Cientistas chineses criaram um robô químico com capacidades de inteligência artificial. Este robô inovador demonstrou a capacidade de analisar minerais marcianos, determinar os químicos necessários para a produção de oxigénio e realizar experiências de forma autónoma.
MarsOneProject / Facebook Colónia Mars One em Marte
O estudo centra-se no desenvolvimento de um sistema robótico de IA com um “cérebro químico”. Este sistema tem como objectivo conceber métodos eficientes para a criação de compostos utilizando os recursos disponíveis em Marte, facilitando a habitação humana sustentável.
A principal motivação por detrás desta tecnologia inovadora é enfrentar o desafio de transportar para Marte os abastecimentos essenciais, em particular o oxigénio.
Os métodos tradicionais de envio de provisões da Terra são caros, tornando essencial encontrar soluções inovadoras para a utilização de recursos in situ.
As capacidades de IA do robô foram postas à prova dando-lhe instruções para gerar oxigénio a partir da água, restringindo a utilização do solo marciano como recurso primário.
Utilizando lasers de alta potência, o robô analisou a composição dos meteoritos marcianos, explorando mais de 3,7 milhões de fórmulas químicas para identificar um catalisador que pudesse produzir oxigénio de forma eficiente. Este processo, que teria levado cerca de 2.000 anos a um ser humano, foi concluído pela IA num período extremamente curto.
A IA do robô seleccionou mais de 200 catalisadores e realizou experiências em meteoritos marcianos num laboratório, utilizando um braço robótico para validar as suas teorias. Em dois meses, o robô desenvolveu com sucesso um catalisador químico capaz de converter água em oxigénio.
Jiang prevê um futuro em que os humanos possam estabelecer fábricas de oxigénio em Marte com a ajuda deste químico de IA. Embora existam outros métodos, como o Perseverance Rover da NASA, que extrai oxigénio do dióxido de carbono na atmosfera marciana, o objectivo continua a ser a utilização dos recursos do planeta para fins de sustentabilidade.
“Este robô pode produzir diferentes produtos químicos”, atirou o autor principal do estudo, Jun Jiang, citado pela Insider. Jiang acredita que este avanço coloca a humanidade um passo mais perto de realizar o sonho de viver em Marte, prevendo também potenciais aplicações para a exploração lunar. O estudo foi recentemente publicado na revista científica Nature Synthesis.
Fundadora e directora-executiva da Memorial, uma ONG premiada com o Nobel da Paz em 2022, Elena Zhemkova critica o encerramento por ordem do governo russo, condena a invasão da Ucrânia, e relembra o grande trabalho feito desde 1987 para denunciar os crimes da era soviética. Esteve em Portugal há dias para participar no Meeting Lisboa, promovido pelo movimento católico Comunhão e Libertação.
A Memorial é fundada no final dos anos 1980, por um grupo inspirado por Andrei Sakharov, físico e famoso dissidente soviético. Recorda-se desse tempo inicial da ONG?
Sim, claro. Foi em 1987, há mais de 35 anos. Foi um grupo pequeno de 11 pessoas que iniciou a fundação da Memorial e eu estava entre eles, ainda era jovem. Mas temos de perceber que esse grupo pequenino só cristalizou uma ideia e um movimento bastante grande de muitas pessoas. Por isso, no fundo, eu sempre tenho certa vergonha de dizer que éramos nós, 11 pessoas, que começámos esse grande projecto. Na verdade, na União Soviética, naquela altura, todas as pessoas queriam saber a verdade sobre o passado recente e através das nossas publicações, através de vários artigos, nós andávamos a descobrir a verdade.
Estamos a falar do período já de Mikhail Gorbachev como líder soviético, em que há uma abertura do regime comunista.
Sim, certo, exacto. Foi uma resposta. Quando disseram às pessoas “sim, vocês podem falar”, as pessoas começaram a falar. Era muito parecido com a corrente de um rio onde aquelas 11 pessoas, nós, decidimos, ok, vamos buscar um barco e nesse barco vamos avançar pelo rio.
Havia mesmo liberdade na União Soviética de Gorbachev, ou as pessoas, até os fundadores da Memorial, ainda sentiam medo de falar?
Não, claro que não, não havia liberdade nenhuma e nós quando começámos a falar – eu ainda estava a fazer o doutoramento na universidade – vieram umas pessoas a dizer “porque é que tu estás a fazer essas coisas?”. E quando nós saímos à rua para recolher algumas assinaturas, a nossa ideia era essa, simples: não queremos repetir o passado. E escrevemos um texto sobre isso. Eu agora não tenho vergonha daquele texto, por acaso, mesmo visto de agora, tudo bem. Agora nós já conhecemos muito mais coisas, mas ainda percebemos que naquele texto foi tudo escrito certo. A ideia era muito simples – não queremos repetição do passado, em que todo o poder, todo o governo, eram criminosos, desde o início até ao fim.
