Uma equipa de investigadores identificou impactos provocados pelas alterações na Torre de Belém e Jerónimos e recomenda a realização de uma intervenção de conservação dos dois monumentos.
Um estudo sobre o impacto das alterações climáticas em Lisboa recomenda uma intervenção de conservação na Torre de Belém, e também avisos e apoio aos milhares de visitantes que aguardam em filas sob calor extremo junto aos Jerónimos.
Estas são algumas das recomendações do estudo, iniciado em Setembro deste ano, nos dois monumentos classificados como Património Mundial, na zona de Belém, pela equipa da investigadora norte-americana Barbara Judy, do Serviço Nacional de Parques dos Estados Unidos.
Numa entrevista à agência Lusa, a investigadora, arquitecta com especialização nesta área, disse que a sua equipa identificou impactos provocados pelas alterações climáticas nos dois monumentos e recomenda, como medidas mais urgentes, a realização, nos próximos três a cinco anos, de uma intervenção de conservação da Torre de Belém, e medidas para proteger os milhares de turistas que no verão visitam o Mosteiro dos Jerónimos.
“Sabemos que o clima está a mudar aqui em Portugal, e em Lisboa, mas a questão é como estas alterações estão a afectar estes dois monumentos.
Estamos muito preocupados com os visitantes que estão nas filas durante, normalmente, uma hora e meia à espera, o que é excessivo sob temperaturas que estão a aumentar”, alertou a investigadora, com experiência no estudo de monumentos em zonas costeiras.
O Mosteiro dos Jerónimos encontra-se no topo dos monumentos mais visitados em Portugal, com 870.321 entradas em 2022, e a Torre de Belém, também na capital, somou 377.780 visitantes no ano passado.
“As estatísticas indicam que 90% dos visitantes vêm de todo o mundo, nomeadamente os turistas mais idosos do norte da Europa, que não estão habituados ao calor.
Também outros visitantes mais vulneráveis como grávidas e crianças causam preocupação”, apontou a investigadora, alertando para “os riscos para a saúde da exposição ao sol forte e altas temperaturas ambientes”.
Barbara Judy recomenda, nesta área, que os visitantes sejam protegidos com sombras e, quando isso não for possível, que sejam devidamente avisados das longas esperas, sobretudo em períodos do ano mais quentes, que usem chapéus e levem água.
Questionada sobre a questão da limitação de entradas, a investigadora lembrou que existem já limites de 400 pessoas no claustro do mosteiro, mas considera que “deveria haver uma restrição de meia hora de espera em fila em vez de uma hora e meia”.
Globalmente, a investigadora aponta, no estudo, as conclusões em três áreas: “Concluí, ao observar em pormenor os dois monumentos, e investigando a literatura científica sobre as alterações climáticas em Lisboa, que há três sistemas naturais que estão a mudar”.
“A primeira é que a temperatura ambiente está a elevar-se. Por outro lado, está a verificar-se uma subida do nível do mar e também as tempestades, que, combinadas, criam ondas de impacto que atingem as estruturas costeiras. Estas já têm sido faladas”, indicou.
O terceiro sistema prende-se com as condições das águas subterrâneas no Mosteiro dos Jerónimos, e que têm menos visibilidade: “Os lençóis freáticos normalmente não estão à vista, mas quando o nível da água salgada sobe, empurra a água doce para as fundações dos monumentos, e é preciso estudar esta evolução e a forma como pode afectá-los”.
Especificamente sobre a Torre de Belém, recomendou “uma campanha de reparação e conservação nos níveis mais baixos, nos próximos três a cinco anos, para fortalecer o monumento face ao aumento do nível do mar e da frequência das tempestades”.
Também em declarações à Lusa sobre o estudo – que será esta segunda-feira apresentado publicamente, às 15:00 – Dalila Rodrigues, directora dos dois monumentos, sublinhou que “o relatório é extremamente útil em termos de aplicação prática, porque identifica os riscos e as vulnerabilidades dos monumentos e propõe medidas práticas a adoptar no imediato e a médio e a longo prazo”.
“É fundamental, agora, concretizar o que resulta deste estudo, adoptar as soluções e tratamentos recomendados. É necessário que a tutela disponibilize meios, e que se defina uma rede de colaborações institucionais, desde logo com a Câmara Municipal de Lisboa e a Administração do Porto de Lisboa, entre outras”, defendeu.
Ambos os monumentos estão classificados pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO, na sigla em inglês) como Património Mundial desde 1983.
O projecto de investigação “O impacto das alterações climáticas no Mosteiro dos Jerónimos e na Torre de Belém — estudos científicos e planos de mitigação” decorre em parceria com a embaixada dos EUA em Lisboa, ao abrigo do programa ‘Embassy Science Fellow’.
Sabia que a Terra tem duas grandes “bolhas” no seu interior? Uma está por baixo de África e a outra está por baixo do Oceano Pacífico. Sim, são enormes, ambas têm cerca de duas vezes o tamanho da lua da Terra! Como terão ido lá parar? E o que aconteceu ao planeta Theia?
Um planeta colidiu com a Terra e originou a Lua
Desde há alguns anos que se desconfia que a Terra tem “algo dentro de si” que é um corpo estranho. Isto é, são duas bolhas que não fazem parte do manto do nosso mundo, a camada de rocha silicatada entre a crosta e o núcleo exterior da Terra. São feitas de elementos diferentes dos do manto.
