– Este russonazi não está senil… está demente, paranóico, psicopata, é uma amostra de ser humano por fora e diabo por dentro. As suas fobias contra o Ocidente, contra tudo o que lhe é hostil – por não serem da mesma ideologia dele -, são a doença que o mina cerebralmente e o leva a ter estas disfunções patológicas mentais, num exercício constante de ocidental-fobia paralisante e produzindo estas “crónicas” demenciais. É muito possível que o único neurónio que lhe resta, já se encontre fundido!
O presidente russo, Vladimir Putin, acusou hoje o Ocidente de querer desmembrar e saquear a Rússia, numa mensagem via videoconferência aos participantes no XXV Conselho Mundial do Povo Russo, que se realiza em Moscovo.
“O que eles realmente querem [no Ocidente]? ??O que eles realmente querem é desmembrar e saquear a Rússia. Não funciona para eles pela força, então semeiam o caos”, disse o líder do Kremlin.
Segundo Putin, o Ocidente “em princípio não precisa de um país tão grande e multinacional como a Rússia”.
“A nossa diversidade e unidade de culturas, tradições, línguas, grupos étnicos não se enquadram na lógica dos racistas e colonizadores ocidentais, no seu sistema cruel de total desumanização, divisão, opressão e exploração”, afirmou.
Putin criticou que “a russofobia e outras formas de racismo e neonazismo são hoje praticamente a ideologia oficial das elites dominantes ocidentais”.
“Consideramos qualquer interferência externa, qualquer provocação com o objectivo de provocar conflitos inter-étnicos ou inter-religiosos, como acções agressivas contra o nosso país, como uma tentativa de lançar mais uma vez o terrorismo e o extremismo contra a Rússia, como uma ferramenta para lutar contra nós”, declarou o Presidente russo, deixando palavras alusivas à herança do país.
“O mundo russo são todas as gerações dos nossos ancestrais, os nossos descendentes. O mundo russo é a antiga Rus, a Moscóvia, o Império Russo, a União Soviética e a Rússia de hoje, que recupera, fortalece e multiplica a sua soberania como potência mundial”, destacou.
No início do seu discurso, Putin pediu um minuto de silêncio em homenagem por aqueles que morreram na campanha militar na Ucrânia: “Eles lutaram por nós, pelo nosso país. Glória eterna”.
Uma das razões apresentadas pelo Kremlin para lançar a campanha militar no país vizinho é a defesa do que é conhecido como “Mundo Russo”, ou seja, o espaço geográfico pós-soviético onde vivem os russos étnicos e se fala a língua do poeta e dramaturgo Aleksandr Pushkin.
A Rússia invadiu a Ucrânia em 22 de Fevereiro de 2022, com o argumento de “desnazificar” o país vizinho, independente desde 1991 após a desagregação da antiga União Soviética e que tem visto a desde então a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.
A guerra na Ucrânia, que já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, não tem conhecido avanços significativos nos últimos meses, mantendo-se ambas as partes irredutíveis nas suas posições territoriais e sem abertura para cedências negociais.
Os parlamentos e governos dos três países bálticos manifestaram hoje, numa declaração conjunta, apoio contínuo à Ucrânia e prometeram aumentar os gastos com a defesa e a cooperação face à ameaça russa, bem como garantir a independência energética.
A nota, assinada em Talin pelo presidente da Assembleia Interparlamentar do Báltico, Timo Suslov, e pelo ministro dos Negócios Estrangeiros da Estónia, Margus Tsahkna, em representação do Conselho de Ministros do Báltico, declara que os três estados vão esforçar-se por ajudar a Ucrânia “a vencer esta guerra o mais rápido possível”.
“Os Estados Bálticos continuarão a fornecer à Ucrânia assistência militar, económica, humanitária e política. Vamos esforçar-nos para promover assistência militar eficaz e sincronizada à Ucrânia”, referem a Estónia, Letónia e Lituânia.