Desde a Revolução Bolchevique?
Desde o primeiro dia de Revolução, sim. Desde 1917. Sofreram todos os níveis de sociedade e sobretudo as pessoas simples. E para não repetir o passado , temos que analisar isso tudo, temos que conhecer muito bem o nosso passado e temos que respeitar os direitos humanos. Ou seja, os criminosos têm que ser castigados e as vítimas têm de obter alguma compensação por aquele sofrimento que elas tiveram.
Então a Memorial queria desde o início revelar os crimes da União Soviética? Queria que as vítimas fossem identificadas e que os líderes que ordenaram os crimes fossem castigados?
Certo, exacto.
Construíram um arquivo, investigaram muito, para chegar a identificar esses crimes. Foram as famílias das vítimas que vos deram a conhecer o passado? Ou foram historiadores? Como é que fizeram o levantamento das vítimas e dos crimes ao longo dessas décadas?
Foi tudo, foi tudo. Mas temos de dar um passo trás na conversa: quando na altura falámos daqueles que têm direito de ter uma resposta por aqueles crimes, éramos muito suaves. Na altura dissemos “nós não queremos punir ninguém, só queremos identificar o nome deles para as pessoas saberem quem foi”.
Está a falar de identificar os culpados?
Sim, os culpados. Provavelmente foi um erro nosso, devíamos ter tomado uma posição mais dura e dizer, logo no início, que todos os culpados tinham de ser castigados. Mas no início nós só queríamos falar, dizer os nomes. Na altura pensámos que as pessoas já sofreram tanto, tiveram tantas repressões, que não era necessário mais e mais castigos.
No Ocidente, quando se pensa na história da União Soviética existe a ideia feita de que foi durante a era de Estaline que foram cometidos os piores crimes. Corresponde à verdade, ou há épocas comparáveis?
O período inicial foi péssimo, logo após a Revolução, porque era uma época sem qualquer tipo de direito.
Com Lenine vivo ainda, portanto.
Sim. É claro que o período da Guerra Civil foi horrível, como qualquer guerra civil no mundo. Porque pelo menos no período de Estaline nós tínhamos uma aparência de Direito, mas na altura logo após a Revolução e durante a Guerra Civil não tínhamos Direito nenhum. E o problema é que se sobre o período de Estaline nós ainda temos alguns documentos, os documentos dos outros períodos ninguém os guardou. Temos poucos materiais sobre o período logo quando os bolcheviques tomaram o poder. Não conseguimos encontrar os nomes das vítimas. Provavelmente este período vai ficar no escuro.
“É claro que o período da Guerra Civil foi horrível, como qualquer guerra civil no mundo. Porque pelo menos no período de Estaline nós tínhamos uma aparência de Direito, mas na altura logo após a Revolução e durante a Guerra Civil não tínhamos Direito nenhum.”
Fala-se muito do sofrimento na Ucrânia, no Holodomor, mas os bolcheviques na verdade não perseguiam etnias. Por exemplo, no Cazaquistão, também morreu muita gente com a sedentarização forçada e com a passagem de nómadas a sedentários. Ou seja os bolcheviques, na sua acção, afectaram todos os povos da União Soviética?
E na Rússia também, não só na Ucrânia ou no Cazaquistão. Eles estavam a perseguir os grupos sociais.
Não os grupos étnicos?
Não. Mas, por outro lado, também estão a perseguir os movimentos nacionais étnicos porque os bolcheviques sabiam que podiam ser muito perigosos. Não é por acaso que as pessoas que representavam, por exemplo, a cultura e literatura ucraniana foram mortas. Mas também foi a mesma coisa na Bielorrússia, com os tártaros, os judeus… Os bolcheviques eram internacionalistas, eles não se reviam em qualquer nação, a etnia não existia. Por isso, por exemplo, a frase que se diz agora que “os russos fizeram muitas repressões, mataram muitas pessoas e etcetera”… não eram russos, eram várias pessoas de vários grupos que se juntaram ao movimento bolchevique. Estaline era georgiano e Dzerzhinsky era polaco.
O trabalho da Memorial começa durante a Perestroika. Quando acaba a União Soviética em 1991 e a Rússia se torna independente , com Boris Ieltsin como presidente, o vosso trabalho torna-se mais fácil? Havia verdadeiramente liberdade na Rússia nos anos 1990?
Na verdade, nós sempre trabalhámos de modo normal porque o governo não queria saber nada de nós. E, como a vida mostrou agora, é sempre melhor trabalhar quando o governo não quer saber nada de ti.
O governo não vos achava importantes, não vos dava atenção?
Não, não dava. Mas claro que num país normal, para se trabalhar com um trauma como este da violência política, com a dor da tragédia que sabemos que o país sofreu durante décadas , é importante trabalhar em conjunto com o país, com os líderes, o governo. E, claro, eu posso dar aqui o bom exemplo da Alemanha, porque tudo aquilo que eles têm é o resultado da colaboração da sociedade com o governo. A sociedade manda e o governo faz.
