337: A arte de virar a casaca

 

🇧🇷 OPINIÃO

O grande vencedor das eleições municipais brasileiras é o Partido Social Democrático (PSD) que, de 46 prefeituras no estado de São Paulo, pulou para 329 – setuplicou, portanto, o número de autarcas. O Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), pelo contrário, caiu de 238 para menos de um quinto, 43.

Um momento: houve eleições municipais no Brasil e o correspondente do DN no país nem sequer avisou? Não, não houve: elas continuam marcadas para os dias 6 e 24 de outubro só de 2024, mas a política brasileira, como nenhuma outra no mundo, faz-se de véspera.

Explicando: a eleição, em 2022, de Tarcísio de Freitas, apoiado por Jair Bolsonaro, para o Governo do estado de São Paulo, interrompendo quase 30 anos de poder estadual do PSDB, fez com que centenas de eleitos nas municipais de 2020 pela formação derrotada decidissem virar a casaca.

Os prefeitos saíram, portanto, do partido fundado por Fernando Henrique Cardoso e José Serra para, num estalar de dedos, aderirem a formações na órbita do bolsonarismo, como o Republicanos, o braço político da IURD onde milita o próprio Tarcísio, o PP, o PL ou o citado PSD.

O PSD, sem relação com o quase homónimo português, foi o destino predileto dos vira-casacas apenas porque o seu líder, o habilidosíssimo Gilberto Kassab, acumula as funções partidárias com a secretaria do Governo de Tarcísio, responsável, exatamente, pela relação com as prefeituras.

No dia da fundação do PSD, em 2011, perguntaram a Kassab se o novo partido seria de direita, de esquerda ou de centro. Ele respondeu: “Será de direita, de esquerda e de centro”.

Não mentiu: hoje, além da citada influência no Governo paulista do bolsonarista Tarcísio, administra as pastas da Agricultura, da Pesca e das Minas e Energia no Executivo federal liderado por Lula da Silva. Aliás, o PSD só é superado em número de ministérios pelo PT, o partido do presidente da República.

Se um dia Kassab visitar Portugal dirá que vota PS e PSD ao mesmo tempo. Se, mais especificamente, for ao Largo do Rato, jurará apoiar Pedro Nuno Santos. E José Luís Carneiro. Todos acreditarão. E, ganhe quem ganhar, lá estará ele, sem pudor, no poder.

Como no Brasil, com meia-dúzia de exceções, os partidos políticos, como o PSD de Kassab, não têm ideologia, nem doutrina, nem princípios, nem vergonha na cara, militar num ou noutro só depende de quem pagar mais ou de quem estiver mais bem posicionado no momento. No fundo, os políticos usam os mesmos critérios dos futebolistas quando decidem assinar pelo Palmeiras, pelo Corinthians ou pelo São Paulo.

Aliás, nos anos de eleições gerais até abre, de 1 a 31 de março, o mercado de transferências de deputados. Na janela do ano passado, 135 dos 513 deputados (26%) aproveitaram a ocasião para mudar de cor. A maioria das trocas, envolvendo 21 partidos diferentes, aconteceu nos últimos dias, como no futebol, quando, em cima do fecho, as partes finalmente cedem às exigências umas das outras.

As formações que mais se reforçaram na janela passada foram o PL, de Bolsonaro, e o PT, de Lula, porque os deputados queriam juntar-se aos eventuais vencedores na presidencial de dali a seis meses. Mas se, por acaso, apostaram no candidato errado, não há problema: mudam de partido outra vez, o mais tardar em março de 2026. Porque, no Brasil, virar a casaca é política de Estado.

Jornalista, correspondente em São Paulo

DN
João Almeida Moreira
30 Novembro 2023 — 00:31


Ex-Combatente da Guerra do Ultramar, Web-designer,
Investigator, Astronomer and Digital Content Creator

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230: Uma viagem de cinco anos

 

🇧🇷 OPINIÃO

A viagem de São Paulo para Buenos Aires é curtinha: duas horas e meia de voo. Já a de Buenos Aires para São Paulo demora cinco anos. Sim, na maior cidade brasileira vive-se 2023. Na capital argentina vive-se ainda o 2018 brasileiro.

Os eleitores de Milei passeiam-se na rua, como os de Bolsonaro se passeavam há cinco anos, com um sorriso idiota na cara e um entusiasmo infantil no peito, achando que mudaram o país, o mundo, a história. E os votantes de Massa, como os de Haddad em 2018, parecem atordoados pelo fim dos tempos.