No documento, estas nações também defendem que a Rússia deve compensar integralmente os danos causados pela invasão da Ucrânia, o que inclui a utilização de fundos congelados nos países ocidentais.
“A Rússia continua a ser a ameaça mais significativa e directa à segurança euro-atlântica e às normas e princípios subjacentes à ordem internacional baseada em regras”, realçam.
Sobre os actuais esforços para diversificar e garantir o abastecimento energético da região, os três países sublinharam que continuam preocupados com o fluxo contínuo de gás natural liquefeito da Rússia para a União Europeia (UE) e pediram o abandono de “todas as importações de energia russas o mais rápido possível”.
Neste sentido, destacaram também a importância das infraestruturas transfronteiriças e da cooperação energética e comprometeram-se a continuar a melhorar as interconexões de gás e electricidade na região do Báltico.
Estes países lembraram que as suas redes eléctricas estão programadas para serem dessincronizadas da rede russa em Fevereiro de 2025.
Estónia, Letónia e Lituânia sublinharam ainda a importância de continuar a desenvolver a ligação ferroviária Rail Baltica, desde a capital da Estónia, Talin, passando pela Letónia, até à fronteira polaca e à rede europeia, um projecto cujo custo está a aumentar devido aos efeitos da guerra no sector da construção.
A ofensiva militar lançada a 24 de Fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou, de acordo com os mais recentes dados da ONU, a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa — justificada pelo Presidente russo com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
O conflito prossegue com combates sangrentos na região leste, onde as forças de Moscovo desenvolvem ataques massivos em Kupiansk, Marinka e Avdiivka, enquanto as tropas de Kiev vão repelindo estas investidas e tentando progredir na região sul, nas frentes de Zaporijia e Kherson.
A Rússia bombardeou 120 cidades habitadas nas regiões fronteiriças ou perto da frente em Chernigiv, Sumi, Kharkiv, Lugansk, Donetsk, Zaporijia, Dnipropetrovsk e Kherson, informou hoje o Estado-Maior ucraniano.
A mesma fonte indicou que Kyiv evitou hoje 11 ataques russos no sul de Bakhmut, 20 em Avdivka e 14 em Marinka, localidades localizadas na região leste de Donetsk.
Em Kupiansk, na região nordeste de Kharkiv, a Ucrânia diz ter repelido três ataques russos.
De acordo com o estado-maior ucraniano, a Rússia perdeu, nas últimas 24 horas, 1.100 soldados, 30 tanques, 32 veículos blindados e 31 sistemas de artilharia nestes ataques.
A invasão russa da Ucrânia, iniciada em 24 de Fevereiro de 2022, prossegue com combates sangrentos na região leste, onde as forças de Moscovo desenvolvem ataques massivos em Kupiansk, Marinka e Avdivka, enquanto as tropas de Kyiv vão repelindo estas investidas e tentando progredir na região sul, nas frentes de Zaporijia e Kherson.
🇺🇦🔱 UCRÂNIA // EUROMAIDAN // REVOLUÇÃO DA DIGNIDADE
No rescaldo da ‘Revolução da Dignidade’ do inverno de 2013-2014, iniciada há 10 anos, a Ucrânia entrou num período de conflito latente e escalada de tensões com a Rússia, suavizadas temporariamente em 2019.
O movimento de protesto em Maidan (praça em ucraniano) implicou a queda do presidente “pró-russo” Viktor Ianukovitch em 24 de Fevereiro de 2014, que três meses antes tinha renunciado a um acordo de associação com a União Europeia. O país dividia-se entre este projecto de integração económica e uma alternativa proposta russa de união aduaneira.
De imediato, o presidente russo Vladimir Putin e o seu círculo do Kremlin equiparam o protesto massivo na praça central de Kyiv “a um pogrom” enquanto o chefe da diplomacia, Serguei Lavrov, denuncia interferências estrangeiras.
Apesar das manifestações, Ianukovitch persiste e assina um acordo com Moscovo que implica o fim das barreiras alfandegárias e um empréstimo russo de 14 mil milhões de euros.