Portanto, podemos dizer que tanto com Ieltsin como depois com Vladimir Putin, a Memorial até recentemente foi tolerada pelo poder russo?
As repressões afretaram milhões e milhões de pessoas durante décadas. E quase cada família. Provavelmente não foi o pai ou avô, mas sim algum familiar. Qualquer pessoa podia sofrer repressão, por isso no nosso país, todas as pessoas de todas as famílias, têm alguma coisa a ver com isso. Por isso nós recebemos sempre muito apoio e muita ajuda, das pessoas normais, simples, sem ser o governo ou o Estado.
Mas se a Memorial estuda sobretudo os chamados crimes do comunismo, porque é que o actual governo decidiu encerrar a Memorial?
Porque nós não estamos a falar só dos crimes do comunismo. Nós estamos a falar dos crimes feitos por um governo, um país, que perdeu o controlo. Claro que estamos a falar no nosso trabalho do país soviético, mas isso mostra que igualmente um país não soviético pode perder o controlo. E alertamos sempre que, por exemplo, cá em Portugal também pode acontecer. A nossa ideia é que é uma pessoa é superior ao Estado e o Estado tem de servir as pessoas e esta nossa ideia não coincide nada com as ideias de Putin.
O prémio Nobel da Paz que a Memorial recebeu no ano passado teve consequências internas positivas e negativas? Ou seja, deu-vos mais credibilidade, mais popularidade, mas ao mesmo tempo chamou a atenção das autoridades?
É simbólico, podemos dizer assim. Soubemos que íamos receber o prémio Nobel no dia 7 de Outubro e naquele dia eu estava em Tbilissi, na Geórgia, a abrir uma exposição da Memorial. Ia num táxi e telefonou-me o nosso director financeiro e disse-me “Vai lá ver as notícias.” E a primeira coisa em que pensei foi “aconteceu alguma coisa muito, muito má”. Porque quando telefona o director financeiro e diz “vai lá ver as notícias” não significa que vai acontecer alguma coisa boa. E nós naquele dia tivemos um processo judicial. E naquele dia a juíza tomou uma decisão que nós íamos ficar sem o nosso prédio em Moscovo, o nosso espaço, e aconteceu no mesmo dia. E claro que aquela decisão foi fora das leis, ignorando os nossos direitos, porque aquele prédio onde nós recolhemos o nosso arquivo, onde nós fazíamos os nossos encontros, era um prédio da memória, da preservação da memória dos direitos humanos. Nós comprámos aquele prédio. Era a nossa propriedade. Nós recolhemos dinheiro, foram coisas dadas por pessoas normais do mundo inteiro. Ele custou três milhões de dólares. Pode imaginar quão difícil foi recolher esse valor das pessoas. Nós comprámos assim, foi uma coisa oficial, pagámos todos os impostos, nunca tivemos nenhum tipo de dívidas. Depois foi como no ano de 1917, vem alguém e diz “Foi teu? Agora é meu, não tens direito nenhum.”
E o arquivo acumulado ao longo de anos, como é que resguardaram?
O arquivo pertence-nos, ainda.
Mas não nesse edifício original?
Claro que não. Mas graças a esse arquivo, conseguimos trabalhar numa versão digitalizada. E no próximo ano, é o nosso plano, queremos abrir o arquivo, o arquivo digitalizado, para o mundo todo.
A confirmação do encerramento da Memorial aconteceu dias depois do início da Guerra na Ucrânia, em finais de Fevereiro de 2022. A Memorial tem posição sobre a guerra?
Nós temos uma posição muito concreta que articulámos em 2014, quando a ONU qualificou como uma agressão a invasão da Crimeia. E claro que a guerra tem de terminar e claro que a Ucrânia tem de receber todas as compensações por causa do sofrimento que tem vivido. E por causa dessa posição nós fomos considerados agentes estrangeiros. E depois, por causa dessa posição, o Estado mandou imensas coimas para pagar, e no final nós não conseguimos. Eles mandaram imensas coimas, mas vieram pessoas simples, deram dinheiro e aos poucos e poucos conseguimos pagar, e depois eles fizeram a liquidação. E é interessante terem feito a liquidação uns dias depois da guerra começar.
No seu caso, que é directora-executiva da Memorial, está exilada? É perseguida judicialmente?
Eu não posso voltar à Rússia, não posso. Mas também não posso dizer que sou uma exilada, porque eles não me podem mandar fora, fui eu que tomei a decisão.
É um exílio voluntário?
