Marcelo vai formalizar demissão do Governo “nos primeiros dias de Dezembro”

 

– O desejo íntimo de Marcelo Rebelo de Sousa e do seu PPD, realizou-se com a demissão de António Costa. O curioso é que não se soube mais sobre o desenvolvimento do processo judicial que a PGR instaurou a Costa.

🇵🇹 PORTUGAL // 🇵🇹 PR // 🇵🇹 PM // 🇵🇹 DEMISSÃO

Após a aprovação final do Orçamento do Estado para 2024, agendada para esta quarta-feira, “no início de Dezembro, seguir-se-á o decreto de demissão do Governo e a passagem do Governo a Governo de gestão”, declarou o Presidente da República.

O Presidente da República confirmou esta terça-feira que vai formalizar a demissão do Governo “nos primeiros dias de Dezembro”, após a aprovação final do Orçamento do Estado para 2024, como indicou na sua comunicação ao país.

“Amanhã [quarta-feira] termina a votação do Orçamento do Estado e a partir daí, como eu disse, no início de Dezembro, seguir-se-á o decreto de demissão do Governo e a passagem do Governo a Governo de gestão”, declarou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas, na Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa.

“Será nos primeiros dias de Dezembro. E, portanto, saberão quando isso vier a acontecer”, acrescentou o chefe de Estado, sem especificar uma data.

A demissão do Governo “por efeito da aceitação do pedido de demissão apresentado pelo primeiro-ministro” é oficializada por decreto assinado pelo Presidente da República e publicado em Diário da República.

Segundo o artigo 186.º, n.º 5 da Constituição, “após a sua demissão, o Governo limitar-se-á à prática dos actos estritamente necessários para assegurar a gestão dos negócios públicos”.

O primeiro-ministro, António Costa, apresentou a sua demissão ao Presidente da República em 07 de Novembro, por causa de uma investigação judicial sobre a instalação de um centro de dados em Sines e negócios de lítio e hidrogénio que levou o Ministério Público a instaurar um inquérito autónomo no Supremo Tribunal de Justiça em que é visado.

O chefe de Estado aceitou de imediato a demissão do primeiro-ministro, embora sem a formalizar, e dois dias depois anunciou que irá dissolver o parlamento e marcar eleições legislativas antecipadas para 10 de Março, após ter ouvido os partidos com assento parlamentar e o Conselho de Estado.

Na comunicação que fez ao país em 9 de Novembro, Marcelo Rebelo de Sousa explicou que decidiu adiar o processo formal de demissão do Governo para “inícios de Dezembro”, para permitir a aprovação final do Orçamento do Estado para 2023 e a sua entrada em vigor.

Segundo o Presidente da República, impunha-se “a garantia da indispensável estabilidade económica e social que é dada pela prévia votação do Orçamento do Estado para 2024”.

“A aprovação do Orçamento permitirá ir ao encontro das expectativas de muitos portugueses e acompanhar a execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) que não pára nem pode parar com a passagem do Governo a Governo de gestão ou mais tarde com a dissolução da Assembleia da República”, justificou.

A votação final global da proposta de Orçamento do Estado para 2024 na Assembleia da República está marcada para quarta-feira, com aprovação garantida pela maioria absoluta de deputados do PS.

O artigo 195.º, n.º 1, alínea b) da Constituição estabelece que “a aceitação pelo Presidente da República do pedido de demissão apresentado pelo primeiro-ministro” é uma das circunstâncias que “implicam a demissão do Governo”.

O primeiro-ministro e respectivo executivo continuam em funções até à posse do seu sucessor e do novo Governo, e só nesse momento são exonerados.

Nos termos do artigo 186.º da Constituição, “em caso de demissão do Governo, o primeiro-ministro do Governo cessante é exonerado na data da nomeação e posse do novo primeiro-ministro”, enquanto “as funções dos restantes membros do Governo iniciam-se com a sua posse e cessam com a sua exoneração ou com a exoneração do primeiro-ministro”.

DN // Lusa
28 Novembro 2023 — 21:45


Ex-Combatente da Guerra do Ultramar, Web-designer,
Investigator, Astronomer and Digital Content Creator

published in: 1 dia ago

Loading

160: Lucília Gago escreveu o parágrafo que levou à demissão de Costa

 

🇵🇹⚖️ PGR //⚖️ LUCÍLIA GAGO // DEMISSÃO COSTA

Procuradora Geral da República decidiu incluir na nota a revelação de que existe uma investigação criminal contra António Costa.

© PAULO SPRANGER/Global Imagens

Foi a própria Procuradora-Geral da República quem redigiu o último parágrafo do comunicado que levou o primeiro-ministro a apresentar a demissão, avança o Expresso.

Lucília Gago decidiu incluir na nota a revelação de que existe uma investigação criminal contra António Costa, apesar de os procuradores responsáveis pelo processo não terem proposto qualquer referência a esse inquérito, aberto no Supremo Tribunal de Justiça.

