303: Ir ao Espaço pode provocar disfunção eréctil

 

🌌 ESPAÇO // ⚕️ DISFUNÇÃO ERÉCTIL // 👨‍🚀ASTRONAUTAS

A micro-gravidade e a radiação cósmica a que os astronautas estão sujeitos em viagens espaciais prolongadas podem aumentar o risco de disfunção eréctil nos homens. É a conclusão de um estudo feito com ratos – sujeitos às “condições espaciais” – que indicou um aumento no stress oxidativo e estreitamento dos vasos sanguíneos associados ao problema. 

Yusaku Maezawa / Instagram
O milionário astronauta japonês Yusaku Maezawa (2021)

Um estudo, publicado esta quarta-feira na The FASEB Journal, revelou que ir ao Espaço pode ter um impacto negativo na saúde e vida sexual dos astronautas homens.

Os investigadores, da Florida State University (EUA), examinaram os potencial risco de disfunção eréctil, em quem faz viagens espaciais prolongadas, devido aos efeitos da micro-gravidade e da radiação cósmica.

A investigação envolveu a simulação de condições espaciais em ratos, tendo utilizado um método chamado “descarga de membros posteriores” em 43 ratos machos para simular a micro-gravidade, inclinando-os a um ângulo de 30 graus durante quatro semanas; enquanto outro grupo de 43 ratos viveu em condições normais.

Além disso, estes ratos foram expostos a diferentes quantidades de simulação de radiação cósmica.

Conclusão: há subidas incompatíveis

Um ano depois, os investigadores avaliaram os ratos quanto a sinais de disfunção eréctil, concentrando-se principalmente nos factores: stress oxidativo e disfunção endotelial – ambos conhecidos por estarem ligados a esta condição.

Os resultados revelaram que a exposição à radiação levou a níveis significativamente mais elevados de stress oxidativo, além de que os vasos sanguíneos no tecido eréctil dos ratos encolheram substancialmente, quando comparados com aqueles que não foram expostos à radiação.

Os ratos que estiveram apenas sujeitos à micro-gravidade também mostraram estes factores de risco aumentados, embora em menor extensão do que aqueles expostos apenas à radiação.

A equipa de investigação enfatiza a necessidade de monitorizar a saúde sexual dos astronautas, após o regresso à Terra.

“A principal conclusão é que, quando estes astronautas regressam à Terra, devem estar cientes do que lhes poderá acontecer e serem monitorizados quanto à saúde sexual”, observou o líder da investigação, Justin La Favor, citado pela New Scientist.

ZAP //
27 Novembro, 2023


Ex-Combatente da Guerra do Ultramar, Web-designer,
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published in: 1 semana ago

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235: Afinal, estrela “kamikaze” não irá colidir com o Sistema Solar

 

CIÊNCIA // ASTRONOMIA // UNIVERSO

O Telescópio Gaia previu que a anã branca vinha em direcção ao Sistema Solar, mas uma equipa de cientistas encontrou, felizmente, um erro no cálculo.

NASA, ESA, P. McGill (Universidade da Califórnia, Santa Cruz e Universidade de Cambridge), K. Sahu (STScI), J. Depasquale (STScI)

No ano passado, dados do Telescópio Gaia indicaram que uma anã branca estava prestes a colidir com o nosso Sol. De acordo com o equipamento, a estrela atravessaria uma região exterior do Sistema Solar, chamada nuvem de Oort, em cerca de 29 000 anos, um período muito curto em termos cósmicos.

No entanto, uma nova avaliação revelou, recentemente, que houve um erro no cálculo e no trajecto desenhado. Segundo o Futurism, não passou de um falso alarme.

“O encontro próximo previsto entre a WD0810-353 e o Sol não vai acontecer”, garantiu o co-autor do estudo, Stefano Bagnulo, astrónomo do Observatório Armagh, em comunicado. “De facto, a WD0810-353 pode nem sequer estar a mover-se em direcção ao Sol”.

Erro de cálculo

Normalmente, os astrónomos calculam o movimento de estrelas através da observação do seu espectro de luz. Se uma estrela estiver a afastar-se da Terra, esse comportamento irá alterar o comprimento de onda da luz que ela emite.

