89: Passos Coelho a “dar colo” a Ventura? E não foi por acaso…

 

PASSOS COELHO = ANDRÉ VENTURA

Passos Coelho volta às “bocas do mundo” com a queda de António Costa, depois de deixar palavras que dão que pensar – e que parecem não ter sido proferidas por acaso.

“O Chega não é um partido anti-democrático”. Foi com esta singela frase que Passos Coelho se colocou na agenda política nacional numa altura em que o país está sem primeiro-ministro, depois da demissão de António Costa.

A declaração foi feita durante um debate sobre a democracia na Escola Secundária Luís Freitas Branco, em Paço de Arcos, no concelho de Oeiras, depois de uma jovem estudante ter perguntado a Passos Coelho se achava que as eleições antecipadas “podem dar força a partidos que ameaçam a democracia, como o Chega“.

O ex-presidente do PSD tratou de salientar que o partido de André Ventura “tem toda a legitimidade de existir” e que “não é um partido anti-democrático”.

O líder do partido Volt Duarte Costa conta na rede social X, o antigo Twitter, que questionou Passos Coelho a este propósito, e garante que o antigo primeiro-ministro repetiu a ideia, mas que não quis gravar declarações.

Duarte Costa critica a posição do antigo presidente do PSD. “É esta mensagem para uma audiência de alunos do secundário”, pergunta, frisando que “ser eleito democraticamente não faz do Chega democrático“.

“Um partido que segrega pessoas de bem e mal, que defende o regresso do autoritarismo à Europa e que descredibiliza a imprensa e ciência é um partido anti-democrático”, reforça Duarte Costa.

Passos “criou” Ventura e, agora, quer “normalizá-lo”

Já o deputado socialista Ivan Gonçalves entende que Passos Coelho está a ser “coerente” porque foi ele “quem criou André Ventura, quem lhe deu palco, quem permitiu que a expressão do seu pensamento racista e xenófobo fosse a cara do PSD em Loures”, e, agora, é “quem o vai tentando normalizar”.

Assim, Passos Coelho está, no fundo, a dar “colo” a Ventura, “branqueando a extrema-direita”, segundo a convicção de alguns.

Esta ideia é especialmente relevante numa altura em que se especula que as eleições antecipadas vão dar força, sobretudo, ao Chega. Até porque António Costa cai devido a suspeitas de corrupção – e o combate à corrupção é uma das principais bandeiras do Chega.

Esse é precisamente o entendimento do comentador da SIC Paulo Baldaia que nota que “o Chega só tem que esperar sentado” porque o cenário político “favorece a narrativa de um país que tem corrupção, de um sistema que não funciona” e a “necessidade de uma quarta República” que Ventura tem defendido.

E o Chega já está em campanha eleitoral a acenar essa bandeira. André Ventura tem insistido, mais do que nunca, no combate à corrupção nas suas últimas declarações.

“Afinal tínhamos razão: a terceira mão do gamanço andava mesmo aí em força. Cá estaremos para a aniquilar de vez”, escreveu no X numa publicação recente. “Isto precisa de uma limpeza geral“, acrescentou na seguinte.

O vogal da direcção nacional da Juventude do Chega, Ricardo Reis, reforça a ideia e atira Passos Coelho para o “barulho”, notando que como “homem inteligente e com bom senso, sabe ver que ser anti-corrupção e defender os portugueses de bem, não é ser anti-democrático, mas sim ser digno e confiável”.

“O Chega só é perigoso para os corruptos e criminosos“, acrescenta Ricardo Reis no X.

Uma geringonça de direita com o Chega?

Numa altura de todas as dúvidas, e com uma crise económica a minar a confiança dos portugueses nos políticos, antecipa-se já um crescimento significativo do Chega nas eleições antecipadas.

Ao mesmo tempo, prevê-se uma queda do PS por via das suspeitas que derrubaram António Costa, e se as últimas sondagens se confirmarem, ficará claro que o PSD não conseguirá governar sozinho.

Com tudo isto, o Chega pode ser a muleta necessária para o PSD chegar ao poder.

Luís Montenegro nunca fechou, verdadeiramente, essa porta. Em Setembro, no âmbito das negociações para o novo Governo da Madeira, garantiu que “não haverá nenhuma solução governativa” com “contribuição do Chega”.

“Nós não vamos governar, nem a Madeira, nem o país, com o apoio do Chega, porque não precisamos“, apontou o presidente do PSD. Mas e se for preciso? Essa é a pergunta sem resposta nesta altura.

As palavras de Passos Coelho sobre o Chega podem, assim, não ter surgido por mero acaso. Talvez sejam já a preparar o terreno para esse cenário de uma eventual “geringonça” à direita – e para minimizar um eventual desconforto de Montenegro com uma eventual associação que muitos não querem no PSD.

 Susana Valente, ZAP //
9 Novembro, 2023


Ex-Combatente da Guerra do Ultramar, Web-designer,
Investigator, Astronomer and Digital Content Creator

published in: 4 semanas ago

 

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81: Pedro Passos Coelho defende que Chega “não é um partido anti-democrático”

 

🇵🇹 POLÍTICA // FASCISMO

Declaração surge após uma aluna do secundário ter questionado o social-democrata: “Acha que eleições antecipadas podem dar força a partidos que ameaçam a democracia, como o Chega?”

Foi numa sessão no âmbito da iniciativa “Dia da Democracia – Oeiras, o lugar da liberdade!” que o antigo primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, disse que “o Chega não é um partido antidemocrático”, acrescentando que o partido “tem toda a legitimidade de existir”.

De acordo com a revista ‘Visão’, a afirmação de Passos Coelho foi proferida na sessão que decorreu, esta quarta-feira, na Escola Secundária Luís Freitas Branco, em Paço de Arcos, no concelho de Oeiras.

A declaração surgiu após uma aluna do secundário ter questionado o ex-líder social-democrata: “Acha que eleições antecipadas podem dar força a partidos que ameaçam a democracia, como o Chega?”.

Duarte Costa, líder do partido Volt, interpelou Pedro Passos Coelho, segundo a mesma revista, qualificando as declarações como “muito graves” e alertando que foram ditas “perante uma audiência de jovens do ensino secundário”.

Duarte Costa acrescenta que o antigo primeiro-ministro voltou a reforçar o que tinha dito: o” Chega foi eleito democraticamente” e é “um partido como os outros que estão presentes na Assembleia da República”.

Na rede social X (antigo Twitter), Duarte Costa disse que Pedro Passos Coelho não permitiu a divulgação da gravação da conversa.

MSN Notícias
Expresso Expresso
08.11.2023


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