Então, como é que surgiram estas grandes bolhas no interior da Terra?
Uma equipa internacional de investigadores afirmou, no início deste mês de Novembro, que as bolhas são provavelmente o resultado de uma colisão antiga, que muitos cientistas acreditam ter ocorrido há milhares de milhões de anos.
Foi nessa altura que um jovem planeta – chamado Theia (THAY-eh) pelos cientistas – poderá ter colidido com a Terra primitiva. De acordo com esta teoria, este impacto maciço também criou a lua da Terra.
Parece que as bolhas da Terra são restos de uma colisão planetária que formou a nossa lua. Por outras palavras, as enormes bolhas que se encontram actualmente no interior da Terra, bem debaixo dos nossos pés, são extraterrestres. A Terra não tem apenas “bolhas”, a Terra tem bolhas extraterrestres!
Disse Ed Garnero investigador da Universidade Estadual do Arizona, envolvido no estudo.
Bolhas invulgares no interior da Terra
Há mais de 20 anos que os cientistas sabem da existência destas duas bolhas. Os geofísicos descobriram-nas pela primeira vez na década de 80. A sua composição era diferente da do manto circundante.
Se fosse possível derretê-las e colocá-las na superfície da Terra, formariam uma camada de 100 km de espessura à volta de todo o nosso planeta.
É um valor enorme se tivermos em conta que a altitude de cruzeiro típica da maioria dos aviões comerciais se situa entre 10 e 12 km acima do nível do mar.
Portanto, estas bolhas no interior da Terra são grandes. E os cientistas sabem que elas estão lá, no interior da Terra. Mas de onde é que elas vieram?
Quando Theia colidiu com a Terra
O novo estudo sugere que as bolhas se formaram a partir da mesma colisão que criou a nossa lua. Esta colisão foi com o hipotético Theia, um jovem planeta mais pequeno do que a Terra. Os cientistas pensam que o material do impacto se formou na lua.
Mas e o resto de Theia? Para onde foi o resto do material?
Os cientistas ainda não encontraram qualquer vestígio dele em meteoritos ou na cintura de asteróides. Mas agora, os investigadores por detrás do novo estudo dizem que a Terra provavelmente absorveu a maior parte de Theia.
A Lua parece ter materiais dentro dela representativos tanto da Terra pré-impacto quanto da Theia, mas pensava-se que quaisquer restos de Theia na Terra teriam sido “apagados” e homogeneizados por milhar de milhões de anos de dinâmica (por exemplo, convecção do manto) dentro da Terra. Este é o primeiro estudo a defender que “pedaços” distintos de Theia ainda residem dentro da Terra, na sua fronteira núcleo-manto.
Disse Steven Desch, professor na Escola de Exploração da Terra e do Espaço da Universidade do Estado do Arizona.
Ondas sísmicas
Os cientistas descobriram pela primeira vez as bolhas – chamadas grandes províncias de baixa velocidade, ou LLVPs – usando ondas sísmicas. As ondas sísmicas são vibrações geradas por um sismo, explosão ou outra fonte energética. As ondas viajam através da Terra, a diferentes velocidades e através de diferentes materiais.
Na década de 1980, estudos das ondas sísmicas mostraram algo incomum. Havia grandes variações profundas no manto. O que os estava a causar?
Como se viu, eram duas estruturas – as duas bolhas – muito abaixo da superfície, perto do núcleo da Terra. Eles eram mais quentes e densos do que o manto circundante, e continham quantidades excepcionalmente altas de ferro. E eram enormes, do tamanho de continentes.
Foi assim que as bolhas se tornaram conhecidas pelos cientistas.
A Lua e as bolhas no interior da Terra têm a mesma origem
Claro que Theia já desapareceu há muito tempo. E não podemos perfurar suficientemente o interior da Terra para extrair um pedaço das bolhas e medir a sua composição. Mas estes investigadores testaram as suas ideias modelando as possíveis composições químicas de Theia. Os resultados apoiaram a ideia de que as bolhas vieram de Theia.
Assim, este estudo ajuda a explicar como é que as bolhas no interior da Terra foram lá parar. O estudo também fornece mais provas da origem da lua por impacto. O co-autor Travis Gabriel, do Serviço Geológico dos EUA, afirmou:
Ao olharmos para dentro, para o interior da Terra, em vez de olharmos para fora, para a Lua, encontrámos mais uma prova da catástrofe cósmica que é o impacto gigante que forma a Lua.
Um estudo da NASA em 2022 também mostrou que a Lua pode ter-se formado incrivelmente rápido, em apenas uma questão de horas.
Antes da nossa era, a origem da nossa lua foi longamente debatida. Mas os cientistas modernos concordam, na sua maioria, que a nossa lua se formou como resultado de um impacto gigante entre a Terra e outro planeta rochoso mais pequeno, Theia. Agora parece que esta colisão deixou para trás provas, sob a forma de duas manchas no interior da Terra.
É inevitável abordar a situação política nacional. De uma maioria absoluta, cuja principal prioridade anunciada foi a estabilidade, no espaço de menos de uma semana o país recebeu a demissão de um Primeiro-Ministro, uma dissolução do Parlamento e a convocação de eleições para Março de 2024.
Várias são as teses do “como aqui chegámos e de como daqui vamos sair”, contudo não posso deixar de sublinhar alguns aspectos dos acontecimentos que assolaram a nação nos últimos dias. Assim, a primeira referência terá necessariamente de ir para António Costa.
