265: Rússia lança ataque recorde a Kiev e Ucrânia teme que isto seja só o início de uma grande campanha

 

🇺🇦 SLAVA UKRAYINI 🇺🇦

🇺🇦🔱 UCRÂNIA // 🇺🇦🔱 KIEV // 💥 BOMBARDEAMENTOS

Uma noite como nunca se tinha visto em quase dois anos de guerra na Ucrânia. Kiev diz que a Rússia lançou o maior ataque com drones desde o início do conflito, o que faz com que as forças ucranianas temam que este seja apenas o começo de uma longa campanha direccionada à destruição das infraestruturas energéticas.

Jardim de infância danificado por drones russos em Kiev (Efrem Lukatsky/AP) © TVI Notícias

“Kiev é o alvo principal”, afirmou o comandante Mykola Oleshchuk, que coordena a Força Aérea ucraniana. E foi na capital que o poderoso ataque mais se fez sentir. Cerca de 75 drones de fabrico iraniano – os conhecidos Shahed – foram lançados contra a cidade, sendo que 71 foram abatidos.

Na sequência do ataque cinco pessoas ficaram feridas, todas por causa dos destroços provocados pelos drones. Entre as vítimas está uma criança de 11 anos, de acordo com o autarca de Kiev. Em paralelo, vários edifícios e até um jardim de infância foram danificados (ver fotografia de capa), sendo que perto de 17 mil pessoas ficaram sem electricidade.

As autoridades ucranianas referiram que os drones vieram de duas direcções diferentes, tentando assim confundir as defesas instaladas na capital.

Os habitantes de Kiev foram acordados pelas sirenes às 02:30, quando a grande onda de ataques começou, fazendo-se ouvir fortes explosões às 04:00 e 06:00.

“Os nossos soldados abateram a maioria dos drones. Infelizmente, não todos”, disse o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.

Este ataque surge numa altura em que o frio se começa a sentir com maior intensidade em Kiev. Nos últimos dias verificou-se um grande nevão, com temperaturas negativas a registarem-se na capital ucraniana.

A embaixadora dos Estados Unidos na Ucrânia fez nota disso mesmo, dizendo que “à medida que as temperaturas caem para lá dos 0 graus, a Rússia envia, cinicamente, ondas de ataques com drones à capital”.

Uma estratégia que não é nova, uma vez que também no ano passado a Rússia lançou vários ataques a infraestruturas energéticas durante o inverno, tentando tirar partido do frio que caracteriza a capital ucraniana.

MSN Notícias
António Guimarães
25.11.2023


Ex-Combatente da Guerra do Ultramar, Web-designer,
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published in: 5 dias ago

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239: Bombardeamentos russos matam três civis na região de Kherson

 

🇺🇦 SLAVA UKRAYINI 🇺🇦

🇷🇺☠️ MOSCÓVIA // 💥BOMBARDEAMENTOS // 🇺🇦🔱UCRÂNIA

Bombardeamentos russos mataram três civis ucranianos e feriram cinco pessoas na cidade de Chornobayivka, na região de Kherson (sul), avançou hoje o ministro do Interior da Ucrânia, Ihor Klimenko.

© Lusa

“Três mortos. Cinco feridos com graus variados de gravidade. Mais de 60 edifícios residenciais e agrícolas foram danificados”, escreveu o ministro na sua conta na plataforma Telegram.

“A polícia está a documentar as consequências de mais um crime de guerra cometido pelas forças de ocupação”, acrescentou.

Por sua vez, o governador de Kherson, Oleksandr Prokudin, afirmou que no “bombardeamento massivo” as forças russas usaram munições de fragmentação (projécteis proibidos em mais de 100 países).

Num vídeo publicado na rede social Facebook, relatado pelas agências internacionais, podem ser vistas casas destruídas numa área rural com vestígios de sangue no chão, além de cadáveres de animais.

A Ucrânia espera resistir ao inverno e aos bombardeamentos russos com a ajuda dos pacotes de assistência militar ocidentais recebidos esta semana e que visam reforçar o seu escudo antiaéreo.

“Existem novos pacotes de apoio para a Ucrânia, para os nossos soldados. Estes são projécteis, mísseis, guerra electrónica, ‘drones’ (aparelhos não tripulados) e novas capacidades para a nossa defesa antiaérea”, anunciou o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, na sua mensagem diária televisiva.

A defesa antiaérea é fundamental para a Ucrânia, especialmente na época de inverno, durante a qual a Rússia reforça os seus ataques contra as infraestruturas civis ucranianas, numa tentativa de colapsar o sistema eléctrico do país.

Segundo Zelensky, foi criada “uma coligação de peso” para aumentar a defesa antiaérea ucraniana, liderada pela Alemanha e pela França.

“Obrigado a todos os países que participam nestes esforços, para tornar possível que as nossas cidades e vilas estejam mais protegidas dos ataques russos. Nem tudo pode ser dito publicamente ainda, mas o escudo aéreo ucraniano é reforçado literalmente todos os meses”, observou.

Uma das tácticas mais utilizadas pelas forças russas é a utilização de ‘drones’, segundo o porta-voz das forças terrestres ucranianas, Volodymyr Fito, segundo o qual o Exército de Moscovo terá utilizado durante o último dia um total de 42 engenhos ‘kamikaze’ apenas nas imediações da cidade de Bakhmut, no leste.

Os dispositivos não tripulados utilizados nesta área da frente de combate foram ‘drones’ de visualização remota manipulados para transportar explosivos, e ‘drones kamikaze’ Lancet que a Rússia utiliza massivamente na Ucrânia, segundo a mesma fonte.

Além disso, o uso de ‘drones’ também é comum noutras áreas da frente como Kupiansk (nordeste), onde a Rússia utilizou 18 dispositivos não tripulados no dia anterior.