Na campanha, Milei disse as maiores barbaridades – contra o Papa, contra Maradona, contra os veteranos das Malvinas – mas nada parecia atingi-lo, da mesma forma que Bolsonaro, há cinco anos, mesmo depois de ferir a inteligência, de agredir a lógica, de cultuar o atraso, de declarar guerra à civilização, saia sempre ileso da sondagem seguinte.

Era, estúpidos eleitores de Massa e Haddad, a economia. A direita tradicional, com Macri, de 2015 a 2019, e a esquerda peronista, com Fernández, de 2019 a 2023, deixaram a inflação argentina perto de 150% – por que não, então, dar uma oportunidade a El Loco? A culpa da crise económica de 2015 foi do PT, partido da então presidente, mas se também o PSDB, némesis do partido de Lula, estava envolvido até ao pescoço no massacre mediático da Lava Jato, por que não, então, dar uma oportunidade a um bronco capitão?

Por outro lado, os brasileiros progressistas de 2018 perceberam, à força, que a declaração de voto de Chico Buarque vale muito menos em campanha do que milhões de eleitores expostos a uma fake news de corrente de Whatsapp – os argentinos só agora começam a perceber que memes de tik tokers ultraliberais são mais poderosos eleitoralmente do que os recados sóbrios de Ricardo Darín. E todos, brasileiros e argentinos, já terão concluído que o anti-bolsonarista Leo Di Caprio ou a anti-mileista Taylor Swift nem sequer constam dos cadernos eleitorais.

Entretanto, no discurso de Milei, como no de Bolsonaro de há cinco anos, não faltou o ataque preventivo às urnas, a diferença é que o brasileiro as atacava por, no país dele, serem eletrónicas e o argentino por, no dele, não serem.

Um e outro, além disso, adotaram a expressão “cidadão de bem”. Se na Argentina ainda não se sabe ao certo o que isso significa, aqui vem uma dica do Brasil, uma dica do futuro: os “cidadãos de bem” tanto podem ser pastores, como o ministro da Educação que atribuía verbas estatais apenas às cidades cujos prefeitos lhe retribuíam em pepitas de ouro, militares, como os oficiais que encomendaram fortunas em próteses penianas e Viagra, deputados moralistas, como aquele parlamentar que, revistado pela polícia, tinha 30 mil reais nas cuecas, ou o próprio líder da organização, que enfiou joias sauditas, propriedade do Estado, no bolso.

Finalmente, Milei garante que vai ser o terror das “castas” políticas tradicionais. Mas, em 2018, Bolsonaro, também prometia acabar com a “velha política” (mesmo sendo um velho político), antes de, ameaçado por impeachment, entregar o orçamento de estado aos parlamentares mais clientelistas, num Mensalão a céu aberto.

Milei tem potencial, sim, para causar estragos, como Bolsonaro causou, mas os pesos e contrapesos do sistema encarregam-se, para o bem ou para o mal, de amenizar arroubos do mais tresloucado dos líderes numa democracia. Sublinhe-se: numa democracia, para amenizar os arroubos dos tresloucados, é preciso que os países se mantenham democracias.

Jornalista, correspondente do DN em São Paulo

DN
João Almeida Moreira
23 Novembro 2023 — 00:39


Ex-Combatente da Guerra do Ultramar, Web-designer,
Investigator, Astronomer and Digital Content Creator

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143: Centrão, Milícia e coqueiros

 

🇧🇷 OPINIÃO

Certas instituições do Brasil, até por não terem uma estrutura oficial propriamente dita e, por isso, em rigor, nem poderem ser consideradas instituições, são difíceis de definir.

Não que elas sejam exclusivas do país mas aqui elas assumem uma relevância espantosa porque têm terreno fértil para florescer – e, no Brasil, em se plantando, tudo dá, já dizia o Pêro Vaz de Caminha, embora neste caso, infelizmente, não estejamos a falar de coqueiros ou afins.

Uma dessas “coisas” – chamá-la “instituição”, como no primeiro parágrafo, foi um erro por ser ofensivo para as demais instituições – é o Centrão.

O Centrão, em resumo, é o conjunto de deputados, quase todos medíocres, que apoiam o governo de plantão, seja ele de Michel Temer, de Jair Bolsonaro ou de Lula da Silva, em troca de dinheiro para distribuir nos seus redutos e assim se eternizarem eleitoralmente no cargo.

Como são em torno de uns 150 a 200 – espalhados por 10 ou 15 partidos sem valores nem princípios mas quase todos da direita moralista – num universo de 513, têm peso legislativo para manter o poder executivo como refém da sua vontade para aprovar ou rejeitar projetos.

O “toma lá dá cá”? Há em todo o lado, deve pensar o leitor já com o nome de três ou quatro parlamentares portugueses na cabeça – é verdade, mas no Brasil eles florescem, como os coqueiros.