Trata-se do político nacional com maior longevidade em funções. Dessa forma, e entre os cargos que desempenhou, foi o político que mais tempo teve a confiança dos portugueses. Honra lhe seja feita porque sempre afirmou ser um institucionalista, ou seja, defender a instituição acima de si próprio.
Costa nunca deixou de ser ou parecer sério. No primeiro dia em que essa seriedade foi colocada em causa, a sua opção imediata foi agir em conformidade com o que sempre defendeu.
Portugal despede-se de um Primeiro-Ministro que liderou o país em vários momentos difíceis e que o credibilizou junto dos seus parceiros europeus. Fê-lo em muitos momentos, mas especialmente através da sua participação no Conselho da Europa e junto dos restantes países da lusofonia.
Perante este contexto preocupante, a oposição não demorou a fantasiar e a criar narrativas que tentam encontrar histórias tendenciosas e convenientes. Costa demitiu-se por imperativo de consciência e alinhamento total com aquilo que sempre acreditou e apregoou, mesmo que debaixo de um contexto rodeado de grande insipiência.
Tanto o Presidente da República como o Primeiro-Ministro agem em função do que sabem. E se é verdade que a Sr.ª Procuradora Geral da República esteve no Palácio de Belém, não é menos verdadeiro que perante a gravidade da situação a justiça necessite de fundamentar em público a hecatombe que criou.
A questão que urge fazer é a seguinte: perante a queda de um governo, e de um parlamento democraticamente eleito, não merecerá o país mais do que um parágrafo numa nota à comunicação social, e uma adenda dias depois?
Como advogado sou defensor do princípio da separação de poderes; como democrata seguro com firmeza a convicção da presunção da inocência, do ónus da prova e da independência do poder judicial. Deste modo, não se trata de defender o governo mas sim legitimar a actuação do Ministério Público perante os portugueses.
O segredo de justiça é importantíssimo, assim como a imparcialidade enquanto “manto” da soberania e sobriedade, mas quanto mais dúvidas permanecerem, mais haverá a perder em toda a linha.
E ainda que a justiça não deva actuar de forma diferente em função dos visados, há uma certeza: um parágrafo não é suficiente para justificar tamanha catástrofe governamental.
Sob o brilho do Sol, um número desconhecido de asteróides próximos da Terra movem-se em órbitas invisíveis. Uma nova geração de telescópios infravermelhos poderia ser a nossa melhor defesa contra potenciais desastres.
Qualquer asteróide com mais de 50 m de diâmetro é capaz de romper a atmosfera da Terra e atingir o solo. O brilho do sol pode estar nos cegando para milhares deles. (Crédito da imagem: Nicholas Forder)
Na manhã de 15 de Fevereiro de 2013, um meteoro do tamanho de um semi-reboque disparou na direcção do sol nascente e explodiu em uma bola de fogo sobre a cidade de Chelyabinsk, na Rússia.
Brilhando brevemente mais que o próprio Sol, o meteoro explodiu com 30 vezes mais energia do que a bomba que destruiu Hiroshima, explodindo a cerca de 22 quilómetros acima do solo.
A explosão quebrou janelas de mais de 7.000 edifícios , cegou temporariamente pedestres, causou queimaduras ultravioleta instantâneas e feriu mais de 1.600 pessoas . Felizmente, nenhuma morte conhecida resultou.
O meteoro de Chelyabinsk é considerado o maior objecto espacial natural a entrar na atmosfera da Terra em mais de 100 anos. No entanto, nenhum observatório na Terra previu isso. Chegando da direcção do sol, a rocha permaneceu escondida no nosso maior ponto cego, até que fosse tarde demais.
Eventos como estes são, felizmente, incomuns. Rochas do tamanho do meteoro de Chelyabinsk – cerca de 20 metros de largura – rompem a atmosfera da Terra uma vez a cada 50 a 100 anos, de acordo com uma estimativa da Agência Espacial Europeia ( ESA ) .
Asteróides maiores atacam com ainda menos frequência. Até à data, os astrónomos mapearam as órbitas de mais de 33.000 asteróides próximos da Terra e descobriram que nenhum representa um risco de atingir o nosso planeta pelo menos durante o próximo século.
Mas não se pode calcular o risco de um asteróide que não se pode ver – e há milhares deles, incluindo alguns suficientemente grandes para destruir cidades e potencialmente desencadear eventos de extinção em massa, movendo-se em trajectórias desconhecidas em torno da nossa estrela, disseram especialistas.
Ciência Viva. É uma dura realidade que deixa os astrónomos preocupados com as possíveis consequências e motivados para encontrar o maior número no nosso sistema solar possível de asteróides escondidos .
Assim que soubermos da sua existência, os asteróides mortais podem ser monitorizados e desviados, se necessário, ou, se tudo o resto falhar, as populações podem ser avisadas para se deslocarem para evitar vítimas em massa.
“O objecto mais problemático é aquele que você não conhece”, disse Amy Mainzer , professora de ciências planetárias da Universidade do Arizona e investigadora principal de duas missões de caça a asteróides da NASA, ao WordsSideKick.com. “Se pudermos saber o que está por aí, poderemos ter uma estimativa muito melhor do verdadeiro risco.”