A invasão russa da Ucrânia, iniciada em 24 de Fevereiro de 2022, prossegue com combates sangrentos na região leste, onde as forças de Moscovo desenvolvem ataques massivos em Kupiansk, Marinka e Avdivka, enquanto as tropas de Kiev vão repelindo estas investidas e tentando progredir na região sul, nas frentes de Zaporijia e Kherson.

Notícias ao Minuto Notícias ao Minuto
23/11/23 17:56
por Lusa

🇺🇦 SLAVA UKRAYINI 🇺🇦


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178: Estudo prevê ataque russo a países da NATO nos próximos 10 anos

 

🇷🇺☠️ MOSCÓVIA // 🇪🇺EUROPA // 🪖💥 GUERRA

Especialistas em assuntos militares prevêem que a Rússia pode desafiar militarmente países membros da NATO nos próximos cinco a dez anos, caso a guerra na Ucrânia entre num impasse — o que permitiria a Moscovo reforçar as suas capacidades bélicas.

MATEUS_27:24&25 / Flickr
Tanques blindados T-90 do Exército da Rússia

Um estudo de especialistas em assuntos militares prevê um possível ataque russo a países da NATO nos próximos 10 anos, reporta a Deutsche Welle.

A análise foi divulgada pela Sociedade Alemã de Política Internacional (DGAP), com base em dados de inteligência e círculos militares alemães.

Os autores do estudo, Christian Mölling e Torben Schütz, realçam a necessidade urgente de os países da NATO na Europa reforçarem as suas defesas para dissuadir um potencial ataque russo.

De acordo com Mölling e Schütz, a Lituânia, Letónia e Estónia são os estados membros da NATO mais vulneráveis a um ataque russo, sendo prováveis alvos preferenciais de uma iniciativa bélica de Moscovo.

Apesar das perdas sofridas durante a guerra em curso na Ucrânia, a capacidade militar da Rússia permanece substancial, salientam os autores do estudo.

O ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius, reiterou recentemente a importância do papel da Alemanha na defesa da Europa, realçando a importância do país como espinha dorsal da dissuasão e defesa colectiva no continente.

As novas directrizes da política de defesa da Alemanha colocam actualmente o foco na renovação das Forças Armadas, visando uma postura mais combativa.

Entretanto, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, garantiu esta quinta-feira que o presidente russo Vladimir Putin está a preparar nova guerra na Europa, incitando um conflito entre a Sérvia e o Kosovo, para distrair as atenções da guerra na Ucrânia.

Com o prolongamento do conflito na Ucrânia, a guerra de trincheiras parece favorecer a Rússia, que, segundo o analista militar austríaco Markus Reisner, mantém uma considerável capacidade de produção de armamento.

A frente de batalha ucraniana, que se estabilizou após os esforços de contra-ofensiva, pode vir a exigir do Ocidente o fornecimento de armas mais modernas, que permitam um avanço mais significativo das forças ucranianas.

Os avanços tecnológicos no campo de batalha também são uma preocupação crescente. A guerra na Ucrânia está a tornar-se tornando mais electrónica, com destaque para o uso de drones — uma tendência que parece poder vir a afirmar-se como o futuro da guerra.

Também o uso de sistemas de interferência electrónica russa em comunicações e equipamentos, incluindo os lançadores de foguetes Himars, dá nota da competência tecnológica da Rússia, representando um desafio adicional.

Finalmente, o estudo da DGAP salienta que, embora a guerra na Ucrânia não pareça poder terminar a curto prazo, a Rússia pode conseguir recuperar rapidamente as perdas sofridas no conflito, ultrapassando a capacidade defensiva da NATO.

Este cenário coloca os países membros da organização com um prazo apertado para reforçar as suas forças armadas e garantir uma posição de dissuasão eficaz contra possíveis agressões russas, nota o estudo.

ZAP //
17 Novembro, 2023


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167: Kremlin admite censura. “Em tempos de guerra são necessárias medidas duras”

 

🇷🇺☠️ MOSCÓVIA // 🇷🇺☠️ TERRORISMO // 🇷🇺☠️DITADURA

Porta-voz da Presidência aconselhou aqueles que querem criticar a actividade das Forças Armadas russas a “pensarem dez vezes” antes de levantarem quaisquer opiniões. “Em tempos de guerra, deve haver uma certa censura.”

O Kremlin defendeu esta sexta-feira que em “tempos de guerra” são necessárias “medidas duras” e “alguma censura”, em defesa das medidas tomadas desde o início da agressão militar contra a Ucrânia e que resultam na perseguição de dissidentes.

“Estes são tempos difíceis”, disse o porta-voz da Presidência russa, Dmitri Peskov, a um canal de notícias académico, citado pelas agências noticiosas oficiais.

“Em tempos de guerra, deve haver uma certa censura e certas regras que seriam inaceitáveis em tempos normais e pacíficos”, acrescentou.

Peskov aconselhou aqueles que querem especular e criticar a actividade das Forças Armadas russas a “pensarem dez vezes” antes de levantarem quaisquer opiniões, admitindo também que – para as autoridades — não existe uma linha clara sobre quais os comentários que são aceitáveis ou inaceitáveis.

Considerou “muito difícil” que os exilados que “tentam desacreditar” o país regressem à Rússia, porque “as pessoas não os vão aceitar”.

Sobre o futuro político do actual presidente, Vladimir Putin, o porta-voz deu como certo que vai concorrer às eleições de Março, não tendo “qualquer dúvida” de que vai ganhar.

