168: Os blocos de construção da vida podem ser semeados por cometas “saltitantes”

 

CIÊNCIA // VIDA // UNIVERSO

Uma nova pesquisa sugere que as moléculas formadoras de vida podem ser transportadas pelos planetas através de cometas.

(CC0/PD) 9866112 / Pixabay

Um novo estudo publicado nos Proceedings of the Royal Society A: Mathematical, Physical and Engineering Sciences explora a intrigante possibilidade de que os blocos fundamentais da vida sejam levados para os planetas em cometas e asteróides.

Os investigadores descobriram que as moléculas essenciais para a vida existem em cometas, asteróides e até no espaço interestelar, mas o processo de como estas moléculas acabam nas superfícies planetárias continua um mistério.

Uma hipótese sugere que os cometas e asteróides poderiam transportar estas moléculas formadoras de vida para planetas onde a vida poderia potencialmente emergir.

No entanto, para que estas moléculas sobrevivam ao impacto num planeta, o cometa ou asteróide precisa de viajar a uma velocidade relativamente baixa — não mais do que 15 quilómetros por segundo.

Os cometas, originários das fronteiras dos sistemas estelares, normalmente viajam a altas velocidades quando se aproximam das zonas habitáveis desses sistemas.

Os autores descobriram que em sistemas estelares onde planetas semelhantes à Terra estão intimamente agrupados na configuração chamada “ervilhas numa vagem“, os cometas podem ser desacelerados eficazmente.

Estes planetas frequentemente orbitam estrelas menores do que o nosso Sol e têm órbitas ressonantes, levando a interacções gravitacionais complexas. Tais interacções podem redireccionar cometas de uma órbita para outra, desacelerando-os o suficiente para permitir um impacto suave que preserve o seu carregamento molecular, explica o IFLScience.

“Nestes sistemas compactados, cada planeta tem a oportunidade de interagir e capturar um cometa. É possível que este mecanismo seja a forma como as moléculas prebióticas acabam nos planetas”, explica o primeiro autor Richard Anslow, do Instituto de Astronomia da Universidade de Cambridge, num comunicado.

O estudo não afirma conclusivamente que os cometas entregaram estas moléculas formadoras de vida, nem é a única maneira de desacelerar cometas (gigantes gasosos num sistema solar também podem alterar trajectórias de cometas).

Os autores estavam particularmente interessados em como moléculas específicas se poderiam ter espalhado num sistema multi-planetário com vários planetas na zona habitável.

À medida que aprendemos mais sobre as atmosferas de exoplanetas através de observações por telescópios como o Telescópio Espacial James Webb (JWST), é possível que sejam detectados sinais de moléculas complexas entregues por cometas. Esta pesquisa sugere que certos sistemas estelares podem ser mais propícios a este processo do que outros.

ZAP //
17 Novembro, 2023


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167: Kremlin admite censura. “Em tempos de guerra são necessárias medidas duras”

 

🇷🇺☠️ MOSCÓVIA // 🇷🇺☠️ TERRORISMO // 🇷🇺☠️DITADURA

Porta-voz da Presidência aconselhou aqueles que querem criticar a actividade das Forças Armadas russas a “pensarem dez vezes” antes de levantarem quaisquer opiniões. “Em tempos de guerra, deve haver uma certa censura.”

O Kremlin defendeu esta sexta-feira que em “tempos de guerra” são necessárias “medidas duras” e “alguma censura”, em defesa das medidas tomadas desde o início da agressão militar contra a Ucrânia e que resultam na perseguição de dissidentes.

“Estes são tempos difíceis”, disse o porta-voz da Presidência russa, Dmitri Peskov, a um canal de notícias académico, citado pelas agências noticiosas oficiais.

“Em tempos de guerra, deve haver uma certa censura e certas regras que seriam inaceitáveis em tempos normais e pacíficos”, acrescentou.

Peskov aconselhou aqueles que querem especular e criticar a actividade das Forças Armadas russas a “pensarem dez vezes” antes de levantarem quaisquer opiniões, admitindo também que – para as autoridades — não existe uma linha clara sobre quais os comentários que são aceitáveis ou inaceitáveis.

Considerou “muito difícil” que os exilados que “tentam desacreditar” o país regressem à Rússia, porque “as pessoas não os vão aceitar”.