Os confrontos não esmorecem, a violência agrava-se em Fevereiro – entre os dias 18 e 21, um total de 90 mortos em Kyiv, manifestantes e polícias, segundo as autoridades — e que implica a destituição de Ianukovitch pelo parlamento, que opta pelo exílio na Rússia.
Putin denuncia um “golpe de Estado” – nas barricadas de Maidan conviviam opositores “pró-europeus”, mas também nacionalistas em particular do partido de extrema-direita Svoboda -, uma abordagem destinada a desacreditar um movimento manipulado por “potências ocidentais”, e refere-se ao seu carácter nacionalista e perigoso.
As chancelarias europeias e norte-americana eram acusadas de ter apoiado, e provocado, a revolta para favorecer a chegada ao poder de governos que pretendiam limitar a influência russa na região.
Com um governo interino em funções, Putin declara que a Rússia “se reserva no direito de recorrer a todas as opções disponíveis, incluindo a força como último recurso”, enquanto logo em maio de 2014 eclodem confrontos entre militantes pró e anti-russos em várias cidades, incluindo Odessa ou Simferopol, a capital da Crimeia, maioritariamente russófona.
Com a sua base naval em Sebastopol e dois aeroportos militares em Kacha e Simferopol, a península nas margens do mar Negro é um território estratégico para a Rússia, que envia tropas e promove em 16 de Março um referendo que vota massivamente pela integração na Rússia, considerado “ilegal” por Estados Unidos e União Europeia.
Esta decisão implica o endurecimento das relações de Moscovo com o ocidente, que se agravam logo em 07 de Abril, com o início da guerra civil no Donbass, no leste ucraniano, também com maioria de população russófona.
Os separatistas, apoiados por Moscovo apesar de a Rússia negar envolvimento no conflito, organizam dois referendos em Donetsk e Lugansk em 11 de Maio de 2014, com uma ampla vitória do “sim” à independência. A Ucrânia e os países ocidentais não reconhecem o resultado, ao contrário da Rússia.
A nível interno, e na sequência da proibição dos principais partidos “pró russos” — que tinham dominado a vida política interna desde 2006 –, o ex-opositor Petro Poroshenko é eleito em 25 de Maio Presidente da Ucrânia com 56% dos votos, com os resultados também reconhecidos por Moscovo.
De imediato, anuncia um plano de paz e decreta um cessar-fogo unilateral em 20 de Junho, com poucos efeitos nas zonas de combate, e após Kyiv ter desencadeado a sua operação “antiterrorista” e enviar para leste o seu Exército e milícias de extrema-direita.
A primeira grande iniciativa diplomática decorre quase de imediato, quando o Presidente francês François Hollande e a chanceler alemã Ângela Merkel se reúnem em 06 de Junho com Putin e Poroshenko na Normandia (França) por ocasião do 70º aniversário do desembarque aliado.
Tinha início o “formato Normandia”, encontros quadripartidos entre Alemanha, França, Rússia e Ucrânia. Em paralelo, a União Europeia decide assinar no final desse mês um acordo de associação económico e de comércio livre com Kyiv, de novo criticado por Moscovo.
No Donbass, o conflito persiste, sangrento e intenso. Em 17 de Julho, o voo MH 17 da Malaysia Airlines é abatido no leste da Ucrânia, em território controlado pelos separatistas (298 mortos) e que implicará posteriores condenações por um tribunal holandês a prisão perpétua, mas à revelia, de dois russos e um ucraniano.
Em paralelo, o primeiro cessar-fogo entre as duas partes, negociado entre os dois campos na capital bielorrussa (Minsk I) em 05 de Setembro, e com o Presidente Aleksander Lukashenko na função de anfitrião, implica uma redução dos combates, que no entanto prosseguem.
