342: Abracadabra: a Betelgeuse vai desaparecer temporariamente (e há um “mágico” responsável)

 

CIÊNCIA // ASTRONOMIA // BETELGEUSE

Entre o dia 11 e 12 de Dezembro, a super-gigante vermelha vai desaparecer. Portugal encontra-se na área onde será possível observar a sua passagem.

ALMA (ESO/NAOJ/ NRAO) / E. O’Gorman / P. Kervella

A estrela Betelgeuse, situada na constelação de Órion, o Caçador, irá desaparecer temporariamente devido à passagem do asteroide 319 Leona.

O fenómeno ocorrerá entre os dias 11 e 12 de Dezembro, sendo visível para observadores numa faixa estreita que se estende da Ásia Central e sudeste da Europa até à Florida e México.

Betelgeuse é a estrela avermelhada no “ombro” do Caçador. A sua luz será bloqueada por alguns segundos pelo asteroide. Portugal encontra-se na área onde será possível observar a sua passagem, mas a equipa do projecto Virtual Telescope criou a simulação abaixo para dar oportunidade, aos mais azarados, de acompanhar o evento.

Além de fascinante, o fenómeno representa uma excelente oportunidade para astrónomos estudarem a estrela e o asteroide. Ao recolher dados precisos da duração da ocultação (ou seja, o período em que a estrela estará coberta pelo asteroide), a equipa poderá determinar o tamanho e forma da rocha espacial.

À medida que o asteróide se move, passará por grandes células de convecção — responsáveis pelo aumento e diminuição do brilho na estrela.

“Podemos até obter informações sobre a distribuição destas células e ver se elas podem explicar a perda de massa na Betelgeuse, observada em grandes telescópios”, explicou o astrónomo Miguel Montargès, do Observatório de Paris.

Durante o Simpósio Europeu para Projectos de Ocultação (ESOP), astrónomos amadores e profissionais discutiram formas de observar o evento.

O astrónomo Bernd Gährken sugeriu o uso de câmaras DSLR no modo vídeo, capazes de registar a diminuição do brilho da estrela. Outra possibilidade é o uso de filtros para observar as variações de diâmetro dela em diferentes comprimentos de onda.

A estrela Betelgeuse

Também conhecida como Alpha Orionis, Betelgeuse é uma super-gigante vermelha localizada a 640 anos-luz da Terra, na constelação de Órion.

Pertence às estrelas da classe M, constituída principalmente por anãs vermelhas e de brilho ténue. Betelgeuse tem entre 8 e 8,5 milhões de anos, sendo assim uma estrela relativamente jovem.

Contudo, a super-gigante já esgotou quase todo o hidrogénio no seu núcleo, elemento essencial para a fusão nuclear que sustenta a sua estrutura. Sem ele, está a fundir hélio em carbono e oxigénio. Quando terminar a fusão nuclear, Betelgeuse colapsará sobre si mesma até explodir em super-nova.

Nos últimos anos, o seu brilho variou em ciclos de 400 dias. Em 2019, perdeu brilho, intrigando os astrónomos que suspeitavam que poderia estar prestes a explodir. Contudo, um estudo publicado em 2021 revelou que o escurecimento foi causado por uma nuvem de plasma libertada pela estrela.

É bom que Betelgeuse expluda em breve”, brincou Sanjana Curtis, astrofísica da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos. “Ou eu própria faço-a explodir.”

Sempre que algo acontece com Betelgeuse, proliferam as especulações sobre ela explodir como uma super-nova.

Em Junho, a estrela super-gigante vermelha brilhou mais quase 50%, e isso fez com que as especulações aumentassem novamente. Novas pesquisas mostram que ela pode explodir como uma super-nova mais cedo do que se esperava.

ZAP // CanalTech
30 Novembro, 2023


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Astrofísicos descobrem seis planetas próximos da Terra a “dançarem uma valsa”

 

⚗️ CIÊNCIA // 📡ASTROFÍSICA // 🌌UNIVERSO

Os autores da investigação dizem que este raro sistema planetário pode dar novas pistas sobre a formação e evolução dos planetas.

© ROGER THIBAUT/NCCR PLANETS

Astrofísicos descobriram um sistema planetário “próximo” da Terra formado por seis planetas que orbitam a sua estrela em sincronia, como se dançassem uma valsa, divulgou esta quarta-feira a revista científica Nature.

Os seis planetas, que provavelmente têm realizado esta mesma “dança rítmica” desde que o sistema planetário se formou há milhares de milhões de anos, orbitam a estrela HD110067, situada a cerca de 100 anos-luz da Terra, na constelação da Cabeleira de Berenice.

Segundo os autores da investigação, liderada pelo astrofísico espanhol Rafael Luque, da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, este raro sistema planetário pode dar novas pistas sobre a formação e evolução dos planetas.

“Esta descoberta vai tornar-se uma referência para estudar como os sub-Neptunos, o tipo mais comum de planetas fora do Sistema Solar, se formaram, evoluíram, de que são feitos e se possuem as condições certas para suportar água líquida nas suas superfícies”, sustentou Rafael Luque, citado em comunicado pela Universidade de Chicago.

As observações dos seis planetas foram feitas com o telescópio espacial norte-americano TESS e a leitura de dados combinada com a informação recolhida pelo telescópio espacial europeu CHEOPS.

Os planetas extra-solares em questão estão em ressonância orbital, que ocorre quando dois ou mais corpos celestes em órbita exercem influência gravitacional um sobre o outro.

No caso, o planeta mais próximo da estrela HD110067 completa três órbitas por cada duas feitas pelo planeta seguinte, um padrão que se repete entre os quatro planetas mais próximos da estrela.

Entre os planetas mais distantes da estrela HD110067 repete-se duas vezes um padrão de quatro órbitas por cada três feitas pelo planeta seguinte.