– Em vez de gastarem rublos e tempo inútil, deitem as falsas eleições no lixo e elejam o imperador russonazi sem necessidade de todo este circo. Eleições verdadeiras são para Estados democráticos onde a verdade do voto popular é válido sem recurso a malabarismos de toda a espécie.

Putin ainda não oficializou uma candidatura que já é dada como certa por todos os partidos, dadas as alterações legais que foram efectuadas para permitir a permanência do líder no poder.

Peskov disse ainda que quem vier depois de Putin deve ser “como ele”, num apoio indirecto às políticas actuais.

Pouco depois de enviar dezenas de milhares de tropas para a Ucrânia, em Fevereiro do ano passado, a Rússia introduziu leis de censura de guerra que foram usadas para silenciar vozes dissidentes.

“Desacreditar” o exército pode ser punido com até cinco anos de prisão, enquanto que a divulgação de informações deliberadamente falsas sobre o mesmo pode levar a uma pena de 15 anos.

ZAP // Lusa
17 Novembro, 2023


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125: China está a usar a maior operação de desinformação online do mundo para assediar os americanos, revela análise da CNN

 

🇨🇳☭ CHINA // DITADURAS // REPRESSÃO

O governo chinês criou a maior operação de desinformação online do mundo e está a utilizá-la para assediar residentes, políticos e empresas dos EUA – por vezes ameaçando os seus alvos com violência, segundo uma análise da CNN de documentos judiciais e revelações públicas de empresas de redes sociais.

Xi Jinping cumprimenta os jornalistas estrangeiros no Grande Salão do Povo, em Pequim, a 23 de outubro de 2022, depois de ter garantido um terceiro mandato no poder que veio quebrar as normas. Lintao ZhangGetty Images © TVI Notícias

A investida de ataques – muitas vezes de natureza vil e profundamente pessoal – faz parte de uma campanha do governo chinês de intimidação, bem organizada e cada vez mais descarada, dirigida a pessoas nos Estados Unidos, segundo os documentos.

O Departamento de Estado dos EUA afirma que as tácticas fazem parte de um esforço multimilionário mais amplo para moldar o ambiente de informação do mundo e silenciar os críticos de Pequim, que se expandiu sob o presidente Xi Jinping. Na quarta-feira, o Presidente Biden deverá encontrar-se com Xi numa cimeira em São Francisco.

As vítimas enfrentam um bombardeamento de dezenas de milhares de publicações nas redes sociais que os chamam de traidores, cães e insultos racistas e homofóbicos. Dizem que tudo isto faz parte de um esforço para as levar a um estado de medo e paranóia constantes.

Muitas vezes, estas vítimas não sabem para onde se virar. Algumas falaram com as autoridades policiais, incluindo o FBI – mas pouco foi feito. Embora as empresas tecnológicas e de redes sociais tenham encerrado milhares de contas dirigidas a estas vítimas, são ultrapassadas por uma série de novas contas que surgem praticamente todos os dias.

Conhecida como “Spamouflage” ou “Dragonbridge”, a rede de centenas de milhares de contas espalhadas por todas as principais plataformas de redes sociais não só assediou americanos que criticaram o Partido Comunista Chinês, como também procurou desacreditar políticos dos EUA, denegrir empresas americanas em desacordo com os interesses da China e sequestrar conversas online em todo o mundo que pudessem retratar o PCC de forma negativa.

Investigadores privados têm seguido a rede desde a sua descoberta há mais de quatro anos, mas só nos últimos meses é que os procuradores federais e a empresa-mãe do Facebook, a Meta, concluíram publicamente que a operação tem ligações à polícia chinesa.

A Meta anunciou em Agosto que tinha retirado um conjunto de quase 8.000 contas atribuídas a este grupo só no segundo trimestre de 2023. A Google, que detém o YouTube, disse à CNN que tinha encerrado mais de 100 mil contas associadas nos últimos anos, enquanto o X, anteriormente conhecido como Twitter, bloqueou centenas de milhares de contas chinesas “apoiadas pelo Estado” ou “ligadas ao Estado”, de acordo com blogues da empresa.

Ainda assim, dado o custo relativamente baixo de tais operações, os especialistas que monitorizam a desinformação alertam para o facto de o governo chinês continuar a utilizar estas tácticas para tentar aproximar as discussões online da narrativa preferida do PCC, o que frequentemente implica tentar minar os EUA e os valores democráticos.

“Podemos pensar que isto se limita a certas salas de conversação, ou a esta ou àquela plataforma, mas está a expandir-se por todo o lado”, disse à CNN o deputado Mike Gallagher, presidente da Comissão de Selecção da Câmara norte-americana sobre o PCC.

“E é apenas uma questão de tempo até que isso aconteça com o cidadão americano médio que não acha que isso seja um problema seu no momento”.

“Trollar” para ganhar a vida

Quando os trolls interromperam um evento Zoom anti-comunista organizado pelo activista Chen Pokong, baseado em Nova Iorque, em Janeiro de 2021, ele não teve muitas dúvidas sobre quem era o responsável.

Os trolls zombaram dos participantes e ameaçaram uma das vítimas, dizendo que ela iria “morrer miseravelmente”. A sua conduta fez Chen recordar a repressão do governo da China, onde passou quase cinco anos na prisão por trabalho pró-democracia.

Mas as suas suspeitas sobre quem estava por detrás da interrupção solidificaram-se quando o Departamento de Justiça dos EUA acusou mais de 30 funcionários oficiais chineses no início deste ano de dirigirem uma vasta operação de desinformação que tinha como alvo dissidentes nos EUA, incluindo os da reunião Zoom que Chen diz ter organizado em 2021.

Chen Pokong numa entrevista recente à CNN. © Fornecido por TVI Notícias

Foi apenas uma das várias acusações que o Departamento de Justiça divulgou em Abril, expondo supostas conspirações do governo chinês para atingir seus supostos críticos e inimigos, enquanto impugna a soberania dos Estados Unidos.

