413: Se não fossem os dinossauros, os humanos poderiam viver 200 anos

 

⚗️ CIÊNCIA // 🦖 PALEONTOLOGIA // 👪 HUMANOS // 🦖DINOSSAUROS

O envelhecimento humano pode ter sido influenciado negativamente pelos milhões de anos de dominação dos dinossauros no planeta Terra.

ZAP // Dall-E-2

O investigador João Pedro de Magalhães, professor de bio-gerontologia molecular na Universidade de Birmingham, no Reino Unido, alega que, se não fossem os dinossauros, os humanos poderiam viver 200 anos. Por trás desta ideia está o conceito de “gargalo da longevidade”.

Actualmente, a maioria dos répteis e dos anfíbios não apresentam sinais significativos de senescência, nem de envelhecimento biológico. De forma totalmente oposta, os mamíferos, grupo no qual estão incluídos os seres humanos, têm indicadores bastante nítidos de declínio conforme o avanço da idade.

Para explicar esta diferença, o professor recorreu ao período geológico da Era Mesozóica. Neste momento da História, marcado pelo reinado dos dinossauros, os mamíferos enfrentavam uma pressão para que se reproduzissem de forma extremamente rápida, já que poderiam ser uma presa a qualquer momento.

Ao longo de aproximadamente 100 milhões de anos e de vidas possivelmente mais curtas, os primeiros mamíferos foram perdendo genes associados à longevidade.

“Alguns dos primeiros mamíferos foram obrigados a viver na base da cadeia alimentar e terão passado 100 milhões de anos durante a era dos dinossauros a evoluir para sobreviver através da reprodução rápida”, explica o português, citado pelo ScienceAlert.

“Esse longo período de pressão evolutiva tem um impacto na forma como nós, humanos, envelhecemos”, revelou o investigador. “É como se, hoje, os humanos sofressem os reflexos desse momento em que eram parte de um grupo localizado na base da cadeia alimentar.”

Segundo João Pedro de Magalhães, “a hipótese do gargalo da longevidade lança luzes sobre as forças evolutivas que moldaram a maneira como os mamíferos envelheceram ao longo de milhões de anos”.

“Embora tenhamos, agora, uma infinidade de mamíferos, incluindo humanos, baleias e elefantes, que crescem e vivem durante muito tempo, nós e estes mamíferos temos inúmeros problemas genéticos da Era Mesozóica e envelhecemos surpreendentemente mais depressa do que muitos répteis”, acrescentou.

Por outro lado, alguns répteis, por exemplo, têm um processo de envelhecimento muito mais lento e mostram sinais mínimos de senescência ao longo da vida.

Na natureza, encontramos impressionantes exemplos de regeneração em algumas espécies de animais, como as salamandras. No entanto, essas capacidades eram desnecessárias para os primeiros grupos de mamíferos que estavam mais preocupados em fugir dos predadores, como o Tiranossauro rex, e se reproduzirem do que em se regenerar.

“Embora seja apenas uma hipótese neste momento, há muitos ângulos intrigantes a considerar, incluindo a perspectiva de o cancro ser mais frequente nos mamíferos do que noutras espécies devido ao rápido processo de envelhecimento”, salienta Pedro Magalhães.

O artigo científico foi publicado, no mês passado, na revista BioEssays.

ZAP //
5 Dezembro, 2023



Ex-Combatente da Guerra do Ultramar, Web-designer, Investigator,
Astronomer and Digital Content Creator, desinfluenciador



published in: 19 horas ago

Loading

397: O fóssil de uma besta gigante poderá ter inspirado o mito dos ciclopes

 

🦖 PALEONTOLOGIA // 🦴FÓSSEIS

Os restos fossilizados de um animal pré-histórico, Deinotherium giganteum, podem ter inspirado a lenda do Ciclope na Grécia Antiga.

ZAP // Dall-E-2

O Deinotherium giganteum, uma enorme criatura da mesma ordem dos elefantes modernos, viveu entre 20 e 2 milhões de anos atrás.

Segundo historiadores e paleontólogos, o seu crânio, com presas voltadas para baixo e uma grande abertura nasal, poderá ter sido confundido com a órbita ocular de um humanoide gigante e monocelha — semelhante aos ciclopes descritos na mitologia grega.

O termo “ciclope” tem origem na palavra grega para “olho redondo“, e essas criaturas míticas são frequentemente retratadas em textos antigos, incluindo a Odisseia de Homero.

