‘Revolução da Dignidade’ Euromaidan agudizou relações com a Rússia

 

🇺🇦🔱 UCRÂNIA //  EUROMAIDAN // REVOLUÇÃO DA DIGNIDADE

No rescaldo da ‘Revolução da Dignidade’ do inverno de 2013-2014, iniciada há 10 anos, a Ucrânia entrou num período de conflito latente e escalada de tensões com a Rússia, suavizadas temporariamente em 2019.

© Sergei Supinsky/AFP via Getty Images

O movimento de protesto em Maidan (praça em ucraniano) implicou a queda do presidente “pró-russo” Viktor Ianukovitch em 24 de Fevereiro de 2014, que três meses antes tinha renunciado a um acordo de associação com a União Europeia. O país dividia-se entre este projecto de integração económica e uma alternativa proposta russa de união aduaneira.

De imediato, o presidente russo Vladimir Putin e o seu círculo do Kremlin equiparam o protesto massivo na praça central de Kyiv “a um pogrom” enquanto o chefe da diplomacia, Serguei Lavrov, denuncia interferências estrangeiras.

Apesar das manifestações, Ianukovitch persiste e assina um acordo com Moscovo que implica o fim das barreiras alfandegárias e um empréstimo russo de 14 mil milhões de euros.

Os confrontos não esmorecem, a violência agrava-se em Fevereiro – entre os dias 18 e 21, um total de 90 mortos em Kyiv, manifestantes e polícias, segundo as autoridades — e que implica a destituição de Ianukovitch pelo parlamento, que opta pelo exílio na Rússia.

Putin denuncia um “golpe de Estado” – nas barricadas de Maidan conviviam opositores “pró-europeus”, mas também nacionalistas em particular do partido de extrema-direita Svoboda -, uma abordagem destinada a desacreditar um movimento manipulado por “potências ocidentais”, e refere-se ao seu carácter nacionalista e perigoso.

As chancelarias europeias e norte-americana eram acusadas de ter apoiado, e provocado, a revolta para favorecer a chegada ao poder de governos que pretendiam limitar a influência russa na região.

Com um governo interino em funções, Putin declara que a Rússia “se reserva no direito de recorrer a todas as opções disponíveis, incluindo a força como último recurso”, enquanto logo em maio de 2014 eclodem confrontos entre militantes pró e anti-russos em várias cidades, incluindo Odessa ou Simferopol, a capital da Crimeia, maioritariamente russófona.

Com a sua base naval em Sebastopol e dois aeroportos militares em Kacha e Simferopol, a península nas margens do mar Negro é um território estratégico para a Rússia, que envia tropas e promove em 16 de Março um referendo que vota massivamente pela integração na Rússia, considerado “ilegal” por Estados Unidos e União Europeia.

Esta decisão implica o endurecimento das relações de Moscovo com o ocidente, que se agravam logo em 07 de Abril, com o início da guerra civil no Donbass, no leste ucraniano, também com maioria de população russófona.

Os separatistas, apoiados por Moscovo apesar de a Rússia negar envolvimento no conflito, organizam dois referendos em Donetsk e Lugansk em 11 de Maio de 2014, com uma ampla vitória do “sim” à independência. A Ucrânia e os países ocidentais não reconhecem o resultado, ao contrário da Rússia.

A nível interno, e na sequência da proibição dos principais partidos “pró russos” — que tinham dominado a vida política interna desde 2006 –, o ex-opositor Petro Poroshenko é eleito em 25 de Maio Presidente da Ucrânia com 56% dos votos, com os resultados também reconhecidos por Moscovo.

De imediato, anuncia um plano de paz e decreta um cessar-fogo unilateral em 20 de Junho, com poucos efeitos nas zonas de combate, e após Kyiv ter desencadeado a sua operação “antiterrorista” e enviar para leste o seu Exército e milícias de extrema-direita.

A primeira grande iniciativa diplomática decorre quase de imediato, quando o Presidente francês François Hollande e a chanceler alemã Ângela Merkel se reúnem em 06 de Junho com Putin e Poroshenko na Normandia (França) por ocasião do 70º aniversário do desembarque aliado.