“Pensamos que apenas cerca de um por cento de todos os sistemas [planetários] permanecem em ressonância, e menos ainda mostram uma cadeia de planetas nesta configuração”, assinalou o astrofísico Rafael Luque, acrescentando que “a configuração original” do sistema HD110067 “sobreviveu intocada”.

DN // LUSA
29 Novembro 2023 — 16:45


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329: Astrónomos descobrem pela primeira vez um disco em torno de uma estrela doutra galáxia

 

CIÊNCIA // ASTRONOMIA // ESTRELAS

Numa descoberta notável, os astrónomos encontraram um disco em torno de uma estrela jovem na Grande Nuvem de Magalhães, uma galáxia vizinha da nossa.

Trata-se da primeira vez que um disco deste tipo, idêntico aos que formam planetas na nossa Via Láctea, é encontrado fora da nossa Galáxia. As novas observações revelam uma estrela jovem de grande massa a crescer e a acumular matéria do meio que a envolve, dando assim origem a um disco em rotação. Esta detecção foi feita com o auxílio do Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA) no Chile, do qual o Observatório Europeu do Sul (ESO) é um parceiro.

Quando vi pela primeira vez evidências de uma estrutura rotativa nos dados do ALMA, nem queria acreditar que tínhamos detectado o primeiro disco de acreção extra-galáctico, foi mesmo um momento especial“, disse Anna McLeod, professora associada da Universidade de Durham, no Reino Unido, e autora principal do estudo publicado hoje na revista Nature.

Sabemos que os discos são vitais para a formação de estrelas e planetas na nossa Galáxia e, pela primeira vez, temos agora provas directas da ocorrência do mesmo fenómeno noutra galáxia.

Este estudo surge na seguimento de observações com o instrumento MUSE (Multi Unit Spectroscopic Explorer) do Very Large Telescope (VLT) do ESO, que detectou um jato lançado por uma estrela em formação — o sistema foi designado HH 1177 — no interior de uma nuvem de gás na Grande Nuvem de Magalhães.

Descobrimos um jacto a ser lançado por esta estrela jovem de grande massa, o que é um sinal da existência de um disco de acreção em formação“, explicou McLeod. No entanto, para ter a prova irrefutável de que este disco estava de facto presente, a equipa teve que medir o movimento do gás denso em torno da estrela.

Quando a matéria é atraída por uma estrela em crescimento, não cai directamente sobre ela; em vez disso, achata-se num disco que gira em torno da estrela. Mais perto do centro, o disco roda mais depressa, e esta diferença de velocidade é a pista que assinala aos astrónomos a existência de um disco de acreção.

A frequência da radiação varia consoante a velocidade a que o gás que emite essa radiação se move em direcção a nós ou na direcção oposta“, explica Jonathan Henshaw, investigador da Universidade John Moores de Liverpool, no Reino Unido, e co-autor deste estudo.

Trata-se exactamente do mesmo fenómeno que ocorre quando o tom da sirene de uma ambulância muda ao passar por nós e a frequência do som muda de mais alta para mais baixa.

As medições de frequência detalhadas de que o ALMA é capaz permitiram aos autores distinguir a rotação característica de um disco, confirmando a primeira detecção de um disco em torno de uma estrela extra-galáctica jovem.

As estrelas de grande massa, como a que foi aqui observada, formam-se muito mais rapidamente e têm vidas muito mais curtas do que as estrelas de pequena massa, como é o caso do nosso Sol.

Na nossa Galáxia, estas estrelas massivas são notoriamente difíceis de observar, estando frequentemente obscurecidas pelo material poeirento a partir do qual se formaram na altura em que um disco se está a formar à sua volta.

No entanto, na Grande Nuvem de Magalhães, uma galáxia situada a 160 000 anos-luz de distância da Terra, o material a partir do qual se estão a formar novas estrelas é fundamentalmente diferente do da Via Láctea.

Graças à  menor quantidade de poeira aí presente, a HH 1177 já não está envolvida no seu casulo natal, oferecendo, por isso, aos astrónomos uma visão desobstruída, ainda que distante, da formação de estrelas e planetas.

Estamos numa era de rápidos avanços tecnológicos no que concerne as instalações astronómicas“, conclui McLeod. “Ser capaz de estudar como é que as estrelas se formam a distâncias tão incríveis e numa galáxia diferente é realmente muito entusiasmante.

Informações adicionais

Este trabalho de investigação foi descrito num artigo científico intitulado “A likely Keplerian disk feeding an optically revealed massive young star” publicado na revista Nature (doi: 10.1038/s41586-023-06790-2). O disco foi descoberto numa região da Grande Nuvem de Magalhães denominada LHA 120-N 180B, a qual foi alvo de uma nota de imprensa anterior do ESO intitulada “Bolhas de estrelas recém nascidas”.

A equipa é composta por: A. F. McLeod (Centre for Extragalactic Astronomy, Department of Physics, Durham University, Reino Unido; Institute for Computational Cosmology, Department of Physics, University of Durham, Reino Unido), P. D. Klaassen (UK Astronomy Technology Centre, Royal Observatory Edinburgh, Reino Unido), M. Reiter (Department of Physics and Astronomy, Rice University, EUA), J. Henshaw (Astrophysics Research Institute, Liverpool John Moores University, Reino Unido; Instituto Max Planck de Astronomia, Alemanha), R. Kuiper (Faculdade de Física, Universidade de Duisburg-Essen, Alemanha) e A. Ginsburg (Department of Astronomy, University of Florida, EUA).

O Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA), uma infraestrutura astronómica internacional, surge no âmbito de uma parceria entre o ESO, a Fundação Nacional de Ciências dos Estados Unidos (NSF) e os Institutos Nacionais de Ciências da Natureza (NINS) do Japão, em cooperação com a República do Chile. O ALMA é financiado pelo ESO em prol dos seus Estados Membros, pela NSF em cooperação com o Conselho de Investigação Nacional do Canadá (NRC) e o Conselho Nacional de Cragiência e Tecnologia da Taiwan e pelo NINS em cooperação com a Academia Sinica (AS) da Taiwan e o Instituto de Astronomia e Ciências do Espaço da Coreia (KASI). A construção e operação do ALMA é coordenada pelo ESO, em prol dos seus Estados Membros; pelo Observatório Nacional de Rádio Astronomia dos Estados Unidos (NRAO), que é gerido pela Associação de Universidades, Inc. (AUI), em prol da América do Norte; e pelo Observatório Astronómico Nacional do Japão (NAOJ), em prol do Leste Asiático. O Observatório Conjunto ALMA (JAO) fornece uma liderança e gestão unificadas na construção, comissionamento e operação do ALMA.

O Observatório Europeu do Sul (ESO) ajuda cientistas de todo o mundo a descobrir os segredos do Universo, o que, consequentemente, beneficia toda a sociedade. No ESO concebemos, construimos e operamos observatórios terrestres de vanguarda — os quais são usados pelos astrónomos para investigar as maiores questões astronómicas da nossa época e levar ao público o fascínio da astronomia — e promovemos colaborações internacionais em astronomia. Estabelecido como uma organização intergovernamental em 1962, o ESO é hoje apoiado por 16 Estados Membros (Alemanha, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Irlanda, Itália, Países Baixos, Polónia, Portugal, Reino Unido, República Checa, Suécia e Suíça), para além do Chile, o país de acolhimento, e da Austrália como Parceiro Estratégico. A Sede do ESO e o seu centro de visitantes e planetário, o Supernova do ESO, situam-se perto de Munique, na Alemanha, enquanto o deserto chileno do Atacama, um lugar extraordinário com condições únicas para a observação dos céus, acolhe os nossos telescópios. O ESO mantém em funcionamento três observatórios: La Silla, Paranal e Chajnantor. No Paranal, o ESO opera o Very Large Telescope e o Interferómetro do Very Large Telescope, assim como telescópios de rastreio, tal como o VISTA. Ainda no Paranal, o ESO acolherá e operará o Cherenkov Telescope Array South, o maior e mais sensível observatório de raios gama do mundo. Juntamente com parceiros internacionais, o ESO opera o APEX e o ALMA no Chajnantor, duas infraestruturas que observam o céu no domínio do milímetro e do submilímetro. No Cerro Armazones, próximo do Paranal, estamos a construir “o maior olho do mundo voltado para o céu” — o Extremely Large Telescope do ESO. Dos nossos gabinetes em Santiago do Chile, apoiamos as nossas operações no país e trabalhamos com parceiros chilenos e com a sociedade chilena.

 ESO – European South Observatory
Nota de Imprensa
29 de Novembro de 2023


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308: Uma visão radicalmente nova das galáxias anãs que rodeiam a Via Láctea

 

CIÊNCIA // ASTRONOMIA // UNIVERSO // VIA LÁCTEA

Embora se pense que são, há muito tempo, satélites da nossa Galáxia, um novo estudo revela agora indícios de que a maioria dessas galáxias anãs pode, de facto, ser destruída pouco depois da sua entrada no halo Galáctico. Graças ao mais recente catálogo do satélite Gaia da ESA, uma equipa internacional demonstrou agora que as galáxias anãs podem estar fora de equilíbrio.

O estudo levanta questões importantes sobre o modelo cosmológico padrão, nomeadamente sobre a prevalência da matéria escura no nosso ambiente mais próximo. Há muito que se supõe que as galáxias anãs em torno da Via Láctea são satélites antigos que orbitam a nossa Galáxia há cerca de 10 mil milhões de anos.

Isto obriga-as a conter enormes quantidades de matéria escura para as proteger dos enormes efeitos de maré da atracção gravitacional da nossa Galáxia.

Partiu-se do princípio que a matéria escura causava as grandes diferenças observadas nas velocidades das estrelas dentro destas galáxias anãs.

As galáxias anãs em torno da Via Láctea.
Crédito: ESA/Gaia/DPAC

Os últimos dados Gaia revelaram agora uma visão completamente diferente das propriedades das galáxias anãs. Astrónomos do Observatório de Paris, do CNRS (Centre national de la recherche scientifique) e do Instituto Leibniz de Astrofísica de Potsdam conseguiram datar a história da Via Láctea, graças à relação que liga a energia orbital de um objecto à sua época de entrada no halo, o momento em que foram capturados pela primeira vez pelo campo gravitacional da Via Láctea: os objectos que chegaram mais cedo, quando a Via Láctea era menos massiva, têm energias orbitais mais baixas do que os que chegaram mais recentemente.

As energias orbitais da maioria das galáxias anãs são, surpreendentemente, substancialmente maiores do que a da galáxia anã Sagitário que entrou no halo há 5 a 6 mil milhões de anos. Isto implica que a maioria das galáxias anãs chegou muito mais recentemente, há menos de três mil milhões de anos.

Uma chegada tão recente implica que as anãs próximas vêm de fora do halo, onde se observa que quase todas as galáxias anãs contêm enormes reservatórios de gás neutro.

As galáxias ricas em gás perderam o seu gás quando colidiram com o gás quente do halo Galáctico. A violência dos choques e da turbulência neste processo alterou completamente as galáxias anãs.

Enquanto as galáxias anãs anteriormente ricas em gás eram dominadas pela rotação do gás e das estrelas, quando se transformam em sistemas sem gás a sua gravidade passa a ser equilibrada pelos movimentos aleatórios das estrelas que restam.

As galáxias anãs perdem o seu gás num processo tão violento que as coloca fora de equilíbrio, o que significa que a velocidade a que as suas estrelas se movem já não está em equilíbrio com a sua aceleração gravitacional.

Os efeitos combinados da perda de gás e dos choques gravitacionais devido ao mergulho na Galáxia explicam bem a grande dispersão de velocidades das estrelas no interior da galáxia anã remanescente.