Dois alegados agentes chineses foram acusados de gerir uma “esquadra de polícia não declarada” na cidade de Nova Iorque. No ano passado, uma outra acusação descreveu a forma como os agentes chineses alegadamente tentaram fazer descarrilar a campanha para o Congresso de um dissidente chinês.

“Querem privar-me da minha liberdade de expressão, pelo que sinto que não se trata apenas de um ataque contra mim”, disse Chen, que foi expulso da sua própria reunião durante a perturbação. “Eles também atacam a América”.

A queixa do Departamento de Justiça dos EUA nomeou 34 funcionários do Ministério da Segurança Pública da China e publicou fotografias deles em computadores, alegadamente a trabalhar na campanha de desinformação conhecida como “Grupo de Trabalho do Projecto Especial 912”.

A operação, baseada principalmente em Pequim, parece envolver “centenas” de funcionários do MPS em todo o país, de acordo com o depoimento de um agente do FBI.

A queixa não se refere ao conjunto de contas falsas como “Spamouflage”, mas investigadores privados e um porta-voz da Meta disseram à CNN que a actividade nas redes sociais descrita pelo Departamento de Justiça faz parte dessa rede.

Como parte de uma missão “para manipular as percepções públicas da [China], o Grupo usa as suas contas de redes sociais mal atribuídas para ameaçar, assediar e intimidar vítimas específicas”, afirma a queixa.

Quando questionado sobre as alegadas ligações do Spamouflage às forças da lei chinesas, o porta-voz da embaixada da China em Washington, Liu Pengyu, negou as alegações.

“A China respeita sempre a soberania dos outros países. A acusação dos EUA não tem qualquer prova factual ou base legal. É inteiramente motivada por razões políticas. A China opõe-se firmemente a ela”, afirmou Liu numa declaração à CNN. E afirmou que os EUA “inventaram o armamento do espaço de informação global”.

Um relatório publicado pela Meta em Agosto ilustra a forma como as mensagens da rede se alinham frequentemente com as horas do dia de trabalho na China. O relatório descrevia “explosões de actividade a meio da manhã e ao início da tarde, hora de Pequim, com pausas para almoço e jantar, e depois uma explosão final de actividade à noite”.

E, embora a Meta tenha detectado mensagens de várias regiões da China, a empresa e outros investigadores descobriram uma coordenação centralizada que enviava incessantemente mensagens idênticas através de várias plataformas de redes sociais, por vezes insultando repetidamente os mesmos indivíduos que questionaram o governo chinês.

Um desses indivíduos é Jiayang Fan, jornalista da The New Yorker que disse à CNN que começou a enfrentar o assédio da rede quando cobriu os protestos pró-democracia em Hong Kong em 2019.

Jiayang Fan, uma jornalista sediada nos EUA, diz que o assédio online contra ela começou quando ela cobriu os protestos pró-democracia de 2019 em Hong Kong. CNN © Fornecido por TVI Notícias

Os ataques dirigidos a Fan – que variaram de desenhos animados dela a pintar o rosto de branco, como se rejeitasse a sua identidade, a acusações de que ela matou a sua mãe para obter lucros – carregam sinais reveladores da rede Spamouflage, disse Darren Linvill, do Media Forensics Hub da Clemson University. O grupo de Linvill encontrou mais de 12 mil tweets a atacar Fan usando a mesma hashtag, #TraitorJiayangFan.

Apesar de não viver na China desde criança, Fan acredita que tais mensagens foram lançadas contra ela para provocar medo e silenciar os outros.

“Isto faz parte de um manual muito antigo do Partido Comunista Chinês para intimidar os infractores e os aspirantes a infractores”, afirmou Fan, que se questiona sobre o que poderão pensar os seus familiares distantes na China quando virem este tipo de conteúdo. “É desconfortável para mim saber que eles estão a ver estas representações de mim e não fazem ideia do que acreditar.”

Tácticas em evolução

Os peritos que acompanham as campanhas de influência online dizem que há sinais de uma mudança na estratégia da China nos últimos anos. No passado, a rede Spamouflage centrava-se sobretudo em questões internas relevantes para a China.

No entanto, mais recentemente, as contas ligadas ao grupo têm alimentado a controvérsia em torno de questões globais, incluindo os desenvolvimentos nos Estados Unidos.

As contas do Spamouflage – algumas das quais se faziam passar por residentes do Texas – apelaram a protestos contra os planos de construção de uma instalação de processamento de terras raras no Texas e espalharam mensagens negativas sobre uma outra empresa de fabrico norte-americana, segundo um relatório da empresa de cibersegurança Mandiant do ano passado.

O relatório também descreveu a forma como a campanha promoveu conteúdos negativos sobre os esforços da administração Biden para acelerar a produção de minerais que reduziriam a dependência dos EUA em relação à China.

Outros posts da rede referiam que “o racismo é uma vergonha indelével para a democracia americana” e que os EUA cometeram “genocídio cultural contra os índios”, de acordo com um relatório da Meta em Agosto. Outro post afirmava que a antiga Presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, está “cheia de escândalos”.

“O spamouflage está “a evoluir nas tácticas. Está a evoluir em termos de temas”. Ben Nimmo, líder global de informações sobre ameaças na Meta

Contas ligadas ao governo chinês também publicaram mensagens que incluíam um apelo para “matar” o presidente Biden, um desenho animado com o chamado QAnon Shaman que se revoltou no Capitólio dos EUA como um símbolo da “democracia de estilo ocidental” e uma publicação que sugeria que as empresas privadas de defesa dos EUA iriam lucrar com a morte de pessoas inocentes, de acordo com um relatório do Departamento de Segurança Interna em Abril obtido por solicitação de registos.