Tinha início o “formato Normandia”, encontros quadripartidos entre Alemanha, França, Rússia e Ucrânia. Em paralelo, a União Europeia decide assinar no final desse mês um acordo de associação económico e de comércio livre com Kyiv, de novo criticado por Moscovo.

No Donbass, o conflito persiste, sangrento e intenso. Em 17 de Julho, o voo MH 17 da Malaysia Airlines é abatido no leste da Ucrânia, em território controlado pelos separatistas (298 mortos) e que implicará posteriores condenações por um tribunal holandês a prisão perpétua, mas à revelia, de dois russos e um ucraniano.

Em paralelo, o primeiro cessar-fogo entre as duas partes, negociado entre os dois campos na capital bielorrussa (Minsk I) em 05 de Setembro, e com o Presidente Aleksander Lukashenko na função de anfitrião, implica uma redução dos combates, que no entanto prosseguem.

O semi fracasso do também designado “Protocolo de Minsk” impelirá as repúblicas populares secessionistas de promoverem eleições presidenciais e elegerem os seus lideres (Alexandre Zakhartchenko em Donetsk e Igor Plotniski em Lugansk), com a Ucrânia a denunciar uma violação dos acordos de Minsk e a Rússia a considerar que respeitam o acordado.

No final desse ano, e numa atitude de claro desafio a Moscovo, o parlamento ucraniano vota a favor de uma adesão à NATO, a principal “linha vermelha” há muito estabelecida pelo Kremlin.

Lavrov reage e refere-se a um movimento “contraproducente” que “fornece a ilusão de permitir resolver a profunda crise interna que atravessa a Ucrânia” e que apenas “vai exacerbar o clima de confrontação”.

O prosseguimento dos combates e dos bombardeamentos no leste do país implica uma nova reunião dos dirigentes da Rússia, Ucrânia, Alemanha e França, de novo na capital da Bielorrússia, para impor um novo cessar-fogo.

Para além desta medida, o acordo obtido em 12 de Fevereiro de 2015 após uma maratona de negociações com Putin inclui a retirada das armas pesadas de cada lado, troca de prisioneiros, restauração das fronteiras ucranianas e retirada das tropas estrangeiras.

Este “Minsk 2” também inclui uma vertente política que prevê a organização de eleições no quadro ucraniano e o reconhecimento de alguma autonomia para Donetsk e Lugansk.

Nos meses e anos que se seguem, o conflito fica congelado, com diversas cimeiras entre dirigentes europeus, russos e ucranianos em 2015 e 2016 sem resultados concretos.

Nas regiões separatistas, e em finais do ano seguinte, o líder da auto-proclamada República Popular de Lugansk (LNR), Igor Plotniski, demite-se após se refugiar em Moscovo (será substituído por Leonid Pasetchnik).

Alguns meses depois, em Agosto de 2018, o seu homólogo da República Popular de Donetsk (DNR), Alexandre Zakhartchenko, é assassinado, com o separatista Denis Puchiline a assumir o cargo, dois acontecimentos interpretados por analistas como o reforço da influência de Moscovo nessas regiões.

Será ainda em finais de 2018, após três pequenos navios da Marinha ucraniana serem apresados pela Rússia e os seus 24 tripulantes detidos quando tentavam cruzar a ponte da Crimeia, no estreito de Kerch – inaugurada com pompa pela Rússia nesse mesmo ano –, que Poroshenko decreta a lei marcial por 30 dias nas regiões russófonas do leste. Mas o seu fim político estava próximo.

Notícias ao Minuto Notícias ao Minuto
21/11/23 08:19
por Lusa

🇺🇦 SLAVA UKRAYINI 🇺🇦


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175: Kiev alerta para golpe contra Zelensky

 

🇺🇦🔱 UCRÂNIA // 🪖GOLPE // 🇺🇦🔱ZELENSKY

O nome de código é Maidan 3 e responde a um plano que tem como objectivo derrubar Volodymyr Zelensky, anunciou o próprio aos jornalistas quando admitiu que o país se debate de novo com falta de munições.

Volodymyr Zelensky.
© AFP/Presidência da Ucrânia

O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky revelou que Moscovo está a tentar criar o caos na sociedade ucraniana para depois colher os frutos. “Os nossos serviços secretos têm informações, que também vieram dos nossos parceiros”, disse Zelensky, citado pela Bloomberg.