Uma das curiosidades deste estudo é o papel da matéria escura. Em primeiro lugar, a ausência de um equilíbrio impede qualquer estimativa da massa dinâmica das galáxias anãs da Via Láctea e do seu conteúdo de matéria escura.

Em segundo lugar, enquanto no cenário anterior a matéria escura protegia a suposta estabilidade das galáxias anãs, o invocar da matéria escura torna-se bastante estranho para objectos fora de equilíbrio.

De facto, se a anã já contivesse muita matéria escura, esta teria estabilizado o seu disco inicial de estrelas em rotação, impedindo a transformação da anã numa galáxia com movimentos estelares aleatórios, como observado.

A descrição da recente chegada de galáxias anãs e das suas transformações no halo explica bem muitas das propriedades observadas destes objectos, em particular a razão pela qual têm estrelas a grandes distâncias do seu centro.

As suas propriedades parecem compatíveis com a ausência de matéria escura, contrariamente à ideia anterior de que as galáxias anãs são os objectos mais dominados pela matéria escura.

Surgem agora muitas questões, tais como: onde estão as muitas galáxias anãs dominadas por matéria escura que o modo cosmológico padrão espera em torno da Via Láctea?

Como podemos inferir o conteúdo de matéria escura de uma galáxia anã se não se pode assumir o equilíbrio? Que outras observações poderiam distinguir entre as galáxias anãs fora de equilíbrio propostas e o quadro clássico com anãs dominadas por matéria escura?

// Instituto Leibniz de Astrofísica de Potsdam (comunicado de imprensa)
// Observatório de Paris (comunicado de imprensa)
// Artigo científico (Monthly Notices of the Royal Astronomical Society)
// Artigo científico (arXiv.org)

CCVALG
28 de Novembro de 2023


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307: As galáxias anãs utilizam um período calmo de 10 milhões de anos para formar estrelas

 

CIÊNCIA // ASTRONOMIA // UNIVERSO // GALÁXIAS

Se olharmos para as galáxias massivas repletas de estrelas, podemos pensar que são fábricas de estrelas, produzindo bolas brilhantes de gás. Mas, na verdade, as galáxias anãs menos evoluídas têm regiões maiores de fábricas de estrelas, com taxas mais elevadas de formação estelar.

A astrónoma Sally Oey, da Universidade do Michigan, estudou uma região de formação estelar na galáxia NGC 2366, que é uma típica galáxia irregular anã.
Crédito: Observatório de Calar Alto, J. van Eymeren (AIRUB, ATNF) e Á.R. López-Sánchez (CSIRO/ATNF)

Agora, investigadores da Universidade do Michigan descobriram a razão subjacente a este facto: estas galáxias gozam de um atraso de 10 milhões de anos na expulsão do gás que “atulha” o seu ambiente. As regiões de formação estelar conseguem manter o seu gás e poeira, permitindo que mais estrelas coalesçam e evoluam.

Nestas galáxias anãs relativamente pristinas, as estrelas massivas – estrelas com cerca de 20 a 200 vezes a massa do nosso Sol – colapsam em buracos negros em vez de explodirem como super-novas.

Mas em galáxias mais evoluídas e poluídas, como a nossa Via Láctea, é mais provável que expludam, gerando assim um super-vento colectivo. O gás e a poeira são expulsos da Galáxia e a formação estelar pára rapidamente.

As suas descobertas foram publicadas na revista The Astrophysical Journal.

“Quando as estrelas se tornam super-novas, poluem o seu ambiente produzindo e libertando metais”, disse Michelle Jecmen, primeira autora do estudo e investigadora universitária.

“Argumentamos que em ambientes galácticos com baixa metalicidade – relativamente não poluídos – há um atraso de 10 milhões de anos no início de fortes super-ventos, o que, por sua vez, resulta numa maior formação estelar.”

Os investigadores da Universidade do Michigan apontam para o que se chama o diapasão de Hubble, um diagrama que representa a forma como o astrónomo Edwin Hubble classificou as galáxias.

Na pega do diapasão estão as maiores galáxias. Enormes, redondas e repletas de estrelas, estas galáxias já transformaram todo o seu gás em estrelas.

Ao longo dos dentes do diapasão estão as galáxias espirais que têm gás e regiões de formação estelar ao longo dos seus braços compactos. Na extremidade do diapasão estão as galáxias mais pequenas e menos evoluídas.

“Mas estas galáxias anãs têm regiões de formação estelar realmente peculiares”, disse Sally Oey, astrónoma da Universidade do Michigan, autora principal do estudo.

“Tem havido algumas ideias sobre o porquê disso, mas a descoberta de Michelle fornece uma explicação muito boa: estas galáxias têm dificuldade em parar a sua formação estelar porque não expulsam o seu gás”.

Além disso, este período de 10 milhões de anos de silêncio oferece aos astrónomos a oportunidade de observar cenários semelhantes ao alvorecer cósmico, um período de tempo logo após o Big Bang, disse Jecmen. Nas galáxias anãs, o gás aglomera-se e forma espaços através dos quais a radiação pode escapar.

Este fenómeno anteriormente conhecido é designado por modelo da “cerca de estacas”, com a radiação UV a escapar entre as lacunas da cerca. O atraso explica porque é que o gás teria tido tempo para se aglomerar.

A radiação ultravioleta é importante porque ioniza o hidrogénio – um processo que também ocorreu logo após o Big Bang, fazendo com que o Universo passasse de opaco a transparente.

“Assim, olhar para as galáxias anãs de baixa metalicidade com muita radiação UV é um pouco semelhante a olhar para trás, para o alvorecer cósmico”, disse Jecmen. “Compreender o período perto do Big Bang é muito interessante.

É fundamental para o nosso conhecimento. É algo que aconteceu há tanto tempo – é tão fascinante que podemos ver situações semelhantes nas galáxias que existem actualmente”.