Sim, mas sei que vou ser perseguida, não posso voltar. Estou pronta para passar tempo numa prisão mas posso ser muito mais útil fora da prisão. É melhor assim. Eu sou directora. E como eu sou directora, é muito fácil fazer-me um processo, não só político, mas também financeiro. Podem dizer que eu fiz uma coisa abusiva, porque lutei pelo nosso prédio. Porque fiz também um processo jurídico contra o Estado e um processo pelos salários dos funcionários da Memorial. Na Rússia nós tratámos de cada funcionário, cada trabalhador, atendemos a todas leis e tudo. Trabalhavam 50 pessoas na minha organização, mas fecharam a organização num momento só. E liquidaram as contas e tudo. Eu tinha, por exemplo, muitas mulheres que não receberam o salário, grávidas ou com crianças pequenas, e lá nas contas eu tinha todo o dinheiro para pagar, e iniciei um processo via judicial e perdi. E o que é que disse a juíza principal da Federação Russa? “Os funcionários recebiam bem quando estavam a trabalhar nessa organização, o que é que eles queriam?” Ou seja, temos leis, temos direitos, mas não são para todos. É um regime fascista.
Uma pergunta mais virada para o futuro. Acha que o povo russo ambiciona que não se repitam os erros do passado e sonha que se construa uma sociedade democrática?
Eu acho que a ideia principal que a sociedade russa tem agora, hoje em dia, é medo. Acho que a sociedade russa não sonha muito, mas se tiver algum sonho, o sonho principal é o fim da guerra. Mas não podemos pensar que é assim um sonho muito cor de rosa, “vamos acabar com a guerra”, muito pacífico, não é bem assim. É mais um sonho tipo ah, ok a guerra acaba e vai ficar tudo como era. Não é um sonho que percebe que nós russos vamos ter de pagar por tudo aquilo que foi feito.
Para concluir, podemos dizer, que no seu caso, estava mais optimista, mais esperançosa em 1987 sobre o seu país do que está agora?
Em alguns casos sim, em alguns casos não. Claro que eu era mais jovem, e claro que todos os jovens pensam “ai a vida é tão boa, vamos ter muitos anos para viver.” E eu sou uma pessoa que sabe mais ou menos como derrubar paredes. Por que para derrubar ou para atravessar as paredes nós só temos de ter duas condições: saber qual é o objectivo e não ver os obstáculos, e assim vamos conseguir. Mas agora estou mais optimista porque tenho a minha experiência. Por que eu encontrei muitas pessoas que ajudaram imenso nesta nossa luta. E na altura eu nem esperava estes encontros com vidas e destinos fantásticos. Conheci tantas pessoas corajosas, até conheci Andrei Sakharov, e claro que isso dá um certo optimismo.
Relatividade é um desenho litográfico, de meados do século XX, do artista holandês M. C. Escher. Apesar de Escher não ter qualquer relação com o nosso país, este desenho parece ser uma premonição daquilo em que este rectângulo à beira do Atlântico plantado se transformou, pois representa um mundo em que as leis normais da gravidade não se aplicam.
O desenho arquitectónico desta litografia parece ser o centro de uma comunidade, em que a maior parte dos seus habitantes estão pura e simplesmente nos seus afazeres normais.
Os personagens da obra de Escher, assemelham-se a nós. Impregnados na nossa sobrevivência, vestimo-nos com trajes idênticos e temos as nossas cabeças descaracterizadas em forma de bolbo, que é como quem diz, quase desprovidas de sentido crítico.
Neste mundo desenhado por Escher existem três fontes de gravidade, sendo cada uma delas ortogonal às outras duas. Cada habitante vive controlado por apenas um centro de gravidade, onde se aplicam as leis físicas normais.
O que é divertido de constatar é que, no nosso mundo, a gravidade exercida depende de onde o habitante está. E depende, mais ainda, do governante quando dita as leis que nos seguram aos nossos centros de gravidade.
Cada governante, dependendo do seu nível de influência e poder, governa os seus centros, muitas vezes desrespeitando as suas próprias regras, o que torna o mundo um local muito volátil e instável para se viver, pois as forças que nos deviam segurar estão constantemente a mudar e por vezes empurram-nos em vez de nos proteger.
O desenho do artista tem sete escadas, e cada escada pode ser utilizada pelos habitantes que pertencem a duas fontes de gravidade diferentes. Isto cria fenómenos interessantes, como estarem uns a cair e outros a subir, usando a mesma escada.
Ou seja, as escadas têm duas faces, têm dois lados. Têm dois pesos e duas medidas. Como se de um lado houvesse uma escada rolante que sobe e do outro, a mesma escada desce, pois não interessa que todos subam. Só alguns!
Tal como no desenho, os habitantes são representados como se estivessem a subir as escadas de cabeça para baixo, mas na verdade, e sem se aperceberem, estão a descer.
Este é o nosso país. Um país ambíguo inspirado nos desenhos impossíveis do Escher, com perspectivas erradas, propósitos impossíveis e caminhos labirínticos que terminam exactamente onde começaram ou pior, caminhos que não nos levam a lado nenhum. É um país repleto de escadas que nos afundam quando parece que estamos a subir.