A queixa apresentada pelo Departamento de Justiça contra os funcionários chineses alegava que, no ano passado, estes tentaram tirar partido do segundo aniversário da morte de George Floyd e publicar nas redes sociais sobre o seu assassínio para “revelar a brutalidade da aplicação da lei” nos EUA. Também receberam uma tarefa para “trabalhar nas eleições intercalares de 2022 nos EUA e criticar a democracia americana”.

O Spamouflage está “a evoluir em termos de tácticas. Está a evoluir em termos de temas”, disse Ben Nimmo, o líder global da inteligência de ameaças da Meta. “O nosso trabalho é continuar a aumentar as nossas defesas e continuar a informar as pessoas sobre isto, especialmente à medida que nos aproximamos do ano eleitoral”.

No entanto, à medida que as empresas de redes sociais se esforçam por travar a desinformação e o governo dos EUA apresenta queixas contra os alegados responsáveis, a responsabilização pode ser ilusória.

“É este o problema de muitos crimes cibernéticos, que se torna muito, muito difícil colocar os autores na cadeia”, disse Lindsay Gorman, chefe de tecnologia e geopolítica da Aliança para a Segurança da Democracia do Fundo Marshall Alemão.

Mas, acrescentou Gorman, isso não significa que não haja consequências para a China.

“Mesmo que os indivíduos tenham um certo grau de impunidade porque nunca planearam vir para os Estados Unidos, isso não significa que a operação do partido tenha impunidade aqui – certamente não em termos de opinião pública, certamente não em termos de relações EUA-China”, disse ela.

Inundação das redes sociais

A Meta, a Google e outras empresas que publicaram relatórios sobre o Spamouflage sublinham que a maioria das contas das redes sociais dentro da rede recebem pouco ou nenhum envolvimento, o que significa que raramente se tornam virais.

Mas Linvill, da Universidade de Clemson, argumenta que a rede utiliza uma estratégia única de “inundar” as conversas com tantos comentários que as mensagens de utilizadores genuínos recebem menos atenção. Isto inclui a publicação em plataformas normalmente não associadas à desinformação, como o Pinterest.

“Eles operam milhares de contas ao mesmo tempo numa determinada plataforma, muitas vezes para abafar as conversas, apenas com o grande volume de mensagens”, disse Linvill.

“Quando pensamos em desinformação, muitas vezes pensamos em empurrar ideias para os utilizadores e torná-las mais salientes, enquanto o que a China está a fazer é o oposto. Eles estão tentando remover as conversas das redes sociais.

Quando Pequim sediou os Jogos Olímpicos de inverno de 2022, por exemplo, grupos de direitos humanos começaram a promover a hashtag #GenocideGames para chamar a atenção para as acusações de que a China deteve mais de um milhão de uigures e outras minorias muçulmanas em campos de internamento.

Mas depois aconteceu algo surpreendente. Contas que Linvill e os seus colegas acreditavam fazer parte do Spamouflage começaram também a tweetar a hashtag.

Poderia ser contra-intuitivo para um grupo pró-governo chinês começar a espalhar uma hashtag que chamava a atenção para os abusos dos direitos humanos do governo chinês, explicou Linvill.

Mas ao usar a hashtag repetidamente em tweets que não tinham nada a ver com o assunto em si, o Spamouflage conseguiu reduzir as visualizações das mensagens legítimas.

Jiajun Qiu, cujo trabalho académico se centra nas eleições e que fugiu da China em 2016, mostrou à CNN o que acontece quando escreve o seu nome no X, anteriormente conhecido como Twitter. Por vezes, há dezenas de contas que se fazem passar por ele, utilizando o seu nome e a sua fotografia.

Jiajun Qiu, que fugiu da China em 2016, tem enfrentado uma investida de trolls de Spamouflage. CNN © Fornecido por TVI Notícias

Os operadores do Spamouflage, explicou Linvill, criaram estes trolls para confundir as pessoas e impedir que encontrem a conta verdadeira de Qiu, baralhando as águas.

Actualmente a viver na Virgínia, Qiu gere um canal pró-democracia no YouTube e tem enfrentado um ataque de insultos homofóbicos, racistas e bizarros de contas de redes sociais que a equipa de Linvill e outros associaram ao Spamouflage.

Algumas contas publicaram desenhos animados que apresentam Qiu como um insecto que trabalha para o governo dos EUA. Outra imagem mostra-o a ser espezinhado por um Jesus dos desenhos animados. Outra ainda pinta-o como um cão à trela de um rato americano.

“Eu digo a verdade às pessoas, por isso elas querem fazer tudo o que for possível para me insultar”, disse Qiu.

Linvill e a sua equipa localizaram centenas destes desenhos animados na Internet e afirmam que são um “sinal” do Spamouflage. Os cartoons, explicou Linvill, podem ser mais eficazes do que o texto porque são “apelativos” e “é preciso parar e olhar para eles”.

Além disso, estes desenhos animados originais podem ser facilmente traduzidos para centenas de línguas a um custo muito baixo.

Além das difamações online, Qiu diz que também foi alvo de ameaças através de outras mensagens em linha e de telefonemas de fontes não identificadas que acredita terem ligações ao governo chinês.

Uma mensagem anónima dizia-lhe que seria preso e levado à justiça por violar a lei chinesa. Um e-mail fazia referência à igreja que frequenta em Manassas, Virgínia, e dizia que “para sua própria segurança e a dos fiéis, ele faria bem em encontrar outro lugar para ficar”.

Qiu disse à CNN que o FBI o interrogou quatro vezes sobre estas ameaças e que recebeu instruções para contactar a polícia local se alguma vez for seguido.