Um segundo estudo, publicado na revista The Astrophysical Journal Letters e liderado por Oey, utilizou o Telescópio Espacial Hubble para observar Mrk 71, uma região numa galáxia anã próxima, a cerca de 10 milhões de anos-luz de distância.

Em Mrk 71, a equipa encontrou evidências observacionais do cenário de Jecmen. Usando uma nova técnica com o Telescópio Espacial Hubble, a equipa utilizou um conjunto de filtros que analisa a luz do carbono triplamente ionizado.

Em galáxias mais evoluídas, com muitas explosões de super-nova, essas explosões aquecem o gás num enxame de estrelas a temperaturas muito elevadas – até milhões de graus Kelvin, disse Oey. À medida que este super-vento quente se expande, expulsa o resto do gás dos enxames estelares.

Mas em ambientes de baixa metalicidade como o de Mrk 71, onde as estrelas não estão a explodir, a energia dentro da região é irradiada. Não tem hipótese de formar um super-vento.

Os filtros da equipa captaram um brilho difuso do carbono ionizado em Mrk 71, demonstrando que a energia é irradiada para longe. Por conseguinte, não existe um super-vento quente, permitindo que o gás denso permaneça em todo o ambiente.

Oey e Jecmen dizem que há muitas implicações para o seu trabalho.

“As nossas descobertas podem também ser importantes para explicar as propriedades das galáxias que estão a ser observadas no alvorecer cósmico pelo Telescópio Espacial James Webb neste momento”, disse Oey. “Penso que ainda estamos no processo de compreender as consequências”.

// Universidade do Michigan (comunicado de imprensa)
// Artigo científico #1 (The Astrophysical Journal)
// Artigo científico #1 (arXiv.org)
// Artigo científico #2 (The Astrophyical Journal Letters)
// Artigo científico #2 (arXiv.org)

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28 de Novembro de 2023


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306: Novos conhecimentos sobre a evolução estelar

 

CIÊNCIA // FÍSICA // ASTRONOMIA // EVOLUÇÃO ESTELAR

Uma nova descoberta pioneira poderá transformar a forma como os astrónomos compreendem algumas das maiores e mais comuns estrelas do Universo.

Impressão de artista de uma estrela “vampira” (esquerda) que rouba material da sua “vítima”.
Crédito: ESO/M. Kornmesser/S.E. de Mink

A investigação levada a cabo pelo estudante de doutoramento Jonathan Dodd e pelo Professor René Oudmaijer, da Escola de Física e Astronomia da Universidade de Leeds, aponta para novas e intrigantes evidências de que as estrelas massivas Be – que até agora se pensava existirem principalmente em sistemas duplos – podem de facto ser “triplas”.

A notável descoberta poderá revolucionar a nossa compreensão destes objectos – um subconjunto das estrelas B – que são considerados um importante “banco de ensaio” para o desenvolvimento de teorias sobre a evolução das estrelas em geral.

Estas estrelas Be estão rodeadas por um disco característico feito de gás – semelhante aos anéis de Saturno no nosso próprio Sistema Solar. E embora as estrelas Be sejam conhecidas há já cerca de 150 anos – tendo sido identificadas pela primeira vez pelo famoso astrónomo italiano Angelo Secchi em 1866 – até agora, ninguém sabia como se formavam.

Até à data, o consenso entre os astrónomos diz que os discos são formados pela rápida rotação das estrelas Be, que pode ser provocada pela interacção das estrelas com a outra estrela no sistema binário.

Sistemas triplos

Dodd, autor correspondente da investigação, disse: “O melhor ponto de referência para isso é ver a ‘Guerra das Estrelas’, onde há planetas com dois sóis”.

Mas agora, ao analisar os dados do satélite Gaia da ESA, os cientistas dizem ter encontrado evidências de que estas estrelas existem de facto em sistemas triplos – com três corpos a interagir em vez de apenas dois.

Dodd acrescentou: “Observámos a forma como as estrelas se movem no céu nocturno, em períodos mais longos, como 10 anos, e períodos mais curtos, de cerca de seis meses.

Se uma estrela se move em linha recta, sabemos que há apenas uma estrela, mas se houver mais do que uma, veremos uma ligeira oscilação ou, no melhor dos casos, uma espiral.

“Aplicámos isto aos dois grupos de estrelas que estamos a analisar – as estrelas B e as estrelas Be – e o que descobrimos, de forma confusa, é que, à primeira vista, parece que as estrelas Be têm uma taxa mais baixa de companheiras do que as estrelas B. Isto é interessante porque esperávamos que as estrelas Be tivessem uma taxa mais elevada”.

No entanto, o investigador principal, prof. Oudmaijer, disse: “O facto de não as vermos pode dever-se ao facto de serem agora demasiado ténues para serem detectadas”.

Impressão de artista composta por uma estrela com um disco à sua volta (uma estrela “vampira” Be; primeiro plano) e a sua estrela companheira que foi despojada das suas camadas exteriores (fundo).
Crédito: ESO/L. Calçada

Transferência de massa

Os investigadores analisaram depois um conjunto diferente de dados, procurando estrelas companheiras mais distantes, e descobriram que, a estas separações maiores, a taxa de estrelas companheiras é muito semelhante entre as estrelas B e Be.

A partir daí, puderam inferir que, em muitos casos, uma terceira estrela está em jogo, forçando a companheira a aproximar-se da estrela Be – suficientemente perto para que a massa possa ser transferida de uma para a outra e assim possa formar o disco característico da estrela Be.

Isto também pode explicar porque é que já não vemos estas companheiras; tornaram-se demasiado pequenas e ténues para serem detectadas depois da estrela Be “vampira” ter sugado tanta da sua massa.

A descoberta poderá ter um enorme impacto noutras áreas da astronomia – incluindo a nossa compreensão dos buracos negros, das estrelas de neutrões e das fontes de ondas gravitacionais.

