A Agência Espacial Europeia (ESA) detectou que o céu de Marte produz um poderoso brilho verde que é capaz de iluminar perfeitamente a superfície marciana durante a noite.
ESA
Segundo o El Confidencial, esta foi a primeira vez que a ESA detectou este fenómeno inesperado no céu marciano.
Trata-se de um brilho nocturno que tinge o céu de verde e é suficientemente brilhante para iluminar os rovers e os futuros colonos enquanto exploram o Planeta Vermelho.
O fenómeno foi descoberto durante a missão ExoMars Trace Gas Orbiter (TGO) da ESA. E, de acordo com a Agência Espacial Europeia, ocorre quando dois átomos de oxigénio se combinam para formar uma molécula de oxigénio a uma distância de 50 km acima da superfície.
Estes átomos de oxigénio são formados quando a luz solar fornece energia às moléculas de dióxido de carbono. Depois, separam-se e só voltam a agrupar-se quando escurece e o Sol deixa de ter qualquer influência sobre elas.
Quando se juntam, emitem uma curiosa luz esverdeada.
Lauriane Soret, investigadora do Laboratório de Física Atmosférica e Planetária da Universidade de Liège, na Bélgica, explica que “esta emissão deve-se à recombinação de átomos de oxigénio criados na atmosfera de verão e transportados pelos ventos para as altas latitudes de inverno, a altitudes entre 40 e 60 km na atmosfera marciana”.
Por muito surpreendente que possa ser esta descoberta, os investigadores afirmam que os ajudará a compreender melhor a composição e a dinâmica da atmosfera, bem como dará informações sobre a densidade do oxigénio marciano e sobre a forma como a energia é depositada pela luz solar e pelo vento solar.
Jean-Claude Gérard, autor principal do novo estudo publicado e cientista planetário da Universidade de Liège, diz que “estas observações são inesperadas e interessantes para futuras viagens ao Planeta Vermelho”.
A determinação da densidade atmosférica, por exemplo, ajudará a compreender a resistência experimentada pelos para-quedas utilizados pelas sondas para aterrar na superfície marciana.
Cientistas criam robot capaz de produzir oxigénio em Marte
Cientistas chineses criaram um robot químico com capacidades de inteligência artificial.
Este robot inovador demonstrou a capacidade de analisar minerais marcianos, determinar os químicos necessários para a produção de oxigénio e realizar experiências de forma autónoma.
“Este robot pode produzir diferentes produtos químicos”, atirou o autor principal do estudo, Jun Jiang, citado pela Insider.
Jiang acredita que este avanço coloca a humanidade um passo mais perto de realizar o sonho de viver em Marte, prevendo também potenciais aplicações para a exploração lunar. O estudo foi recentemente publicado na revista científica Nature Synthesis.
Uma enorme explosão de raios gama, detectada pelo telescópio espacial Integral da ESA, atingiu a Terra. A explosão causou uma perturbação significativa na ionosfera do nosso planeta.
Estas perturbações estão normalmente associadas a eventos de partículas energéticas no Sol, mas esta foi o resultado da explosão de uma estrela a quase dois mil milhões de anos-luz de distância. A análise dos efeitos da explosão pode fornecer informações sobre as extinções em massa na história da Terra.
Impressão artística que retrata o efeito de uma poderosa explosão de raios gama que provocou uma perturbação significativa na ionosfera do nosso planeta. Este é o resultado de uma explosão de raios gama (GRB) proveniente de uma super-nova, numa galáxia a quase dois mil milhões de anos-luz de distância. Na imagem está uma representação da missão Integral da ESA (à esquerda), que detectou a explosão, e do satélite CSES (à direita), que monitoriza a ionosfera superior em busca de mudanças no seu comportamento electromagnético. Crédito: ESA/ATG Europe
Às 14:21 de 9 de Outubro de 2022, uma explosão de raios gama (ou GRB, sigla inglesa para “gamma-ray burst“) extremamente brilhante e de longa duração foi detectada por muitos dos satélites de alta energia em órbita perto da Terra, incluindo a missão Integral da ESA.