Habitualmente as notas emitidas pela PGR são redigidas de acordo com os dados fornecidos pelo Departamento Central de Investigação e Acção Penal, mas a procuradora quis acrescentar esse parágrafo, para evitar que o Ministério Público fosse acusado de proteger Costa.

A decisão não terá provocado mal-estar na equipa de magistrados liderada por João Paulo Centeno, adianta o mesmo jornal.

O Presidente da República terá sido o primeiro a saber da inclusão desse parágrafo, mas fonte de Belém vincou que Marcelo Rebelo de Sousa não teve qualquer interferência na comunicação da PGR.

O presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público, Adão Carvalho, assegurou ao Expresso que a demissão de Costa apanhou “de surpresa” tanto Lucília Gago como os procuradores que investigam o caso.

António Costa é alvo de um inquérito no Ministério Público (MP) junto do Supremo Tribunal de Justiça, após suspeitos no processo que investiga tráfico de influências no negócio de um centro de dados em Sines terem invocado o seu nome como tendo tido intervenção para desbloquear procedimentos.

O MP considera que houve intervenção do primeiro-ministro na aprovação de um diploma favorável aos interesses da empresa Start Campus, responsável pelo centro de dados, de acordo com a indiciação.

No dia da demissão, em 07 de Novembro, António Costa recusou a prática “de qualquer ato ilícito ou censurável”.

O MP em 10 de Novembro deteve cinco pessoas: o chefe de gabinete do primeiro-ministro, Vítor Escária, o presidente da Câmara de Sines, Nuno Mascarenhas, dois administradores da sociedade Start Campus, Afonso Salema e Rui Oliveira Neves, e o advogado Diogo Lacerda Machado, amigo de António Costa, que no final do interrogatório judicial foram colocados em liberdade.

No total, há nove arguidos no investigação aos negócios do lítio, hidrogénio verde e do centro de dados de Sines, entre eles o ex-ministro das Infra-estruturas, João Galamba, o presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, Nuno Lacasta, o advogado e antigo porta-voz do PS João Tiago Silveira e a empresa Start Campus.

DN
17 Novembro 2023 — 08:27


Ex-Combatente da Guerra do Ultramar, Web-designer,
Investigator, Astronomer and Digital Content Creator

published in: 2 semanas ago

Loading

112: Centeno diz que afinal não foi convidado pelo PR para chefiar Governo

 

– PORRA, PÁ!!! Em que país é que vivemos? Quem pode acreditar nestes políticos que um dia dizem uma coisa e logo a seguir desmentem? Mas isto é comum a TODOS os políticos dos partidos com assento no Parlamento, não escapando NENHUM! Parece ser vírus pandémico que infectou toda esta gajada!

🇵🇹 PORTUGAL // DESMENTIDO // CENTENO

Mário Centeno emitiu esta segunda-feira um comunicado no site do Banco de Portugal a contradizer as declarações que fez ao jornal Financial Times.

© ANTÓNIO COTRIM /LUSA

Mário Centeno reconheceu esta segunda-feira que não foi convidado por Marcelo Rebelo de Sousa para suceder a António Costa como primeiro-ministro.

O Governador do Banco de Portugal escreveu, no site da entidade que lidera, que foi Costa que o convidou a “reflectir sobre as condições” que lhe poderiam permitir assumir a liderança do Governo e que esse convite “resultou das conversas que o Senhor Primeiro Ministro teve com o Senhor Presidente da República”.

“Num exercício de cidadania, aceitei reflectir”, afirmou Centeno.

“Não foi possível dirimir neste curto espaço de tempo todas as condições de exercício do que me era solicitado. Desta forma, nunca houve uma aceitação do cargo, mas apenas uma concordância em continuar a reflexão e finalizá-la em função da decisão que o Senhor Presidente da República tomaria”, acrescentou.

No último paragrafo do comunicado, Mário Centeno vinca: “Em resultado desta opção, é inequívoco que o Senhor Presidente da República não me convidou para chefiar o Governo.”

Em declarações ao jornal Financial Times, no domingo, o governador do Banco de Portugal afirmou que teve “um convite do Presidente e do primeiro-ministro para reflectir e considerar a possibilidade de liderar o Governo” e que estava “muito longe de tomar uma decisão”.

Por sua vez, o primeiro-ministro, António Costa, que pediu a demissão do cargo na terça-feira, assumiu na quinta-feira a defesa de um novo Governo liderado por Mário Centeno, para evitar eleições legislativas antecipadas, e lamentou que o Presidente da República tenha optado por dissolver o parlamento.

Em comunicação ao país, na quinta-feira, o Presidente da República anunciou a dissolução do parlamento e a convocação de eleições legislativas antecipadas em 10 de Março de 2024, marcadas pelo Presidente da República, na sequência da demissão do primeiro-ministro, na terça-feira.

Segundo o Ministério Público, António Costa é alvo de uma investigação remetida para o Supremo Tribunal de Justiça após suspeitos num processo relacionado com negócios sobre o lítio, o hidrogénio verde e um centro de dados em Sines terem invocado o seu nome como tendo intervindo para desbloquear procedimentos.