Outra “coisa instituída”, chamemos-lhe então desta forma, é a Milícia.

A Milícia, em resumo, é o grupo de ex-polícias e ex-bombeiros que nasceu do casamento entre a ascensão das organizações criminosas e a inação dos poderes públicos.

Para proteger a população comum das primeiras, os milicianos ofereceram-se para preencher o vácuo permitido pelos segundos, sobretudo em bairros pobres e periféricos do Rio de Janeiro que cresceram, desordenados, entalados entre condomínios de luxo, favelas e áreas rurais. Em troca dessa proteção, os milicianos cobram dos populares pela água, pela luz, pelo gás, pela TV a cabo, pelo sinal de telefone, por tudo.

Máfia? Há em todo o lado, da original Itália, basta ver a série “O Polvo”, à Nova Iorque dos Corleone, basta assistir à trilogia “O Padrinho”, pensará o leitor – claro, mas no Rio as milícias florescem, como os coqueiros.

Ambos, Centrão e Milícia, identificam as necessidades locais e recorrem a chantagem pelos seus serviços. São bem relacionados no poder judicial. Têm um discurso falso moralista, ora contra os maus costumes, ora contra o tráfico de drogas. Provocam o caos e manipulam para obter vantagens políticas, económicas e sociais.

Centrão e Milícia são, como notou o certeiro documentarista Renato Terra, em coluna do jornal Folha S. Paulo, uma espécie de gémeos idênticos, com a ressalva do primeiro, ao contrário da segunda, não recorrer à violência explícita.

São, afinal, frutos da mesma árvore, o Clientelismo, que não é exclusivo do Brasil – eu sei, caro leitor português, eu sei – mas assume uma relevância espantosa num país onde tem terreno fértil para florescer. E no Brasil em se plantando, tudo dá, como dizia o Pêro Vaz de Caminha, embora neste caso, infelizmente, não estejamos a falar de coqueiros e afins.

Jornalista, correspondente em São Paulo

DN
João Almeida Moreira
16 Novembro 2023 — 00:51


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76: Pela boca morre o Lula?

 

🇧🇷 OPINIÃO

Eu não quero fazer corte de investimentos em obras, se o Brasil tiver um défice de 0,25% ou de 0,5%. Isso é absolutamente nada, dificilmente, portanto, o Governo vai conseguir alcançar a meta de zero no défice orçamental em 2024″, disse Lula da Silva, presidente do Brasil, ao responder à última das perguntas dos jornalistas num seleto pequeno-almoço no Palácio do Planalto, por estes dias.

No nano centésimo seguinte, o hipersensível mercado fez a bolsa cair e o dólar subir. Horas depois, os holofotes das televisões encandearam Fernando Haddad, o ministro das Finanças que havia prometido o tal zero e que, com a declaração do chefe, passou por desautorizado e ultrapassado. A oposição foi para as redes sociais amplificar a crise.

Os políticos do Centrão, a entidade que mantém os governos, uns depois dos outros, reféns do seu apetite e suga tudo o que pode dos cofres do Estado, esfregaram as mãos, certos de que ninguém se beneficiará mais do que eles da implosão da tal meta. Os editoriais dos jornais denunciaram a “típica gastança do Partido dos Trabalhadores”. E o próprio PT, numa saia justa, disse que sim, que não, que talvez.

O problema está, sem dúvida, no emissor.

Lula cometeu a enésima gafe desde que se tornou presidente da República. Enésima não, a quadragésima, segundo contabilidade do site Poder360. Outros veículos de comunicação social falam num número de lapsos mais alto ou mais baixo, consoante o critério contabilístico.

Há quem divida os deslizes por categoria – ofensas a minorias, disparates diplomáticos, trapalhadas económicas, imprecisões históricas, faltas jurídicas. Os mais exatos optam por cálculos do tipo 1,2 gafes semanais, cinco mensais, 0,03 por minuto ou coisa que o valha.

Lula iniciou a carreira política a falar de megafone em cima do capô de carros estacionados em parques de estacionamento ao lado das fábricas metalúrgicas de São Bernardo do Campo. E, hoje, ainda é nos discursos roucos de improviso, aqueles que começam com “companheiros e companheiras”, que obtém os melhores resultados.

Aliás, a maioria das gafes listadas na comunicação social ocorreu quando ele estava, contra a sua natureza, de fato, gravata, óculos sobre o nariz e meia dúzia de papéis escritos por outrem à frente.

Mas o problema está também no recetor.

