas virulentas a Joe Biden pela forma como o exército norte-americano retirou do Afeganistão e o poder caiu quase imediatamente de novo nas mãos dos extremistas talibãs, no verão de 2021.
Foi nessa altura que a popularidade de Biden, então gozando de um certo estado de graça na nova administração, começou a afundar. O actual presidente assinala hoje o 11 de Setembro numa base militar no Alasca, vindo de uma viagem presidencial à Índia.
Ron DeSantis é, neste aniversário dos ataques, um dos (poucos) políticos que vão assinalar publicamente a data. O governador irá encontrar-se com sete famílias de vítimas do 11 de Setembro em Manhattan.
“Com a saída do Afeganistão, fechou-se um ciclo político ligado directamente ao 11 de Setembro”, refere Daniela Melo. “Guantánamo já não aparece recorrentemente nas notícias”, indica, referindo-se ao controverso campo de detenção onde continuam presos dezenas de acusados de envolvimento em terrorismo.
A politóloga ressalva que esta prisão na Baía de Guantánamo pode voltar à ribalta se o candidato republicano Ron DeSantis conseguir ultrapassar Donald Trump e conquistar a nomeação presidencial.
Isso é improvável, mas abriria novamente a discussão porque o actual governador da Florida serviu em Guantánamo há 17 anos, quando trabalhava na Marinha.
Ron DeSantis é, neste aniversário dos ataques, um dos (poucos) políticos que vão assinalar publicamente a data. O governador irá encontrar-se com sete famílias de vítimas do 11 de Setembro em Manhattan, algo que não soa bem a Eneida DelValle.
“Os republicanos adoram usar o 11 de Setembro mas opuseram-se ao financiamento federal de tratamentos de saúde para as vítimas”, critica. “Antes o 11 de Setembro era uma desculpa, agora é um acessório. DeSantis vai reunir com famílias para ganhos políticos.”
Mas na campanha para as presidenciais de 2024, o que irá dominar a mente dos eleitores não é este passado com 22 anos, indica Daniela Melo.
“Neste momento, são a ascendência da China como poder global e a beligerância da Rússia que mais preocupam as elites políticas e animam o eleitorado americano”, afirma.
“Esta viragem para a Ásia já estava claramente presente na política externa de Obama e prevejo que seja tema neste próximo ciclo presidencial.”
Um deserto em Hollywood
A percepção que os cidadãos têm de conflitos históricos, desde a I e II Guerras Mundiais à guerra do Vietname, foi em grande parte moldada pelo incessante recontar dos eventos por Hollywood.
Mas, ao contrário de outras tragédias sangrentas, o 11 de Setembro raramente chegou ao grande ecrã nos últimos 22 anos.
À exceção de United 93 (2006), World Trade Center (2006) e Zero Dark Thirty (2012), os ataques não foram um foco da máquina hollywoodesca.
“É interessante ver como lidámos com o Vietname nos anos 80 e 90 em termos de cinema”, diz David Villar. “Acho fascinante que não tenhamos tido a mesma reverência em relação a filmes sobre o 11 de Setembro, Iraque e Afeganistão”, nota. “Creio que a atitude blasé que temos agora em relação ao 11 de Setembro reflecte-se nisso.”
O actor acredita que tal se deve a uma certa “vergonha” quanto à reacção que os Estados Unidos tiveram após os ataques e à “mentira flagrante” que esteve na origem da invasão do Iraque.
“E talvez tenha também a ver com o facto de que os filmes têm muito menos peso cultural do que tiveram outrora”, afirma. “Os filmes eram o centro de muita da discussão cultural naquele tempo, mas quando filmes sobre a guerra ao terror começaram a aparecer, o que estava a florescer era a televisão e a Internet.”
Eneida DelValle acrescenta outra perspectiva. A nova-iorquina aponta que as tragédias anteriores foram em solo exterior e esta aconteceu dentro do país.
“Um dos maiores problemas é que a América e os americanos recusam-se a reconhecer a sua história e o que fizeram de errado”, opina, apontando para a actual controvérsia sobre o ensino da história da escravatura.
“Nas guerras mundiais e no Vietname, há muito horror mas também heroísmo”, continua. “Também há muitos heróis no 11 de Setembro. Só que não estão vivos para contar as suas histórias.”
dnot@dn.pt
DN
Ana Rita Guerra, Los Angeles
11 Setembro 2023 — 07:00
Ex-Combatente da Guerra do Ultramar, Web-designer,
Investigator, Astronomer and Digital Content Creator
published in: 2 semanas ago
– Especialmente para os facciosos fantoches apoiantes pró-terrorismo, peguem neste exemplo e transfiram-no para a Ucrânia onde diariamente, há ano e meio, terroristas psicopatas nazis, assassinam um povo inocente de todas as idades e destroem escolas, residências, super-mercados, hospitais, creches, infra-estruturas civis só porque um psico-sociopata nazi assim o entendeu.