– “… E o que dizer dos lugares vazios à mesa? São lugares vazios cheios de memórias que carregam consigo as saudades e o desalento de tempos idos que não voltam mais.” 👪👍
🇵🇹 OPINIÃO
A menos de um mês do Natal já se sente o stresse e a ansiedade tão típicos desta altura do ano. Por mais que seja uma época desejada e globalmente associada a aspectos positivos, não deixa de comportar também um conjunto de preocupações, habitualmente relacionados com a gestão das expectativas associadas às dinâmicas familiares.
Porque se, para muitas famílias, o Natal representa, efectivamente, harmonia e bem-estar, para outras tantas é sinónimo de conflitos, tensões e muitas dores de cabeça.
Estes conflitos são mais significativos quando existem pais separados ou divorciados, que disputam (por vezes, com recurso a um cronómetro) o tempo com os filhos. Pais estes que se esquecem de que a magia do (verdadeiro) Natal envolve tolerância, aceitação e flexibilidade.
Mas muita ansiedade surge também associada à antecipação do reencontro com familiares mais distantes, adivinhando-se eventuais divergências e desacordos. Para muitos, o Natal mais não é do que uma altura de muito fingimento e hipocrisia, em que se faz-de-conta que está tudo bem.
E o que dizer dos lugares vazios à mesa? São lugares vazios cheios de memórias que carregam consigo as saudades e o desalento de tempos idos que não voltam mais.
A ideia cor-de-rosa e romantizada do Natal nem sempre corresponde à realidade e é fundamental ajustar as expectativas, minimizando sentimentos de frustração e angústia. Este ajustamento prévio permite ainda antecipar eventuais dificuldades, bem como possíveis soluções para as mesmas.
Pensemos ainda nas pessoas mais sós que vivem esta quadra como vivem o resto do ano – sozinhas. Para estas, a tristeza e a sensação de vazio instala-se e demora a ir embora, mais ainda quando se confrontam com as aparentes “famílias felizes” que a televisão e as redes sociais teimam em divulgar.
A ideia cor-de-rosa e romantizada do Natal nem sempre corresponde à realidade e é fundamental ajustar as expectativas, minimizando sentimentos de frustração e angústia. Este ajustamento prévio permite ainda antecipar eventuais dificuldades, bem como possíveis soluções para as mesmas.
Sabendo que atravessamos uma época que pode ser muito desafiante, sublinhamos a importância em cuidar da saúde mental, adoptando alguns comportamentos de auto-cuidado.
Cuidar do sono e da alimentação, fazer algum exercício físico e procurar interagir com pessoas com quem podemos desabafar e partilhar aquilo que pensamos e sentimos.
Mudar as lentes dos óculos com que olhamos a realidade à nossa volta e focarmo-nos naquilo que é verdadeiramente essencial, reaprendendo a dar valor às mais pequenas coisas. Porque aquilo que é realmente importante não está debaixo da Árvore de Natal embrulhado em papel colorido. Está dentro de nós e das pessoas de quem mais gostamos.
Psicóloga clínica e forense, terapeuta familiar e de casal
DN
Rute Agulhas
30 Novembro 2023 — 00:27
Ex-Combatente da Guerra do Ultramar, Web-designer,
Investigator, Astronomer and Digital Content Creator
published in: 6 dias ago