O Integral (INTErnational Gamma-Ray Astrophysics Laboratory) foi lançado pela ESA em 2002 e tem vindo a detectar, desde essa altura, explosões de raios gama quase todos os dias.
No entanto, GRB 221009A, como foi baptizada a explosão, foi tudo menos vulgar. “Foi provavelmente a explosão de raios gama mais brilhante que alguma vez detetámos”, afirma Mirko Piersanti, da Universidade de L’Aquila, Itália, e principal autor da equipa que publicou estes resultados.
As explosões de raios gama foram, em tempos, acontecimentos misteriosos, mas actualmente reconhece-se que são a libertação de energia de estrelas em explosão, as chamadas super-novas, ou da colisão de duas estrelas de neutrões super-densas.
“Temos vindo a medir explosões de raios gama desde os anos 60 e esta é a mais forte alguma vez medida”, diz o co-autor Pietro Ubertini, do INAF (Istituto Nazionale di Astrofisica), Roma, Itália, e investigador principal do instrumento IBIS do Intergral.
Tão forte, de facto, que a sua rival mais próxima registada é dez vezes mais fraca. Estatisticamente, um GRB tão forte como GRB 221009A chega à Terra apenas uma vez em cada 10.000 anos.
Durante os 800 segundos de impacto dos raios gama, a explosão emitiu energia suficiente para activar detectores de relâmpagos na Índia. Instrumentos na Alemanha detectaram sinais de que a ionosfera da Terra foi perturbada durante várias horas pela explosão. Esta quantidade extrema de energia deu à equipa a ideia de procurar os efeitos da explosão na ionosfera da Terra.
A ionosfera é a camada da atmosfera superior da Terra que contém gases electricamente carregados de nome plasma. Estende-se de cerca de 50 km a 950 km de altitude.
Os investigadores referem-se a ela como a ionosfera superior, acima dos 350 km, e a ionosfera inferior, abaixo dos 350 km. A ionosfera é tão ténue que as naves espaciais podem manter órbitas na maior parte da ionosfera.
Uma dessas naves espaciais é o CSES (China Seismo-Electromagnetic Satellite), também conhecido como Zhangheng, uma missão espacial sino-italiana. Foi lançado em 2018 e monitoriza a parte superior da ionosfera para detectar alterações no seu comportamento electromagnético.
A sua missão principal é estudar possíveis ligações entre as alterações na ionosfera e a ocorrência de eventos sísmicos, como terramotos, mas também pode estudar o impacto da actividade solar na ionosfera.
Tanto Mirko como Pietro fazem parte da equipa científica do CSES e aperceberam-se de que, se o GRB tivesse criado uma perturbação, o CSES deveria tê-la visto. Mas não podiam ter a certeza. “Procurámos, no passado, este efeito noutros GRBs, mas não tínhamos visto nada”, diz Pietro.
Esta ilustração mostra os ingredientes de uma longa explosão de raios-gama, o tipo mais comum. O núcleo de uma estrela massiva (esquerda) entrou em colapso, formando um buraco negro que envia um jacto de partículas em movimento através da estrela em colapso e para o espaço, quase à velocidade da luz. A radiação através do espectro surge do gás ionizado quente (plasma) na vizinhança do buraco negro recém-nascido, colisões entre conchas de gás em rápido movimento dentro do jacto (ondas de choque internas), e da orla dianteira do jacto à medida que este varre e interage com o seu ambiente (choque externo). Crédito: Centro de Voo Espacial Goddard da NASA
No passado, foram observados GRBs a afectar a ionosfera inferior durante a noite, quando a influência solar é removida, mas nunca no lado superior. Isto levou a crer que, quando chega à Terra, a explosão de um GRB já não é suficientemente poderosa para produzir uma variação na condutividade da ionosfera que conduza a uma variação do campo eléctrico.
Desta vez, porém, quando os cientistas olharam, a sua sorte foi diferente. O efeito era óbvio e forte. Pela primeira vez, viram uma perturbação intensa sob a forma de uma forte variação do campo eléctrico na ionosfera superior.