O nome do plano é uma referência à praça da Independência de Kiev, o epicentro das revoltas de 2004 e 2014. “Maidan é um golpe para eles, por isso a operação é compreensível”, comentou, embora não tenha dado mais pormenores sobre o plano.

Horas depois de Zelensky ter reconhecido que a guerra Israel-Hamas tornou mais difícil para o seu país receber assistência militar, os Países Baixos anunciaram um pacote de ajuda no valor de dois mil milhões de euros para 2024, e a Finlândia mais cem milhões de euros na vigésima entrega de material para Kiev.

Por razões de segurança, a informação sobre o que vai ser fornecido ficou em segredo.

Ainda no que respeita às munições, o presidente francês Emmanuel Macron, em visita à neutral Suíça, disse que as autoridades de ambos os países estão em negociações para que Berna autorize a reexportação de material de guerra produzido no país, uma pretensão que foi rejeitada pelo parlamento da federação helvética.

Além de munições, está também em jogo mais de 90 tanques Leopard 1, produzidos na Suíça e armazenados em Itália.

No terreno, as autoridades ucranianas afirmam ter estabelecido várias cabeças-de-ponte (bases) na margem esquerda do rio Dniepre, numa operação com forças conjuntas. Os avanços receberam palavras de elogio de Zelensky aos militares envolvidos.

DN
César Avó
17 Novembro 2023 — 21:31

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166: Putin está a preparar nova guerra na Europa, garante Zelensky

 

🇷🇺☠️ MOSCÓVIA // TERRORISTAS

Zelensky acredita que a Rússia está a incitar uma nova guerra entre a Sérvia e o Kosovo para distrair as atenções do conflito ucraniano.

Vladimir Putin está a preparar uma nova guerra na Europa para roubar as atenções do conflito na Ucrânia. A acusação foi feita por Volodymyr Zelensky esta quinta-feira, que acusa ainda a Rússia e o Irão de estarem por trás da recente escalada de violência entre Israel e o Hamas.

“Hoje, todos estão a discutir a crise no Médio Oriente. Mas, como eu disse antes, francamente, não é um problema de ontem. Todos sabem desse conflito constante e da guerra constante, mas ninguém quer acabar com isso porque é conveniente. Por trás da ‘explosão’ no Médio Oriente está a Rússia, temos a certeza, com o seu aliado Irão”, acusa Zelensky, citado pela Newsweek.

O responsável ucraniano acredita que os Balcãs serão o próximo alvo do Kremlin. “As relações nos Balcãs estão em crise há muito tempo. A Rússia vai investir para garantir que um país entrará em guerra com outro. Pelo menos se os países do mundo não fizerem nada agora, então haverá outra ‘explosão’ e, mais uma vez, esta não é uma história nova”, alerta.

Nas últimas semanas, a tensão entre a Sérvia e o Kosovo tem subido, com relatos dos piores episódios de violência desde o fim da guerra em 1999. Em Abril de 2022, o Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais avisou ainda que Moscovo pode tentar alimentar a tensão nos Balcãs para desviar a atenção da sua “campanha falhada” na Ucrânia.

O chefe de Estado ucraniano falou ainda da Moldova, onde os russos “estão a começar a agitar a situação” e querem “demolir” o Governo mais próximo da Europa. Zelensky acredita que o objectivo do Kremlin é dividir a atenção e apoio do Ocidente em vários países.

Anteriormente, Zelensky já tinha dito que a Rússia estava a ponderar vários cenários para o futuro do conflito na Ucrânia. Na terceira cimeira da Comunidade Política Europeia (CPE) em Granada, Espanha, a 5 de Outubro, o chefe de Estado disse que um desses cenários é congelar a guerra e restaurar o seu potencial militar, com 2028 a tornar-se potencialmente um momento crítico.

“A Rússia terá então poder suficiente para atacar os países que estão no foco da sua expansão. Além da Ucrânia, estes são definitivamente os Estados Bálticos e os países onde as tropas russas estão presentes”, disse Zelensky.

Adriana Peixoto, ZAP //
17 Novembro, 2023


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