Sobre o futuro político do actual presidente, Vladimir Putin, o porta-voz deu como certo que vai concorrer às eleições de Março, não tendo “qualquer dúvida” de que vai ganhar.

– Em vez de gastarem rublos e tempo inútil, deitem as falsas eleições no lixo e elejam o imperador russonazi sem necessidade de todo este circo. Eleições verdadeiras são para Estados democráticos onde a verdade do voto popular é válido sem recurso a malabarismos de toda a espécie.

Putin ainda não oficializou uma candidatura que já é dada como certa por todos os partidos, dadas as alterações legais que foram efectuadas para permitir a permanência do líder no poder.

Peskov disse ainda que quem vier depois de Putin deve ser “como ele”, num apoio indirecto às políticas actuais.

Pouco depois de enviar dezenas de milhares de tropas para a Ucrânia, em Fevereiro do ano passado, a Rússia introduziu leis de censura de guerra que foram usadas para silenciar vozes dissidentes.

“Desacreditar” o exército pode ser punido com até cinco anos de prisão, enquanto que a divulgação de informações deliberadamente falsas sobre o mesmo pode levar a uma pena de 15 anos.

ZAP // Lusa
17 Novembro, 2023


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166: Putin está a preparar nova guerra na Europa, garante Zelensky

 

🇷🇺☠️ MOSCÓVIA // TERRORISTAS

Zelensky acredita que a Rússia está a incitar uma nova guerra entre a Sérvia e o Kosovo para distrair as atenções do conflito ucraniano.

Vladimir Putin está a preparar uma nova guerra na Europa para roubar as atenções do conflito na Ucrânia. A acusação foi feita por Volodymyr Zelensky esta quinta-feira, que acusa ainda a Rússia e o Irão de estarem por trás da recente escalada de violência entre Israel e o Hamas.

“Hoje, todos estão a discutir a crise no Médio Oriente. Mas, como eu disse antes, francamente, não é um problema de ontem. Todos sabem desse conflito constante e da guerra constante, mas ninguém quer acabar com isso porque é conveniente. Por trás da ‘explosão’ no Médio Oriente está a Rússia, temos a certeza, com o seu aliado Irão”, acusa Zelensky, citado pela Newsweek.

O responsável ucraniano acredita que os Balcãs serão o próximo alvo do Kremlin. “As relações nos Balcãs estão em crise há muito tempo. A Rússia vai investir para garantir que um país entrará em guerra com outro. Pelo menos se os países do mundo não fizerem nada agora, então haverá outra ‘explosão’ e, mais uma vez, esta não é uma história nova”, alerta.

Nas últimas semanas, a tensão entre a Sérvia e o Kosovo tem subido, com relatos dos piores episódios de violência desde o fim da guerra em 1999. Em Abril de 2022, o Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais avisou ainda que Moscovo pode tentar alimentar a tensão nos Balcãs para desviar a atenção da sua “campanha falhada” na Ucrânia.

O chefe de Estado ucraniano falou ainda da Moldova, onde os russos “estão a começar a agitar a situação” e querem “demolir” o Governo mais próximo da Europa. Zelensky acredita que o objectivo do Kremlin é dividir a atenção e apoio do Ocidente em vários países.

Anteriormente, Zelensky já tinha dito que a Rússia estava a ponderar vários cenários para o futuro do conflito na Ucrânia. Na terceira cimeira da Comunidade Política Europeia (CPE) em Granada, Espanha, a 5 de Outubro, o chefe de Estado disse que um desses cenários é congelar a guerra e restaurar o seu potencial militar, com 2028 a tornar-se potencialmente um momento crítico.

“A Rússia terá então poder suficiente para atacar os países que estão no foco da sua expansão. Além da Ucrânia, estes são definitivamente os Estados Bálticos e os países onde as tropas russas estão presentes”, disse Zelensky.

Adriana Peixoto, ZAP //
17 Novembro, 2023


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Abraão “está vivo, aos pontapés e passou o fim-de-semana em Ríade”!