Designer e director do IADE – Faculdade de Design, Tecnologia e Comunicação da Universidade Europeia
– Não aprecio este cronista e é muito raro, raríssimo mesmo, publicar artigos de opinião dele dado que, sendo comunista, a tendência pela sua ideologia partidária, contrária à minha, faz com que desenvolva artigos tendenciosos que rejeito liminarmente. Contudo, o artigo de hoje, enquadra-se fora da habitual performance ideológica deste cronista, conseguindo ultrapassar a sua tendência ideológica e, por isso, é publicada com a devida vénia, sendo um aviso para o sinistro funcionamento da nossa “justiça”.
🇵🇹 OPINIÃO
Vamos lá puxar pela memória. Paulo Pedroso, político, esteve em prisão preventiva entre maio e Outubro de 2003, no âmbito do Processo Casa Pia. Cumpriu quatro meses e meio. Os tribunais inocentaram-no.
O Estado português foi condenado pelo Tribunal Europeu dos Direitos Humanos a pagar-lhe uma indemnização de 68 mil euros por detenção injusta.
O actor Herman José foi indiciado por um crime alegadamente ocorrido em Portugal a 8 de Fevereiro de 2002. No entanto, Herman José apresentou provas, como gravações vídeo e bilhetes de avião, que demonstravam que naquela data estava no Brasil em trabalho para a SIC. Não foi julgado, mas fora despedido da SIC e sofrera graves danos reputacionais.
No julgamento do Processo Casa Pia, o Ministério Público propôs a alteração das datas dos crimes com que formulara a acusação para conseguir obter as condenações dos arguidos. Essa alteração foi feita nas alegações finais do julgamento, mais de seis anos depois de terem sido feitas as primeiras acusações.
Em 2006 o Ministério Público fez uma busca na redacção do jornal 24Horas, apreendeu um computador e fez uma acusação de acesso indevido de dados pessoais aos jornalistas Jorge Van Krieken e Joaquim Eduardo Oliveira. Os tribunais decidiram não levar os jornalistas a julgamento e, em todas as instâncias, declararam a busca ilegal.
Madeleine McCann desapareceu na noite de 3 de maio de 2007, quando tinha quase 4 anos de idade, do seu apartamento em Praia da Luz, Algarve. As autoridades contaminaram o local do desaparecimento.
Os pais foram publicamente declarados como principais suspeitos de uma morte acidental e de ocultação do cadáver da filha. 16 anos depois, o mês passado, a BBC noticiou que elementos da Polícia Judiciária se tinham deslocado a Londres onde tinham pedido desculpa ao casal.
A Judiciária emitiu um comunicado a desmentir essa informação, alegando que foram apenas dadas informações sobre o andamento do caso, que foi arquivado pelo Ministério Público em 2008 e reaberto em 2013, sem resultados.
Miguel Macedo demitiu-se em 2014 de ministro da Administração Interna ao ser envolvido pelo Ministério Público no chamado Caso Vistos Gold. Ao fim de quatro anos foi absolvido de todas as acusações. Nunca mais voltou à política.
Manuel Palos, também acusado nesse processo e que era director do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, cumpriu quatro meses de prisão efectiva e também foi ilibado. Perdeu o emprego.
O antigo primeiro-ministro José Sócrates foi detido em 2014 (Operação Marquês) e preso preventivamente durante nove meses. A decisão de que o caso deveria seguir para julgamento só aconteceu sete anos depois.
Dos 31 crimes que o Ministério Público o indiciava o juiz de instrução anulou 25. Há recursos a correr no Tribunal da Relação, da defesa e da acusação, num caso que se eterniza.
Dos processo ligados ao Banco Espírito Santo, já nada se entende.
O ex-ministro da Defesa, Azeredo Lopes, foi ilibado de quatro crimes no Processo de Tancos onde era acusado pelo Ministério Público de denegação de justiça, prevaricação, abuso de poder e favorecimento pessoal de funcionário. Demitira-se em 2018. O julgamento começou em Novembro de 2020 e durou até 2022.
O Ministério Público, no debate instrutório para decidir se havia ou não julgamento, desistiu da acusação que fizera a Eduardo Cabrita por possível homicídio por negligência num acidente de viação em que ele era passageiro de um automóvel. O político demitira-se dois anos antes por causa disto.
Esta semana o presidente da Câmara Municipal de Sines, Nuno Mascarenhas, saiu do tribunal, depois de seis dias detido, sem qualquer acusação formulada depois de o Ministério Público o ter declarado suspeito de corrupção. As acusações de corrupção feitas a outros suspeitos também caíram.
Restam acusações de tráfico de influências e de vantagem indevida. O Ministério Público vai recorrer. Este caso, que tem um processo paralelo no Supremo Tribunal de Justiça contra o primeiro-ministro António Costa, suscitou a queda do Governo.
