🇵🇹 OPINIÃO
Corre uma polémica no antigo Twitter, agora X, que já se alastrou à comunicação social, sobre o logótipo do governo, em que o resultado do uso das cores da bandeira nacional se assemelha mais à bandeira do Mali do que à bandeira de Portugal.
Curiosamente, este novo logo foi implementado no final de Julho, e foi nessa altura que me insurgi com a nova imagem. Trata-se de um rectângulo vertical verde, um enorme círculo amarelo e um quadrado encarnado e terá custado mais de 70 mil euros.
O anterior símbolo do governo era uma representação mais fiel da bandeira nacional e nunca foi alvo de qualquer tipo de polémica, usado em governos anteriores e pelos oito anos de governação de António Costa até meio deste ano.
Há talvez uma mania nacional de alterar, para pior, algo que nunca foi um problema para ninguém. Mexeu-se e estragou-se. Logo em Julho critiquei esta nova imagem, que em nada dignifica o mais importante símbolo nacional.
Pior, demonstra uma enorme ignorância sobre a própria bandeira implementada em 1911, na sequência da mudança da monarquia para a República. As cores nacionais são apenas duas: verde e vermelho. Até é conhecida como a bandeira verde-rubra.
A inclusão do amarelo da esfera armilar, e numa proporção similar à do verde e vermelho, é um erro básico só aceitável por uma criança do ensino primário. Um erro repetido por boa parte dos canais de televisão sempre que querem representar as cores de Portugal, nomeadamente em logos para eleições.
Nas simplificações da bandeira nacional devem ser usados apenas o verde e o vermelho e em casos excepcionais, mesmo assim a evitar, um muito pequeno apontamento de amarelo. Caso contrário temos a representação da bandeira do Mali, que nada tem a ver com o maior símbolo de Portugal.
A esfera armilar e o escudo são símbolos da bandeira, as suas cores não devem ser representadas. Ou são colocados tal como são ou saem da simplificação. Tal como os outros países fazem. Basta ver o que se faz em simplificações da bandeira de Espanha, por exemplo.
É verdade que a bandeira de Portugal não é um exemplo de perfeição estética. As cores da carbonária escolhidas para a bandeira republicana não se conjugam bem e a colocação da esfera armilar destruiu toda a estética da imagem nacional.
A esfera armilar, que simboliza a expansão marítima portuguesa, devia ter saído da bandeira portuguesa quando se entregou Macau à China em 1999. E foi pena que os republicanos portugueses não tenham mantido o azul e branco, sem, obviamente, a coroa real.
Como disse Ricardo Pinho, que propõe que a bandeira portuguesa seja azul e branca com o escudo actual (sem esfera armilar), “o azul e branco não são apenas as cores da nossa identidade desde D. Afonso Henriques, são também as cores da calçada portuguesa, do azulejo português (do século XVIII) e de muita da arquitectura típica portuguesa.
Ao retirar a esfera armilar, o escudo português pode então tomar toda a altura da esfera e ganhar assim mais visibilidade, mais dignidade e ser melhor apreciado no seu detalhe e na sua qualidade estética”.
Talvez seja tempo para reflectirmos sobre a nossa bandeira, que cores nacionais nos devem representar, se um símbolo inestético como a esfera armilar (que representa um Portugal que tinha colónias) deve permanecer…
Entretanto, respeitemos a bandeira que existe. E as suas duas cores: verde e vermelho. Nunca verde, amarelo e vermelho.
Presidente do movimento Partido Democrata Europeu
O autor escreve de acordo com a antiga ortografia
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DN
Tiago Matos Gomes
30 Novembro 2023 — 18:46
Ex-Combatente da Guerra do Ultramar, Web-designer,
Investigator, Astronomer and Digital Content Creator
published in: 6 dias ago