Assassinos do sol
Uma animação que descreve as posições de milhares de objectos próximos da Terra (NEOs) em Janeiro de 2018. Hoje, a NASA conhece mais de 33.000 NEOs, embora a região ao redor do Sol continue a ser um grande ponto cego. (Crédito da imagem: NASA/JPL-Caltech)
A qualquer momento, o sol esconde incontáveis asteróides. Isso inclui um elenco de asteróides Apollo em constante rotação – objectos próximos à Terra que passam a maior parte do tempo muito além da órbita da Terra, mas ocasionalmente cruzam o caminho do nosso planeta para se aproximar do Sol – bem como a misteriosa classe de asteróides chamada Atens. , que orbitam quase inteiramente no interior da Terra, sempre no lado diurno do planeta.
“Os asteróides Aten são os mais perigosos, porque cruzam a órbita da Terra por pouco no seu ponto mais distante”, disse Scott Sheppard , cientista da Carnegie Institution for Science, ao WordsSideKick.com. “Você nunca veria um chegando, até certo ponto, porque eles nunca estão na escuridão do céu nocturno.”
Tal como acontece com todos os asteróides, a maioria destas rochas espaciais escondidas são provavelmente pequenas o suficiente para queimarem completamente na atmosfera da Terra ao entrarem em contacto.
Mas estima-se que também existam muitos asteróides não descobertos medindo mais de 140 m de diâmetro – grandes o suficiente para sobreviver ao mergulho na atmosfera e causar danos locais catastróficos no momento do impacto, disse Mainzer. Asteróides com esse potencial destrutivo são às vezes apelidados de “assassinos de cidades”.
“Achamos que encontramos cerca de 40% desses asteróides na vizinhança de 140 metros”, disse Mainzer. De acordo com estimativas da NASA , restam cerca de 14.000 para serem encontrados.
Quão comuns são os impactos de asteróides? Depende do tamanho. (Crédito da imagem: John Strike)
Também pode haver objectos muito, muito maiores, aguardando-nos sob o brilho do sol. Embora excepcionalmente raros, um punhado de asteróides “assassinos de planetas” – que medem mais de 1 km de diâmetro e são capazes de levantar poeira suficiente para desencadear um evento de extinção global – podem estar escondidos sob o brilho do Sol, disse Sheppard.
Os pesquisadores estavam procurando asteróides perto de Vénus, aproveitando o tempo de vários grandes telescópios para varrer o horizonte por cinco a 10 minutos todas as noites no crepúsculo, quando descobriram 2022 AP7 – um gigante de 1,5 km de largura com um peculiar período de cinco anos. órbita que torna a rocha espacial gigante quase permanentemente invisível aos telescópios.
“Quando está no céu nocturno, está no ponto mais distante do sol e é muito fraco”, disse Sheppard. “O único momento em que é um pouco brilhante é quando está no interior da Terra, perto do sol.”
Actualmente, o 2022 AP7 cruza a órbita da Terra apenas quando o nosso planeta e o asteroide estão em lados opostos do Sol, tornando-o inofensivo. No entanto, essa lacuna diminuirá lentamente ao longo de milhares de anos, aproximando cada vez mais os dois objectos de uma colisão potencialmente catastrófica. E provavelmente não é o único.
“Através de nossa pesquisa até o momento, descobrimos que há definitivamente mais asteróides Aten com quilómetros de tamanho para serem encontrados”, acrescentou Sheppard.
Um quebra-cabeça ofuscante
Uma ilustração de um grande asteróide próximo à Terra capturado pelo brilho do sol. (Crédito da imagem: DOE/FNAL/DECam/CTIO/NOIRLab/NSF/AURA/J. da Silva/Spaceengine)
O levantamento de asteróides próximos ao Sol representa um desafio único para os astrónomos. A maioria dos telescópios espaciais olham para o lado nocturno do planeta, para evitar o brilho solar e os danos causados pela radiação. Enquanto isso, os telescópios terrestres enfrentam restrições ainda maiores.
“Não só o brilho do sol é um problema, mas o momento também é um grande problema”, disse Sheppard. “O sol tem que se pôr em uma determinada posição abaixo do horizonte antes mesmo de deixarem você abrir o telescópio, e o céu tem que estar escuro o suficiente para que você possa tirar imagens e não saturar.”
Assim que o Sol atinge esta posição fugaz, os telescópios terrestres têm menos de 30 minutos para examinar a área perto da borda do Sol antes que este mergulhe abaixo do horizonte e desapareça completamente de vista, acrescentou Sheppard.
Durante este breve período, os telescópios terrestres têm o desafio adicional de observar directamente através da atmosfera da Terra, que parece mais espessa perto do horizonte e faz com que a luz de objectos distantes pisque e se difunda.
Os gases na atmosfera também absorvem muitos comprimentos de onda de luz infravermelha – a radiação térmica que os astrónomos utilizam para detectar alguns dos objectos mais ténues e mais frios do Universo .
Não é um cenário ideal para detectar pedaços de entulho pequenos, escuros e em movimento rápido.
“É por isso que você precisa ir para o espaço”, disse Luca Conversi , gerente do Centro de Coordenação de Objectos Próximos à Terra (NEO) da ESA, ao WordsSideKick.com.