 

🇵🇹 OPINIÃO

A Arábia Saudita tem dado provas claras de não querer perder o comboio do pós-guerra, sabendo que é parte envolvida na actual guerra por Gaza. Por isso mesmo tem pautado as suas acções sem escalar a linguagem e as atitudes, optando por diplomacia e acções de voluntarismo discreto, como o abate de um míssil disparado do Iémen, com alvo em Israel, no último dia de Outubro.

Esta postura tem permitido à Arábia Saudita assumir-se como um parceiro credível para uma resolução futura, para a Questão Palestiniana, que inevitavelmente já está à mesa das negociações. De momento, ambas as partes projectam o que querem/devem negociar.

Importante é este período, este contexto, não criar párias que se tornem mobilizadores dos “órfãos políticos do Islão”, os radicais, os fundamentalistas, aqueles que os moderados rejeitam sempre dizendo, “isto não é Islão, não é nada”!

Por isso mesmo a Arábia Saudita tomou a iniciativa de organizar uma conferência do “arco islâmico” (da Mauritânia à Indonésia), com o apoio e mobilização da Organização para a Cooperação Islâmica e a Liga Árabe. Chefes-de-Estado e Chefes-de-Governo do “arco” reuniram-se em Riade no passado fim-de-semana, para exigirem o possível de momento, em vez de engrossarem as vozes com ameaças, que no contexto actual e, conhecendo estes “muçulmanos com poder de ginjeira”, rapidamente se poderia cair numa competição interna sobre quem fazia a ameaça mais criativa, sobre quem colocaria mais os dentes de fora!

E, exigir o possível, é “exigir” o fim dos bombardeamentos a Gaza e a organização de uma Conferência Internacional pela Paz, que resolva politicamente esta querela com mais de meio-século.

Esta Iniciativa Árabe (e islâmica) para a Paz, apresenta também uma “escadinha com degraus políticos, legais e humanitários” bem definidos e a cumprir.

A saber, terminar o cerco a Gaza com garantia de entrada de comboios humanitários árabes, islâmicos e internacionais, com a ajuda necessária a cada momento específico. Apoio directo ao esforço e à pressão egípcia para se tornar no principal e permanente fornecedor de ajuda à população do “mini-rectângulo”.

Também se apela às organizações internacionais que participem neste processo e ao Conselho de Segurança das Nações Unidas que adopte uma Resolução que condene a destruição, deslocalização das populações e a falta de protecção a serviços e necessidades básicas das mesmas.

Garantido isto, estarão reunidas as condições para o cessar-fogo e para a tal Conferência Internacional, que finalmente discuta a condição palestiniana e as intransigências israelitas e como, a partir deste “nariz com nariz” se poderá chegar a um consenso que permita um sono mais tranquilo a ambas as partes.

Esta iniciativa demonstrou ser diferente das anteriores, já que também apresentou soluções como a activação da Rede Financeira de Segurança Árabe e Islâmica, que prestará apoio económico, financeiro e humanitário ao futuro Governo da Palestina, ainda por definir.

A conclusão a tirar desta reunião do passado fim-de-semana, é o facto da Arábia Saudita dar provas de ver um futuro colaborante com Israel, enquanto mal menor para a estabilização regional. Por outro lado, esta postura poderá trazer ganhos para os palestinianos, aquando das futuras negociações.

Os Acordos de Abraão não estão perdidos, havendo sinais de que a sua continuidade será uma solução possível, com as potências do Médio Oriente, à excepção do Irão (melhor forma de o isolar a este nível) aliadas com Israel contra “terrorismos menores” que não podem inquinar um objectivo maior, o direito à vida de palestinianos e israelitas e o direito ao sono tranquilo do Suez ao Eufrates!

Politólogo/arabista www.maghreb-machrek.pt

DN
Raúl M. Braga Pires
17 Novembro 2023 — 00:28


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164: Não cabe à ONU colar os cacos nem administrar Gaza

 

“… O direito de veto é aliás a principal mancha no prestígio das Nações Unidas. ” “… É caso para perguntar quanto pesa a autoridade moral, perante a vontade de um país que pode exercer o veto sempre que lhe convenha?”

Simples! Dissolve-se a ONU (Organização das Nações Unidas) que de Unidas não têm nada e cria-se a OND (Organização das Nações Democráticas), onde não terão cabimento países com regimes terroristas, repressivos, ditatoriais, anti-democráticos!