“É espantoso. Podemos ver coisas que estão a acontecer no espaço profundo, mas que também afectam a Terra”, diz Erik Kuulkers, cientista de projecto da ESA.
Este GRB em particular teve lugar numa galáxia a quase 2 mil milhões de anos-luz de distância – portanto, há dois mil milhões de anos – mas ainda assim teve energia suficiente para afectar a Terra.
Embora o Sol seja normalmente a principal fonte de radiação suficientemente forte para afectar a ionosfera da Terra, este GRB accionou instrumentos geralmente reservados para estudar as imensas explosões na atmosfera do Sol conhecidas como erupções solares.
“Esta perturbação teve um impacto notável nas camadas mais baixas da ionosfera terrestre, situadas a dezenas de quilómetros acima da superfície do nosso planeta, deixando uma marca comparável à de uma grande explosão solar”, afirma Laura Hayes, investigadora e física solar da ESA.
Esta marca assumiu a forma de um aumento da ionização na ionosfera inferior. Foi detectada em sinais de rádio de muito baixa frequência que circulam entre o solo e a ionosfera inferior da Terra.
“Essencialmente, podemos dizer que a ionosfera se ‘deslocou’ para altitudes mais baixas e detectámos este facto na forma como as ondas de rádio saltam ao longo da ionosfera”, explica Laura, que publicou estes resultados em 2022.
Reforça a ideia de que uma super-nova na nossa própria Galáxia pode ter consequências muito mais graves. “Tem havido um grande debate sobre as possíveis consequências de uma explosão de raios gama na nossa própria Galáxia”, diz Mirko.
Na pior das hipóteses, a explosão não só afectaria a ionosfera, como também poderia danificar a camada de ozono, permitindo que a perigosa radiação ultravioleta do Sol chegasse à superfície da Terra.
Especula-se que este efeito seja uma possível causa de alguns dos eventos de extinção em massa que se sabe terem ocorrido na Terra no passado. Mas para investigar a ideia, precisamos de muito mais dados.
Agora que sabem exactamente o que procurar, a equipa já começou a analisar os dados recolhidos pelo CSES e a correlacioná-los com as outras explosões de raios gama observadas pelo Integral.
E, embora só possam recuar até 2018, quando o CSES foi lançado, já foi planeada uma missão de seguimento, garantindo que esta nova e fascinante janela para a forma como a Terra interage com o Universo, mesmo muito distante, continuará aberta.
A missão espacial Euclid da ESA revelou as suas primeiras imagens a cores do cosmos. Nunca anteriormente foi um telescópio capaz de criar imagens astronómicas tão nítidas através de uma tão grande parcela do céu e de olhar para tão longe no Universo distante. Estas cinco imagens ilustram todo o potencial do Euclid; mostram que o telescópio está pronto para criar o mais vasto mapa 3D do Universo, para descobrir alguns dos seus segredos ocultos.
As cinco primeiras imagens obtidas pela missão espacial Euclid da ESA. Crédito: ESA/Euclid/Consórcio Euclid/NASA; processamento de imagem – J.-C. Cuillandre (CEA Paris-Saclay), G. Anselmi
O Euclid, o detective do Universo escuro, tem uma tarefa difícil: investigar como a matéria escura e a energia escura fizeram com que o nosso Universo se parecesse como é hoje. 95% do nosso cosmos parece ser feito destas misteriosas entidades “escuras”.
Mas não compreendemos o que são porque a sua presença causa apenas mudanças muito subtis na aparência e nos movimentos das coisas que conseguimos ver.
Para revelar a influência “escura” no Universo visível, ao longo dos próximos seis anos, o Euclid irá observar as formas, distâncias e movimentos de milhares de milhões de galáxias que se encontram até 10 mil milhões de anos-luz. Ao fazê-lo, criará o maior mapa cósmico 3D alguma vez feito.
O que torna especial a vista do cosmos do Euclid é a sua capacidade de criar, de uma só vez, uma imagem infravermelha extraordinariamente nítida através de uma parcela enorme do céu.