A pergunta que deixo é esta: Não podendo, nem devendo, a política meter-se no trabalho da Justiça, que penalizações a própria Justiça aplicou aos responsáveis por erros, omissões, incompetências, demoras, desleixos, teimosias e atropelos ao bom senso que, como é evidente, sempre que um caso é mediático, sistematicamente os investigadores judiciais cometem?…
Que fizeram sobre isso, por exemplo, o Conselho Superior do Ministério Público ou o Conselho Superior da Magistratura?
E já nem falo das violações de segredo de justiça que, em todos estas situações, aconteceram e que arruinaram a reputação pública de alguns inocentes.
Se o Ministério Público quer que confiemos nele, tem de fazer Justiça a si próprio.
O médico da Universidade de Montreal, Hans Selye (1907-1982), foi o primeiro cientista a interessar-se pelo mecanismo fisiológico originado pela exposição ao stress.
Há cerca de 70 anos, explicou os efeitos que podem assumir múltiplas formas reactivas quer na mente quer no corpo das pessoas perante o stress.
Esclareceu, então, que as diversas reacções eram devidas à secreção de adrenalina pelas glândulas supra-renais que constitui a primeira resposta por parte do organismo. Realce-se que o stress nem sempre representa uma ameaça à saúde. No entanto, muitas vezes, impõe aconselhamento psicológico especializado.
Ora, as descrições científicas de Hans Selye podem, agora, ser analisadas, tendo em consideração os avanços científicos alcançados, tanta nas áreas da emoção como da fisiopatologia de doenças, comprovadamente, provocadas pelo stress.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera que o stress é uma das preocupantes epidemias do século XXI.
A este propósito, a Associação Académica da Universidade da Beira Interior promoveu, recentemente, um oportuno debate destinado a estudantes de Medicina sobre o tema, que foi conduzido pelo psicólogo Paulo Vitória.
Foi neste ambiente que foram referidos como causas principais de stress os assuntos relacionados com a família (como a doença ou morte de um familiar próximo) ou com problemas financeiros (causados pelo desemprego, por exemplo) ou, ainda, com a insatisfação no trabalho (muitas vezes associada ao excesso de responsabilidade).
Naturalmente, os efeitos na saúde de cada pessoa exposta ao stress dependem de múltiplos factores, nomeadamente do grau de intensidade, da duração do período de exposição e da apreciação subjectiva da gravidade de cada situação.
Saber gerir o stress do dia a dia é essencial, em especial no plano da preservação da saúde.
As consequências patológicas causadas pelo stress foram apresentadas segundo um modelo inovador que distingue quatro grupos: 1 Efeitos fisiológicos directos; 2 Alterações dos comportamentos determinantes da saúde; 3 Recursos psico-sociais; 4 Cuidados de saúde.
Precise-se cada um dos grupos mencionados.
Na classe 1 integram-se os seguintes efeitos: elevação das gorduras no sangue; pressão arterial alta; diminuição da imunidade e aumento da actividade hormonal.
No que se refere ao grupo 2 (estilos de vida) apontam-se: o aumento do fumo do tabaco e do consumo de bebidas alcoólicas; problemas nutricionais; dificuldade em dormir; aumento do consumo de substâncias psicotrópicas e dieta desequilibrada e menor actividade física.
No grupo 3, relacionado com as questões psico-sociais, citam-se as consequências do stress traduzidas pela sensação de falta de apoio social; na redução do optimismo: na ameaça à auto-estima e menor auto-domínio.
Já no grupo 4, sobre os cuidados de saúde, enumeram-se: a diminuição da aderência aos tratamentos; aumento do tempo antes da procura de cuidados; manifestações sintomáticas com perfil pouco claro e diminuição da probabilidade na procura de cuidados.
Nota final: a expressão síndrome de burnout está associada ao trabalho, em resultado da submissão a intenso e repetido stress que está na origem da sensação das capacidades físicas e psíquicas impedirem o cumprimento das responsabilidades profissionais. Situação que, em regra, é provocada por tarefas e carga horária excessivas.
Ao longo dos séculos e dinastias, o confucionismo – tornado ideologia burocrática para servir os interesses do Império do Meio – reinventou-se constantemente, acomodando-se às orientações filosóficas e políticas dominantes da época (p. ex., durante a Dinastia Song integrou elementos das filosofias budista e taoista que então varriam a China).
Com a implantação da República, em 1912, o confucionismo perdeu adesão – afinal de contas fora a soberba dos confucionistas de resistência à modernização e de considerar o moderno conhecimento [ocidental] como estranho e frívolo que levaram ao atraso e humilhação da China perante potências estrangeiras no século XIX – tendo sido ridicularizado e insultado durante o “Movimento por uma Nova Cultura“.
Quando os nacionalistas do Kuomintang passaram a governar o país em 1927, o confucionismo recuperou parte do seu estatuto perdido. Com a criação da R. P. da China, em 1949, o confucionismo tornou-se anátema. Nem sempre fora essa a posição do Partido Comunista Chinês (PCC).