🇵🇹 OPINIÃO

No início da semana, voltei à terra natal, a convite da Escola de Ciências Sociais da Universidade de Évora. Pediram-me que abordasse o papel da ONU perante os desafios actuais da paz e do desenvolvimento sustentável, com base na experiência que acumulei ao longo de décadas. Um tema labiríntico, tendo presente o caos em que várias partes do mundo, incluindo a Europa, se encontram.

Mais ainda, porque o sistema multilateral tem enfrentado, desde o início do século, uma série de reveses que têm minado a credibilidade do pilar mais significativo da ONU: a defesa da paz e da segurança internacional.

Tudo começou em 2003, na cimeira dos Açores, em que Durão Barroso acolheu George Bush, Tony Blair e José Maria Aznar, e estes decidiram dar cobertura à invasão do Iraque, à revelia do Conselho de Segurança.

Depois, em 2011, Nicolas Sarkozy e David Cameron resolveram ignorar os limites aprovados no respeitante à crise na Líbia, e foram bem mais além, até conseguirem derrubar Muammar Gaddafi. Abriram, assim, as portas à enorme insegurança que existe presentemente no Sahel e às incontáveis desgraças no Mediterrâneo.

Na mesma altura, começou a guerra civil na Síria, que dura há 12 anos e que cada vez que o problema é trazido às Nações Unidas, é chumbado por Vladimir Putin, o aliado do criminoso Bashar Al-Assad. Até agora, a Rússia utilizou o seu direito de veto mais de uma dúzia de vezes, em defesa do ditador sírio.

O direito de veto é aliás a principal mancha no prestígio das Nações Unidas. No caso do conflito israelo-palestiniano e da situação no Médio Oriente, os EUA puxaram pela arma do veto dezenas de vezes, para bloquear decisões que Israel considerava contrárias aos seus interesses.

A Rússia tem igualmente usado e abusado desse direito, desde a invasão da Crimeia e do Donbass em 2014, e da nova agressão contra a Ucrânia, que recomeçou em 2022.

A 2 de Novembro, a Assembleia Geral votou uma nova resolução sobre o embargo norte-americano contra Cuba: a Resolução A/78/L.5. No total, 187 países votaram a favor do fim do embargo.

Apenas os EUA e Israel se manifestaram contra. Apesar desta expressão inequívoca da comunidade internacional, o bloqueio continua e as Nações Unidas saíram uma vez mais pela porta baixa.

É caso para perguntar quanto pesa a autoridade moral, perante a vontade de um país que pode exercer o veto sempre que lhe convenha? A minha resposta é mais positiva que aquilo que se possa pensar.

É verdade que não é suficiente para resolver os problemas, mas com o tempo a condenação moral enfraquece e isola quem usa e abusa de uma regra que clama por uma revisão profunda da sua prática. É isso que é preciso dizer repetidamente.

Como também é necessário reiterar que a composição do Conselho de Segurança tem de ser alterada, de modo a reflectir as relações geopolíticas de hoje. Ao mesmo tempo, deve haver coragem para dizer que as missões de paz das Nações Unidas precisam de um mandato mais robusto e de um apoio mais firme do Conselho de Segurança.

O que está a acontecer no Mali, com os golpistas militares a expulsar a missão da ONU – cerca de 15 mil elementos -, para mais num período inaceitavelmente curto de seis meses, ou a maneira como são tratadas as missões no Congo-Kinshasa ou no Sudão, tudo isso prejudica gravemente a imagem da ONU.

É um erro ficar calado perante decisões aberrantes de Estados que não querem aceitar os princípios fundamentais das missões de paz. O silêncio não significa diplomacia, revela timidez e oportunismo barato.

Durante o debate em Évora não houve oportunidade para discutir que papel político poderão desempenhar as Nações Unidas na Faixa de Gaza, uma vez terminada a controversa operação israelita.

António Guterres, numa entrevista há dias à CNN Internacional, foi pouco claro, quando questionado sobre o assunto. Mas o problema está em cima da mesa. Tenho participado em vários debates internacionais sobre quem deveria administrar Gaza, quando e se se retirarem os militares israelitas.