As imagens divulgadas mostram esta capacidade especial: de estrelas brilhantes a galáxias indistintas, as observações mostram a integralidade destes objectos celestes, enquanto permanecem extremamente nítidas, mesmo quando é feito o zoom de galáxias distantes.
“A matéria escura atrai as galáxias e fá-las girar mais rapidamente do que a matéria visível, por si só, poderia fazer; a energia escura está a gerar a expansão acelerada do Universo. O Euclid permitirá que os cosmologistas estudem, pela primeira vez, estes mistérios escuros concorrentes em conjunto”, explica a Directora de Ciência da ESA, Professora Carole Mundell. “O Euclid representa um salto na nossa compreensão do cosmos como um todo e estas imagens minuciosas do Euclid mostram que a missão está pronta para ajudar a responder a um dos maiores mistérios da física moderna”.
“Nunca anteriormente vimos imagens astronómicas como estas, incluindo tantos detalhes. São ainda mais belas e nítidas do que esperávamos, mostrando-nos muitas características nunca antes vistas em áreas bem conhecidas do Universo.
Agora estamos prontos para observar milhares de milhões de galáxias e estudar a sua evolução ao longo do tempo cósmico”, afirma René Laureijs, Cientista do Projecto Euclid da ESA.
“Os nossos elevados padrões para este telescópio compensaram: todo este detalhe das imagens deve-se a um design óptico especial, fabrico e montagem perfeitos do telescópio e dos instrumentos, direcção e controlo de temperatura extremamente exacto”, acrescenta Giuseppe Racca, Gestor do projecto do Euclid da ESA.
“Gostaria de congratular e agradecer a todos os envolvidos na transformação desta ambiciosa missão em realidade, que é um reflexo da excelência europeia e da colaboração internacional.
As primeiras imagens captadas pelo Euclid são impressionantes e lembram-nos porque é essencial ir para o espaço para aprender mais sobre os mistérios do Universo”, afirma o Director-geral da ESA, Josef Aschbacher.
Enxame Galáctico de Perseu
Leia aqui mais sobre a imagem do Enxame Galáctico de Perseu pelo Euclid da ESA. Crédito: ESA/Euclid/Consórcio Euclid/NASA; processamento de imagem – J.-C. Cuillandre (CEA Paris-Saclay), G. Anselmi
Muitas destas galáxias indistintas nunca tinham sido vistas anteriormente. Algumas delas estão tão distantes que a sua luz demorou 10 mil milhões de anos a chegar até nós. Ao mapear a distribuição e as formas destas galáxias, os cosmólogos terão possibilidade de descobrir mais sobre como a matéria escura formou o Universo que vemos hoje.
Esta é a primeira vez que uma imagem tão grande nos permitiu captar tantas galáxias de Perseu com um tão elevado nível de pormenor. O Enxame de Perseu é uma das estruturas mais compactas do Universo, localizado a “apenas” 240 milhões de anos-luz de distância da Terra.
Os astrónomos demonstraram que os enxames de galáxias como o de Perseu só se podem formar se a matéria escura estiver presente no Universo. O Euclid observará numerosos enxames galácticos como o de Perseu através do tempo cósmico, revelando o elemento “escuro” que as mantém juntas.
Galáxia espiral IC 342
Leia aqui mais sobre a imagem da galáxia espiral IC 342 pelo Euclid da ESA. Crédito: ESA/Euclid/Consórcio Euclid/NASA; processamento de imagem – J.-C. Cuillandre (CEA Paris-Saclay), G. Anselmi
Ao longo da sua vida, o nosso Universo escuro será o reflexo de milhares de milhões de galáxias, revelando a influência nunca antes vista que a matéria escura e a energia escura têm nas mesmas.
Por isso é que é apropriado que uma das primeiras galáxias que o Euclid observou tenha sido apelidada de “Galáxia Oculta”, também conhecida como IC 342 ou Caldwell 5. Graças à sua visão infravermelha, o Euclid já descobriu informações fundamentais sobre as estrelas nesta galáxia, que é uma sósia da nossa Via Láctea.