Ao demitir-se, o primeiro-ministro recusou a prática “de qualquer ato ilícito ou censurável”.

De acordo com o Ministério Público, no processo sobre negócios do lítio, do hidrogénio verde e do centro de dados em Sines podem estar em causa os crimes de prevaricação, corrupção activa e passiva de titular de cargo político e tráfico de influência.

Eis o comunicado na íntegra:

“Na sequência dos eventos desencadeados com a demissão do Senhor Primeiro Ministro, no dia 7 de Novembro, este convidou-me a reflectir sobre as condições que poderiam permitir que assumisse o cargo de Primeiro Ministro.

O convite para essa reflexão resultou das conversas que o Senhor Primeiro Ministro teve com o Senhor Presidente da República.

Num exercício de cidadania, aceitei reflectir.

Não foi possível dirimir neste curto espaço de tempo todas as condições de exercício do que me era solicitado. Desta forma, nunca houve uma aceitação do cargo, mas apenas uma concordância em continuar a reflexão e finalizá-la em função da decisão que o Senhor Presidente da República tomaria.

O Senhor Presidente da República, depois da realização do Conselho de Estado, no dia 9 de Novembro, optou pela dissolução da Assembleia da República.

Em resultado desta opção, é inequívoco que o Senhor Presidente da República não me convidou para chefiar o Governo.”

DN
13 Novembro 2023 — 10:03


Ex-Combatente da Guerra do Ultramar, Web-designer,
Investigator, Astronomer and Digital Content Creator

published in: 2 semanas ago

 

Loading

105: MP troca Costa e Costa Silva na transcrição das escutas

 

🇵🇹 PORTUGAL // ⚖️ MINISTÉRIO PÚBLICO // ❌❓ TROCAS & BALDROCAS

O Ministério Público trocou os nomes do primeiro-ministro e do ministro da Economia na transcrição das escutas da Operação Influencer.

© MIGUEL A. LOPES/LUSA

A transcrição da uma das escutas da Operação Influencer tem um erro, já reconhecido pelo Ministério Público, segundo avança a CNN. Em vez de António Costa Silva, ministro da Economia, surge o nome de António Costa, primeiro-ministro.

De acordo com a estação de televisão, está em causa a transcrição de uma escuta telefónica entre Lacerda Machado e Afonso Salema, consultor e administrador da Start Campus, respectivamente, a 31 de Agosto de 2022. Nessa conversa, o primeiro iria mover influência junto de António Costa Silva, mas na transcrição surge o nome de António Costa.

Nesse telefonema, segundo a CNN, Afonso Salema quer que Diogo Lacerda Machada aborde o Governo para que seja suscitado junto da Comissão Europeia uma alteração em matéria de códigos de actividade económica para os data centers. “Tá bem. Eu vou decifrar se é Economia ou Finanças. Se for Finanças em falo logo com o Medina (ministro) ou com o António Mendes, que é o secretário de Estado. Se for Economia, arranjo maneira depois de chegar ao próprio António Costa”, responde o consultor, segundo consta da transcrição.

No entanto, na conversa, Lacerda Machado não referiu o nome de António Costa, mas sim de António Costa Silva.

Esta manhã, à chegada ao Campus da Justiça, o advogado de Lacerda Machado confirmou que o lapso foi detectado pelo próprio. “O Dr. Lacerda Machado deu sinal ao MP de que havia esse lapso e o MP reconheceu”, disse Magalhães e Silva.

“O que o dr. Lacerda Machado diz é que, se for com o Ministério das Finanças, fala com Fernando Medina, se for Economia ‘arranjarei maneira de falar’ – e o que está transcrito – com António Costa.

Ora isto é absurdo, o dr. Lacerda Machado, se quer falar com o dr. António Costa pega no telemóvel e liga-lhe, o que estava em causa era falar com o ministro da Economia, António Costa Silva”, explicou.

O advogado reforçou que aquilo que se ouve na escuta é Lacerda Machado referir o nome do ministro da Economia. “Na escuta ouve-se ‘António Costa Silva’. Vou repetir: ‘António Costa Silva'”.

Segundo Magalhães e Silva, esta era a única escuta na indiciação em que Lacerda Machado fazia referencia directa ao primeiro-ministro, António Costa.

“Os lapsos, quando são involuntários, não têm, obviamente, gravidade nenhuma sob o ponto de vista subjectivo, têm apenas gravidade sob o ponto de vista objectivo. Se foi intencional ou não, eu não faço essa injúria ao Ministério Público”, afirmou o advogado de Lacerda Machado.

Também esta manhã, no Campus da Justiça, o advogado do ex-chefe de gabinete do primeiro-ministro Vítor Escária recusou comentar o lapso.

“Estou cansado dos comentários de vários comentadores que não conhecem o processo, que não sabem nada, mas toda a gente tem muito a dizer sobre este processo e portanto não vou falar rigorosamente mais nada”, disse. Pressionado pelos jornalistas acerca da troca de nomes, Tiago Rodrigues Bastos, disse. “É a vida”.