Esta é uma preocupação que faz parte das reflexões em várias capitais. A minha posição tem sido transparente: a responsabilidade política da administração transitória de Gaza não deve ser atribuída à ONU. Neste momento, a ONU não tem força suficiente para uma tarefa desse tipo.

Se tal acontecesse, a ONU ficaria subordinada aos interesses de Washington e Tel Aviv, que consideram Gaza como um território que precisa de ser mantido sob controlo, debaixo da bota militar israelita. E isso seria mais um golpe profundo no prestígio das Nações Unidas.

Conselheiro em segurança internacional.

Ex-secretário-geral-adjunto da ONU

DN
Victor Ângelo
17 Novembro 2023 — 00:28


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“Lapsus calami?”

 

– “Lapsus calami?” (erro que escapa, por inadvertência, a quem escreve)

🇵🇹 OPINIÃO

Apesar da acumulação de erros e as imprecisões no processo Influencer e das consequências dramáticas deste, desde a demissão do primeiro-ministro à convocação de eleições, coloca-se cada vez mais a pergunta: o que poderá acontecer aos responsáveis por esses erros, tanto na má transcrição da gravação de escutas como na interpretação factual errada do que foi dito pelos escutados.

A resposta é que praticamente nada poderá acontecer aos procuradores responsáveis pela investigação, a menos que se prove que tenha havido “erros clamorosos” ou “erros grosseiros” na análise da prova que levou à instauração dos processos, à constituição de arguidos e a medidas de coacção determinadas sobre estes pelo juiz de instrução do processo.

E, relembre-se, à queda do Governo e ao fim – ou pelo menos interrupção por um largo período -da vida política de vários protagonistas, a começar pelo primeiro-ministro.

Nada destes erros iliba quem no exercício do seu poder governamental ou burocrático tenha fechado os olhos ou praticado essa ancestral e terna tradição nacional de “dar uma palavrinha” para acelerar processos, ultrapassar burocracias e dar a volta a impedimentos legais.

Nenhum dos erros dos investigadores justifica maços de notas escondidos no gabinete do primeiro-ministro e muito menos a clamorosa e patente incapacidade deste na avaliação e escolha dos seus mais próximos.

Entre outros casos de políticos falsamente acusados, o ex-ministro socialista Paulo Pedroso, que esteve detido meses por ter sido falsamente acusado no caso Casa Pia, apresentou queixa contra o Estado português e conseguiu, ao fim de muitos anos, ser indemnizado. Mas não há dinheiro que pague o fim da sua, tida como promissora, carreira política.

No caso actual acumulam-se os erros na transcrição das escutas ou na interpretação do que é dito. Confundir António Costa com António Costa Silva é tão idiota, ou pueril, como confundir a beira da estrada com a estrada da Beira. Ou interpretar que quando alguém diz que está a passar pelo Largo do Rato é o mesmo que dizer que está na sede do PS.

Na melhor das hipóteses, para limpar a imagem de descuido e desleixo, poderá haver consequências disciplinares sobre quem foi tão desleixado.

Mas terá de haver inquéritos dos conselhos superiores do Ministério Público e da Magistratura que cheguem à conclusão, contrária ao corporativismo habitual, que os magistrados e investigadores que provocaram a maior crise política e moral da democracia foram descuidados na transcrição das escutas.

Mas será esperar de mais. Na pior das hipóteses, e o pior não só é possível como é o provável, será o que em juridiquês se pode designar por lapsus calami. Foi um erro de transcrição do dactilógrafo. A culpa, como sempre, é do mexilhão.

Director do Diário de Notícias

DN
José Júdice
17 Novembro 2023 — 00:25


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Dois parágrafos de moralismo – e os demais sobre populismo judiciário

 

🇵🇹 OPINIÃO

Várias pessoas me têm assinalado nos últimos dias uma similitude que, confesso, à partida não encontrei. Em 2021, demiti-me das funções públicas que então exercia, após concurso público, como director-geral no Ministério da Justiça, porque houve um lapso numa carta redigida pelos serviços que eu dirigia, remetida para a representação portuguesa junto da União Europeia, em Bruxelas.

Nessa carta, mencionava-se, em erro, a categoria profissional e o tratamento de cortesia de um magistrado: em vez de “procurador da República”, era designado como “procurador-geral adjunto”, a categoria profissional seguinte.