Galáxia irregular NGC 6822
Leia aqui mais sobre a imagem da galáxia irregular NGC 6822 pelo Euclid da ESA. Crédito: ESA/Euclid/Consórcio Euclid/NASA; processamento de imagem – J.-C. Cuillandre (CEA Paris-Saclay), G. Anselmi
Para criar um mapa 3D do Universo, o Euclid observará a luz das galáxias até uma distância de 10 mil milhões de anos-luz. A maioria das galáxias no início do Universo não se parecem com uma perfeita espiral, mas são irregulares e pequenas.
São os blocos estruturais para galáxias maiores como a nossa e ainda podemos encontrar algumas destas galáxias relativamente perto de nós. A primeira galáxia anã irregular que o Euclid observou designa-se NGC 6822 e encontra-se perto, a apenas 1,6 milhões de anos-luz da Terra.
Enxame globular NGC 6397
Leia aqui mais sobre a imagem do enxame globular NGC 6397 pelo Euclid da ESA. Crédito: ESA/Euclid/Consórcio Euclid/NASA; processamento de imagem – J.-C. Cuillandre (CEA Paris-Saclay), G. Anselmi
Esta imagem cintilante mostra a vista do Euclid num enxame globular designado NGC 6397. Este é o segundo enxame globular mais próximo da Terra, localizado a uma distância de cerca de 7800 anos-luz. Os enxames globulares são colecções de centenas de milhares de estrelas que se mantêm juntas devido à gravidade.
Actualmente, nenhum outro telescópio para além do Euclid pode observar um enxame globular completo numa só observação e, ao mesmo tempo, distinguir tantas estrelas no objecto. Estas estrelas desvanecidas contam-nos a história da Via Láctea e onde se encontra matéria escura.
A Nebulosa Cabeça de Cavalo
Leia aqui mais sobre a imagem da Nebulosa Cabeça de Cavalo pelo Euclid da ESA. Crédito: ESA/Euclid/Consórcio Euclid/NASA; processamento de imagem – J.-C. Cuillandre (CEA Paris-Saclay), G. Anselmi
O Euclid mostra-nos uma vista detalhada espectacularmente panorâmica da Nebulosa Cabeça de Cavalo, também conhecida como Barnard 33 e parte da constelação de Orionte. Na nova observação do Euclid deste viveiro estelar, os cientistas esperam encontrar muitos planetas com a massa de Júpiter, nunca antes vistos, na sua infância celeste, bem como jovens estrelas e anãs castanhas.
Novas descobertas, em breve
A primeira vista do cosmos do Euclid é não apenas bela, mas também extraordinariamente valiosa para a comunidade científica.
Primeiro, mostra que o telescópio Euclid e os instrumentos estão a ter um excelente desempenho e que os astrónomos podem utilizar o Euclid para estudar a distribuição da matéria no Universo e a sua evolução às maiores escalas. A combinação de muitas observações com esta qualidade, abrangendo amplas áreas do céu, mostrar-nos-á as partes escuras e ocultas do cosmos.
Segundo, cada imagem contém individualmente um manancial de informação sobre o Universo próximo. “Nos próximos meses, os cientistas do Consórcio Euclid analisarão estas imagens e publicarão uma série de artigos científicos na revista Astronomy & Astrophysics, bem como documentos sobre os objetivos científicos da missão Euclid e o desempenho do instrumento”, acrescenta Yannick Mellier, líder do Consórcio Euclid.
Finalmente, estas imagens levam-nos para além do reino da matéria escura e da energia escura, mostrando também como o Euclid irá criar um tesouro de informação sobre a física de estrelas e galáxias individuais.
Preparação para as observações de rotina
O Euclid foi lançado para o ponto L2 (Lagrange) do sistema Sol-Terra a bordo de um foguetão Falcon 9 da SpaceX a partir da Estação da Força Espacial de Cabo Canaveral na Florida, EUA, às 17:12 do dia 1 de julho de 2023.
Nos meses a seguir ao lançamento, os cientistas e os engenheiros têm estado empenhados numa fase intensa de teste e calibração dos instrumentos científicos do Euclid. A equipa está a fazer as últimas afinações do telescópio espacial, antes das observações científicas de rotina começarem no início de 2024.