Salvação no espaço
Um diagrama que mostra a nave espacial NEOMIR proposta pela ESA em órbita entre a Terra e o Sol. O NEOMIR, juntamente com o NEO Surveyor da NASA, irá procurar asteróides obscurecidos pelo brilho do Sol que os telescópios terrestres não conseguem ver. (Crédito da imagem: ESA)
Orbitando centenas de quilómetros acima da Terra e muito além, os telescópios espaciais estão livres dos efeitos de distorção da atmosfera do planeta. Isto abre uma ferramenta poderosa nos seus arsenais: imagens infravermelhas , ou a capacidade de detectar o calor proveniente de objectos espaciais, em vez de apenas a luz solar reflectida que torna os objectos detectáveis por telescópios de luz visível.
“Apenas uma pequena porção da superfície de um asteroide é iluminada pelo Sol, mesmo no espaço”, disse Conversi. “Então, em vez de olhar para a luz solar reflectida na superfície, [os telescópios infravermelhos] olham para a emissão térmica do próprio asteróide, para que possamos encontrá-lo.”
Isto significa que mesmo os asteróides que são visualmente escuros, como o recentemente visitado asteróide Bennu , brilham “como carvões incandescentes” quando vistos no infravermelho, disse Mainzer.
Actualmente, há apenas um telescópio espacial infravermelho que está procurando activamente por asteróides próximos à Terra – o Near-Earth Object Wide-field Infrared Survey Explorer, ou NEOWISE. Lançado em 2009 simplesmente como WISE, o telescópio foi projectado para detectar objectos distantes da Terra.
Mas em 2013, após o incidente de Chelyabinsk, o WISE foi despertado de uma hibernação de dois anos como NEOWISE, com um novo software e uma nova missão para detectar asteróides próximos da Terra potencialmente problemáticos.
Mas o NEOWISE nunca foi capaz de olhar em direcção ao sol – e espera-se que sua missão termine definitivamente em Julho de 2024, disse Mainzer. Isso deixará a detecção de novos asteróides apenas nas mãos de pesquisas terrestres até que a próxima geração de telescópios espaciais possa ser lançada no final desta década.
“Vá olhar para cima.”
Arte conceitual da espaço-nave NEO Surveyor planeada da NASA, que poderá ser lançada já em 2027. (Crédito da imagem: NASA/JPL-Caltech/Universidade do Arizona)
Duas naves espaciais planeadas devem ajudar a desmistificar significativamente os perigos da zona cega solar: o NEO Surveyor da NASA , actualmente planeado para ser lançado em 2027, e o NEOMIR da ESA , que ainda está em sua fase inicial de planeamento e será lançado não antes de 2030, disse Conversi.
Ambas as naves espaciais serão equipadas com detectores infravermelhos e altas cortinas solares que lhes permitirão procurar asteróides muito próximos do brilho do Sol, e ambas orbitarão no primeiro ponto de Lagrange (L1) entre a Terra e o Sol, onde a atracção gravitacional de os dois objectos estão equilibrados.
O NEO Surveyor completará uma varredura completa do céu a cada duas semanas, dividindo seu foco igualmente entre os lados do sol ao amanhecer e ao anoitecer, disse Mainzer, o investigador principal do NEOWISE e do NEO Surveyor. Espera-se que o telescópio descubra principalmente objectos próximos à Terra variando de 50 a 100 m (164 a 328 pés) de largura.
Enquanto isso, o NEOMIR complementaria o NEO Surveyor, examinando uma área em forma de anel ao redor do Sol a cada seis horas ou mais, disse Conversi. Entre as duas naves espaciais, mesmo asteróides tão pequenos como o meteoro de Chelyabinsk deverão ser avistados algures nas suas órbitas muito antes do impacto, disseram os investigadores.
“De acordo com as nossas previsões, o NEOMIR teria visto o meteoro de Chelyabinsk cerca de uma semana antes do impacto”, disse Conversi. “Tempo mais que suficiente para alertar a população e tomar algumas medidas”.
No caso de um pequeno meteoro do tamanho de Chelyabinsk que explode antes de atingir o solo, essas medidas poderiam incluir alertar as pessoas na zona de impacto para se abrigarem e ficarem longe das janelas.
Espera-se que objectos maiores sejam detectados muito antes da data do impacto, permitindo que as pessoas evacuem a área, se necessário. Os “assassinos de planetas” requerem anos de planeamento para serem desviados com segurança , mas também são os mais fáceis de detectar com bastante antecedência.
Mas com o NEO Surveyor e o NEOMIR a anos de distância de ver a luz do dia, os astrónomos continuarão a confiar nos melhores métodos terrestres disponíveis para analisar os mistérios do Sol.
Mesmo com estas naves espaciais operacionais, uma pequena percentagem de asteróides próximos do Sol provavelmente permanecerá indetectável, disse Conversi. Felizmente, os riscos de um impacto mortal permanecem baixos e esperamos que só diminuam à medida que os astrónomos recolham mais e melhores informações.
“Vá olhar para cima”, disse Mainzer. “Faça uma pesquisa melhor e você poderá reduzir bastante a incerteza.”
Quero hoje recordar alguns versos do triste e sentido poema Balada da Neve de Augusto Gil, escrito na primeira década do século XX mas que, mais de um século volvido, continua actual.
Mas as crianças, Senhor,
Porque lhes dais tanta dor?!
Porque padecem assim?!
Hoje as crianças padecem e morrem em Gaza sob uma chuva ininterrupta de bombas lançadas por Israel. Muitas destas crianças morrem atingidas pelo fósforo branco usado em algumas bombas, uma substância que queima perfurando, corroendo a carne e os órgãos, causando um sofrimento atroz.