E indicava-se que este procurador teria sido responsável pelo inquérito e julgamento de um processo judicial, quando apenas teve intervenção na fase de inquérito, não na fase de julgamento.

Documentos anexos, como o currículo da pessoa em causa, demonstravam sem qualquer dúvida que, na carta de rosto, havia menções, mesmo que irrelevantes para o processo de nomeação em causa, desconformes com a realidade.

No entanto, dada a repercussão e o aproveitamento político feito deste lapso, tendo colocado publicamente em causa a dignidade e a probidade de um serviço público, entendi que deveria pedir à senhora Ministra da Justiça o fim das minhas funções, como dirigente deste serviço, o que foi aceite.

Eu, apesar de naturalmente não ter tido intervenção na elaboração concreta dos documentos em causa, era o responsável por tudo o que ali decorria, o bom, o mau e o mediano. E era, de facto, profissional e eticamente responsável.

Parece, entretanto, que a Procuradoria-Geral da República demitiu um Governo, afiançando que o primeiro-ministro era indicado por alguém, numa escuta, como sendo uma pessoa que poderia desbloquear um processo administrativo.

Coisa exótica, aliás, haver um primeiro-ministro interessado em resolver demoras administrativas, de projectos de investimento relevantes para o seu país…

Eis que parece que, afinal, analisado o excerto da escuta que foi amplamente divulgado na imprensa, e que parece tratar apenas da repartição legal de competências entre ministérios das Finanças e da Economia, houve um lapso. Um pequeno lapso. Em vez de dizer António Costa, o escutado diz António Costa Silva.

Um lapso, diz o sindicato dos procuradores (que deve ter procuração da PGR, presume-me, para falar em seu nome, presumindo que os sindicatos não despacham processos judiciais), que é irrelevante, porque, apesar desse excerto errado e desse nome saídos — e de que mão? — do processo para todos os jornais e televisões, se afinal se for ouvir a escuta gravada, está lá o Silva! Um canal francês de televisão fez aliás uma rábula cómica, nestes dias, sobre o Costa e o Costa Silva, que mereceria mais atenção.

Ora invocar-se e publicar-se, em comunicado, o nome do primeiro-ministro é irrelevante, claro. Pode ser Costa, pode ser Silva, pode ser Costa Silva, pode até não ser nada, pode ser uma mera simbiose freudiana de cavaquismo e costismo…

O que interessa é que houve uns almoços e umas pessoas a falar sobre concretizar depressa um investimento de 3,5 mil milhões de euros, mesmo que sem aparente ilegalidade. Cai o Governo? É irrelevante. É ridicularizada a investigação, o processo, o Ministério Público? É risível, mas irrisório.

Alguém é responsável pelo lapso, pela gralha, pelo erro? Que contribuiu decisivamente para a demissão de um primeiro-ministro e de um governo sustentado numa maioria absoluta no parlamento?

O Governo podia estar a governar bem, mal, assim-assim. Podia ser do PS, do PSD, do que fosse. O primeiro-ministro podia demitir-se na mesma, desde logo por não dever ter chefes de gabinete que guardam envelopes de dinheiro na sede do governo. Não pode é um governo, um país, um cidadão que seja, viver com esta irresponsabilidade do Ministério Público.

Escrevi já, há vários anos, que não percebia porque não vai o Procurador-Geral da República prestar contas, pelo menos anualmente, ao parlamento, sobre a actividade do Ministério Público.

Sobre os dados objectivos dos seus resultados, sobre o uso dos recursos, sobre a eficácia da sua acção – na investigação criminal, na protecção dos menores e dos trabalhadores, na protecção dos direitos dos consumidores ou do ambiente, na defesa dos interesses do Estado. E sobre as propostas que tenha e necessidades que sinta. Seria isto condicionar materialmente a sua acção?

Seria isto retirar a autonomia que tem na investigação e na acusação? Não o creio. Seria apenas uma forma simples de contrariar a aparente tendência para o populismo judiciário, com factos, dados e explicações, que se devem, em democracia, a todos.