Ao longo de seis anos, o Euclid examinará um-terço do céu com uma exatidão e sensibilidade sem precedentes. À medida que a missão for avançando, o banco de dados do Euclid será lançado uma vez por ano e será disponibilizado à comunidade científica global através do Astronomy Science Archives alojado no Centro de Astronomia Espacial Europeu da ESA, em Espanha.
O Euclid é uma missão europeia, criada e operada pela ESA, com contributos da NASA. O Consórcio Euclid, constituído por mais de 2000 cientistas de 300 institutos em 13 países europeus, Estados Unidos, Canadá e Japão, é responsável pelo fornecimento dos instrumentos científicos e pela análise dos dados científicos.
A ESA seleccionou a Thales Alenia Space como fornecedor principal para a construção do satélite e do seu módulo de serviço, tendo a Airbus Defence and Space sido escolhida para o desenvolvimento do módulo de carga, incluindo o telescópio. A NASA forneceu os detectores do NISP (Near-Infrared Spectrometer and Photometer). O Euclid é uma missão de classe média no Programa Visão Cósmica da ESA.
A missão espacial Euclid da ESA revelou as suas primeiras imagens a cores do cosmos. Nunca anteriormente foi um telescópio capaz de criar imagens astronómicas tão nítidas através de uma tão grande parcela do céu e de olhar para tão longe no Universo distante.
Estas cinco imagens ilustram todo o potencial do Euclid; mostram que o telescópio está pronto para criar o mais vasto mapa 3D do Universo, para descobrir alguns dos seus segredos ocultos.
O Euclid, o detective do Universo escuro, tem uma tarefa difícil: investigar como a matéria escura e a energia escura fizeram com que o nosso Universo se parecesse como é hoje. 95% do nosso cosmos parece ser feito destas misteriosas entidades “escuras”. Mas não compreendemos o que são porque a sua presença causa apenas mudanças muito subtis na aparência e nos movimentos das coisas que conseguimos ver.
Para revelar a influência “escura” no Universo visível, ao longo dos próximos seis anos, o Euclid irá observar as formas, distâncias e movimentos de milhares de milhões de galáxias que se encontram até 10 mil milhões de anos-luz. Ao fazê-lo, criará o maior mapa cósmico 3D alguma vez feito.
O que torna especial a vista do cosmos do Euclid é a sua capacidade de criar, de uma só vez, uma imagem infravermelha extraordinariamente nítida através de uma parcela enorme do céu.
As imagens divulgadas mostram esta capacidade especial: de estrelas brilhantes a galáxias indistintas, as observações mostram a integralidade destes objectos celestes, enquanto permanecem extremamente nítidas, mesmo quando é feito o zoom de galáxias distantes.
“A matéria escura atrai as galáxias e fá-las girar mais rapidamente do que a matéria visível, por si só, poderia fazer; a energia escura está a gerar a expansão acelerada do Universo. O Euclid permitirá que os cosmologistas estudem, pela primeira vez, estes mistérios escuros concorrentes em conjunto”, explica a Directora de Ciência da ESA, Professora Carole Mundell.
“O Euclid representa um salto na nossa compreensão do cosmos como um todo e estas imagens minuciosas do Euclid mostram que a missão está pronta para ajudar a responder a um dos maiores mistérios da física moderna”.
“Nunca anteriormente vimos imagens astronómicas como estas, incluindo tantos detalhes. São ainda mais belas e nítidas do que esperávamos, mostrando-nos muitas características nunca antes vistas em áreas bem conhecidas do Universo. Agora estamos prontos para observar milhares de milhões de galáxias e estudar a sua evolução ao longo do tempo cósmico”, afirma René Laureijs, Cientista do Projeto Euclid da ESA.
“Os nossos elevados padrões para este telescópio compensaram: todo este detalhe das imagens deve-se a um design óptico especial, fabrico e montagem perfeitos do telescópio e dos instrumentos, direcção e controlo de temperatura extremamente exacto”, acrescenta Giuseppe Racca, Gestor do projecto do Euclid da ESA.