O semi fracasso do também designado “Protocolo de Minsk” impelirá as repúblicas populares secessionistas de promoverem eleições presidenciais e elegerem os seus lideres (Alexandre Zakhartchenko em Donetsk e Igor Plotniski em Lugansk), com a Ucrânia a denunciar uma violação dos acordos de Minsk e a Rússia a considerar que respeitam o acordado.
No final desse ano, e numa atitude de claro desafio a Moscovo, o parlamento ucraniano vota a favor de uma adesão à NATO, a principal “linha vermelha” há muito estabelecida pelo Kremlin.
Lavrov reage e refere-se a um movimento “contraproducente” que “fornece a ilusão de permitir resolver a profunda crise interna que atravessa a Ucrânia” e que apenas “vai exacerbar o clima de confrontação”.
O prosseguimento dos combates e dos bombardeamentos no leste do país implica uma nova reunião dos dirigentes da Rússia, Ucrânia, Alemanha e França, de novo na capital da Bielorrússia, para impor um novo cessar-fogo.
Para além desta medida, o acordo obtido em 12 de Fevereiro de 2015 após uma maratona de negociações com Putin inclui a retirada das armas pesadas de cada lado, troca de prisioneiros, restauração das fronteiras ucranianas e retirada das tropas estrangeiras.
Este “Minsk 2” também inclui uma vertente política que prevê a organização de eleições no quadro ucraniano e o reconhecimento de alguma autonomia para Donetsk e Lugansk.
Nos meses e anos que se seguem, o conflito fica congelado, com diversas cimeiras entre dirigentes europeus, russos e ucranianos em 2015 e 2016 sem resultados concretos.
Nas regiões separatistas, e em finais do ano seguinte, o líder da auto-proclamada República Popular de Lugansk (LNR), Igor Plotniski, demite-se após se refugiar em Moscovo (será substituído por Leonid Pasetchnik).
Alguns meses depois, em Agosto de 2018, o seu homólogo da República Popular de Donetsk (DNR), Alexandre Zakhartchenko, é assassinado, com o separatista Denis Puchiline a assumir o cargo, dois acontecimentos interpretados por analistas como o reforço da influência de Moscovo nessas regiões.
Será ainda em finais de 2018, após três pequenos navios da Marinha ucraniana serem apresados pela Rússia e os seus 24 tripulantes detidos quando tentavam cruzar a ponte da Crimeia, no estreito de Kerch – inaugurada com pompa pela Rússia nesse mesmo ano –, que Poroshenko decreta a lei marcial por 30 dias nas regiões russófonas do leste. Mas o seu fim político estava próximo.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, está envolto em críticas, tendo mesmo sido chamado de “mentiroso patológico”, depois de afirmar que a sua filha, de 25 anos, Elizaveta Peskova, vivia em “condições espartanas” e lutou para sobreviver enquanto estudou em Paris.
A filha do porta-voz do presidente russo é co-proprietária de uma empresa de planeamento de eventos e dirige uma fundação cultural russo-francesa. Tal como noticiou o The Times, Elizaveta Peskova é uma dos muitos familiares de responsáveis russos que desfrutaram de uma vida confortável na Europa, onde morou com a mãe, antes de regressar a Moscovo, há cerca de cinco anos, e se formar no prestigiado Instituto Estatal de Relações Internacionais de Moscovo.
Contudo, o seu pai decidiu dar outra versão dos factos e acabou ridicularizado. Em entrevista ao canal de televisão estudantil MGIMO 360, na sexta-feira, Peskov afirmou que a filha nunca foi uma “mazhor” – uma palavra usada na gíria russa para descrever os filhos de funcionários governamentais e empresários que são privilegiados.
“A minha filha nunca foi uma criança ‘mazhor‘”, disse Peskov. “Ela teve uma vida muito complicada, uma educação complicada”, acrescentou, referindo que, no tempo que passou a estudar em França, viveu “em condições muito espartanas”.
“Ela foi forçada a superar um grande número de dificuldades, passou muito tempo a tentar encontrar-se e, graças a Deus, agora estabeleceu-se… e tornou uma mulher de sucesso”, acrescentou ainda.