Professor da Faculdade de Direito Universidade de Lisboa

DN
Miguel Romão
17 Novembro 2023 — 00:27


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Burla “Olá mãe, Olá pai”. PJ detém homem que enviava milhares de mensagens por dia

 

🇵🇹 PORTUGAL // 💰👴🥷🏼 BURLAS

Também foram apreendidos sete modem”s que acoplavam 32 cartões SIM por aparelho, significando que operavam 224 cartões em simultâneo, o que permitia a remessa/recepção de mensagens.

A Polícia Judiciária (PJ) cumpriu um mandado de busca domiciliária e deteve, em flagrante delito, um cidadão estrangeiro, pela prática do crime de burla qualificada, no âmbito do fenómeno conhecido por “Olá, Mãe / Olá, Pai”, burla em crescendo, com vítimas por todo o território nacional e, também, muito disseminado noutros países europeus, através do WhatsApp.

Também foram apreendidos sete modem”s que acoplavam 32 cartões SIM por aparelho, significando que operavam 224 cartões em simultâneo, o que permitia a remessa/recepção de mensagens, originando que num dia pudessem ser enviados milhares de mensagens, explica a PJ em comunicado enviado às redacções.

“O suspeito interagia com terceiros, em rede, podendo efectuar esquemas do género no território nacional, bem como noutros países”, acrescenta a nota.

A investigação identificou ainda o “uso massivo de cartões”, “concretizável no facto de terem sido apreendidos milhares de cartões, mais de sete mil cartões por utilizar e mais de mil e quinhentos já utilizados em práticas delituosas”.

O detido, de 41 anos, será presente às Autoridades Judiciárias para primeiro interrogatório judicial e aplicação das adequadas medidas de ​​​​​​​coação.

As vítimas deste esquema, “muitas delas pessoas de idade avançada, acreditando que estavam a falar com os filhos e que estes se encontram em dificuldades financeiras e/ou a necessitar de concretizar pagamentos urgentes, dispunham-se, de imediato, a efectuar uma transferência/pagamento cujos valores variavam, mas que, nalguns casos, ascenderam a milhares de euros”, explica a PJ.

Na área do Departamento de Investigação Criminal de Leiria, este tipo de burla supera as 200 denúncias, com valores que, no total, ultrapassam os 100 mil euros.

DN
17 Novembro 2023 — 09:49


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160: Lucília Gago escreveu o parágrafo que levou à demissão de Costa

 

🇵🇹⚖️ PGR //⚖️ LUCÍLIA GAGO // DEMISSÃO COSTA

Procuradora Geral da República decidiu incluir na nota a revelação de que existe uma investigação criminal contra António Costa.

© PAULO SPRANGER/Global Imagens

Foi a própria Procuradora-Geral da República quem redigiu o último parágrafo do comunicado que levou o primeiro-ministro a apresentar a demissão, avança o Expresso.

Lucília Gago decidiu incluir na nota a revelação de que existe uma investigação criminal contra António Costa, apesar de os procuradores responsáveis pelo processo não terem proposto qualquer referência a esse inquérito, aberto no Supremo Tribunal de Justiça.

Habitualmente as notas emitidas pela PGR são redigidas de acordo com os dados fornecidos pelo Departamento Central de Investigação e Acção Penal, mas a procuradora quis acrescentar esse parágrafo, para evitar que o Ministério Público fosse acusado de proteger Costa.

A decisão não terá provocado mal-estar na equipa de magistrados liderada por João Paulo Centeno, adianta o mesmo jornal.

O Presidente da República terá sido o primeiro a saber da inclusão desse parágrafo, mas fonte de Belém vincou que Marcelo Rebelo de Sousa não teve qualquer interferência na comunicação da PGR.

O presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público, Adão Carvalho, assegurou ao Expresso que a demissão de Costa apanhou “de surpresa” tanto Lucília Gago como os procuradores que investigam o caso.

António Costa é alvo de um inquérito no Ministério Público (MP) junto do Supremo Tribunal de Justiça, após suspeitos no processo que investiga tráfico de influências no negócio de um centro de dados em Sines terem invocado o seu nome como tendo tido intervenção para desbloquear procedimentos.

O MP considera que houve intervenção do primeiro-ministro na aprovação de um diploma favorável aos interesses da empresa Start Campus, responsável pelo centro de dados, de acordo com a indiciação.