“Gostaria de congratular e agradecer a todos os envolvidos na transformação desta ambiciosa missão em realidade, que é um reflexo da excelência europeia e da colaboração internacional.
As primeiras imagens captadas pelo Euclid são impressionantes e lembram-nos porque é essencial ir para o espaço para aprender mais sobre os mistérios do Universo”, afirma o Director-geral da ESA, Josef Aschbacher.
Enxame Galáctico de Perseu
Leia aqui mais sobre a imagem do Enxame Galáctico de Perseu pelo Euclid da ESA.
Crédito: ESA/Euclid/Consórcio Euclid/NASA; processamento de imagem – J.-C. Cuillandre (CEA Paris-Saclay), G. Anselmi
Este incrível instantâneo do Euclid é uma revolução para a astronomia. A imagem mostra 1000 galáxias pertencentes ao Enxame de Perseu e mais de 100.000 outras galáxias, mais distantes, no fundo.
Muitas destas galáxias indistintas nunca tinham sido vistas anteriormente. Algumas delas estão tão distantes que a sua luz demorou 10 mil milhões de anos a chegar até nós. Ao mapear a distribuição e as formas destas galáxias, os cosmólogos terão possibilidade de descobrir mais sobre como a matéria escura formou o Universo que vemos hoje.
Esta é a primeira vez que uma imagem tão grande nos permitiu captar tantas galáxias de Perseu com um tão elevado nível de pormenor. O Enxame de Perseu é uma das estruturas mais compactas do Universo, localizado a “apenas” 240 milhões de anos-luz de distância da Terra.
Os astrónomos demonstraram que os enxames de galáxias como o de Perseu só se podem formar se a matéria escura estiver presente no Universo. O Euclid observará numerosos enxames galácticos como o de Perseu através do tempo cósmico, revelando o elemento “escuro” que as mantém juntas.
Galáxia espiral IC 342
Leia aqui mais sobre a imagem da galáxia espiral IC 342 pelo Euclid da ESA.
Crédito: ESA/Euclid/Consórcio Euclid/NASA; processamento de imagem – J.-C. Cuillandre (CEA Paris-Saclay), G. Anselmi
Ao longo da sua vida, o nosso Universo escuro será o reflexo de milhares de milhões de galáxias, revelando a influência nunca antes vista que a matéria escura e a energia escura têm nas mesmas.
Por isso é que é apropriado que uma das primeiras galáxias que o Euclid observou tenha sido apelidada de “Galáxia Oculta”, também conhecida como IC 342 ou Caldwell 5. Graças à sua visão infravermelha, o Euclid já descobriu informações fundamentais sobre as estrelas nesta galáxia, que é uma sósia da nossa Via Láctea.
Galáxia irregular NGC 6822
Leia aqui mais sobre a imagem da galáxia irregular NGC 6822 pelo Euclid da ESA.
Crédito: ESA/Euclid/Consórcio Euclid/NASA; processamento de imagem – J.-C. Cuillandre (CEA Paris-Saclay), G. Anselmi
Para criar um mapa 3D do Universo, o Euclid observará a luz das galáxias até uma distância de 10 mil milhões de anos-luz. A maioria das galáxias no início do Universo não se parecem com uma perfeita espiral, mas são irregulares e pequenas. São os blocos estruturais para galáxias maiores como a nossa e ainda podemos encontrar algumas destas galáxias relativamente perto de nós. A primeira galáxia anã irregular que o Euclid observou designa-se NGC 6822 e encontra-se perto, a apenas 1,6 milhões de anos-luz da Terra.
Enxame globular NGC 6397
Leia aqui mais sobre a imagem do enxame globular NGC 6397 pelo Euclid da ESA.
Crédito: ESA/Euclid/Consórcio Euclid/NASA; processamento de imagem – J.-C. Cuillandre (CEA Paris-Saclay), G. Anselmi
Esta imagem cintilante mostra a vista do Euclid num enxame globular designado NGC 6397. Este é o segundo enxame globular mais próximo da Terra, localizado a uma distância de cerca de 7800 anos-luz. Os enxames globulares são colecções de centenas de milhares de estrelas que se mantêm juntas devido à gravidade.