De realçar que Peskova se mudou para Paris com a mãe, Ekaterina Solotsinskaya, depois da separação dos pais, e viveu lá durante vários anos, tendo frequentado, inclusive, a EDC Paris Business School.
“Uma coisa é seres realmente um ‘mazhor’ e viveres bem, quando não tens nada a que aspirar, mas outra coisa é quando todos os dias precisas de superar problemas: onde alugar uma casa um pouco mais barata, como economizar dinheiro para poder comprar umas jeans novas no final do mês”, exemplificou.
Contudo, as declarações de Peskov contrastam com a página de Instagram de Elizaveta Peskova, rede social onde tem milhares de seguidores e exibe um estilo de vida de luxo.
Uma das pessoas a criticar Peskov foi Lyubov Sobol, assessora de Navalny, que partilhou uma fotografia de Elizaveta numa jacto particular e escreveu: “Condições espartanas de acordo com o mentiroso patológico Peskov”, lê-se na legenda, segundo cita a imprensa internacional.
Uma investigação da fundação anti-corrupção de Navalny avançou, anteriormente, que a jovem e mãe haviam comprado um apartamento no centro de Paris, no valor de 1.8 milhões de euros.
Além disso, a sua empresa de eventos tem o Ministério do Comércio e Indústria da Rússia e outras agências governamentais entre os seus clientes, tendo aumentando substancialmente os seus lucros comparativamente a 2022.
De realçar que a filha de Peskov foi alvo de sanções por parte dos EUA e da União Europeia na sequência da guerra na Ucrânia. Na altura, o Tesouro dos Estados Unidos justificou as sanções alegando que os familiares do porta-voz do Kremlin tinham “estilos de vida luxuosos que são incongruentes com o salário de funcionário público de Peskov”.
Note-se que, em 2019, Elizaveta já havia sido notícia por estar a estagiar no Parlamento Europeu com Aymeric Chauprade, então eurodeputado dissidente da Frente Nacional francesa, que tinha sido conselheiro de Marine Le Pen para os Assuntos Internacionais.
Na altura, Chauprade garantiu que Elizaveta era remunerada com mil euros por mês, como todos os seus estagiários, e só tinha acesso a informação pública.
O primeiro-ministro húngaro disse hoje que a Ucrânia está a “anos-luz” de garantir uma adesão à União Europeia (UE), e acrescentou que o seu Governo pretende apresentar um roteiro sobre as ambições de Kyiv em aderir ao bloco comunitário.
“A nossa tarefa será corrigir o erro sobre a promessa do início das negociações com a Ucrânia, porque a Ucrânia está actualmente a anos-luz da União Europeia”, disse Orbán no congresso bianual do seu partido nacionalista Fidesz, referindo-se às conversações agendadas para meados de Dezembro sobre um convite formal a Kyiv para o início as conversações de adesão.
No decurso do congresso do partido que hoje decorreu em Budapeste, Orbán foi reeleito presidente do Fidesz pela 11ª vez desde 2003. Nas suas declarações, assinalou que o bloqueio do caminho para uma adesão da Ucrânia à UE vai constituir uma das principais prioridades do seu Governo nos próximos meses.
Um novo país requer uma aprovação unânime de todos os Estados-membros, fornecendo a Orbán um poderoso direito de veto.
No início de Novembro a Comissão Europeia recomendou o início das conversações de adesão com a Ucrânia, considerando que o Governo de Kyiv “demonstrou um notável nível de poder institucional, determinação e capacidade para funcionar”.
Orbán, definido com o único aliado do Presidente russo Vladimir Putin na UE, argumentou que as negociações não devem ser iniciadas com um país em guerra, e que a integração da Ucrânia irá reorientar o sistema de distribuição de fundos atribuídos a cada um dos 27 Estados-membros.
Diversos críticos especularam que a Hungria está a utilizar a sua resistência para garantir concessões avaliadas em milhares de milhões de euros de fundos que Bruxelas bloqueou a Budapeste ao considerar que o Governo não respeita os padrões exigidos sobre direitos humanos e o Estado de direito.
