🇵🇹 OPINIÃO
Muitas organizações contemplam grandes diferenças entre os valores que dizem defender, e aquilo que os seus colaboradores sentem no seu dia a dia. Os seus líderes são pródigos em apresentar fantásticos powerpoints nos eventos institucionais, mas “na prática a teoria é outra”.
E quanto maior é a dicotomia entre a cultura apregoada e a cultura implementada, menor é a capacidade da organização envolver os seus colaboradores, alinhar as suas diferentes equipas e potenciar o seu rendimento.
Inicialmente, os problemas culturais não são vistos como problemas. Parece um simples desconforto, geral, crescente, metaforizado de “já não somos o que éramos”.
Vai-se sentindo uma identidade em progressiva erosão no mercado (e dentro da própria organização), uma dificuldade cada vez maior em atrair talentos, e uma base de clientes em evasão à medida que estes perdem a confiança na promessa da sua marca.
Tarde de mais se percebe que se vive uma cultura confusa de comunicação organizacional contraditória, aquilo que tradicionalmente se designa por “cultura de trabalho tóxica”.
São mensagens de marketing que não correspondem aos incentivos de desempenho dos colaboradores, informações sobre a integração dos trabalhadores que não correspondem às orientações dadas na formação, ou comportamentos da liderança que não correspondem ao comportamento esperado dos colaboradores.
Poucas coisas são tão importantes e, por vezes, tão difíceis de compreender como a cultura de uma organização. Esta corresponde à forma como os seus colaboradores interagem e fazem o seu trabalho. É uma propriedade exclusiva e emergente de cada organização.
Cada qual tem a sua história passada e objectivos futuros, devendo a sua cultura ser fiel a ambos. A cultura é como uma mão invisível que guia e molda uma organização.
Uma boa cultura organizacional não acontece por acaso. As empresas com culturas fortes fazem do reforço da sua cultura uma prioridade constante, não encarando a sua promoção como uma iniciativa isolada, mas como uma abordagem integrada: tudo o que se faz, faz-se porque se relaciona com a cultura da organização; e o que não se relaciona com a sua cultura, então, não se faz na organização.
A cultura é a forma única como a sua organização vive o seu objectivo, e entrega a expectativa da sua marca aos seus clientes. A cultura é a forma de atrair clientes, de os reter e de os transformar em defensores da marca.
Conceber a cultura como uma forma de dar vida aos objectivos da organização, e desenvolver uma marca que atenda exclusivamente às necessidades dos clientes, permite que às organizações não apenas criar culturas de referência, mas também construir uma base estratégica para um desempenho excepcional. Por este motivo, uma cultura organizacional forte é um factor de diferenciação no mercado.
Organizações de cultura forte implementam e desenvolvem estratégias, sistemas e processos que progressivamente as aproxima da cultura desejada; levam a cultura das palavras à acção e ao desempenho, através da recolha e análise de dados; criam mensagens sobre a sua cultura que comunicam aos seus colaboradores; apoiam programas que reconhecem os colaboradores cujo trabalho converge e reforça a cultura desejada; e alinham os seus sistemas de gestão de desempenho com as suas aspirações culturais.
Influenciar positivamente a cultura de uma organização não só é importante, como, muitas vezes, a única solução.
Director-executivo de educação online da Nova SBE Executive Education
DN
Luís Vilar
06 Novembro 2023 — 07:06
Ex-Combatente da Guerra do Ultramar, Web-designer,
Investigator, Astronomer and Digital Content Creator
published in: 3 semanas ago