O primeiro-ministro demitiu-se, na terça-feira, depois de saber que o seu nome tinha sido citado por envolvidos na investigação do Ministério Público a negócios do lítio, hidrogénio e centro de dados de Sines, levando o Presidente da República a dissolver a Assembleia da República e convocar eleições legislativas para 10 de Março.

(Actualizada às 11h25 com declarações dos advogados)

DN
12 Novembro 2023 — 10:28


Ex-Combatente da Guerra do Ultramar, Web-designer,
Investigator, Astronomer and Digital Content Creator

published in: 3 semanas ago

 

Loading

104: Ministério Público: “Não é uma gralha é um erro grave. Podemos estar perante uma investigação com pés de barro e muita incompetência”

 

🇵🇹 PORTUGAL // ⚖️MINISTÉRIO PÚBLICO // INCOMPETÊNCIA?

O comentador Anselmo Crespo esteve, este domingo, em directo na CNN Portugal.

A análise esteve centrada na notícia da CNN Portugal que dá conta de que o Ministério Público confundiu António Costa com António Costa Silva na transcrição de uma das escutas da “Operação Influencer”.

Anselmo Crespo
CNN Portugal
12.11.2023

Ministério Público confunde António Costa com António Costa Silva: “Não são aceitáveis erros infantis como este”

O comentador Miguel Relvas esteve, este domingo, em directo na CNN Portugal. A análise esteve centrada na notícia da CNN Portugal que dá conta de que o Ministério Público confundiu António Costa com António Costa Silva na transcrição de uma das escutas da “Operação Influencer”.

Miguel Relvas

CNN Portugal
12.11.2023


Ex-Combatente da Guerra do Ultramar, Web-designer,
Investigator, Astronomer and Digital Content Creator

published in: 3 semanas ago

 

Loading

88: “Fraude à Constituição”. O truque de Marcelo para proteger o Orçamento

 

🇵🇹 CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA PORTUGUESA // FRAUDE

O Presidente da República dissolveu o parlamento, marcou eleições para 10 de Março e adiou o decreto de demissão de António Costa — um truque para salvar o OE2024 que constitui uma “fraude à Constituição”.

Em discurso muito aguardado, Marcelo Rebelo de Sousa falou esta quinta-feira ao país para ditar o futuro de Portugal. O Presidente da República anunciou que optou pela dissolução da Assembleia da República depois da demissão do primeiro-ministro António Costa, “devolvendo a palavra ao povo”, convocando também eleições antecipadas para 10 de Março de 2024.

Entre estas principais decisões, Marcelo anunciou ainda que vai adiar o processo formal, por decreto, de demissão do Governo, de forma a proteger o Orçamento de Estado para 2024 (OE2024).

Aproveitou também para justificar a sua decisão: “Fi-lo por decisão própria no exercício de um poder conferido pela Constituição da República Portuguesa”, sublinhou. Mas será que o adiamento está previsto na lei fundamental do Estado?

“Violação da Constituição”

A verdade é que caso este decreto de demissão venha a ser publicado sem referir o dia 7 de Novembro — o dia em que o país parou para ver António Costa demitir-se — o Presidente da República estará a cometer uma “fraude à Constituição”, avisa o constitucionalista Jorge Reis Novais ao Público.

Há dois artigos fundamentais no documento assente em Portugal desde 1976  que justificam esta afirmação ousada.

Por um lado, o artigo 195.º, n.º 1, alínea b) da Constituição estabelece que “a aceitação pelo Presidente da República do pedido de demissão apresentado pelo primeiro-ministro” é uma das circunstâncias que “implicam a demissão do Governo”.

Por outro lado, o artigo 186.º da Constituição prevê um Governo em gestão “antes da apreciação do seu programa pela Assembleia da República ou após a sua demissão”.

O decreto de demissão oficializa o momento a partir do qual, nos termos do artigo 186.º, n.º 5 da Constituição, “após a sua demissão, o Governo limitar-se-á à prática dos actos estritamente necessários para assegurar a gestão dos negócios públicos”.

Mas a demissão de Costa foi aceite por Marcelo Rebelo de Sousa — sabe o país inteiro graças à confirmação na nota publicada no site da Assembleia da República — e o antigo consultor para Assuntos Constitucionais do Presidente da República Jorge Sampaio considera mesmo que haverá uma “violação à Constituição” se o decreto for publicado daqui a semanas sem remeter para a data em que produz efeitos.

“Estão a preparar-se para uma fraude à Constituição e publicar o decreto mais à frente sem dizer a data em que produz efeitos. Os decretos não podem mentir”, disse o professor da faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.

“O que é fraude à Constituição é aceitar a demissão num dia e só a formalizar um mês depois. É incompreensível”, sublinhou.

“Seria uma fraude à Constituição. Mas seria a primeira vez que o Presidente da República o faz? Não, não seria a primeira vez. Era bom que não o fizesse, sobretudo porque a Constituição é o mais clara possível”, reforçou em declarações à SIC Notícias.