Orbán já ameaçou bloquear um plano da UE sobre um pacote de ajuda à Ucrânia avaliado em 50 mil milhões de euros, e acusou Kyiv de violação dos direitos dos húngaros que vivem no oeste ucraniano, impedidos de aprenderem a sua língua materna.
Em Setembro também referiu ao parlamento húngaro que o seu Governo “não apoiará a Ucrânia em qualquer questão internacional” até à restauração dos direitos da minoria húngara.
Mais de 2.400 crianças ucranianas com idades entre seis e 17 anos foram levadas de quatro regiões da Ucrânia parcialmente ocupadas por tropas russas para a Bielorrússia, segundo um estudo da Universidade de Yale.
O estudo, divulgado na quinta-feira pelo Laboratório de Investigação Humanitária da Escola de Saúde Pública de Yale, financiada pelo Departamento de Estado norte-americano, concluiu que “o trabalho sistematizado da Rússia para identificar, recolher, transportar e reeducar as crianças ucranianas tem sido facilitado pela Bielorrússia” e é “em última análise coordenado” entre o Presidente russo, Vladimir Putin, e o líder autoritário bielorrusso, Alexander Lukashenko.
“O envolvimento directo da Bielorrússia na deportação forçada de crianças pela Rússia representa uma colaboração” entre os dois países, “com diversas organizações pró-Rússia e pró-regime a facilitar a deportação de crianças da Ucrânia”, refere a investigação.
De acordo com o estudo, pelo menos 2.442 crianças, entre as quais crianças com deficiência, foram levadas para a Bielorrússia de 17 cidades das regiões ucranianas de Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijia entre 24 de Fevereiro de 2022 e 30 de Outubro de 2023 — uma iniciativa descrita em grande pormenor no relatório de 40 páginas.
Das regiões ucranianas ocupadas, as crianças foram levadas para a cidade de Rostov, no sul da Rússia, e em seguida metidas num comboio para a Bielorrússia. O transporte foi financiado pelo Estado bielorrusso e estiveram envolvidas organizações estatais, com a aprovação de Lukashenko.
Ao todo, 2.050 crianças foram levadas para o centro infantil de Dubrava, na região bielorrussa de Minsk, ao passo que as restantes 392 foram distribuídas por 13 outras instalações em todo o país. Aí, foram sujeitas a reeducação e treino militar, incluindo com os serviços de segurança e policiais da Bielorrússia, segundo o relatório.
No documento, são também nomeados alguns intervenientes importantes neste processo, como a figura pública bielorrussa Alyaksei Talai, a empresa estatal bielorrussa produtora de potássio Belaruskali, a União da Juventude Republicana da Bielorrússia e clubes de motociclistas ultranacionalistas pró-russos.
As autoridades ucranianas afirmaram que estão a investigar as deportações como um possível genocídio. O Procurador-Geral da Ucrânia indicou que o papel da Bielorrússia nas deportações forçadas de mais de 19.000 crianças dos territórios ocupados está também a ser investigado.
No início deste ano, o Tribunal Penal Internacional (TPI) indiciou Putin e a comissária russa para os direitos das crianças, Maria Lvova-Belova, pelo seu alegado envolvimento em crimes relacionados com a deportação forçada de crianças da Ucrânia e emitiu mandados de captura para eles.
A oposição bielorrussa tem procurado obter um indiciamento semelhante para Lukashenko. Pavel Latushka, um antigo ministro bielorrusso que se tornou líder da oposição no exílio, indicou ter entregado ao TPI provas que implicam o Presidente da Bielorrússia.
Latushka disse hoje à agência de notícias norte-americana Associated Press (AP) que o relatório de Yale complementa os dados que ele e a sua equipa recolheram com mais “pormenores horríveis” e “levanta a questão da acusação criminal internacional dos principais criminosos bielorrussos que organizaram a deslocação ilegal de crianças ucranianas para a Bielorrússia”.