Geralmente, são representadas como grandes humanoides com um só olho, com reputação de serem canibais — e muito perigosos. Apesar da falta de evidências da sua existência, explica o IFLS, especula-se que a descoberta de fósseis semelhantes aos Ciclopes possa ter alimentado essas lendas.

No seu livro “The First Fossil Hunters: Paleontology in Greek and Roman Times”, a histriadora e especialista em folclore clássico Adrienne Mayor sugere haver uma ligação de algumas descobertas fósseis às origens de certos mitos.

Durji / Wikipedia
Fóssil de Deinotherium giganteum no Paleontology Museum of Asenovgrad, Bulgaria

Thomas Strasser, arqueólogo da California State University, acrescenta que os antigos gregos, sendo principalmente agricultores, teriam encontrado estes ossos fósseis e, sem entender os modernos conceitos de evolução, poderiam tê-los reconstruído na suas mentes como gigantes ou monstros.

A ilha de Creta, conhecida pela sua rica mitologia e famosas lendas, é um local significativo para a descoberta de fósseis de Deinotherium giganteum.

Um espécime quase completo encontrado em Creta em 2014 apoia a teoria de que o crânio incomum deste animal pode ter sido interpretado erradamente como uma órbita ocular gigante por observadores antigos.

Além disso, as lendas de criaturas como ciclopes ou híbridos humano-animais têm frequentemente origem em animais com defeitos de nascimento.

A criptozoologia, que estuda espécies animais hipotéticas ou avistadas por poucas pessoas e que já nos ajudou a perceber que os gigantes nunca poderiam ter existido,  pode ter explicado mais uma lenda.

Resta então saber saber o que são o Monstro do Lago Ness e o mítico Abominável Homem das Neves — também conhecido como Bigfoot ou Sasquatch.

ZAP //
4 Dezembro, 2023


Ex-Combatente da Guerra do Ultramar, Web-designer, Investigator,
Astronomer and Digital Content Creator, desinfluenciador



published in: 2 dias ago

Loading

387: Fósseis revelam a luta titânica de dois apocalípticos predadores marinhos

 

⚗️ CIÊNCIA // 🦖PALEONTOLOGIA // 🦴 FÓSSEIS MARINHOS

A descoberta de um fóssil de mosassauro com 80 milhões de anos fornece novas perspectivas sobre a evolução destes antigos répteis marinhos.

ZAP // Dall-E-2

Uma equipa de investigadores norte-americanos encontrou em Cavalier County, no Dakota do Norte, um fóssil de um exemplar de Jormungandr walhallaensis.

O nome científico da espécie foi  atribuído em homenagem ao mito nórdico de Jörmungandr, a serpente marinha que anuncia o fim do mundo, e à vila de Walhalla, no estado norte-americano.

A descoberta, apresentada  num artigo publicado esta quinta-feira no jornal do Museu Americano de História Natural, revela indícios de um encontro violento com outro mosassauro e evidencia a natureza brutal da vida marinha durante o período Cretáceo.

A espécie foi identificada a partir de fósseis desenterrados no Dakota do Norte, nos Estados Unidos, durante uma escavação anual em 2015 e mais tarde estudada pela paleontóloga Amelia Zietlow, investigadora do museu norte-americano e co-autora do estudo agora publicado.

O espécime, bem preservado, incluía ossos faciais, vértebras e partes do ombro, o que o distingue não apenas como uma nova espécie mas também como um novo género de mosassauro.

A descoberta deste mosassauro de tamanho médio, com cerca de 7,3 metros de comprimento e um crânio distintivo com cerca de 67 centímetros, é fulcral para estabelecer a ligação evolutiva entre os mosassauros mais pequenos e antigos, como o Clidastes, e o maior e mais evoluído mosassauro popularizado em filmes como Jurassic Park.

O Jormungandr walhallaensis viveu há 80 milhões de anos, quando a América do Norte estava dividida por um mar interior quente e raso que se estendia desde o Golfo do México até ao Canadá, e enfrentava enormes desafios — quer como predador, quer a tentativa de evitar tornar-se a presa de predadores maiores.

Os fósseis do animal pré-histórico mostram marcas brutais de dentadas de um mosassauro rival, e apresentam uma combinação única de características anatómicas que remetem tanto aos seus antepassados primitivos quanto aos seus descendentes maiores.