O professor Oudmaijer afirmou: “Está a decorrer uma revolução na física em torno das ondas gravitacionais. Só há alguns anos é que começámos a observar estas ondas gravitacionais, que se descobriu serem devidas à fusão de buracos negros.

“Sabemos que estes objectos enigmáticos – buracos negros e estrelas de neutrões – existem, mas não sabemos muito sobre as estrelas que se transformam neles. As nossas descobertas fornecem uma pista para compreender estas fontes de ondas gravitacionais”.

E acrescentou: “Durante a última década, os astrónomos descobriram que a binariedade é um elemento incrivelmente importante na evolução estelar. Estamos agora a avançar mais para a ideia de que é ainda mais complexo do que isso e que as estrelas triplas devem ser consideradas.”

“De facto”, disse Oudmaijer, “as triplas tornaram-se as novas binárias”.

// Universidade de Leeds (comunicado de imprensa)
// Artigo científico (Monthly Notices of the Royal Astronomical Society)
// Artigo científico (arXiv.org)

CCVALG
28 de Novembro de 2023


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304: Pode haver vida debaixo dos glaciares de sal de Mercúrio

 

CIÊNCIA // MERCÚRIO // GLACIARES

Mercúrio, com as suas temperaturas superficiais escaldantes que atingem os 425 graus Celsius, foi durante muito tempo considerado um planeta inóspito.

JHU APL / Carnegie Institution of Washington / NASA
Messenger, a sonda lançada pela NASA há 6 anos e meio para explorar Mercúrio

No entanto, uma investigação recente do Planetary Science Institute (PSI), no Arizona, descobriu provas intrigantes que sugerem que pode haver vida sob a superfície do planeta, particularmente em regiões com glaciares de sal.

Os cientistas do PSI examinaram dados da sonda Messenger de Mercúrio da NASA, que surpreendentemente revelaram a presença de compostos voláteis, incluindo sódio, potássio, enxofre e cloro.

Estes compostos, que inicialmente se pensava terem sido eliminados devido à proximidade do planeta ao Sol e à ausência de uma atmosfera substancial, despertaram um interesse renovado na potencial habitabilidade de Mercúrio.

O foco do estudo centrou-se em duas áreas distintas de Mercúrio: a cratera de impacto Raditladi e a região do Caos Borealis, perto do pólo norte. Os investigadores descobriram que as formações subterrâneas semelhantes a glaciares, que albergam quantidades substanciais de compostos voláteis, ficam expostas quando o impacto de um asteroide perturba a superfície do planeta.

No passado antigo de Mercúrio, explica o Futurism, a actividade vulcânica libertou vapores de água contendo sódio, que se condensaram em poças de água temporárias.

O calor intenso do Sol evaporaria subsequentemente a água, deixando para trás camadas de sódio. Ao longo de milhares de milhões de anos, estas camadas podem ter-se acumulado, formando os glaciares de sal observados actualmente.

O paralelo estabelecido entre os potenciais habitats sub-superficiais de Mercúrio e os ambientes extremos da Terra, como o árido deserto do Atacama, no Chile, desperta a curiosidade sobre a possibilidade de existir vida microbiana nestas condições adversas.

No nosso planeta, compostos salinos específicos criam nichos habitáveis nalguns dos ambientes mais difíceis, levantando a possibilidade de que adaptações semelhantes possam ocorrer em Mercúrio.

ZAP //
28 Novembro, 2023


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“Muito, muito, muito excitante”: cientistas dizem que encontraram restos de Theia, que colidiu com a Terra para formar a Lua

 

CIÊNCIA // UNIVERSO // THEIA

Os cientistas dizem ter finalmente encontrado restos de Theia, um antigo planeta que colidiu com a Terra para formar a Lua

Planeta que chocou com a Terra © TVI Notícias

Os cientistas concordam que um antigo planeta terá colidido com a Terra quando esta se estava a formar há milhares de milhões de anos, lançando detritos que se aglutinaram na Lua que hoje decora o nosso céu nocturno.

A teoria, designada “hipótese do impacto gigante”, explica muitas características fundamentais da Lua e da Terra.

Mas um mistério gritante no centro desta hipótese tem-se mantido: o que é que aconteceu a Theia? Provas directas da sua existência têm permanecido ilusórias.

Não foram encontrados quaisquer fragmentos do planeta no sistema solar. E muitos cientistas assumiram que quaisquer detritos que Theia deixou na Terra foram misturados no caldeirão ardente do interior do nosso planeta.

Uma nova teoria, no entanto, sugere que os restos do antigo planeta permanecem parcialmente intactos, enterrados debaixo dos nossos pés.

Lajes derretidas de Theia podem ter-se incrustado no manto terrestre após o impacto, antes de se solidificarem, deixando porções do material do antigo planeta repousando sobre o núcleo da Terra, cerca de 2.900 quilómetros abaixo da superfície, de acordo com um estudo publicado na na revista Nature.

Uma ideia nova e arrojada

Se a teoria estiver correcta, não só fornecerá pormenores adicionais para completar a hipótese do impacto gigante, como também responderá a uma questão persistente para os geofísicos.

Os geofísicos já sabiam que existem duas bolhas maciças e distintas que se encontram incrustadas nas profundezas da Terra. As massas – designadas ‘grandes províncias de baixa velocidade’, ou LLVP (na sigla em Inglês) – foram detectadas pela primeira vez na década de 1980. Uma encontra-se por baixo de África e a outra por baixo do Oceano Pacífico.

Estas bolhas têm milhares de quilómetros de largura e são provavelmente mais densas em ferro do que o manto circundante, o que as faz sobressair quando medidas por ondas sísmicas. Mas a origem das bolhas – cada uma delas maior do que a Lua – continua a ser um mistério para os cientistas.

Mas para Qian Yuan, geofísico e pós-doutorado no Instituto de Tecnologia da Califórnia e principal autor do novo estudo, a  forma como via as LLVP mudou para sempre quando participou num seminário de 2019 na Universidade Estadual do Arizona, sua alma mater.