“A democracia vence quando há responsabilização, e Lukashenko e os que lhe estão associados têm cometido milhares de crimes contra bielorrussos e ucranianos”, sustentou.
Num comunicado anunciando o relatório de Yale, na quinta-feira, o Departamento de Estado norte-americano declarou que Washington “continuará a procurar responsabilizar os envolvidos em abusos relacionados com a guerra da Rússia contra a Ucrânia”.
A Rússia lançou a 24 de Fevereiro de 2022 uma ofensiva militar na Ucrânia que causou, de acordo com dados da ONU, a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e fez nos últimos 20 meses um elevado número de vítimas não só militares como também civis, impossíveis de contabilizar enquanto o conflito decorrer.
A invasão — justificada por Putin com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A Rússia descreveu hoje como ilegal, anti-russa e desconcertante a decisão da República Checa de congelar os bens de uma empresa que gere propriedade estatal russa.
“Uma posição tão profundamente anti-russa das autoridades checas causa, naturalmente, uma perplexidade absoluta”, reagiu o porta-voz do Kremlin (presidência), Dmitri Peskov.
O Governo da República Checa incluiu na lista de sanções uma empresa que gere os bens do Estado russo em solo checo, considerando que a actividade comercial de Moscovo financia “o assassinato de ucranianos”.
Trata-se da Empresa Unitária do Estado Federal Roszagranproperty, que gere o património imobiliário russo no estrangeiro.
A maior parte dos activos estão localizados em Praga ou na cidade termal de Karlovy Vary, que tradicionalmente tem uma grande comunidade empresarial e cidadãos russos.
A sanção exclui os edifícios das missões diplomáticas.
“Rejeitamos categoricamente essa posição e não a aceitamos. Estamos agora a analisar a situação”, disse Peskov, citado pela agência espanhola EFE.
Peskov disse que Moscovo considera as decisões de Praga ilegais do ponto de vista do direito internacional.
“A julgar por estas decisões, (…) todos os objectos que possam ser nossa propriedade, com excepção dos que têm estatuto diplomático, estão, evidentemente, agora ameaçados”, afirmou.
Acrescentou que a Rússia responderá a quaisquer “medidas hostis”.
A República Checa disse que vai tentar convencer outros países da União Europeia (UE) a sancionar a empresa russa.
A Rússia tem sido alvo de sanções internacionais, incluindo da UE, desde que invadiu a Ucrânia, em 24 de Fevereiro de 2022.
As sanções visam diminuir a capacidade de Moscovo de financiar o esforço de guerra na Ucrânia.
Os aliados ocidentais de Kiev também têm fornecido armamento ao exército ucraniano para combater os invasores russos.
Desconhece-se o balanço de vítimas civis e militares da guerra, mas diversas fontes, incluindo a ONU, têm antecipado que será muito elevado.
A guerra da Rússia contra a vizinha Ucrânia é considerada a maior crise de segurança na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Um tribunal russo condenou hoje uma artista por trocar etiquetas de preços de supermercados com mensagens anti-guerra, sentenciando-a a sete anos de prisão, na mais recente repressão à liberdade de expressão.
Sasha Skochilenko foi detida na sua terra natal, São Petersburgo, em Abril de 2022, e acusada de espalhar informações falsas sobre os militares, depois de substituir pequenas etiquetas de preços por outras que denunciavam a invasão da Ucrânia pela Rússia.
“O exército russo bombardeou uma escola de artes em Mariupol. Cerca de 400 pessoas estavam escondidas do bombardeamento”, podia ler-se numa dessas mensagens, enquanto outra dizia: “Recrutas russos estão a ser enviados para a Ucrânia. As vidas dos nossos filhos são o preço desta guerra”.
Um cliente do supermercado que encontrou as mensagens denunciou-as às autoridades, o que deu início ao processo judicial.