“Pela análise das vértebras, sabemos que este espécime terá sido a certa altura mordido por outro mosassauro“, explica Amelia Zietlow ao Discover. “Não conhecemos mais nada que existisse nessa altura que pudesse ter feito marcas tão grandes e tão profundas“.

Esta descoberta é significativa para os paleontologistas, pois esclarece as interacções competitivas e comportamentos predatórios dos mosassauros, ao mesmo tempo que preenche lacunas importantes no que diz respeito ao seu desenvolvimento anatómico ao longo do tempo.

ZAP //
3 Dezembro, 2023


Ex-Combatente da Guerra do Ultramar, Web-designer, Investigator, Astronomer and Digital Content Creator, desinfluenciador


published in: 3 dias ago

Loading

284: Trilobitas com 490 milhões de anos podem resolver um quebra-cabeças geográfico antigo

 

⚗️ CIÊNCIA // 🦖 PALEONTOLOGIA // TRILOBITAS

Esta descoberta pode ajudar a descobrir mais dados sobre a história geográfica das outras áreas onde as trilobitas foram encontradas que tenham rochas difíceis de datar.

kevinzim / Flickr
Trilobite

As humildes trilobitas, embora extintas há muito tempo, ainda tem muito para nos ensinar sobre a história do nosso planeta. De facto, estes artrópodes antigos – incluindo 10 espécies recém-descobertas — que viveram há quase 500 milhões de anos — podem conter as peças que faltam no quebra-cabeça sobre como a Tailândia se encaixava no antigo super-continente de Gondwana.

Um novo estudo publicado na Papers in Palaeontology revela que foram descobertos fósseis de trilobitas em rochas vulcânicas numa região pouco estudada da Tailândia, Ko Tarutao, numa camada de rocha verde chamada tufa, que é formada quando as cinzas de erupções se depositam no fundo do mar e são gradualmente comprimidas em rocha sólida.

Dentro da tufa, foram encontrados cristais de zircão, um mineral quimicamente estável e resiliente, que contêm átomos de urânio, que gradualmente se decompõem e se transformam em átomos de chumbo.

Como resultado, os investigadores puderam usar técnicas de isótopos radioactivos para datar o zircão e, assim, a idade da erupção que levou à formação da tufa e dos fósseis de trilobitas nela contidos.

Descobriu-se que os trilobitas datam de há cerca de 490 milhões de anos, durante o período Cambriano tardio, tornando a tufa um achado raro. “Não há muitos lugares no mundo com isso.

É um dos intervalos de tempo menos datados na história da Terra”, disse o co-autor Nigel Hughes num comunicado.

Além de descobrirem 10 novas espécies de trilobitas na tufa, os cientistas encontraram 12 tipos de trilobitas que nunca tinham sido descobertos na Tailândia, mas foram encontrados em outros lugares. Juntamente com a datação da tufa, isso pode fornecer pistas sobre onde a região estaria em relação a outros países quando todos faziam parte de Gondwana, o antigo super-continente.

“Agora podemos conectar a Tailândia a partes da Austrália, uma descoberta realmente empolgante”, explicou a primeira autora Shelly Wernette. Isso sugere que a região que se tornou a Tailândia moderna estava nas margens externas de Gondwana.

Espera-se que esta descoberta possa ajudar a fornecer mais informações sobre a história geográfica das outras áreas onde as trilobitas foram encontradas, mas onde as rochas têm sido difíceis de datar, revela o IFLScience.

“As tufas permitirão não apenas determinar a idade dos fósseis que encontramos na Tailândia, mas entender melhor partes do mundo como China, Austrália e até América do Norte, onde fósseis semelhantes foram encontrados em rochas que não podem ser datadas”, explica Wernette.

ZAP //
26 Novembro, 2023


Ex-Combatente da Guerra do Ultramar, Web-designer,
Investigator, Astronomer and Digital Content Creator

published in: 1 semana ago

Loading

283: Descubra que dinossauros foram seus vizinhos através deste mapa 3D

 

⚗️ CIÊNCIA // PALEONTOLOGIA // 🦖DINOSSAUROS

Como era o planeta Terra há milhões de anos? É possível pesquisar qualquer cidade do mundo e visualizar a sua evolução geográfica ao longo de diferentes períodos de tempo. Conheça os seus antigos vizinhos.

ZAP // Dinosaur Pictures

Já alguma vez deu por si a pensar: “mmm… que dinossauros é que andavam pelo que é agora a minha casa?”