Tempo de “olhar em frente” com OE2024 assegurado

Marcelo sublinhou esta quinta-feira o facto de o OE2024 já ter sido aprovado na generalidade, o que dá a “garantia da indispensável estabilidade económica e social“.

“A aprovação do OE permitirá ir ao encontro das expectativas de muitos portugueses e acompanhar a execução do PRR [Plano de Recuperação e Resiliência], que não para nem pode parar”, sublinhou.

O chefe de Estado também destacou que se exige “maior clareza e mais vigoroso rumo para superar um vazio inesperado” que “perturbou” os portugueses.

E, assim, “devolve a palavra ao povo”, “sem dramatizações nem temores”, porque “é essa a força da democracia: não ter medo do povo“, concluiu.

Marcelo também realçou que tentou “encurtar o mais possível o tempo desta decisão, tal como o da dissolução e convocação de eleições”.

Agora, é tempo de “olhar em frente, escolher os representantes do povo e o Governo que resultará das eleições” e que terá como dever “segurar a estabilidade e progresso económico, social e cultural“, sublinhou o chefe de Estado, recomendando que haja uma “visão de futuro, tomando o já feito, acabando o que importa fazer e inovando no que ficou por alcançar”.

 Tomás Guimarães, ZAP //
10 Novembro, 2023


Ex-Combatente da Guerra do Ultramar, Web-designer,
Investigator, Astronomer and Digital Content Creator

published in: 3 semanas ago

 

Loading

83: Costa lamenta opção de Marcelo por eleições

 

🇵🇹 POLÍTICA // 🗳️ ELEIÇÕES ANTECIPADAS

António Costa sustentou que o país tinha vantagens em evitar eleições antecipadas e queria “uma solução estável, com um Governo forte e de qualidade renovada, sob a liderança do professor Mário Centeno”.

© RODRIGO ANTUNES/LUSA

O primeiro-ministro defendeu esta quinta-feira que o governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, deveria suceder-lhe na liderança de um novo executivo, no actual quadro parlamentar, mas lamentou que o Presidente da República tenha optado por eleições antecipadas.

Esta posição foi transmitida por António Costa à entrada para a reunião da Comissão Política Nacional do PS, depois de o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, ter anunciado que vai dissolver o parlamento e marcar eleições legislativas antecipadas para 10 de Março.

“Obviamente, o PS está sempre pronto para eleições e respeita a decisão do Presidente da República. Foi uma escolha do próprio, visto que o Conselho de Estado não se pronunciou relativamente a essa proposta”, declarou, numa primeira nota de discordância face à decisão do chefe de Estado.

Depois, António Costa sustentou que o país tinha vantagens em evitar eleições antecipadas, tendo um novo Governo liderado pelo seu antigo ministro das Finanças e actual governador do Banco de Portugal, Mário Centeno.

“O PS, como referencial de estabilidade no país, competia-lhe apresentar uma solução alternativa que permitisse poupar ao país meses de paralisação até às eleições, passando pela indicação de uma personalidade de forte experiência governativa, respeitado e admirado pelos portugueses, com forte prestígio internacional: O professor Mário Centeno”, especificou.

Contudo, de acordo com o primeiro-ministro, “o Presidente da República entendeu que, melhor do que uma solução estável, com um Governo forte e de qualidade renovada, sob a liderança do professor Mário Centeno, a opção era a realização de eleições”.

“O país não merecia ser de novo chamado a eleições”, completou o secretário-geral do PS.

Segundo António Costa, o país “devia aproveitar a estabilidade que existe, mudando o primeiro-ministro, mudar também o Governo, dando-lhe nova energia, alma, e Mário Centeno tinha todas as qualidades para o poder fazer”.

Em relação ao facto de continuar em funções até Março de 2024, o primeiro-ministro respondeu que está “ao serviço do país”.

“Neste momento, o Governo está plenamente em funções. O Presidente da República anunciou que, uma vez aprovado o Orçamento para 2024, formalizará a aceitação da minha demissão e, portanto, o executivo passa a Governo de gestão”, assinalou.

Interrogado sobre o teor da comunicação ao país do Presidente da República, António Costa disse ter “registado as palavras amáveis” que lhe dirigiu.

“Quanto à solução que o PS apresentou ao Presidente da República, penso que era uma alternativa séria face ao actual contexto internacional e às necessidades do país. Mas essa proposta não foi aceite pelo Presidente da República, que preferiu outra solução”, reforçou, numa alusão à opção por eleições antecipadas.

O primeiro-ministro, António Costa, pediu na terça-feira a demissão ao Presidente da República, que a aceitou.

António Costa é alvo de uma investigação do Ministério Público no Supremo Tribunal de Justiça, após suspeitos num processo relacionado com negócios sobre o lítio, o hidrogénio verde e o data center de Sines terem invocado o seu nome como tendo intervindo para desbloquear procedimentos.

Na investigação, de acordo com a Procuradoria-Geral da República, podem estar em causa os crimes de prevaricação, corrupção activa e passiva de titular de cargo político e tráfico de influência.

