369: Molécula-chave da vida pode ter-se formado no gelo interestelar

 

CIÊNCIA // ASTRONOMIA // VIDA // UNIVERSO

Foi descoberto que o ácido carbâmico – um aminoácido essencial para a vida – é capaz de se formar em condições espaciais extremamente frias, fazendo crer que os blocos de construção da vida na Terra terão tido origem extraterrestre.

Pixabay / Canva

Um estudo publicado esta quarta-feira na ACS Central Science revelou que o ácido carbâmico – um aminoácido essencial para a vida – pode formar-se no gelo interestelar.

Esta descoberta apoia a teoria de que os blocos de construção da vida podem ter tido origem no espaço e sido transportados para a Terra, através de meteoritos ou asteróides.

O ácido carbâmico – aminoácido simples e precursor de compostos mais complexos encontrados em várias enzimas – foi sintetizado numa experiência laboratorial que imitou as condições frias do espaço.

Para testar, foram postos dióxido de carbono e amoníaco – os reagentes para o ácido carbâmico – num frigorífico capaz de atingir -268°C.

Os investigadores descobriram que a -211ºC, estas substâncias reagiram para formar ácido carbâmico.

Além disso, a -234ºC, foi também criado o carbamato de amónio – um composto envolvido no processamento da ureia.

As condições experimentadas em laboratório assemelham-se às encontradas em nuvens moleculares em torno de estrelas e planetas jovens.

O líder da investigação, Ralf Kaiser, da Universidade do Hawai (EUA) explicou que o ácido carbâmico e o carbamato de amónio podem ter-se formado inicialmente no gelo, em ambientes celestes deste tipo: “Depois, podem ser incorporados em meteoritos ou asteróides, que terão trazido estes compostos para o nosso sistema solar ou outros sistemas solares”.

“Ao descobrir onde estes precursores moleculares estão e sob que condições podem ser formados, podemos prever onde a vida poderia ser ou poderia ter sido formada”, afirmou Kaiser, citado pela New Scientist.

ZAP //
1 Dezembro, 2023


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published in: 4 dias ago

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304: Pode haver vida debaixo dos glaciares de sal de Mercúrio

 

CIÊNCIA // MERCÚRIO // GLACIARES

Mercúrio, com as suas temperaturas superficiais escaldantes que atingem os 425 graus Celsius, foi durante muito tempo considerado um planeta inóspito.

JHU APL / Carnegie Institution of Washington / NASA
Messenger, a sonda lançada pela NASA há 6 anos e meio para explorar Mercúrio

No entanto, uma investigação recente do Planetary Science Institute (PSI), no Arizona, descobriu provas intrigantes que sugerem que pode haver vida sob a superfície do planeta, particularmente em regiões com glaciares de sal.

Os cientistas do PSI examinaram dados da sonda Messenger de Mercúrio da NASA, que surpreendentemente revelaram a presença de compostos voláteis, incluindo sódio, potássio, enxofre e cloro.

Estes compostos, que inicialmente se pensava terem sido eliminados devido à proximidade do planeta ao Sol e à ausência de uma atmosfera substancial, despertaram um interesse renovado na potencial habitabilidade de Mercúrio.

O foco do estudo centrou-se em duas áreas distintas de Mercúrio: a cratera de impacto Raditladi e a região do Caos Borealis, perto do pólo norte. Os investigadores descobriram que as formações subterrâneas semelhantes a glaciares, que albergam quantidades substanciais de compostos voláteis, ficam expostas quando o impacto de um asteroide perturba a superfície do planeta.

No passado antigo de Mercúrio, explica o Futurism, a actividade vulcânica libertou vapores de água contendo sódio, que se condensaram em poças de água temporárias.

O calor intenso do Sol evaporaria subsequentemente a água, deixando para trás camadas de sódio. Ao longo de milhares de milhões de anos, estas camadas podem ter-se acumulado, formando os glaciares de sal observados actualmente.

O paralelo estabelecido entre os potenciais habitats sub-superficiais de Mercúrio e os ambientes extremos da Terra, como o árido deserto do Atacama, no Chile, desperta a curiosidade sobre a possibilidade de existir vida microbiana nestas condições adversas.

No nosso planeta, compostos salinos específicos criam nichos habitáveis nalguns dos ambientes mais difíceis, levantando a possibilidade de que adaptações semelhantes possam ocorrer em Mercúrio.

ZAP //
28 Novembro, 2023


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published in: 1 semana ago

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168: Os blocos de construção da vida podem ser semeados por cometas “saltitantes”

 

CIÊNCIA // VIDA // UNIVERSO

Uma nova pesquisa sugere que as moléculas formadoras de vida podem ser transportadas pelos planetas através de cometas.

(CC0/PD) 9866112 / Pixabay

Um novo estudo publicado nos Proceedings of the Royal Society A: Mathematical, Physical and Engineering Sciences explora a intrigante possibilidade de que os blocos fundamentais da vida sejam levados para os planetas em cometas e asteróides.

Os investigadores descobriram que as moléculas essenciais para a vida existem em cometas, asteróides e até no espaço interestelar, mas o processo de como estas moléculas acabam nas superfícies planetárias continua um mistério.

Uma hipótese sugere que os cometas e asteróides poderiam transportar estas moléculas formadoras de vida para planetas onde a vida poderia potencialmente emergir.

No entanto, para que estas moléculas sobrevivam ao impacto num planeta, o cometa ou asteróide precisa de viajar a uma velocidade relativamente baixa — não mais do que 15 quilómetros por segundo.

Os cometas, originários das fronteiras dos sistemas estelares, normalmente viajam a altas velocidades quando se aproximam das zonas habitáveis desses sistemas.

Os autores descobriram que em sistemas estelares onde planetas semelhantes à Terra estão intimamente agrupados na configuração chamada “ervilhas numa vagem“, os cometas podem ser desacelerados eficazmente.

Estes planetas frequentemente orbitam estrelas menores do que o nosso Sol e têm órbitas ressonantes, levando a interacções gravitacionais complexas. Tais interacções podem redireccionar cometas de uma órbita para outra, desacelerando-os o suficiente para permitir um impacto suave que preserve o seu carregamento molecular, explica o IFLScience.

“Nestes sistemas compactados, cada planeta tem a oportunidade de interagir e capturar um cometa. É possível que este mecanismo seja a forma como as moléculas prebióticas acabam nos planetas”, explica o primeiro autor Richard Anslow, do Instituto de Astronomia da Universidade de Cambridge, num comunicado.

O estudo não afirma conclusivamente que os cometas entregaram estas moléculas formadoras de vida, nem é a única maneira de desacelerar cometas (gigantes gasosos num sistema solar também podem alterar trajectórias de cometas).

Os autores estavam particularmente interessados em como moléculas específicas se poderiam ter espalhado num sistema multi-planetário com vários planetas na zona habitável.

À medida que aprendemos mais sobre as atmosferas de exoplanetas através de observações por telescópios como o Telescópio Espacial James Webb (JWST), é possível que sejam detectados sinais de moléculas complexas entregues por cometas. Esta pesquisa sugere que certos sistemas estelares podem ser mais propícios a este processo do que outros.

ZAP //
17 Novembro, 2023


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published in: 3 semanas ago

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