Se o presidente fala em gastos, o mercado eriça o pelo como um gato molhado, se fala em cortes, os sindicatos agitam bandeiras vermelhas, se toca na palavra “aborto”, os evangélicos benzem-se logo, se se esquece de dizer “companheiras e companheiros”, por esta ordem, as progressistas, a começar pela primeira-dama Janja da Silva, puxam-lhe a orelha imediatamente, se pede paz, o Zelensky ofende-se, se fala em negociações, o Netanyahu repudia. E se fica calado é sinal de que não tem o que dizer, que ficou sem palavras, que está velho, que deve estar doente.

Entretanto, desde a declaração sobre o défice, Lula já foi visto abraçado, com a mão colocada no coração do delfim Haddad, a fazer graças para a imprensa, em alegre reunião com o Centrão, muito longe de parecer preocupado com os lapsos. E os dirigentes do PT, ouvidos nos jornais, também os relativizam.

Afinal, se gafes fizessem perder eleições, o antecessor de Lula nem para vereador do Rio de Janeiro teria sido eleito.

Jornalista, correspondente em São Paulo

DN
João Almeida Moreira
09 Novembro 2023 — 00:58


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18: Por estas e por outras

 

🇧🇷 OPINIÃO

Carla Zambelli, deputada mais bolsonarista do que Bolsonaro, contratou no ano passado os serviços de um hacker para invadir os computadores de Alexandre de Moraes, o juiz do Supremo Tribunal Federal (STF) perseguido pela Extrema-Direita por defender o sistema brasileiro de voto eletrónico, e encontrar algo que o incriminasse.

Pediu-lhe também para adulterar uma urna para mostrar vulnerabilidades do sistema de votação e, assim, permitir a Bolsonaro contestar as eleições em caso de derrota para Lula.

Como ela e o hacker foram, além de malsucedidos, apanhados pela polícia, a trama teve efeito bumerangue, agora, surgem a conta-gotas provas, por escrito e em áudio, contra a parlamentar.

Numa gravação divulgada pelo portal G1 no dia 23 de outubro, por exemplo, Zambelli pede, impaciente, para o hacker descobrir a morada particular de Moraes.

Assustada com a repercussão da insistência suspeita em saber onde morava um juiz jurado de morte pelo bolsonarismo, a parlamentar saiu-se com esta: “Era para a minha mãe! A minha mãe tinha escrito uma carta para o Alexandre de Moraes e queria entregá-la. Eu disse para não mandarmos para o STF e ela disse que o certo era enviar para a casa dele”.

Por que razão o bolsonarismo, mesmo derrotado há mais de um ano, segue na mira de todos os articulistas, deixando para segundo plano as eventuais asneiras produzidas pelo Governo Lula? Por causa destas aldrabices e de outras.

Vamos a outras.

Dois dias após os atos de vandalismo de 8 de janeiro em Brasília, o derrotado Bolsonaro ainda publicava vídeos nas redes sociais a contestar o resultado eleitoral com base em notícias falsas.

Confrontado pela polícia com as acusações de “associação criminosa” e “tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito”, o ex-presidente disse em interrogatório que fez aquela publicação “sob o efeito de remédios”.

O último ministro da Justiça de Bolsonaro tornou-se, após a derrota, secretário de Segurança Pública do Distrito Federal. Era a Anderson Torres, portanto, que competia garantir a segurança em Brasília no 8 de janeiro.

Mas enquanto a Praça dos Três Poderes ardia aos olhos do mundo, o secretário, cúmplice do crime, estava a curtir a Disneyworld. No regresso, foi intimado a entregar o telemóvel à polícia. “Na correria para voltar ao Brasil, perdi-o nos EUA…”, declarou.

Eduardo Bolsonaro, filho 03 de Bolsonaro, não perdeu tempo após a derrota: lançou a Bolsonaro Store e começou a vender canecas de cerveja com motivos bolsonaristas, por apenas 69,90 reais, tábua de madeira, por 109,90, calendários com uma fotografia do pai, em tronco nu, para se ver a cicatriz do atentado à faca, por 49,90 reais, cadernos, carteiras, chaveiros. Alvo de chacota até de bolsonaristas, jurou que o lucro serviria “para ajudar a cumprir atividades extraparlamentares”, sem especificar quais.

As desculpas esfarrapadas do bolsonarismo – a mentira, assim como a estupidez, é um dos pilares do movimento – não nasceram, no entanto, após a derrota do ano passado.

O deputado bolsonarista Chico Rodrigues, ao ser apanhado pela Polícia Federal em outubro de 2020 com 30 mil reais destinados ao combate à pandemia escondido nas cuecas, argumentou que tinha acabado de guardar o dinheiro ali para “pagar aos funcionários”.

Jornalista, correspondente em São Paulo

DN
João Almeida Moreira
02 Novembro 2023 — 00:17


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