Prometer e não cumprir. A “tradição” política que os eleitores nem sempre penalizam

 

– Os portugueses emprenham de orelha. Caem na esparrela de acreditarem no que os políticos zurram durante as campanhas eleitorais e depois é o que se vê. E já lá vão quase CINQUENTA ANOS mas ainda não aprenderam. Burros!

🇵🇹 POLÍTICA // 🗳️🎪 POLÍTICOS // 🗣️ ALDRABÕES

Em 2015, Passos Coelho venceu as eleições depois de quatro anos a desmentir garantias que havia dado sobre impostos, pensões e salários. Em 2009 Sócrates conseguira o mesmo depois de falhar promessa sobre desemprego.

Costa não cumpriu compromissos sobre o SNS e a habitação. A história diz que os eleitores não derrotam necessariamente quem não cumpre o prometido.

José Sócrates, Pedro Passos Coelho e António Costa em comícios partidários
© Fotomontagem DN

Em Outubro de 2012, o blogue “Aventar” publicou um vídeo compilando todas as declarações que antes das eleições legislativas de 2011 Pedro Passos Coelho fizera prometendo que não iria aumentar impostos nem cortar nas pensões para combater a grave crise das contas públicas em que Portugal já se afundava (e que levou o Governo de José Sócrates a pôr o país nas mãos da troika em Maio de 2011).

O vídeo tornou-se imediatamente viral e o que chamava mais a atenção era a forma absolutamente categórica como durante meses, usando as mais diversas formulações, o então líder do PSD se revelara totalmente seguro de si na certeza de que seria capaz de enfrentar a crise sem aumentar impostos nem cortar nas pensões ou nos salários.

A certa altura chegou mesmo a dizer que era “um disparate” a acusação do PS de que iria cortar no 13º mês. As promessas sucederam-se: “A carga fiscal que está definida é mais do que é necessária, não é necessário”; “estes que hoje sofrem e que não se sabem defender encontrarão sempre em mim e no futuro governo do PSD um aliado amigo”; “Precisamos de valorizar cada vez mais a palavra para que quando ela é proferida possamos acreditar nela”; “Espero que como futuro primeiro-ministro nunca dizer ao país, ingenuamente, que não conhecemos a situação. Nós temos uma noção de como as coisas estão.”

Em 5 de Junho de 2011, o PSD, com Passos Coelho à frente, venceu as legislativas, com 38,65%, fazendo rapidamente a seguir uma coligação com o CDS-PP de Paulo Portas, que obtivera 11,7%. E depois foi o que se viu.

O valor médio das pensões diminuiu cerca de 10% entre 2011 e 2014, atingindo cerca de 1,5 milhões de aposentados; na Função Pública, foram cortados os subsídios de férias e de Natal, todos os vencimentos acima de 675 foram cortados (cortes que foram até aos 12%); os trabalhadores do sector privado também foram sujeitos a cortes nos subsídios de férias e de Natal (quem ganhasse mais do que o salário mínimo, cuja progressão foi congelada).

Ao mesmo tempo, toda a gente, trabalhasse para o Estado ou no sector privado, foi sujeita a enormes aumentos da carga fiscal, sobretudo no IRS (criando-se a famosa sobretaxa de 3,5%). A taxa máxima do IVA foi dos 23% para os 25%.

E depois, em 2013, o Governo começou a aliviar a pressão. Em 2014 voltaram o 13º e o 14º mês. O país foi a votos em 4 de Outubro de 2015. PSD e CDS apresentaram-se desta vez coligados. E, embora tendo perdido mais de 700 mil votos, conseguiram vencer as eleições, derrotando de novo o PS, como em 2011.

Passos e Portas só não formaram Governo porque, num movimento nunca antes visto na política portuguesa, a maioria de esquerda no Parlamento deu apoio ao segundo maior partido, o PS, liderado por António Costa, para formar Governo.

Anos antes, em 2005, José Sócrates conquistara para o PS a primeira maioria absoluta da sua história. Na campanha deixara afixada em outdoors espalhados pelo país uma solene promessa: “Objectivo: recuperar 150 mil empregos”.

Em 2005, cinco milhões de portugueses estavam empregados; em 2006, o número estava na mesma; em 2007, idem; em 2008, subiu para 5,115 milhões; e em 2009 baixou para 4,9 milhões. Ou seja: não só a população empregada não aumentou como até diminuiu. A taxa de desemprego começou em 7,6% (em 2005) e acabou em 9,4% (em 2009). E em 27 de Setembro de 2009 o país foi outra vez a votos.

Resultado: o PS voltou a vencer. É certo que perdeu meio milhão de votos e a maioria absoluta, passando de 45% em 2005 para 36,55% quatro anos depois. Mas venceu. E sobretudo o PSD não capitalizou o que quer que fosse. De uma eleição para outra conquistou menos de mil votos (964, para ser preciso).

Sócrates voltou a formar Governo e cairia em 2011, por via da bancarrota nacional , quando o Parlamento lhe chumbou mais um PEC (Programa de Estabilidade e Crescimento). Incrivelmente, quatro anos depois, o PS já estava de novo no poder, depois do “interregno” 2011-2015 liderado por Passos.