Como consequência, a sua luz irá deslocar-se para a extremidade avermelhada do espectro electromagnético, resultando num fenómeno conhecido como “desvio para o vermelho”.

Contudo, caso uma estrela se estiver a aproximar da Terra, o comprimento de onda da luz que emite fica mais esticado, deslocando-se para a extremidade azul – um fenómeno descrito como “desvio para o azul”.

Foi assim que os cientistas utilizaram as informações do Telescópio Gaia para calcular o trajecto e a velocidade da WD 0810-353, mas desconsideraram uma informação essencial: a estrela tem um campo magnético muito grande, e os campos magnéticos também podem afectar o espectro de luz.

“Em astronomia, os campos magnéticos são cruciais para entender muitos aspectos físicos de uma estrela, e não considerá-los pode levar a interpretações equivocadas de fenómenos físicos”, explicou Eva Villaver, autora do artigo científico, recentemente publicado no The Astrophysical Journal.

Nesta nova investigação, os astrónomos usaram informações do Focal Reducer and low dispersion Spectrograph 2 (FORS2), do Very Large Telescope (VLT), no Chile, para observar os espectros da estrela, tendo conseguido modelar o seu campo magnético.

Os resultados revelam que a estrela evitará o Sistema Solar e que, muito provavelmente, nem está a dirigir-se na direcção do nosso planeta.

ZAP //
24 Novembro, 2023


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published in: 2 semanas ago

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202: Viagens espaciais serão “uma porcaria” durante muito tempo. Há três grandes desafios

 

🛸 ESPAÇO // 🚀VIAGENS // 🌌UNIVERSO

“Durante muito tempo, as viagens espaciais vão ser simplesmente uma porcaria”. Comentador científico apresenta três grandes desafios do futuro próximo da exploração do Universo: radiação, velocidade e…  gravidade.

ZAP // ext. DALL-E-2

Elon Musk, Jeff Bezos e outras figuras proeminentes no campo da exploração espacial têm há muito promovido visões grandiosas de tornar a humanidade numa espécie multi-planetária e interestelar — ambições cheias de estrelas que cativaram a imaginação de muitos.

No entanto, há quem tenha uma opinião diferente, pelo menos para os primeiros anos das viagens espaciais comerciais.

No seu mais recente livro, The Skeptics Guide to the Future (O Guia dos Cépticos para o Futuro), onde faz as suas previsões do futuro da exploração espacial, Steven Novella confessa: “durante muito tempo, as viagens espaciais vão ser simplesmente uma porcaria.”

O neurologista de Yale e conceituado comentador científico chegou a tal conclusão desanimadora após uma análise detalhada das provas disponíveis. Destaca, de acordo com o Real Clear Science, três grandes desafios.

Três desafios das viagens espaciais

Em primeiro lugar, a dura realidade do Espaço, um reino perigoso cheio de radiações prejudiciais.

Os astronautas no Espaço carecem da protecção de que beneficiam em Terra, cortesia da atmosfera e campo magnético do Planeta Azul que nos protegem das partículas carregadas do sol.

Embora as naves espaciais possam incorporar cascos espessos e escudos de água para mitigar a maioria dos riscos de radiação, tempestades solares repentinas podem  superar facilmente essas defesas, escreve o autor.

Outro adversário formidável na paisagem cósmica é a radiação galáctica, na forma de raios cósmicos. As partículas de alta energia viajam a velocidades próximas à da luz, tornando-as quase impossíveis de serem protegidas. Astronautas que embarcam em jornadas pelo sistema solar durante meses ou anos estariam vulneráveis a esta ameaça invisível.

O segundo grande obstáculo para o futuro da viagem espacial é a velocidade.

Apesar do foco em naves espaciais futuristas por parte dos empreendedores espaciais, a pedra angular da viagem espacial ainda é o foguete químico, que embora eficientes para transportar cargas e humanos para a órbita terrestre, mostram-se lamentavelmente inadequados para jornadas interestelares.