“Todos os dias vivo com medo”, disse Qiu.

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CNN
14.11.2023


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“Uma autêntica bomba-relógio” nas mãos de Putin. Ucrânia está a ser empurrada para “fazer a paz a qualquer preço”

 

🇺🇦🔱 UCRÂNIA // 🕊️ PAZ // 👀 AMEAÇAS

Quase dois anos depois do início da guerra na Ucrânia, começam a surgir as primeiras fracturas no apoio a Kiev. O impasse militar, a guerra no Médio Oriente e a luta política em Washington estão a pressionar os principais aliados a empurrar a Ucrânia para uma negociação de paz.

Este cenário arrisca-se a dar à Rússia “aquilo que ela quer” e tornar a região numa “bomba-relógio” que Vladimir Putin pode detonar a qualquer momento.

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, durante uma reunião com o Secretário-Geral da NATO, Jens Stoltenberg, em 28 de Setembro de 2023, em Kiev, na Ucrânia. Yan Dobronosov/Global Images Ukraine/Getty Images © CNN Portugal

“A Rússia de Putin tem sido muito hábil a congelar conflitos. Esta tentativa de fazer a paz a qualquer preço tem dado invariavelmente maus resultados. A Rússia tem a ambição clara de reconstruir o império. Esse cenário torna a Ucrânia uma autêntica bomba-relógio”, alerta o major-general Isidro de Morais Pereira.

O cansaço de guerra é real entre os aliados ucranianos. Apesar das repetidas promessas de apoio “enquanto for necessário” de algumas das maiores figuras políticas ocidentais, a ausência de conquistas territoriais durante a tão aguardada contra-ofensiva está a gerar algum cepticismo quanto à intensificação do apoio a Kiev.

E isso já começou a ter repercussões na esfera diplomática ucraniana. No dia 11 de Outubro, vários diplomatas americanos e europeus começaram a sugerir possíveis cedências que permitam atingir um acordo de paz, durante um encontro do grupo Ramstein.

Zelensky foi rápido a rejeitar a sugestão de que a Ucrânia pode estar a ser pressionada a fazer qualquer cedência, mas não esconde o receio dos efeitos de um mundo habituado a conviver com guerra na Ucrânia. “A exaustão da guerra avança como uma onda.

Vemos isso nos Estados Unidos e na Europa”, admitiu o líder ucraniano com frustração à revista Time. Agora, a situação pode mesmo agravar-se com o impasse militar que se vive no campo de batalha.

“A contra-ofensiva ucraniana correu francamente mal e isso deixa o Ocidente num impasse. É necessário fornecer mais material para permitir à Ucrânia recuperar o seu território.

Se essa reconquista não acontecer, acabará por dar aquilo que a Rússia quer: um cansaço de guerra que leve Kiev para a mesa de negociações”, alerta a especialista em Relações Internacionais Diana Soller.

E em nenhum país esse cansaço é tão notório como nos Estados Unidos. Uma sondagem conduzida pela Reuters, após a segunda visita de Zelensky ao país, mostra que a percentagem de americanos que continua a querer que o governo forneça armas a Kiev baixou para 41%.

Em Junho, no início da contra-ofensiva, essa percentagem era de 65% – Washington enviou 75 mil milhões de dólares de ajuda directa para a Ucrânia, dos quais 46,6 mil milhões são de natureza militar.

F-16 em manobras de policiamento na fronteira da NATO com a Rússia (AP Images) © Fornecido por TVI Notícias

No início do próximo ano, a Ucrânia espera receber os aviões de combate norte-americanos F-16, que lhe permitam obter superioridade aérea. Mas estas armas chegam muitos meses depois dos pedidos ucranianos e podem não vir em número suficiente para mudar a situação no terreno.

Se essa reconquista de território não chegar, é possível que o nível de apoio venha a diminuir ainda mais. A situação pode agravar-se ainda com o desvio de apoio militar para Israel, após o ataque terrorista do Hamas a 7 de Outubro.

“Este processo já estava em curso ainda antes de deflagrar o conflito no Médio Oriente. Quando surge o ataque terrorista do Hamas, intensificou-se aquilo que já estava em curso. Percebeu-se claramente que começam a estar fartos deste apoio”, explica o politólogo José Filipe Pinto.

A piorar a situação ucraniana, a recente nomeação de um ultra-conservador para presidente da Câmara dos Representantes pode trazer novas complicações para o esforço de guerra da Ucrânia, com o atraso de mais apoio.

De tal forma que a União Europeia foi rápida a intervir pela voz do seu principal diplomata, Josep Borrell, que explicou que a Europa “não consegue tapar o buraco” criado pela falta de apoio enviado pelos Estados Unidos.

Uma vez que a guerra terá sempre de acabar numa mesa de negociações, este cenário de falta de apoio pode obrigar a Ucrânia a ter de fazer concessões para a Rússia de Putin.

“A visão romanceada da contra-ofensiva chocou com a realidade, a situação no terreno chegou a um impasse e começam a surgir as fracturas a nível interno na Ucrânia.

Do ponto de vista formal, os aliados vão empurrar a Ucrânia para uma solução de compromisso e isso pode tornar Zelensky parte do problema”, afirma o também professor José Filipe Pinto, , que recorda ainda que, dentro de um ano, os EUA vão a eleições e a vitória dos democratas “não é segura”.

Recentemente, o ex-presidente norte-americano Donald Trump surgiu à frente de Joe Biden nas sondagens em alguns dos mais importantes Estados, na corrida presidencial para 2024.

