Lucy completa o seu primeiro “flyby” e descobre que Dinkinesh afinal é um asteróide binário!

 

CIÊNCIA // ASTRONOMIA // LUCY

No passado dia 1 de Novembro, a NASA confirmou que a sua sonda espacial Lucy passou com sucesso pelo asteroide Dinkinesh, uma rocha espacial relativamente pequena situada na cintura principal de asteróides entre Marte e Júpiter. É um marco na viagem da Lucy, uma vez que Dinkinesh é o primeiro de 10 asteróides que a sonda irá visitar nos próximos 12 anos.

Esta imagem mostra o “nascer” do satélite à medida que emerge por detrás do asteroide Dinkinesh, tal como visto pelo L’LORRI (Lucy Long-Range Reconnaissance Imager), uma das imagens mais detalhadas obtidas pela nave espacial Lucy da NASA durante o seu “flyby” pelo asteroide binário. Esta imagem foi obtida às 16:55 (hora portuguesa) de 1 de Novembro de 2023, um minuto após a maior aproximação, a uma distância de aproximadamente 430 km. Nesta respectiva, o satélite está atrás do asteroide primário. A imagem foi melhorada e processada para aumentar o contraste.
Crédito: NASA/Goddard/SwRI/Johns Hopkins APL/NOAO

“Com base na informação recebida, a equipa determinou que a nave espacial está de boa saúde”, escreveram os responsáveis da NASA num curto blog após o “flyby”. “A equipa ordenou à nave espacial que começasse a transferir os dados recolhidos durante o encontro”.

A missão Lucy faz parte do ambicioso esforço da NASA para desvendar os segredos do passado do nosso Sistema Solar. Embora a Lucy também passe por alguns asteróides relativamente próximos, como Dinkinesh, o principal objectivo da sonda é passar por alguns asteróides troianos mais distantes, que orbitam o Sol ao lado de Júpiter, como conjuntos de seixos presos às marés gravitacionais de um rochedo gigante.

Os cientistas estão interessados em saber mais sobre esses troianos porque pensa-se que são relíquias antigas do Sistema Solar, como peças extras de Lego no “set” que construiu os planetas.

A passagem da sonda Lucy por Dinkinesh pode ser considerada um teste, uma vez que muitos dos instrumentos da nave espacial foram agora “lubrificados” enquanto recolhiam dados sobre este primeiro encontro com um asteroide – incluindo uma câmara a cores, uma câmara de alta resolução e um espectrómetro de infravermelhos.

Acerca das imagens já transmitidas: “esta é uma série espetacular de imagens. Indicam que o sistema de localização de terminais funcionou como previsto, mesmo quando o Universo nos apresentou um alvo mais difícil do que esperávamos”, disse Tom Kennedy, engenheiro de orientação e navegação da Lockheed Martin em Littleton, Colorado, EUA. “Uma coisa é simular, testar e praticar. Outra coisa é ver isso acontecer de facto.”

Embora este encontro tenha sido realizado como um teste de engenharia, os cientistas da equipa estão entusiasmados com a análise dos dados para obter informações sobre a natureza dos pequenos asteróides.

“Sabíamos que este seria o asteróide da cintura principal mais pequeno alguma vez visto de perto”, disse Keith Noll, cientista do projecto Lucy, do Centro de Voo Espacial Goddard da NASA, em Greenbelt, no estado norte-americano de Maryland.

“O facto de serem dois torna-o ainda mais excitante. Em alguns aspectos, estes asteróides são semelhantes ao binário próximo da Terra, Didymos e Dimorphos, que a DART viu, mas há algumas diferenças realmente interessantes que vamos investigar”.

De acordo com a agência espacial, os dados destes instrumentos demorarão cerca de uma semana a ser transferidos para a Terra e a equipa está “ansiosa por ver como a nave espacial se comportou durante este primeiro teste a alta velocidade de um encontro com um asteroide”.

A seguir, a Lucy regressará à Terra para receber uma assistência gravitacional que a ajudará a aproximar-se do seu segundo alvo: o asteroide 52246 Donaldjohanson – assim chamado em homenagem ao co-descobridor do fóssil Lucy (representativo de um dos primeiros antepassados humanos, que dá nome à nave espacial), o paleoantropólogo americano Donald Johanson. O termo “Dinkinesh” é outro nome do fóssil Lucy e significa “és maravilhosa” em amárico.

// NASA (comunicado de imprensa)

CCVALG
3 de Novembro de 2023


Ex-Combatente da Guerra do Ultramar, Web-designer,
Investigator, Astronomer and Digital Content Creator

published in: 4 semanas ago

 

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5: A Lucy diz hoje “olá” a uma população de asteróides nunca antes explorada

 

⚗️ CIÊNCIA // 🚀LUCY // 🌌 UNIVERSO // ☄️ ASTERÓIDES

Nave espacial da NASA anda a vigiar o asteróide Dinkinesh desde 3 de Setembro. Agora, finalmente chegou o dia da missão “flyby”, que vai explorar corpos que orbitam o Sol em dois “enxames”. A maior aproximação da Lucy deverá ocorrer às 16:54 de Portugal.