Foi nessa altura que aprendeu novos detalhes sobre Theia, o misterioso projéctil que presumivelmente atingiu a Terra bilhões de anos antes.

E, como geofísico de formação, conhecia as misteriosas bolhas escondidas no manto da Terra.

Yuan teve um momento eureka – diz o próprio.

Começou imediatamente a consultar estudos científicos, procurando saber se mais alguém tinha proposto que as LLVP podiam ser fragmentos de Theia. Mas ninguém o tinha feito.

Yuan diz que só falou sobre a sua teoria ao seu conselheiro.

“Tinha medo de falar com outras pessoas porque receava que pensassem que eu era demasiado louco.”

Investigação interdisciplinar

Yuan propôs a sua ideia pela primeira vez num artigo que apresentou em 2021. Foi rejeitado três vezes. Os revisores disseram que não havia modelagem suficiente do impacto gigante.

Foi então que se deparou com cientistas que fizeram exactamente o tipo de investigação de que Yuan precisava.

O trabalho deles, que atribuiu um certo tamanho a Theia e uma certa velocidade de impacto na modelagem, sugeriu que a colisão do antigo planeta provavelmente não derreteu totalmente o manto da Terra, permitindo que os restos de Theia esfriassem e formassem estruturas sólidas em vez de se misturarem no ensopado interno da Terra.

Esta representação mostra Theia a colidir com a Terra primitiva. A combinação de simulações de impacto gigante de alta resolução e de convecção do manto, cálculos de física mineral e imagens sísmicas sugere que a metade inferior do manto da Terra permaneceu praticamente sólida após este impacto e que partes do manto rico em ferro de Theia se afundaram e acumularam no topo do núcleo da Terra há cerca de 4,5 mil milhões de anos, sobrevivendo aí ao longo da história da Terra © Fornecido por TVI Notícias

“O manto da Terra é rochoso, mas não é como uma rocha sólida”, diz Steve Desch, co-autor do estudo e professor de astrofísica na Escola de Exploração da Terra e do Espaço do Estado do Arizona. “É este magma de alta pressão que é um pouco pegajoso e tem a viscosidade da manteiga de amendoim – e está basicamente sentado num fogão muito quente.”

Nesse ambiente, se o material que compõe as LLVP fosse demasiado denso, não seria capaz de se amontoar nas formações irregulares em que aparece, diz Desch. E se a sua densidade fosse suficientemente baixa, misturar-se-ia simplesmente com o manto em agitação.

A questão era esta: qual seria a densidade do material deixado para trás por Theia? E podia coincidir com a densidade das LLVP?

(Desch tinha escrito o seu próprio artigo em 2019 que procurava descrever a densidade do material que Theia teria deixado para trás.)

Os investigadores buscaram modelagem de alta definição com 100 a 1.000 vezes mais resolução do que suas tentativas anteriores, diz Yuan. Os cálculos se alinharam: se Theia tivesse um determinado tamanho e consistência e atingisse a Terra a uma velocidade específica, os modelos mostravam que podia, de facto, deixar para trás enormes pedaços das suas entranhas no manto da Terra e também gerar os detritos que iriam criar a nossa Lua.

“Isso foi muito, muito, muito excitante”, diz Yuan. “Nunca tinha sido feito antes.”

Construir uma teoria

O estudo que Yuan publicou esta semana inclui co-autores de várias disciplinas em várias instituições, incluindo o Estado do Arizona, o Caltech, o Observatório Astronómico de Xangai e o Centro de Investigação Ames da NASA.

Quando lhe perguntaram se espera encontrar resistência ou controvérsia sobre um conceito tão inovador – que placas de material de um antigo planeta extraterrestre estejam escondidas nas profundezas da Terra -, Yuan respondeu: “Também quero sublinhar que se trata de uma ideia, de uma hipótese. Não há forma de provar que seja esse o caso. Convido outras pessoas a fazerem isto – esta investigação”.

Desch acrescenta que “este trabalho é convincente, é um caso muito forte”. Até parece “um pouco óbvio em retrospectiva”.

Seth Jacobson, professor assistente de ciência planetária na Universidade Estatal do Michigan, reconhece que a teoria pode, no entanto, não ser aceite em breve.

“Estas LLVP são elas próprios uma área de investigação muito activa”, afirma Jacobson, que não esteve envolvido no estudo. E as ferramentas utilizadas para as estudar estão em constante evolução.

A ideia de que Theia criou as LLVP é sem dúvida uma hipótese excitante e apelativa, acrescenta, mas não é a única que existe.

Uma outra teoria, por exemplo, postula que as LLVP são na realidade montes de crosta oceânica que se afundaram nas profundezas do manto ao longo de milhares de milhões de anos.

“Duvido que os defensores de outras hipóteses sobre a formação das LLVP as abandonem só porque esta apareceu”, acrescenta Jacobson. “Penso que vamos continuar a debater isto durante algum tempo.”

MSN Notícias
CNN
26.11.2023


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278: O céu nocturno de Marte é… verde

 

MARTE // CÉU NOCTURNO

A Agência Espacial Europeia (ESA) detectou que o céu de Marte produz um poderoso brilho verde que é capaz de iluminar perfeitamente a superfície marciana durante a noite.

ESA

Segundo o El Confidencial, esta foi a primeira vez que a ESA detectou este fenómeno inesperado no céu marciano.

Trata-se de um brilho nocturno que tinge o céu de verde e é suficientemente brilhante para iluminar os rovers e os futuros colonos enquanto exploram o Planeta Vermelho.

O fenómeno foi descoberto durante a missão ExoMars Trace Gas Orbiter (TGO) da ESA. E, de acordo com a Agência Espacial Europeia, ocorre quando dois átomos de oxigénio se combinam para formar uma molécula de oxigénio a uma distância de 50 km acima da superfície.