Mesmo as tecnologias de propulsão mais promissoras, como propulsores de iões, motores nucleares e velas solares, estão longe de estar prontas para missões tripuladas.

O terceiro obstáculo destacado, e talvez o mais subestimado, é a ausência de gravidade.

A ausência de peso, embora fascinante, apresenta inconvenientes significativos. Tarefas simples como comer e ir à casa de banho tornam-se bastante desafiantes e os astronautas sofrem com atrofia muscular, enfraquecimento dos ossos e deterioração da visão.

A solução mais viável seria criar gravidade artificial por meio da rotação. No entanto, tal requer estruturas colossais de aproximadamente um quilómetro de diâmetro para evitar a vertigem debilitante.

ZAP //
20 Novembro, 2023


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62: Os primeiros medicamentos espaciais estão presos em órbita

 

⚗️ CIÊNCIA // 🛸ESPAÇO // 💊MEDICAMENTOS

Enquanto lê este artigo, os medicamentos da primeira fábrica espacial estão pacientemente à espera para descer à Terra.

Varda/Twitter

A meio de uma missão para criar as primeiras “fábricas espaciais” do mundo — com o objectivo de criar, autonomamente, fármacos e outros produtos mais fáceis de produzir em micro-gravidade, em órbita — a  Varda encontra-se agora com uma pedra no sapato.

A Winnebago 1 partiu a 12 de Junho para órbita com a ajuda de um foguete da empresa do multimilionário Elon Musk, SpaceX. O objectivo — que passava por, durante um mês, sintetizar o medicamento de combate ao VIH, ritonavir — foi cumprido sem grandes problemas.

“Os medicamentos espaciais acabaram de ser preparados, bebé!”, celebrava no agora X e antigo Twitter o o co-fundador da startup californiana, Delian Asparouhov, a 30 de Junho. Mas faltava um passo importante: trazer as drogas para casa.

Quatro meses depois, os medicamentos continuam lá em cima, sem data prevista de retorno.

Drogas presas no Espaço. Porque não as trazem?

O retorno em atraso jaz, segundo a Varda, numa questão que já foi debatida no próprio Congresso dos EUA: a incapacidade da Administração Federal de Aviação (FAA) em acompanhar o ritmo de crescimento da indústria comercial espacial.

“Obviamente isto tem a ver com os níveis de financiamento não estarem alinhados ao enorme aumento da actividade no espaço comercial”, confessou Asparouhov em entrevista ao IEEE Spectrum.

Em resposta à acusação do co-fundador da startup — cujo plano histórico passa por produzir não só medicação como também semicondutores e cabos de fibra óptica na primeira fábrica espacial — a FAA afirma que a Varda não apresentou a documentação necessária para trazer os produtos para o planeta Azul.

Micro-gravidade e farmácia de mãos dadas

No dia 12 de Junho, o foguete Falcon 9 desdobrou 72 pequenos satélites, entre os quais a inovadora fábrica espacial projectada para sintetizar fármacos em micro-gravidade, uma condição que mostrou ser promissora para melhorar a estabilidade e qualidade dos medicamentos.

O evento parecia assinalar o começo de algo revolucionário na medicina.

Em 2019, recorda o Big Think, uma experiência da empresa Merck demonstrou que uma formulação mais estável do seu medicamento contra o cancro, Keytruda, poderia ser produzida na ausência da gravidade terrestre.

Essa estabilidade poderia permitir que o medicamento fosse administrado através de injecção em vez de infusão intravenosa.

Os resultados da Merck destacaram o comportamento único das partículas em micro-gravidade, cujos benefícios são precisamente o alvo da missão da Varda.

A fábrica espacial é composta por uma plataforma de satélite comercial com dois módulos anexados. O primeiro é uma unidade de fabricação automatizada e o segundo uma cápsula de reentrada projectada para retornar os produtos fabricados em segurança à Terra — algo que ainda está por acontecer naquele que vai ser o primeiro teste dos seus sistemas de reentrada e aterragem, com um pouso planeado na Área de Teste e Treino de Utah do Departamento de Defesa.

 Tomás Guimarães, ZAP //
8 Novembro, 2023


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published in: 4 semanas ago

 

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