Actualmente, nenhum outro telescópio para além do Euclid pode observar um enxame globular completo numa só observação e, ao mesmo tempo, distinguir tantas estrelas no objecto. Estas estrelas desvanecidas contam-nos a história da Via Láctea e onde se encontra matéria escura.
A Nebulosa Cabeça de Cavalo
Leia aqui mais sobre a imagem da Nebulosa Cabeça de Cavalo pelo Euclid da ESA.
Crédito: ESA/Euclid/Consórcio Euclid/NASA; processamento de imagem – J.-C. Cuillandre (CEA Paris-Saclay), G. Anselmi
O Euclid mostra-nos uma vista detalhada espectacularmente panorâmica da Nebulosa Cabeça de Cavalo, também conhecida como Barnard 33 e parte da constelação de Orionte. Na nova observação do Euclid deste viveiro estelar, os cientistas esperam encontrar muitos planetas com a massa de Júpiter, nunca antes vistos, na sua infância celeste, bem como jovens estrelas e anãs castanhas.
Novas descobertas, em breve
A primeira vista do cosmos do Euclid é não apenas bela, mas também extraordinariamente valiosa para a comunidade científica.
Primeiro, mostra que o telescópio Euclid e os instrumentos estão a ter um excelente desempenho e que os astrónomos podem utilizar o Euclid para estudar a distribuição da matéria no Universo e a sua evolução às maiores escalas. A combinação de muitas observações com esta qualidade, abrangendo amplas áreas do céu, mostrar-nos-á as partes escuras e ocultas do cosmos.
Segundo, cada imagem contém individualmente um manancial de informação sobre o Universo próximo. “Nos próximos meses, os cientistas do Consórcio Euclid analisarão estas imagens e publicarão uma série de artigos científicos na revista Astronomy & Astrophysics, bem como documentos sobre os objectivos científicos da missão Euclid e o desempenho do instrumento”, acrescenta Yannick Mellier, líder do Consórcio Euclid.
Finalmente, estas imagens levam-nos para além do reino da matéria escura e da energia escura, mostrando também como o Euclid irá criar um tesouro de informação sobre a física de estrelas e galáxias individuais.
Preparação para as observações de rotina
O Euclid foi lançado para o ponto L2 (Lagrange) do sistema Sol-Terra a bordo de um foguetão Falcon 9 da SpaceX a partir da Estação da Força Espacial de Cabo Canaveral na Florida, EUA, às 17:12 do dia 1 de Julho de 2023.
Nos meses a seguir ao lançamento, os cientistas e os engenheiros têm estado empenhados numa fase intensa de teste e calibração dos instrumentos científicos do Euclid. A equipa está a fazer as últimas afinações do telescópio espacial, antes das observações científicas de rotina começarem no início de 2024.
Ao longo de seis anos, o Euclid examinará um-terço do céu com uma exactidão e sensibilidade sem precedentes. À medida que a missão for avançando, o banco de dados do Euclid será lançado uma vez por ano e será disponibilizado à comunidade científica global através do Astronomy Science Archives alojado no Centro de Astronomia Espacial Europeu da ESA, em Espanha.
O Euclid é uma missão europeia, criada e operada pela ESA, com contributos da NASA. O Consórcio Euclid, constituído por mais de 2000 cientistas de 300 institutos em 13 países europeus, Estados Unidos, Canadá e Japão, é responsável pelo fornecimento dos instrumentos científicos e pela análise dos dados científicos. A ESA seleccionou a Thales Alenia Space como fornecedor principal para a construção do satélite e do seu módulo de serviço, tendo a Airbus Defence and Space sido escolhida para o desenvolvimento do módulo de carga, incluindo o telescópio. A NASA forneceu os detectores do NISP (Near-Infrared Spectrometer and Photometer). O Euclid é uma missão de classe média no Programa Visão Cósmica da ESA.