Agora pode visualizar facilmente as paisagens antigas que existiam há milhões de anos, utilizando um mapa interactivo online.

Desenvolvido por Ian Webster, gestor de engenharia sénior do Discord, o Ancient Earth (em português, Terra Antiga), permite aos utilizadores explorar a história da Terra em 3D — desde há 750 milhões de anos até ao presente.

Os continentes e oceanos que hoje conhecemos sofreram transformações significativas ao longo de milhões de anos devido aos movimentos das placas tectónicas.

Embora estas alterações sejam imperceptíveis durante a vida humana, este mapa permite-lhe testemunhar a evolução do planeta ao longo de vastas escalas temporais.

O globo interactivo permite aos utilizadores inserir qualquer cidade do mundo e visualizar a sua evolução geográfica ao longo de diferentes períodos de tempo.

Mas o website não se fica pelos dinossauros: destaca também, nas proximidades, quais os primeiros répteis e plantas da área.

Por exemplo, introduzindo a cidade do Lisboa, ficamos a saber que se os lisboetas tivessem vivido no Mesozoico teriam como vizinhos cinco espécies de gigantes: o Erectopus, Iguanodon, Suchosaurus, Dracopelta e Allosaurus.

Já pela cidade do Porto, vagueavam o Dacentrurus, Torvosaurus, Lourinhasaurus, Duriatitan e Stegosaurus.

Nesta viagem pelos pontos-chave do Planeta Azul, é possível ver não só o surgimento das primeiras algas verdes, insectos ou dinossauros, como as mudanças das placas tectónicas do planeta através de várias eras geológicas.

Este mapa oferece-lhe assim a possibilidade de fazer uma viagem através do tempo, com início há 240 milhões de anos, quando o super-continente Pangaea dominava a Terra.

ZAP //
26 Novembro, 2023


Ex-Combatente da Guerra do Ultramar, Web-designer,
Investigator, Astronomer and Digital Content Creator

published in: 1 semana ago

Loading

187: Afinal, a Europa foi uma densa savana povoada por elefantes de presas rectas (e rinocerontes)

 

 EUROPA // 🐘🦏 PALEONTOLOGIA

A ideia popular de que a antiga Europa era predominantemente coberta por florestas densas e contínuas foi desafiada por um estudo recente.

Brennan Stokkermans

Uma equipa de investigadores, liderada por Elena Pearce, da Universidade de Aarhus, Dinamarca, analisou pólenes antigos e descobriu que, contrariamente à ideia popular, metade da paisagem da Europa ancestral era na realidade constituída por savanas ou bosques, assemelhando-se a uma savana.

Os resultados do estudo, publicados a semana passada na revista Science Advances, altera a visão de longa data sobre a vegetação natural da Europa.

A equipa de Pearce investigou a vegetação da Europa durante o período interglacial anterior, há cerca de 115.000 a 130.000 anos, tendo examinado quase 100 amostras de pólen de vários locais do continente.

Os investigadores usaram um modelo de computador que leva em conta as diferentes taxas de produção de pólen de árvores e gramíneas para obter uma imagem mais precisa da vegetação ancestral do Velho Continente.

Esta abordagem revelou uma paisagem marcadamente diferente das florestas densas comummente imaginadas.

O estudo sugere que a megafauna, incluindo elefantes de presas rectas e rinocerontes, desempenhou um papel significativo na modelação desta paisagem.

Estes animais de grande porte suprimiram a vegetação lenhosa ao comer e pisar árvores jovens, mantendo assim savanas abertas e pequenos bosques.

Esta descoberta contradiz estudos anteriores, que se concentravam principalmente nos últimos 10.000 anos e não consideravam o impacto da megafauna a esta extensão.

O estudo de Pearce também resolve uma discrepância de longa data entre a abundância de pólen de árvores encontrada em registos históricos e as evidências fósseis de grandes mamíferos, que indicavam uma paisagem mais aberta.

O estudo sugere também que os factores climáticos e os incêndios não foram afinal os principais influenciadores desta variabilidade da vegetação, apontando em vez disso para a influência da megafauna.

“Não obtivemos evidências de que esta variabilidade da vegetação possa ser explicada por factores climáticos, ou por eventos como grandes incêndios”, explica Pearce à New Scientist. “Então resta a influência da megafauna“.