Peter Singer, o grande filósofo australiano, professor na Universidade de Princeton nos Estados Unidos, especializado em Ética defende, com razão, que se virmos uma criança a morrer afogada numa fonte e não entrarmos na água para a resgatar com medo de estragar os sapatos ou molhar as calças cometemos um ato desumano e maldoso. Na verdade, segue o argumento, cometemos um crime porque é nossa obrigação moral salvar a criança mesmo que para isso tenhamos que sacrificar o nosso bem-estar.
Sabemos por várias organizações internacionais, incluindo as Nações Unidas pela voz do seu secretário-geral António Guterres, e por múltiplas Organizações Não-governamentais (ONG), incluindo a insuspeita ONG inglesa Save the Children, que mais de 3.000 crianças foram mortas em Gaza nas primeiras três semanas da invasão israelita, um número superior a todas as crianças mortas em todos os conflitos do mundo desde 2019. Se isto não é um genocídio, o que é um genocídio?
Sabemos, pois, que milhares de crianças estão a ser mortas por uma potência militar de primeira grandeza, possuidora de armas nucleares, mas susceptível de ser forçada pelos seus aliados, nomeadamente os seus aliados da NATO e pelos Estados Unidos, a parar a mortandade de crianças e a aceitar um cessar-fogo.
De acordo com o argumento ético de Peter Singer não o fazer é um crime. É tornarmo-nos cúmplices destas mortes de crianças inocentes, desta matança descontrolada dos seres mais frágeis, mais desprotegidos, dos que mais devemos amar e cuidar.
É preciso agir. Exigir um cessar-fogo. Parar a matança dos inocentes que só tem paralelo no mito, relatado na Bíblia sagrada, do Rei que para matar Jesus Cristo acabado de vir ao mundo com o que seria uma mensagem de esperança, mensagem abraçada mais tarde por grande parte da Humanidade, mandou matar todos os recém-nascidos do seu reino.
É preciso agir mesmo estragando os sapatos ou molhando as calças. Mesmo que isso nos custe a amizade de Israel, mesmo que isso nos cause algum desconforto.
Como o fez António Guterres. Portugal tem de levantar a voz, tem de pressionar Israel. É preciso deixar bem claro que o direito de defesa não inclui o direito de praticar uma matança de crianças nem de bombardear populações civis de forma massiva, logo descontrolada.
É preciso um cessar-fogo imediato.
Termino com os versos finais do poema inicial.
E uma infinita tristeza,
uma funda turbação
entra em mim, fica em mim presa.
Cai neve na Natureza
– e cai no meu coração.
DN
Jorge Fonseca de Almeida
13 Novembro 2023 — 11:05
Ex-Combatente da Guerra do Ultramar, Web-designer,
Investigator, Astronomer and Digital Content Creator
– PORRA, PÁ!!! Em que país é que vivemos? Quem pode acreditar nestes políticos que um dia dizem uma coisa e logo a seguir desmentem? Mas isto é comum a TODOS os políticos dos partidos com assento no Parlamento, não escapando NENHUM! Parece ser vírus pandémico que infectou toda esta gajada!
🇵🇹 PORTUGAL // DESMENTIDO // CENTENO
Mário Centeno emitiu esta segunda-feira um comunicado no site do Banco de Portugal a contradizer as declarações que fez ao jornal Financial Times.
Mário Centeno reconheceu esta segunda-feira que não foi convidado por Marcelo Rebelo de Sousa para suceder a António Costa como primeiro-ministro.
O Governador do Banco de Portugal escreveu, no site da entidade que lidera, que foi Costa que o convidou a “reflectir sobre as condições” que lhe poderiam permitir assumir a liderança do Governo e que esse convite “resultou das conversas que o Senhor Primeiro Ministro teve com o Senhor Presidente da República”.
“Num exercício de cidadania, aceitei reflectir”, afirmou Centeno.
“Não foi possível dirimir neste curto espaço de tempo todas as condições de exercício do que me era solicitado. Desta forma, nunca houve uma aceitação do cargo, mas apenas uma concordância em continuar a reflexão e finalizá-la em função da decisão que o Senhor Presidente da República tomaria”, acrescentou.
No último paragrafo do comunicado, Mário Centeno vinca: “Em resultado desta opção, é inequívoco que o Senhor Presidente da República não me convidou para chefiar o Governo.”
Em declarações ao jornal Financial Times, no domingo, o governador do Banco de Portugal afirmou que teve “um convite do Presidente e do primeiro-ministro para reflectir e considerar a possibilidade de liderar o Governo” e que estava “muito longe de tomar uma decisão”.
Por sua vez, o primeiro-ministro, António Costa, que pediu a demissão do cargo na terça-feira, assumiu na quinta-feira a defesa de um novo Governo liderado por Mário Centeno, para evitar eleições legislativas antecipadas, e lamentou que o Presidente da República tenha optado por dissolver o parlamento.
Em comunicação ao país, na quinta-feira, o Presidente da República anunciou a dissolução do parlamento e a convocação de eleições legislativas antecipadas em 10 de Março de 2024, marcadas pelo Presidente da República, na sequência da demissão do primeiro-ministro, na terça-feira.
Segundo o Ministério Público, António Costa é alvo de uma investigação remetida para o Supremo Tribunal de Justiça após suspeitos num processo relacionado com negócios sobre o lítio, o hidrogénio verde e um centro de dados em Sines terem invocado o seu nome como tendo intervindo para desbloquear procedimentos.