Estes átomos de oxigénio são formados quando a luz solar fornece energia às moléculas de dióxido de carbono. Depois, separam-se e só voltam a agrupar-se quando escurece e o Sol deixa de ter qualquer influência sobre elas.

Quando se juntam, emitem uma curiosa luz esverdeada.

Lauriane Soret, investigadora do Laboratório de Física Atmosférica e Planetária da Universidade de Liège, na Bélgica, explica que “esta emissão deve-se à recombinação de átomos de oxigénio criados na atmosfera de verão e transportados pelos ventos para as altas latitudes de inverno, a altitudes entre 40 e 60 km na atmosfera marciana”.

Por muito surpreendente que possa ser esta descoberta, os investigadores afirmam que os ajudará a compreender melhor a composição e a dinâmica da atmosfera, bem como dará informações sobre a densidade do oxigénio marciano e sobre a forma como a energia é depositada pela luz solar e pelo vento solar.

Jean-Claude Gérard, autor principal do novo estudo publicado e cientista planetário da Universidade de Liège, diz que “estas observações são inesperadas e interessantes para futuras viagens ao Planeta Vermelho”.

A determinação da densidade atmosférica, por exemplo, ajudará a compreender a resistência experimentada pelos para-quedas utilizados pelas sondas para aterrar na superfície marciana.

Cientistas criam robot capaz de produzir oxigénio em Marte

Cientistas chineses criaram um robot químico com capacidades de inteligência artificial.

Este robot inovador demonstrou a capacidade de analisar minerais marcianos, determinar os químicos necessários para a produção de oxigénio e realizar experiências de forma autónoma.

“Este robot pode produzir diferentes produtos químicos”, atirou o autor principal do estudo, Jun Jiang, citado pela Insider.

Jiang acredita que este avanço coloca a humanidade um passo mais perto de realizar o sonho de viver em Marte, prevendo também potenciais aplicações para a exploração lunar. O estudo foi recentemente publicado na revista científica Nature Synthesis.

 Teresa Oliveira Campos, ZAP //
26 Novembro, 2023


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277: O mistério do Roswell Soviético continua sem solução

 

🇷🇺☠️ MOSCÓVIA // 🌌 ESPAÇO // 🛸 ROSWELL SOVIÉTICO

A 29 de Janeiro de 1986, os residentes da pequena cidade mineira de Dalnegorsk, no sudeste da Rússia, testemunharam a queda de um estranho objecto esférico, que deslizou silenciosamente pelo céu a baixa velocidade antes de se despenhar contra uma montanha conhecida como Colina 611.

ZAP // Dalle-E-2

O objecto, descrito como uma esfera metálica que emitia um brilho laranja oscilante, caiu após realizar várias manobras a uma altitude de cerca de 800 metros e uma velocidade de aproximadamente 24 km/h.

Após a queda, o governo soviético isolou a área, e o Ministério da Defesa assumiu a investigação do evento.

Quase 40 anos depois, os materiais encontrados no local do acidente de Dalnegorsk continuam a ser irreplicáveis com a tecnologia actual da Terra, tornando o chamado “Roswell Soviético” um enigma duradouro.

Três dias após o incidente, uma equipa do Comité de Fenómenos Anómalos da Academia de Ciências liderada pelo astrofísico Valeri Dvuzhilni, chegou ao local para inspeccionar a zona de impacto.

O local do acidente mostrava sinais de combustão, e os investigadores descobriram fragmentos de sílex magnetizado e cerca de 300 gramas de materiais invulgares aderindo às rochas.

Segundo o El Confidencial, entre os destroços espalhados pelo local encontravam-se pequenas esferas sólidas e fragmentos ainda mais pequenos, dispersos como se tivessem sido pulverizados. Uma árvore perto do local tinha o topo queimado, exalando um forte odor químico.

Após uma análise extensiva por parte dos principais cientistas russos, os resultados apontaram para compostos metálicos contendo elementos de uma pureza extraordinária, diferentes de todos os encontrados na Terra.

Os investigadores também identificaram estruturas únicas de quartzo em forma de rede com fios muito finos e rasgados, com apenas 17 micrómetros, compostos por fibras de ouro ainda mais finas (7 micrómetros).

Estas fibras são mais finas do que um cabelo humano, que tem 56 micrómetros de espessura, e não era possível produz-las com as capacidades tecnológicas da época.

A. Kulikov, perito em carbono da Academia de Ciências da Rússia, comparou o material ao carbono vítreo, mas não conseguiu determinar como foi formado, afirmando que um fogo comum não poderia ter produzido tal substância.

A equipa de Dvuzhilni, que detalhou as suas descobertas num relatório de 300 páginas publicado na revista NLO, concluiu que os fragmentos metálicos eram de um material artificial inexistente na Terra.

Os investigadores sugeriram que o material provavelmente fazia parte do sistema de orientação para uma sonda extraterrestre, criada por uma civilização inteligente que não era deste planeta.

No rescaldo do incidente, houve relatos de avistamentos de objectos voadores peculiares na área. O próprio Dvuzhilni documentou casos de artefactos esféricos e em forma de disco com faróis únicos, que iluminavam apenas áreas específicas.

Outras testemunhas descreveram fenómenos semelhantes em redor da Colina 611, incluindo objectos incandescentes e artefactos alongados e flamejantes.

Apesar do fascínio em torno da Colina 611 e das numerosas investigações subsequentes por ovnilogistas, o que aconteceu a 29 de Janeiro e nos dias que seguiram permanece um mistério sem solução.

As autoridades russas isolaram rapidamente a área pós-incidente, e o Ministério da Defesa liderou uma investigação opaca.

De acordo com a Academia de Ciências russa, a tecnologia para produzir os materiais encontrados no local ainda não está disponível na Terra, o que sugere que, 40 anos mias tarde, a verdade por trás do incidente de Dalnegorsk continua para além da nossa compreensão e tecnologia actual.

ZAP //
26 Novembro, 2023

Eles andem por aí… Será o Putin um alien?


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