O candidato republicano afirmou que seria capaz de terminar a guerra na Ucrânia “em menos de 24 horas” após a sua reeleição, deixando no ar a ideia de corte do envio de apoio para Kiev. Para Isidro de Morais Pereira, a reeleição de Donald Trump significaria que a Europa ficaria “abandonada”.

Mas um acordo não resultaria na paz, apenas num armistício. Numa primeira instância, as armas seriam silenciadas, mas o preço a pagar seria a legitimação da conquista territorial por via militar da Rússia. Para José Filipe Pinto, esta solução resultaria numa “solução indefinida” semelhante ao que acontece na Coreia.

“Ambos os lados terão de fazer cedências. O plano de paz de Zelensky é, na verdade, um ultimato. O que a Rússia pretende também não é minimamente aceitável. O mundo está cheio de problemas que não têm soluções definitivas”, observa José Filipe Pinto.

Para a Europa, este é possivelmente o pior desfecho. A cedência territorial à Rússia a troco de paz legitimaria a política externa da Rússia de Vladimir Putin, que não esconde as suas pretensões expansionistas.

Desde 2008, com a invasão da Geórgia, o Kremlin tem reacendido vários conflitos na antiga esfera de influência soviética, com a criação de repúblicas semi-independentes que utiliza para voltar a intervir na região.

Foi esse o destino da Ucrânia, em 2014, com a criação das repúblicas independentistas de Lugasnk e Donetsk, utilizadas em 2022 para justificar a invasão da Ucrânia.

A existência de minorias étnicas russas – um dos principais argumentos utilizados pela Rússia para intervir militarmente no Donbass – coloca vários países europeus na mira de uma possível expansão russa no futuro.

“A cedência de território conquistado seria uma grande derrota para o Ocidente. A Rússia sentir-se-ia legitimada para fazer incursões em território soberano de outros Estados, incluindo na Ucrânia, transformando o futuro em incerteza. Seria provável que a Rússia voltasse a atacar”, alerta Diana Soller.

Apesar de registar perdas materiais muito pesadas no campo de batalha, a Rússia tem aumentado significativamente a produção industrial militar, o que lhe permitirá recompor as suas forças armadas a uma velocidade que deve preocupar o Ocidente.

Para o especialista em assuntos militares Isidro de Morais Pereira, neste cenário a Rússia não perderia a oportunidade para “lamber as feridas”, reconstruir as suas capacidades militares e aguardar pelo momento certo para lançar uma nova intervenção.

“A história não se repete, mas muitas vezes rima”,recorda o major-general, que compara mesmo as consequências dessas negociações de paz ao acordo do então primeiro-ministro britânico Neville Chamberlain com o líder nazi, Adolf Hitler, em Munique, quando aceitou que os alemães anexassem a região dos Sudetas, na então Checoslováquia, a troco da paz.

Menos de um ano depois, explodia o mais violento conflito da história da humanidade. “Neste cenário só haveria um vencedor: a Rússia. O Kremlin iria ganhar tempo, lamber as feridas e recuperar a sua capacidade militar e voltar a intervir”, antecipa Isidro de Morais Pereira.

Além disso, a Europa teria de se preparar para uma guerra de infiltração de agentes do Kremlin nas suas instituições. Os especialistas apontam para que todos os olhos estejam postos no GRU, a herdeira do KGB que opera no estrangeiro.

Estas células permitem à Rússia não só obter informações privilegiadas acerca das intenções e dos planos ocidentais, como também permitem subverter e estimular o caos e a discórdia entre as instituições europeias. A conjunção destes desafios arrisca-se a pôr em causa a própria existência da União Europeia e da ordem liberal como a conhecemos.

“Nós temos um problema gravíssimo que não sabemos resolver. Em última análise, está em causa a nossa própria forma de vida. Esta ordem mundial em que há tolerância, direito à diferença, tudo isto pode estar em causa. A pior coisa que podemos fazer é dar por garantido a liberdade e a democracia”, frisa Isidro de Morais Pereira.

MSN Notícias
por João Guerreiro Rodrigues
11.11.2023

 


Ex-Combatente da Guerra do Ultramar, Web-designer,
Investigator, Astronomer and Digital Content Creator

published in: 3 semanas ago

 

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74: Mais de 3.700 escolas danificadas ou destruídas com invasão russa

 

🇺🇦🔱UCRÂNIA // 🪖 INVASÃO // 🇷🇺☠️MOSCÓVIA //  💥DESTRUIÇÃO

A invasão russa da Ucrânia já danificou ou destruiu 3.790 escolas e estabelecimentos de pré-escolar, segundo um relatório hoje divulgado pela Human Rights Watch (HRW), que descreve casos de unidades pilhadas, vandalizadas e ocupadas para fins militares.

© Kostya Liberov/Libkos/Getty Images

O documento “Tanques no Recreio”, de 71 páginas, documenta os danos e a destruição de escolas e estabelecimentos de pré-escolar nas regiões de Kyiv (norte), Kharkiv, Chernihiv (ambas no nordeste) e Mykolaiv (sul), todas palcos de combates desde o início da invasão russa, em Fevereiro de 2022, onde a organização não-governamental entrevistou quase 90 funcionários escolares, representantes de autoridades locais e testemunhas de operações militares.

Os danos registados foram causados por ataques aéreos, bombardeamentos de artilharia, lançamentos de foguetes e, em alguns casos, munições de fragmentação, “causando estragos significativos nos telhados, desabamento de paredes e grandes destroços nas salas de aula”, tendo como resultado a grave interrupção do acesso à educação de milhões de crianças.

Na generalidade, segundo a HRW, os danos e a destruição de escolas ocorreram em consequência da captura pelas forças russas de cidades e vilas nas primeiras semanas da invasão, ocupando escolas.