No seu discurso na Sexta Sessão Plenária do Sexto Comité Central do PCC em 1938 – que estabeleceu a preeminência incontestável de Mao Tsé-tung – Mao afirmou que os membros do PCC deviam estudar a “herança histórica” da China e “preservar o precioso legado de Confúcio a Sun Yat-sen” para adaptar o marxismo e o leninismo às condições específicas da China.
Todavia, após 1949, o PCC considerava o sistema de crenças confucionista burguês e reaccionário; Confúcio e Mêncio “representavam proprietários de escravos e aristocratas”, pelo que eram considerados “inimigos do povo”. A Revolução Cultural (1966-1976), com a exortação de Mao para “Esmagar as Quatro [Coisas] Velhas” – “velhas ideias”, “velha cultura”, “velhos costumes”, “velhos hábitos” – combateu ferozmente o confucionismo, tendo levado à destruição de centenas de templos e à queima de textos confucionistas, tendo Os Analectos sido banidos.
Na década de 1980, ainda era tão difamado que o historiador Yu Ying-shih dizia que o confucionismo se tornara uma “alma errante” desprovida de um “corpo” institucional.
Com a política de liberalização e abertura ao exterior promovida por Deng Xiaoping, a China passou por uma transformação social que gradualmente conduziu a um florescimento de ideias que bebeu muito da influência das sociedades ocidentais, tendo colocado o PCC sob grande pressão para mudanças, incluindo no que respeita à melhoria do sistema legal e à reforma política.
Com a liderança do PCC a manter a “luta firme contra a liberalização burguesa”, a insatisfação de vários sectores da sociedade chinesa, a começar por estudantes universitários, face à resistência à mudança conduziu, em 1989, a sucessivas manifestações e à ocupação da Praça de Tiananmen, em Pequim, onde os jovens erigiram uma estátua da “Deusa da Democracia”.
Após 1949, o PCC considerava o sistema de crenças confucionista burguês e reaccionário; Confúcio e Mêncio “representavam proprietários de escravos e aristocratas”, pelo que eram considerados “inimigos do povo”.
Após o massacre de Tiananmen e subsequente repressão, o PCC e vários think tanks chineses procuraram desesperadamente aquela mistura de filosofia e história que pudesse instilar um sentimento nacionalista e insular as massas chinesas, em especial os jovens, dos valores ocidentais (democracia, liberdades civis) que influenciaram os de Tiananmen e que entr[av]am diariamente pela China adentro através de VPN que permitem ultrapassar a Grande Firewall. É dessa reflexão que resulta o regresso de Confúcio, pela mão do PCC…
Veio a terça-feira, depois a quarta, e por aí fora. Há uma semana que o Partido Socialista é massacrado diariamente nas televisões, sendo apresentado como um partido dirigido por gente desonesta.
Desta vez a acção do Ministério Público derrubou um Governo, acabou com uma maioria absoluta e dissolveu a Assembleia da República. Em apenas quatro horas a vontade popular livremente expressa nas urnas foi substituída pela decisão de realizar novas eleições.
E, no entanto, o conselho dos estrategas do partido é que a luta é contra a direita, não contra o sistema judiciário. A caminho do cadafalso, os lábios dos socialistas entoam cânticos de confiança na Justiça. Esplêndido.
Mas desta vez há debate. Pelo menos há debate. Os procuradores expressam, apressadamente, o argumento de que todas as suspeitas têm de ser investigadas. Princípio da legalidade, dizem eles – investigar todas as suspeitas. E, no entanto, não é nada disso que está em causa. A investigação existe há quatro anos e ninguém protestou contra ela.
O que está em causa são os motivos para prender, para fazer buscas e para tornar públicas suspeitas que, podendo fundamentar a decisão de investigar, não justificam a violência sobre as pessoas. Isso, sim, é o que está em causa.
E, depois, o tempo. O ponto crítico nesta história é o tempo. Quando o Ministério Público decide prender, fazer buscas em casas particulares e tornar pública uma investigação, deve ter já na sua posse provas que considere suficientes da culpabilidade dos envolvidos. Deve estar pronto para acusar. Pois bem, não está.
Todos sabemos que esta investigação vai durar anos, que os suspeitos vão pedir a aceleração processual, que os prazos de inquérito não vão ser cumpridos e que os procuradores manterão os suspeitos devidamente presos na prisão da opinião pública durante o tempo necessário a que outro tempo político floresça.
Ainda assim, os socialistas acham que não podem passar os próximos quatro meses a discutir um processo judicial, mesmo que esse processo, esse processo em concreto, lhes tenha retirado ilegitimamente a maioria absoluta no Parlamento e o direito a governar.
E, talvez mais importante, mesmo que esse processo tenha detido cinco pessoas por motivos fúteis e arruinado a sua reputação pública. Parece que a declaração de princípios do PS ainda “considera primaciais a defesa dos direitos, liberdades e garantias fundamentais dos cidadãos (…).”