Segundo a indiciação, a que a Lusa teve acesso, o Ministério Público (MP) considera que houve intervenção do primeiro-ministro na aprovação de um diploma favorável aos interesses da empresa Start Campus, responsável pelo data center.

No dia da demissão, António Costa recusou a prática “de qualquer ato ilícito ou censurável” e manifestou total disponibilidade para colaborar com a justiça.

DN/Lusa
09 Novembro 2023 — 23:41


Ex-Combatente da Guerra do Ultramar, Web-designer,
Investigator, Astronomer and Digital Content Creator

published in: 3 semanas ago

 

Loading

82: Marcelo convoca eleições. Eanes votou contra. Costa propôs Centeno para PM

 

🇵🇹 MRS // 🗳️ ELEIÇÕES ANTECIPADAS // DECISÃO PESSOAL

Foi tão renhida a discussão no Conselho de Estado sobre as soluções para a crise que acabou para caber a Marcelo desempatar, a favor da ideia de eleições antecipadas (em 10 de Março). Os socialistas presentes votaram contra e também Eanes. Costa propôs Centeno para primeiro-ministro

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o primeiro-ministro, António Costa, ontem, no Conselho de Estado
© Paulo Spranger/Global Imagens

Não fosse a escritora Lídia Jorge ter deixado a reunião (na qual participava em vídeo conferência) antes da votação final para ir receber um prémio e teria havido esta quinta-feira uma maioria no Conselho de Estado contra a dissolução (9-8), o que isolaria ainda mais a decisão em sentido oposto que o Presidente da República assumiu: dissolver o Parlamento após a aprovação final do OE2024 e marcar eleições legislativas para 10 de Março.

– Receber um prémio, neste contexto de crise política, foi mais importante que continuar na reunião…

Assim, ainda com uma outra ausência (que o DN não conseguiu identificar), os 18 membros do Conselho de Estado ficaram em 16 e o empate foi de 8-8.

Entre os oito votos contra a dissolução estiveram, evidentemente, os dos quatro militantes do partido presentes no Conselho de Estado (Costa, Carlos César, Augusto Santos Silva e Manuel Alegre) mas também, entre outros, segundo o DN apurou, o antigo Presidente da República Ramalho Eanes, e ainda o presidente do Tribunal Constitucional, José João Abrantes.

Foi o próprio Presidente da República quem esta quinta-feira, depois da reunião terminar, revelou que se tinha verificado um empate na deliberação (não vinculativa) que o Conselho de Estado foi chamado a tomar.

Verificando-se esse empate, a responsabilidade da decisão final foi assumida a cem por cento pelo Presidente da República. “[Convoco as eleições] depois de ouvir os partidos com assento parlamentar e o Conselho de estado, como impunha a Constituição.

Os primeiros, claramente favoráveis. O segundo, com empate. Portanto, não favorável à dissolução. Situação, aliás, que já ocorrera no passado, com outros Chefes de Estado.

Fi-lo, portanto, por decisão própria no exercício de um poder conferido pela Constituição da República Portuguesa”, disse o Presidente, na comunicação ao país que fez depois da reunião.

“Quero sublinhar a elevação do gesto e da respectiva comunicação aos portugueses. Quero, também, testemunhar o serviço à causa pública, durante décadas, em particular nos longos e exigentíssimos anos de saída do défice excessivo, saneamento da banca, pandemia e guerras na Ucrânia e no Médio Oriente, na chefia do Governo de Portugal.”

O dito empate revela como o PS insistiu forte no Conselho de Estado em defesa da tese de que a crise suscitada pela demissão de António Costa se poderia resolver não com eleições antecipadas mas sim com a nomeação de um novo Governo com um novo primeiro-ministro indicado pelo PS e ainda no quadro da actual maioria parlamentar.

Costa empenhou-se a defender essa solução e pôs um nome em cima da mesa: Mário Centeno, governador do Banco Central, invocando não só a sua experiência governativa (como ministro das Finanças) como a sua experiência internacional (foi presidente do Eurogrupo, o órgão da UE que junta os países do euro).

Ao primeiro-ministro ainda em exercício juntaram-se outros socialistas e um argumentos usados foi o de que esta solução seria, no contexto de instabilidade internacional, a mais estável para o país – argumentos que depois do Conselho de Estado retomaria, ao chegar à sede do PS para uma reunião da Comissão Política do partido.

Pressão sobre a justiça

Depois do Conselho de Estado, Marcelo iniciou a sua comunicação ao país começando por salientar o inédito desta situação: “Pela primeira vez em democracia, um primeiro-ministro em funções ficou a saber, no âmbito de diligências relativas a investigação em curso, respeitante a terceiros, uns seus colaboradores, outros não, que ia ser objecto de processo autónomo, a correr sob a jurisdição do Supremo Tribunal de Justiça.”

E a seguir acrescentou rasgados elogios a António Costa, tanto pela forma como exerceu os seus mandatos de primeiro-ministro como pela forma como na terça-feira se decidiu demitir, depois de saber do seu envolvimento no tal inquérito-crime: “Quero sublinhar a elevação do gesto e da respectiva comunicação aos portugueses.