– Os bufos do regime russonazi…
A detenção de Skochilenko ocorreu cerca de um mês depois de as autoridades terem adoptado uma lei que criminaliza qualquer expressão pública sobre a guerra que se desvie da linha oficial do Kremlin.
A legislação tem sido utilizada para uma estratégia de repressão generalizada contra políticos da oposição, activistas dos direitos humanos e cidadãos comuns que criticam o Kremlin.
Skochilenko, de 33 anos, não negou a substituição das etiquetas de preços, mas rejeitou a acusação de espalhar informações deliberadamente falsas.
A sua advogada, Yana Nepovinnova, alerta que a artista não pretendia menosprezar os militares, mas sim parar os combates.
“Ela é uma pessoa muito empática e amante da paz. Para ela, em geral, a palavra ‘guerra’ é a coisa mais terrível que se possa imaginar, assim como o sofrimento das pessoas”, disse Nepovinnova, numa declaração à agência norte-americana Associated Press.
O portal de notícias independente russo Mediazona noticiou que Skochilenko, na sua declaração final no tribunal, hoje, disse que o caso contra si era “estranho e ridículo”.
“Todos vêem e sabem que não é um terrorista que vocês estão a julgar. Não estão a julgar um extremista. Também não estão a julgar um activista político. Estão a julgar um pacifista”, disse Skochilenko, dirigindo-se ao juiz, numa sala de tribunal repleta de apoiantes.
Skochilenko está detida preventivamente há quase 19 meses, sofrendo de problemas de saúde que exigem tratamento regular.
Enquanto esteve detida em São Petersburgo, conseguiu ser acompanhada por médicos, mas os seus familiares temem que a artista fique sem apoio de saúde se for enviada para uma prisão em local remoto.
O grupo de direitos humanos mais proeminente da Rússia – e vencedor do Prémio Nobel da Paz em 2022 – Memorial, declarou Skochilenko uma prisioneira política.
Quase 750 pessoas enfrentam acusações criminais na Rússia pelas suas posições anti-guerra e mais de 8.100 foram acusadas de desacreditar o exército, puníveis com multa ou uma leve pena de prisão.
Um premiado jornalista alemão terá recebido pelo menos 600 mil euros indirectamente ligados a um oligarca russo para dar uma imagem favorável a Vladimir Putin nos seus livros.
O premiado jornalista alemão Hubert Seipel terá recebido pelo menos 600 mil euros em pagamentos offshore ligados a oligarcas russos para financiar dois livros sobre o presidente da Rússia, Vladimir Putin.
A Hoffmann und Campe, responsável pela publicação dos livros, já anunciou que vai deixar de os vender.
Segundo a agência de notícias The Associated Press (AP), que cita o jornal alemão Der Spiegel e a televisão pública alemã ZDF, Seipel terá aceitado dinheiro indirectamente ligado a um oligarca russo para dar uma imagem favorável de Putin nos livros.
As alegações baseiam-se em informações dos registos de dados financeiros do Cyprus Confidential que foram divulgados ao Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação.
Em causa estão os livros ‘Putin’s Power’ e ‘Putin. Interior views of a power’, publicados em 2021 e 2015, respectivamente.
Em 2012, o jornalista fez um documentário sobre Putin em colaboração com a televisão alemã NDR, tendo também transmitido várias das suas entrevistas ao presidente russo.
Seipel negou ter recebido dinheiro de terceiros para a realização de filmes ou entrevistas televisivas, mas terá reconhecido que recebeu apoio para livros.
Num comunicado, a NDR afirmou que “Seipel admitiu à NDR que recebeu dinheiro de Alexey Mordashov através de dois ‘contratos de patrocínio’ em 2013 e 2018 e explicou que era para dois projectos de livros”.
Mordashov é um importante oligarca russo, sendo accionista e presidente da Severstal, a maior empresa siderúrgica e de mineração da Rússia. Após a invasão russa da Ucrânia, em 2022, entrou na lista de sanções dos Estados Unidos, União Europeia e Reino Unido.