Todavia, agora não há tempo para discutir a Constituição ou as garantias constitucionais. Os socialistas não têm tempo para discutir a liberdade. A armadilha mental da direita resulta em pleno – criticar os abusos do Ministério Público é “atacar a Justiça”, dizem eles.
Quanto aos socialistas, não querem perder tempo, Nem quatro meses, nem quatro dias, nem quatro horas. Alguém disse que “todos os que se calam são dispépticos”. Sim, este silêncio faz mal ao estômago.
Parece que nos processos de Moscovo, os condenados, já encostados à parede e prontos para enfrentar o fuzilamento, ainda gritavam viva Estaline. Aqui, nesta democracia, o Ministério Público presta contas a Deus, não aos homens, que se devem limitar a baixar a cabeça e expressar a sua confiança na Justiça.
Daqui a quatro meses haverá novo governo, haverá novos escândalos e haverá novas oportunidades para dizer que confiamos na Justiça. Nada de novo debaixo do sol – apenas a Justiça a funcionar.
Ericeira, 14 de Novembro de 2023
Antigo primeiro-ministro e principal arguido na Operação Marquês
Uma equipa de cientistas têm uma ideia radical. Os especialistas sugerem a possibilidade de um segundo Big Bang que poderia desvendar o mistério da matéria negra.
Gerd Altmann / pixabay
Os físicos estão a contemplar a existência de um Big Bang “escuro” no rescaldo do evento cósmico inicial. O conceito de um Big Bang escuro alinha-se com uma mudança de paradigma na cosmologia, em que os cientistas estão a redefinir a teoria padrão do Big Bang para incorporar múltiplas “transições de fase” distintas.
A motivação por detrás desta exploração reside na natureza esquiva da matéria negra, uma substância misteriosa que se crê manter as galáxias unidas. Anomalias observáveis, como a rotação acelerada das galáxias e a formação prematura de galáxias, sugerem a presença de matéria invisível que exerce forças gravitacionais.
Apesar da sua abundância estimada, a identidade das partículas de matéria negra continua a ser um enigma que tem iludido os físicos há mais de quatro décadas.
Os esforços tradicionais para detectar a matéria negra envolvem experiências sofisticadas, principalmente na procura de partículas maciças de interacção fraca. Estas experiências visam captar as interacções entre as partículas e os núcleos atómicos.
No entanto, a falta de uma detecção definitiva levou alguns cientistas a reconsiderar os pressupostos subjacentes à procura de matéria negra.
Katherine Freese, da Universidade do Texas em Austin, propõe uma nova perspectiva: e se a matéria negra não interagir de todo de forma fraca? Neste “cenário de pesadelo”, a gravidade torna-se a única ligação entre a matéria negra e a matéria normal.
Citado pela New Scientist, Freese sugere que a incapacidade de detectar a matéria negra pode levar a uma reavaliação da forma como esta foi criada, conduzindo a uma potencial revelação sobre as suas manifestações actuais.
Freese, juntamente com Martin Winkler, introduz o conceito de um Big Bang escuro que terá ocorrido nas semanas após o Big Bang que conhecemos. Este acontecimento hipotético, distinto da criação das partículas e forças conhecidas, poderia explicar a natureza da matéria negra. A ideia desafia a crença convencional de que tudo teve origem num único Big Bang.
O Big Bang escuro proposto introduz a noção de “darkzillas”, partículas-sombra monstruosas triliões de vezes mais maciças do que as partículas de matéria normal.
Estas darkzillas poderiam oferecer uma explicação plausível para a matéria negra, especialmente se a transição de fase for abrupta, criando bolhas energéticas capazes de produzir partículas tão colossais.
Em alternativa, uma transição de fase gradual poderia dar origem a partículas de matéria negra mais leves, semelhantes às partículas maciças de interacção fraca visadas nas experiências tradicionais.
Estas partículas poderiam interagir com forças negras, como o electromagnetismo escuro, gerando um espectro de potenciais candidatos a matéria negra.
O conceito de um Big Bang escuro ganha credibilidade quando se considera o seu impacto mínimo na estrutura observável de galáxias e aglomerados. Freese enfatiza a necessidade de garantir que o Big Bang escuro proposto não interfere com a evolução padrão da cosmologia.
Para testar a validade desta teoria, Freese sugere a procura de uma impressão digital distinta de ondulações no espaço-tempo conhecidas como ondas gravitacionais.
Estas ondas, se forem produzidas por bolhas em colisão durante o Big Bang escuro, podem oferecer provas tangíveis. A detecção de um fundo de ondas gravitacionais, semelhante ao fundo cósmico de micro-ondas, pode indicar a presença de transições de fase no Universo primitivo.
Os astrónomos do NANOGrav detectaram recentemente um zumbido de fundo de ondas gravitacionais. Embora a origem permaneça incerta, Freese sugere que as escalas de energia associadas ao Big Bang escuro se alinham com os sinais observados.