Quero, também, testemunhar o serviço à causa pública, durante décadas, em particular nos longos e exigentíssimos anos de saída do défice excessivo, saneamento da banca, pandemia e guerras na Ucrânia e no Médio Oriente, na chefia do Governo de Portugal.”

No final destas referências, pôs pressão no sistema judicial: “Espero que o tempo, mais depressa do que devagar, permita esclarecer o sucedido, no respeito da presunção da inocência, da salvaguarda do bom nome, da afirmação da Justiça e do reforço do Estado de Direito Democrático.”

“Não ter medo do povo”

Marcelo revelou na comunicação as cinco razões que o levaram – como há vários dias se antecipava – a dissolver o Parlamento (ou seja: a convocar eleições antecipadas) e a fazê-lo aguardando que no final do mês o Parlamento aprove o Orçamento do Estado para 2024.

Invocou “a natureza do voto nas eleições de 2022, personalizado no primeiro-ministro, com base na sua própria liderança, candidatura, campanha eleitoral, e esmagadora vitória” (argumento que Costa rejeita, de resto , dizendo que no boletim de voto está “a mãozinha do PS e não a cara do António Costa”). Depois a “fraqueza da formação de novo Governo com a mesma maioria, mas com qualquer outro primeiro-ministro, para tanto não legitimado política e pessoalmente pelo voto popular”.

E ainda “o risco, já verificado no passado [referência à sucessão de Durão por Santana em 2005], de essa fraqueza redundar num mero adiamento da dissolução para pior momento”, sendo que seria “um Governo presidencial, isto é, suportado pelo Presidente da República” e tendo “o Presidente da República como um inspirador partidário”, acabando “tudo a enfraquecer o papel presidencial”.

As outras duas razões foram “a garantia da indispensável estabilidade económica e social que é dada pela prévia votação do Orçamento do Estado para 2024, antes mesmo de ser formalizada a exoneração do actual primeiro-ministro, em inícios de Dezembro”, indo a aprovação do Orçamento “ao encontro das expectativas de muitos portugueses, e acompanhar a execução do PRR, que não para, nem pode parar, com a passagem de Governo a Governo de gestão, ou mais tarde com a dissolução da Assembleia da República” e ainda uma “maior clareza e mais vigoroso rumo para superar um vazio inesperado, que surpreendeu e perturbou tantos portugueses, afeiçoados, que se encontravam, aos oito anos de liderança governativa ininterrupta”, isto é, devolvendo assim a palavra ao povo” e fazê-lo “sem dramatizações nem temores” porque “é essa a força da Democracia: não ter medo do povo.”

Galamba na corda bamba

Depois do Conselho de Estado, Costa foi para a sede do PS. Ao chegar, interpelado por jornalistas, confirmou que indicara Mário Centeno para chefiar um novo Governo do PS.

Ao mesmo tempo, respondendo a uma pergunta, indiciou que o lugar de João Galamba como ministro das Infra-estruturas – e agora arguido no processo “Influencer” – pode estar a dias de cessar: “Fique de falar com o senhor Presidente da República sobre esse assunto.”

joao.p.henriques@dn.pt

DN
João Pedro Henriques
09 Novembro 2023 — 23:39


Ex-Combatente da Guerra do Ultramar, Web-designer,
Investigator, Astronomer and Digital Content Creator

published in: 3 semanas ago

 

Loading

73: E agora? “Qualquer primeiro-ministro investigado vai demitir-se?”: o precedente que foi aberto

 

🇵🇹 PORTUGAL // ⚖️ DEMISSÃO // 🗣️ PRIMEIRO-MINISTRO

Alguém entendeu – mesmo – os fundamentos do comunicado que originou a demissão de António Costa? O debate prolonga-se.

 

“No decurso das investigações surgiu, além do mais, o conhecimento da invocação por suspeitos do nome e da autoridade do Primeiro-Ministro e da sua intervenção para desbloquear procedimentos no contexto suprarreferido. Tais referências serão autonomamente analisadas no âmbito de inquérito instaurado no Supremo Tribunal de Justiça, por ser esse o foro competente”.

Não se sabia mas este comunicado da Procuradoria Geral da República acabou por originar a demissão de um Governo.

António Costa sai “surpreendido” por ser alvo de um processo-crime.

Mas ainda ninguém entendeu o que está realmente em causa. Não se sabe porque o primeiro-ministro está a ser investigado.

É um inquérito autónomo no Supremo Tribunal de Justiça, é uma alegada intervenção para “desbloquear procedimentos” relacionados – aparentemente – com a investigação judicial centrada na exploração de lítio em Montalegre, porque foi “invocado” indirectamente.

António Costa não é suspeito, pelo menos para já. Há dúvidas.

Uma crise política inédita em Portugal, com consequências por apurar e com origens por entender.

Miguel Santos Carrapatoso, editor-adjunto de política no Observador, disse que o “regime é o maior perdedor” neste caso porque foi dada “uma machadada enorme no regime“.