No dia da demissão, em 07 de Novembro, António Costa recusou a prática “de qualquer ato ilícito ou censurável”.

O MP em 10 de Novembro deteve cinco pessoas: o chefe de gabinete do primeiro-ministro, Vítor Escária, o presidente da Câmara de Sines, Nuno Mascarenhas, dois administradores da sociedade Start Campus, Afonso Salema e Rui Oliveira Neves, e o advogado Diogo Lacerda Machado, amigo de António Costa, que no final do interrogatório judicial foram colocados em liberdade.

No total, há nove arguidos no investigação aos negócios do lítio, hidrogénio verde e do centro de dados de Sines, entre eles o ex-ministro das Infra-estruturas, João Galamba, o presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, Nuno Lacasta, o advogado e antigo porta-voz do PS João Tiago Silveira e a empresa Start Campus.

DN
17 Novembro 2023 — 08:27


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159: “Foguetão mais poderoso de sempre” volta a ser lançado pela SpaceX de Elon Musk

 

CIÊNCIA // SPACE X // STARSHIP

Esta sexta-feira, a SpaceX do magnata norte-americano Elon Musk tentará lançar, pela segunda vez, o super-foguetão Starship – considerado o “mais poderoso de sempre”.

SpaceX
Nave espacial Starship da SpaceX na plataforma de lançamento

Será desta? A SpaceX faz, esta sexta-feira, o segundo teste do foguetão Starship.

Em Abril, o primeiro ensaio terminou com uma explosão, após um voo que não chegou a durar cinco minutos.

O lançamento está previsto para as 8h locais (13h de Lisboa) e terá transmissão ao vivo da Starbase da SpaceX, no Texas (EUA).

O plano da missão do Starship é voar durante 90 minutos e depois fazer uma descida controlada, aterrando ao largo da costa do Havai.

Caso o teste corra bem, Elon Musk dá um passo crucial no seu sonho de, através do Starship, levar astronautas até à Lua e Marte: “Este é um momento decisivo para o futuro das viagens espaciais”, disse Musk, citado pela New Scientist.

“Estamos a um passo de revolucionar o transporte espacial com este foguetão”, afirmou Musk sobre o Starship, que mede 120 metros e pode transportar até 100 passageiros.

O que correu mal no primeiro ensaio?

No lançamento inicial, em Abril, o foguetão conseguir atingiu 40 quilómetros, mas depois… explodiu.

A SpaceX atribuiu o fracasso a uma fuga de propulsor no foguetão de reforço.

A Administração Federal de Aviação (FAA) norte-americana exigiu 63 correcções à SpaceX, centradas, fundamentalmente, na prevenção de fugas, redesenho da plataforma de lançamento e em revisões de design.

De acordo com a New Scientist, a SpaceX já introduziu um novo sistema de separação de estágios quentes, controlo de impulso e reforço da plataforma de lançamento, recebendo aprovação da FAA para este segundo lançamento.

Ainda assim, nem todos os riscos terão sido eliminados. Musk estima uma chance de sucesso de 60%, reconhecendo a possibilidade de falhas, que ele denomina de “desmontagens rápidas não controladas”.

Vizinhança preocupada

O impacto do lançamento anterior, a poluição sonora e ambiental – com a propagação de detritos por uma vasta área – assustou levantou preocupações à vizinhança.

Os residentes já foram avisados de que amanhã o “barulho ensurdecedor” voltará, mas agora – espera-se… – sem explosões.

A SpaceX garantiu, para este segundo ensaio, que levou a cabo melhorias na plataforma de lançamento, para mitigar os riscos.

Um eventual fracasso do novo lançamento poderá despoletar outra investigação da FAA, atrasando quaisquer ensaios e objectivos futuros de Elon Musk – até que a SpaceX consiga demonstrar segurança e fiabilidade.

A FAA já avisou que, se este ensaio falhar, iniciará uma nova investigação e apertará o cerco à SpaceX. “Não haverá um terceiro lançamento sem garantias de segurança”, assegurou um porta-voz da FAA, citado pela New Scientist.

 Miguel Esteves, ZAP //
16 Novembro, 2023


Ex-Combatente da Guerra do Ultramar, Web-designer,
Investigator, Astronomer and Digital Content Creator

published in: 2 semanas ago

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