Em vários casos, dispararam contra as instalações face à posterior reconquista territorial do Exército ucraniano e antes de se retirarem daquelas regiões.

O relatório assinala que, durante a ocupação de estabelecimentos escolares, as forças russas pilharam-nas, saqueando computadores de secretária e portáteis, televisões, quadros interactivos, outros equipamentos escolares e sistemas de aquecimento.

“O que não foi roubado muitas vezes foi partido. Após a retirada, as forças russas deixaram para trás salas de aula incendiadas e saqueadas. Eles também pintaram ‘graffiti‘ nas paredes”, normalmente expressando ódio aos ucranianos, descreve-se no documento.

É aliás referido o exemplo da escola Borodyanka, nos arredores de Kyiv, que foi atingida na troca de fogo entre forças ucranianas e russas, que, ao abandonarem o local, deixaram mensagens contra a Ucrânia e pinturas de bandeiras nazis, em alusão à “desnazificação” do país invocada pelo líder do Kremlin, Vladimir Putin, para justificar a sua “operação militar especial”.

“Foi impossível conter as lágrimas”, afirmou o director da escola, citado pela HRW. “No refeitório, eles [forças russas] fizeram uma banheira [no lava-louças]. Noutra sala havia sangue nas paredes. Partiram todos os computadores, encheram tudo de lixo e simplesmente roubaram os ‘laptops‘”.

Usar as escolas como alojamentos para tropas, armazenar munições ou estacionar ou posicionar veículos militares nas dependências das instalações aumenta a probabilidade de ataques às escolas, lembra a HRW, observando que as forças militares são obrigadas, segundo as leis da guerra, a fazer todos os possíveis para proteger dos efeitos dos ataques as unidades escolares e outras instalações civis sob o seu controlo.

A HRW recorda também que, em relatórios anteriores, já eram mencionados casos de escolas e instalações de pré-escolar, incluindo para crianças com deficiência, usados pelas forças russas como locais de tortura, violação ou outros maus tratos de prisioneiros de guerra ou como centros de detenção de civis.

Também há casos documentados do posicionamento de soldados ucranianos em escolas, ou de postos de comando nas suas proximidades, além da mobilização de um pequeno número de membros das Forças de Defesa Territorial para fornecer segurança a civis abrigados em unidades de ensino, “acções que podem aumentar o risco de ataques”.

“As crianças ucranianas pagaram um preço elevado nesta guerra porque os ataques à educação são ataques ao seu futuro”, disse Hugh Williamson, director da divisão Europa e Ásia Central da Human Rights Watch, citado em comunicado da organização, acrescentando que “a comunidade internacional deveria condenar os danos e a destruição de escolas na Ucrânia e as pilhagens pelas forças russas”.

O relatório indica que, antes da guerra, o Governo ucraniano, ao contrário do russo, tinha adoptado a Declaração sobre Escolas Seguras, um compromisso político internacional que visa proteger a educação dos piores efeitos dos conflitos armados, e, um mês antes da invasão, mil oficiais foram formados para este instrumento, em concreto, para as Directrizes para a Protecção de Escolas e Universidades contra a Utilização Militar durante Conflitos Armados.

Já em Julho do ano passado, as autoridades ucranianas também emitiram uma ordem de alto nível com o objectivo de “não utilizar instalações educativas para alojamento temporário de quartéis-generais e unidades militares”, de acordo com o Ministério da Defesa da Ucrânia, citado pela HRW.

“As Nações Unidas e outros devem pressionar o Governo russo a cessar imediatamente os ataques deliberados, indiscriminados e desproporcionais contra civis e bens civis, incluindo escolas, e instar a Rússia a evitar a utilização de instalações educativas ucranianas para fins militares.

A Rússia deveria cumprir as disposições da Declaração e incluir os seus princípios na formação de pessoal militar”, apela a organização.

– Como é que um Estado pária, terrorista, genocida com um psicopata a geri-lo, acompanhado pelos seus fantoches russonazis amestrados, pode ter noção sobre o cumprimento da Declaração sobre Escolas Seguras ou Direitos Humanitários? Puro nazismo!

Dados do Ministério da Educação de Kyiv revelam que em Janeiro mais de 95% dos estudantes elegíveis estavam matriculados, “um feito significativo durante o tempo de guerra”, elogia a HRW.

Apesar destes esforços, muitos alunos de escolas danificadas ou destruídas “tiveram de continuar os seus estudos noutras escolas, estudando em turnos ou à distância, o que prejudicou a qualidade da educação, advertiu.

“Os ataques das forças russas às infraestruturas energéticas e os consequentes cortes de electricidade e Internet têm frequentemente impedido a aprendizagem à distância”, refere ainda a HRW.

A ONG salienta o “enorme esforço necessário” para ajudar as crianças ucranianas a recuperar a sua educação, após quase dois anos de guerra ininterrupta.

“Devolver as crianças às salas de aula aumenta a urgência para a Ucrânia, com o apoio de parceiros internacionais, restaurar e reconstruir instalações educacionais danificadas, de acordo com os padrões de segurança e acessibilidade”, sustentou a HRW.

“A maioria dos países do mundo, incluindo a União Europeia e os membros da NATO, comprometeram-se a proteger a educação contra ataques e deveriam ajudar a Ucrânia a atingir esse objectivo durante a guerra, este direito crucial deve ser protegido”, declarou Hugh Williamson.

Portugal está empenhado na reconstrução de uma escola secundária em Jitomir, a 150 quilómetros a oeste de Kyiv, que foi destruída num bombardeamento logo nos primeiros dias de guerra, num projecto da Parque Escolar em parceria com as autoridades ucranianas e a Estónia e que previa a formação de professores em Portugal.

Notícias ao Minuto
09/11/23 06:35
por Lusa

 


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