O estudo tem implicações para os esforços de conservação modernos. Pearce defende a replicação dos processos que criaram estas paisagens antigas, em vez de tentar recriar as paisagens em si.

A investigadora realça a importância de animais como os javalis selvagens, que, através dos seus comportamentos naturais, criam habitats diversos benéficos para várias espécies.

“Os javalis passam a vida a escavar o solo, o que impede que espécies prejudiciais como as urtigas se tornem dominantes”, comenta Elena Pearce. “Eles são, basicamente… uns porcos. E toda a desordem que causam ajuda a criar habitats propícios a que certas espécies apareçam e prosperem”.

ZAP //
19 Novembro, 2023


Ex-Combatente da Guerra do Ultramar, Web-designer,
Investigator, Astronomer and Digital Content Creator

published in: 2 semanas ago

Loading

6: A vaca do Mesozóico. Eis o dinossauro mais estranho do Mundo

 

⚗️ CIÊNCIA // 🦖PALEONTOLOGIA // 🦖 DINOSSAUROS

O Nigersaurus, um enigmático dinossauro saurópode que percorreu a Terra há cerca de 115 a 105 milhões de anos, fascina os cientistas e entusiastas de dinossauros desde a sua identificação oficial, em 1999, pelo paleontólogo americano Paul Sereno.

Paul Sereno / University of Chicago
Conceito artístico de um Nigersaurus

É o dinossauro mais bizarro de sempre. Originário da região de Gadoufaoua, no Níger, o Nigersaurus apresenta características únicas que lhe valeram o apelido de “Vaca do Mesozóico”.

Um dos aspetos mais impressionantes deste saurópode, nota o Interesting Engineering, é a sua estrutura dentária.

A criatura tinha um conjunto extraordinário de dentes — cerca de 500 no total — equipados na sua ampla e plana focinheira, que se assemelha a pás gigantes. Estes dentes estavam organizados em 60 fileiras nas mandíbulas superiores e 68 nas inferiores.

Tal como os tubarões, o dinossauro substituía constantemente os seus dentes desgastados ou perdidos, tornando-se um polifiodonte. Segundo um estudo publicado na PLOS em 2013, o Nigersaurus trocava de dentes a cada 14 dias.

Nos últimos anos, diversos estudos analisaram a anatomia da criatura, revelando que provavelmente pastava perto do solo, à semelhança das vacas.

Análises biomecânicas sugeriram que a cabeça e o focinho do dinossauro estavam orientadas 67° para baixo, optimizadas para o pasto ao nível do solo.

Com uma morfologia peculiar, o Nigersaurus tinha uma aparência mais próxima da de um bovino moderno do que da de um saurópode típico — o que lhe valeu a alcunha de “Vaca do Mesozóico”.

Com um peso estimado entre  2 e 4 toneladas (o peso aproximado de um elefante contemporâneo) e cerca de  9,1 metros de comprimento, o Nigersaurus tinha uma estrutura óssea delicada, incluindo um crânio com ossos com menos de 2 milímetros de espessura.

Apesar de ter sido descoberta na década de 1950 por paleontólogos franceses, devido à fragilidade dos seus restos esqueléticos a espécie só foi oficialmente reconhecida em 1999, depois de a equipa do paleontólogo norte-americano americano Paul Sereno ter conseguido reconstruir 80% do seu esqueleto.

O dinossauro foi designado Nigersaurus taqueti em referência ao Níger, país onde os primeiros fósseis foram encontrados, e em honra do paleontólogo francês Philippe Taquet.

O Nigersaurus vivia no que é agora parte do deserto do Saara, num ambiente perigoso onde coexistia com grandes terópodes como os temíveis Kryptops, Suchomimus e Eocarcharia, bem como criaturas semelhantes a crocodilos, como o Sarcosuchus.

Curiosamente, o dinossauro tinha um sentido do olfacto pouco desenvolvido, mas possivelmente desfrutava de um campo de visão quase de 360 graus, uma característica crucial para detectar predadores.

O Nigersaurus continua a ser um enigma, particularmente devido à sua estrutura dentária única e à postura debatida. As suas características fascinantes, desde a sua bateria de dentes à sua delicada estrutura óssea, tornam-no um tema invulgar, mas cativante, no mundo da paleontologia.

ZAP //
1 Novembro, 2023


Ex-Combatente da Guerra do Ultramar, Web-designer,
Investigator, Astronomer and Digital Content Creator

published in: 1 mês ago

 

Loading