Impressão de artista da sonda Lucy da NASA a passar perto de um asteroide troiano.

A Lucy arranca esta quarta-feira na sua primeira visita a um asteroide. A nave espacial da NASA vai passar pelo asteroide Dinkinesh e testar os seus instrumentos em preparação para visitas na próxima década a múltiplos asteróides troianos que orbitam o Sol na mesma órbita que Júpiter.

Dinkinesh, com menos de 1 quilómetro de tamanho, orbita o Sol na cintura principal de asteróides localizada entre as órbitas de Marte e Júpiter. A sonda Lucy tem estado a seguir Dinkinesh visualmente desde 3 de Setembro; será o primeiro de 10 asteróides que a Lucy visitará na sua viagem de 12 anos.

Para observar tantos asteróides, a Lucy não vai parar nem orbitar os asteróides; em vez disso, vai recolher dados à medida que passa por eles, naquilo a que se chama um flyby”.

“Esta é a primeira vez que a Lucy vai observar de perto um objecto que, até agora, tem sido apenas uma mancha não resolvida nos melhores telescópios”, disse Hal Levison, investigador principal da Lucy no SwRI (Southwest Research Institute), com sede em San Antonio, no estado norte-americano do Texas. “Dinkinesh está prestes a ser revelado à humanidade pela primeira vez”.

O objectivo principal da missão Lucy, que foi lançada no dia 16 de Outubro de 2021, é estudar os asteróides troianos de Júpiter, uma população nunca antes explorada de pequenos corpos que orbitam o Sol em dois “enxames” que lideram e seguem Júpiter na sua órbita.

No entanto, antes de chegar aos troianos, a Lucy passará por outro asteroide da cintura principal em 2025, chamado Donaldjohanson, para testes adicionais dos sistemas e dos procedimentos da nave espacial.

Durante a passagem por Dinkinesh, a equipa irá testar o seu sistema de rastreio, que permitirá à nave espacial identificar autonomamente a localização do asteroide, mantendo-o dentro do campo de visão dos instrumentos durante todo o encontro.

Da partida à chegada: como tudo vai acontecer

Dado que este encontro se destina a testar os sistemas da Lucy, as observações científicas serão mais simples do que para os alvos principais da missão.

A nave espacial e a plataforma que contém os instrumentos colocar-se-ão em posição duas horas antes da maior aproximação a Dinkinesh. Uma vez em posição, a sonda começará a recolher dados com os seus instrumentos L’LORRI (Long Range Reconnaissance Imager) e L’TES (Thermal Infrared Spectrometer).

Uma hora antes da maior aproximação, a nave começará a seguir o asteroide com o sistema de rastreio. Só nos últimos oito minutos é que a Lucy poderá recolher dados com o MVIC (Multispectral Visible Imaging Camera) e com o LEISA (Linear Etalon Imaging Spectral Array), os componentes que constituem o instrumento L’Ralph.

A maior aproximação da Lucy deverá ocorrer às 16:54 (hora portuguesa), quando a nave espacial estiver a 430 quilómetros do asteroide. A Lucy vai obter imagens contínuas e seguir o rasto de Dinkinesh durante quase mais uma hora.

Depois disso, a nave espacial reorientar-se-á para retomar as comunicações com a Terra, mas continuará a fazer imagens periódicas de Dinkinesh com o L’LORRI durante os quatro dias seguintes.

“Vamos saber o que a nave espacial está a fazer a todas as alturas, mas a Lucy está tão longe que são precisos cerca de 30 minutos para que os sinais de rádio viajem entre a nave espacial e a Terra, por isso não podemos comandar iterativamente um encontro com um asteroide”, disse Mark Effertz, engenheiro-chefe da Lucy na Lockheed Martin Space em Littleton, no estado norte-americano do Colorado.

“Em vez disso, pré-programamos todas as observações científicas. Depois de concluídas as observações científicas e o ‘flyby’, a Lucy reorientará a sua antena de alto ganho para a Terra e demorará cerca de 30 minutos até que o primeiro sinal chegue à Terra”.

Depois de confirmar a saúde da nave espacial, os engenheiros vão ordenar à Lucy que envie os dados científicos do encontro para a Terra. Esta transferência de dados demorará vários dias.

Embora o objectivo principal do encontro com Dinkinesh seja um teste de engenharia, os cientistas da missão esperam também utilizar os dados capturados para obter informações sobre a ligação entre os asteróides maiores da cintura principal explorados por missões anteriores da NASA e os asteróides mais pequenos próximos da Terra.

Após o encontro com Dinkinesh, a sonda Lucy continuará na sua órbita à volta do Sol, regressando à vizinhança da Terra para a sua segunda assistência gravitacional em Dezembro de 2024.

Este empurrão da Terra enviá-la-á de volta à cintura principal de asteróides para o seu “flyby” por Donaldjohanson em 2025, e depois para os asteróides troianos de Júpiter em 2027.

ZAP // CCValg
1 Novembro, 2023


Ex-Combatente da Guerra do Ultramar, Web-designer,
Investigator, Astronomer and Digital Content Creator

published in: 4 semanas ago

 

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