Ao demitir-se, o primeiro-ministro recusou a prática “de qualquer ato ilícito ou censurável”.
De acordo com o Ministério Público, no processo sobre negócios do lítio, do hidrogénio verde e do centro de dados em Sines podem estar em causa os crimes de prevaricação, corrupção activa e passiva de titular de cargo político e tráfico de influência.
Eis o comunicado na íntegra:
“Na sequência dos eventos desencadeados com a demissão do Senhor Primeiro Ministro, no dia 7 de Novembro, este convidou-me a reflectir sobre as condições que poderiam permitir que assumisse o cargo de Primeiro Ministro.
O convite para essa reflexão resultou das conversas que o Senhor Primeiro Ministro teve com o Senhor Presidente da República.
Num exercício de cidadania, aceitei reflectir.
Não foi possível dirimir neste curto espaço de tempo todas as condições de exercício do que me era solicitado. Desta forma, nunca houve uma aceitação do cargo, mas apenas uma concordância em continuar a reflexão e finalizá-la em função da decisão que o Senhor Presidente da República tomaria.
O Senhor Presidente da República, depois da realização do Conselho de Estado, no dia 9 de Novembro, optou pela dissolução da Assembleia da República.
Em resultado desta opção, é inequívoco que o Senhor Presidente da República não me convidou para chefiar o Governo.”
– Se a estupidez pagasse imposto, esta gaja – a cientista – estaria toda carimbada…
🇵🇹 OPINIÃO
Meio milénio depois da sua morte, o português Fernão de Magalhães é descrito como “um violento colonialista” pela astrónoma Mia de los Reyes, do Amherst College no Massachusetts, que defende que as duas galáxias-satélites anãs da nossa Via Láctea baptizadas em nome do navegador passem a ter outro nome.
Foi o jornal britânico The Guardian quem ontem deu a notícia, mas a ofensiva da professora Reyes contra Magalhães (ou Magellan, ou Magallanes, como também é conhecido mundo fora) surgiu antes num artigo na publicação especializada APS Physics, no qual é feito um apelo à União Astronómica Internacional – a entidade que nomeia os corpos celestes – para renomear as Nuvens de Magalhães (a Grande e a Pequena).
E a cientista salienta falar em nome de muitos astrónomos que “acreditam que nem os objectos, nem as instalações astronómicas devem ser nomeadas em honra de Magalhães, nem de qualquer outro com um legado colonialista violento”. No debate entra também a questão dos nomes que os povos do Hemisfério Sul davam aos corpos celestes antes da chegada dos europeus.
O próprio The Guardian lança questões pertinentes sobre a lógica por trás da proposta da astrónoma: o telescópio gigante baseado no Chile (e o outro a caminho) que se chama Magellan tem de ser renomeado? E como chamar ao Pacífico, baptizado pelo português quando ao serviço da coroa espanhola saiu da passagem que liga o Atlântico ao maior dos oceanos? E já agora, acrescenta o jornal, o Chile terá de dar outro nome ao célebre Estreito de Magalhães?
Magalhães, navegador que conheceu os mares do Oriente ao serviço de Portugal e depois, por zanga com D. Manuel I, ofereceu os serviços a Carlos V, foi morto nas Filipinas, quando se envolveu numa guerra local.
Foi o espanhol Juan Sebastian Elcano quem terminou a viagem, avançando para Ocidente pelo chamado “mar português” (assim definido pelo Tratado de Tordesilhas entre as coroas ibéricas) e completando em 1522 uma circum-navegação inédita, que não estava programada sequer pelo monarca espanhol.
O objectivo de Magalhães era atingir as ilhas das especiarias navegando por uma rota alternativa à do Cabo da Boa Esperança, ou seja por “mar espanhol”.
Entre 1519 e 1521, foi o seu conhecimento, a sua determinação e a sua liderança que permitiram à expedição navegar por mar desconhecido entre o Rio da Prata e as Filipinas, ou seja metade da circunferência da Terra.
“É graças a Magalhães que conhecemos a Terra tal como ela é”, afirmou-me em tempos, numa entrevista, o historiador José Manuel Garcia, autor da biografia Fernão de Magalhães – Herói, Traidor ou Mito: a história do primeiro homem a abraçar o mundo.
O americano Laurence Bergreen, autor do sucesso de vendas global intitulado Over the Edge of the World: Magellan”s Terrifying Circumnavigation of the Globe (publicado em Portugal como Fernão de Magalhães – Para Além do Fim do Mundo), falou-me talvez ainda com mais entusiasmo sobre o navegador do século XVI, pelo menos com uma admiração que certamente não pode ser vista como nacionalista.
Numa conversa em Nova Iorque, Bergreen surpreendeu-me quando contou que foi durante uma investigação para um livro sobre a história da NASA que começou a pensar em escrever sobre Magalhães.
A razão: cada vez que começava a falar com um cientista da agência espacial americana vinha à baila o nome do navegador português como inspirador, pelo seu espírito de aventura, mas igualmente pelo conhecimento científico em que baseou o planeamento de toda a expedição.
Há aqui, pois, um grande mistério para mim: grandes cientistas como James Garvin, da NASA, são capazes de olhar para Magalhães como um homem da sua época e dizer isto: “Magalhães era o que, na minha área, chamaríamos um grande engenheiro de missão aeroespacial. Ele encontrou uma forma de ir a sítios difíceis.