Até agora, são sobretudo duas as grandes promessas de António Costa não cumpridas: um médico de família para cada utente no SNS; e acabar, até 25 de Abril de 2024, com “todas as situações de carência habitacional”, construindo 26 mil casas para 26 mil famílias.

Em 2016 o número de utentes sem médico de família rondava o milhão e hoje são 1,6 milhões; quanto à habitação, haverá 88 mil famílias sem casa digna. O SNS atravessa uma crise como não há memória e os preços das casas dispararam muito além do valor da inflação.

Costa, já se sabe, não irá a votos nas próximas legislativas. Mas entretanto foram publicadas sondagens dizendo que o PS, com um novo líder, Pedro Nuno Santos ou José Luís Carneiro, pode voltar a vencer o PSD.

joao.p.henriques@dn.pt

DN
João Pedro Henriques
28 Novembro 2023 — 07:00


Ex-Combatente da Guerra do Ultramar, Web-designer,
Investigator, Astronomer and Digital Content Creator

published in: 2 dias ago

Loading

112: Centeno diz que afinal não foi convidado pelo PR para chefiar Governo

 

– PORRA, PÁ!!! Em que país é que vivemos? Quem pode acreditar nestes políticos que um dia dizem uma coisa e logo a seguir desmentem? Mas isto é comum a TODOS os políticos dos partidos com assento no Parlamento, não escapando NENHUM! Parece ser vírus pandémico que infectou toda esta gajada!

🇵🇹 PORTUGAL // DESMENTIDO // CENTENO

Mário Centeno emitiu esta segunda-feira um comunicado no site do Banco de Portugal a contradizer as declarações que fez ao jornal Financial Times.

© ANTÓNIO COTRIM /LUSA

Mário Centeno reconheceu esta segunda-feira que não foi convidado por Marcelo Rebelo de Sousa para suceder a António Costa como primeiro-ministro.

O Governador do Banco de Portugal escreveu, no site da entidade que lidera, que foi Costa que o convidou a “reflectir sobre as condições” que lhe poderiam permitir assumir a liderança do Governo e que esse convite “resultou das conversas que o Senhor Primeiro Ministro teve com o Senhor Presidente da República”.

“Num exercício de cidadania, aceitei reflectir”, afirmou Centeno.

“Não foi possível dirimir neste curto espaço de tempo todas as condições de exercício do que me era solicitado. Desta forma, nunca houve uma aceitação do cargo, mas apenas uma concordância em continuar a reflexão e finalizá-la em função da decisão que o Senhor Presidente da República tomaria”, acrescentou.

No último paragrafo do comunicado, Mário Centeno vinca: “Em resultado desta opção, é inequívoco que o Senhor Presidente da República não me convidou para chefiar o Governo.”

Em declarações ao jornal Financial Times, no domingo, o governador do Banco de Portugal afirmou que teve “um convite do Presidente e do primeiro-ministro para reflectir e considerar a possibilidade de liderar o Governo” e que estava “muito longe de tomar uma decisão”.

Por sua vez, o primeiro-ministro, António Costa, que pediu a demissão do cargo na terça-feira, assumiu na quinta-feira a defesa de um novo Governo liderado por Mário Centeno, para evitar eleições legislativas antecipadas, e lamentou que o Presidente da República tenha optado por dissolver o parlamento.

Em comunicação ao país, na quinta-feira, o Presidente da República anunciou a dissolução do parlamento e a convocação de eleições legislativas antecipadas em 10 de Março de 2024, marcadas pelo Presidente da República, na sequência da demissão do primeiro-ministro, na terça-feira.

Segundo o Ministério Público, António Costa é alvo de uma investigação remetida para o Supremo Tribunal de Justiça após suspeitos num processo relacionado com negócios sobre o lítio, o hidrogénio verde e um centro de dados em Sines terem invocado o seu nome como tendo intervindo para desbloquear procedimentos.

Ao demitir-se, o primeiro-ministro recusou a prática “de qualquer ato ilícito ou censurável”.

De acordo com o Ministério Público, no processo sobre negócios do lítio, do hidrogénio verde e do centro de dados em Sines podem estar em causa os crimes de prevaricação, corrupção activa e passiva de titular de cargo político e tráfico de influência.

Eis o comunicado na íntegra:

“Na sequência dos eventos desencadeados com a demissão do Senhor Primeiro Ministro, no dia 7 de Novembro, este convidou-me a reflectir sobre as condições que poderiam permitir que assumisse o cargo de Primeiro Ministro.

O convite para essa reflexão resultou das conversas que o Senhor Primeiro Ministro teve com o Senhor Presidente da República.

Num exercício de cidadania, aceitei reflectir.

Não foi possível dirimir neste curto espaço de tempo todas as condições de exercício do que me era solicitado. Desta forma, nunca houve uma aceitação do cargo, mas apenas uma concordância em continuar a reflexão e finalizá-la em função da decisão que o Senhor Presidente da República tomaria.

O Senhor Presidente da República, depois da realização do Conselho de Estado, no dia 9 de Novembro, optou pela dissolução da Assembleia da República.

Em resultado desta opção, é inequívoco que o Senhor Presidente da República não me convidou para chefiar o Governo.”

DN
13 Novembro 2023 — 10:03


Ex-Combatente da Guerra do Ultramar, Web-designer,
Investigator, Astronomer and Digital Content Creator

published in: 2 semanas ago

 

Loading