E explicou porquê: “Não me sinto muito confortável em viver num país em que a Procuradoria-Geral da República e o Ministério Público condicionam assim um Governo em funções – seja de que cor for”.

Na rádio Observador, Miguel lamentou que se esteja a insinuar o envolvimento do primeiro-ministro sem mostrar indícios, sem mostrar factos, sem concretizar suspeitas.

“Há uma suspeita. Qual é a suspeita? O que se sabe é que foi envolvido por alguém numa conversa sobre um negócio ilícito. E assim se apresenta um processo que acaba por derrubar um primeiro-ministro e um Governo”.

Nessa sequência, fica o aviso: “Daqui para a frente, qualquer primeiro-ministro tem de se demitir, sempre que for suspeito – e para isso basta uma denúncia anónima no Ministério Público. Temos a certeza de que é este o país que queremos? Abriu-se um precedente”.

A nível político, o especialista não tem dúvidas: “António Costa fez a cama onde se deitou. Estava rodeado de activos tóxicos e sabia disso”.

O comentador Daniel Oliveira tinha seguido o mesmo rumo, ao escrever: “O primeiro-ministro demitiu-se por causa de um parágrafo vago sobre uma vaga suspeita que tinha o poder destrutivo de ter sido escrito por quem foi. Sem um esclarecimento total do que está realmente a ser investigado, não é um partido que fica fragilizado, é o sistema democrático”.

“E se António Costa, que nem sequer é arguido, nunca for acusado? Como fica a justiça e a democracia?”, perguntou Daniel Oliveira.

ZAP //
9 Novembro, 2023

 


Ex-Combatente da Guerra do Ultramar, Web-designer,
Investigator, Astronomer and Digital Content Creator

published in: 3 semanas ago

Loading

67: Centro Hospitalar anuncia auditoria ao caso das gémeas brasileiras tratadas no Santa Maria

 

🇵🇹 PORTUGAL // ⚖️ AUDITORIA // ❓🇧🇷 GÉMEAS BRASILEIRAS

Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte anuncia que decidiu avançar com auditoria interna.

O Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte anunciou esta quarta-feira que decidiu avançar com uma auditoria interna ao caso das gémeas brasileiras tratadas em 2020 para a Atrofia Medular Espinhal no Hospital de Santa Maria, em Lisboa.

“O Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte decidiu dar início a uma auditoria Interna para aferir sobre os procedimentos que foram realizados antes e durante o tratamento para a Atrofia Medular Espinhal administrado a duas gémeas em 2020 e que foi alvo de reportagem na Comunicação Social. Simultaneamente, está a decorrer uma acção da Inspecção Geral das Actividades em Saúde (IGASS) sobre o mesmo caso”, indica a nota.

Segunda uma reportagem da TVI, transmitida na sexta-feira, duas gémeas luso-brasileiras vieram a Portugal em 2019 receber o Zolgensma – um dos fármacos mais caros do mundo – num tratamento que totalizou no conjunto quatro milhões de euros. Segundo a TVI, há suspeitas de que isso tenha acontecido por influência do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que já negou qualquer interferência no caso.

“Eu ontem [sábado] disse que não tinha feito isso. Não fiz. Não falei ao primeiro-ministro, não falei à ministra [da Saúde], não falei ao secretário de Estado, não falei ao director-geral, não falei à presidente do hospital, nem ao conselho de administração nem aos médicos”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, em declarações aos jornalistas.

Segundo o chefe de Estado, o que está em causa é saber “se interferiu, ou não interferiu, isto é, se pediu um empenho, pediu uma cunha para que sucedesse uma determinada solução favorável a uma pretensão de duas crianças gémeas doentes”.

“Vendo a reportagem, ninguém aparece a dizer que eu falei com essa pessoa. Ninguém. Diz-se, consta, parece que sim, parece que, parece que havia família [do Presidente] que estava empenhada, por amizade, nisso. Mas ninguém em relação ao Presidente. E só há um Presidente. A família do Presidente não foi eleita, não é Presidente”, salientou Marcelo Rebelo de Sousa.

– António Costa também não pode ser culpabilizado pelo que os seus ministros fizeram – há ainda que provar os respectivos crimes. Não se pode, nem se deve (PGR), ter como alvo António Costa com um inquérito-crime, sem este ser constituído arguido ou saber do que é acusado!

Segundo disse, o Presidente da República não pode estar sujeito a uma “suspeição de que interfere em decisões da cadeia administrativa, ordenando, recomendando, pedindo, metendo uma cunha para ninguém, muito menos aquilo que possa ser mais próximo de amigos de conhecidos”.

Esta situação levou a Inspecção-Geral das Actividades em Saúde (IGAS) a abrir um processo de inspecção para verificar “se foram cumpridas todas as normas aplicáveis a este caso concreto”, conforme avançou o Infarmed à agência Lusa.

DN
08 Novembro 2023 — 16:52


Ex-Combatente da Guerra do Ultramar, Web-designer,
Investigator, Astronomer and Digital Content Creator

published in: 3 semanas ago

 

Loading