Hoje temos esses homens e mulheres a liderar as nossas missões a Marte, de volta à Lua, para construir excelentes telescópios, estudar a Terra e o Sol. Portanto, penso que os mesmos elementos de base estão lá”. Já a astrónoma Reyes vê apenas um “colonialista violento”.
Director interino do Diário de Notícias
DN
Leonídio Paulo Ferreira
13 Novembro 2023 — 00:15
Ex-Combatente da Guerra do Ultramar, Web-designer,
Investigator, Astronomer and Digital Content Creator
O Presidente da República negou, esta segunda-feira, que tenha convidado quem quer que seja para chefiar o Governo, incluindo o governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, ou autorizado qualquer contacto para este efeito.
Numa nota publicada hoje de madrugada no sítio oficial da Presidência da República na Internet, Marcelo Rebelo de Sousa “desmente que tenha convidado quem quer que seja, nomeadamente o governador do Banco de Portugal, para chefiar o Governo, antes de ter ouvido os partidos políticos com representação parlamentar e o Conselho de Estado, e neste ter tomado a decisão de dissolução da Assembleia da República”.
“Mais desmente que tenha autorizado quem quer que seja a contactar seja quem for para tal efeito, incluindo o governador do Banco de Portugal“, acrescentou o chefe de Estado, na mesma nota.
Em declarações ao jornal Financial Times, no domingo, o governador do Banco de Portugal afirmou que teve “um convite do Presidente e do primeiro-ministro para reflectir e considerar a possibilidade de liderar o Governo” e que estava “muito longe de tomar uma decisão”.
Por sua vez, o primeiro-ministro, António Costa, que pediu a demissão do cargo na terça-feira, assumiu na quinta-feira a defesa de um novo Governo liderado por Mário Centeno, para evitar eleições legislativas antecipadas, e lamentou que o Presidente da República tenha optado por dissolver o parlamento.
No sábado, questionado sobre as condições em que sondou o governador do Banco de Portugal sobre essa possibilidade, o primeiro-ministro respondeu: “Falei ao senhor Presidente da República e agi com conhecimento do senhor Presidente da República”.
“Quando apresentei a proposta conhecia que o professor Mário Centeno só daria uma resposta definitiva, naturalmente, depois de falar com o Presidente da República, depois de conhecer as condições de governabilidade que tinha, e depois, desde logo, de saber se a Comissão Política do PS também corresponderia à minha proposta”, prosseguiu.
O primeiro-ministro acrescentou que “o diálogo com o Presidente da República seria obviamente essencial” e que, como Marcelo Rebelo de Sousa “fez outra opção”, por eleições antecipadas, “essas conversas não prosseguiram e, portanto, nunca houve uma resposta definitiva, naturalmente, por parte do professor Mário Centeno”.
Em comunicação ao país, na quinta-feira, o Presidente da República anunciou a dissolução do parlamento e a convocação de eleições legislativas antecipadas em 10 de Março de 2024, marcadas pelo Presidente da República, na sequência da demissão do primeiro-ministro, na terça-feira.
Segundo o Ministério Público, António Costa é alvo de uma investigação remetida para o Supremo Tribunal de Justiça após suspeitos num processo relacionado com negócios sobre o lítio, o hidrogénio verde e um centro de dados em Sines terem invocado o seu nome como tendo intervindo para desbloquear procedimentos.
Ao demitir-se, o primeiro-ministro recusou a prática “de qualquer ato ilícito ou censurável”.
De acordo com o Ministério Público, no processo sobre negócios do lítio, do hidrogénio verde e do centro de dados em Sines podem estar em causa os crimes de prevaricação, corrupção activa e passiva de titular de cargo político e tráfico de influência.
A imagem mostra o rio Betsiboka, o maior de Madagáscar, e a sua icónica cor alaranjada.
NASA
Numa passagem pela órbita da Terra, um astronauta estacionado na Estação Espacial Internacional (ISS) fotografou uma imagem para lá de cativante: é o rio Betsiboka, cujas águas têm um tom vermelho-alaranjado, dando a aparência de ferrugem. Isso acontece porque os sedimentos do fluxo fluvial são ricos em ferro, tingindo a paisagem presente na ilha de Madagáscar.
A divulgação do registo foi feita no último dia 30, pela NASA. A agência americana informou que a ISS está, no momento, em órbita baixa, ficando a aproximadamente rio Betsiboka e levando 90 minutos, em média, para dar cada volta ao redor do planeta. Isso possibilitou a captura da foto do rio malgaxe, que também é muito importante para o ecossistema marinho local.
O rio Betsiboka e a natureza
Complementando as informações sobre a ISS, a NASA também comentou sobre o rio Betsiboka. Segundo a agência, os sedimentos ferrosos podem ser prejudiciais a estuários — local onde a água doce desagua no mar e se mistura com a água salgada —, já que pode acabar por represar córregos do delta. Noutras ocasiões, o mineral pode formar ilhas novas, que acabam colonizadas pelos manguezais.
E lá por ter uma cor de ferrugem, isso não quer dizer que o rio não tem biodiversidade. O seu estuário é fonte de alimentos, como angiospermas marinhas (também conhecidas como ervas marinhas), importantíssimas para a tartaruga-verde (Chelonia mydas), actualmente ameaçada de extinção, assim como para os dugongos (Dugong dugon), animal da família do peixe-boi que é cada vez mais raro.
Para completar, a artéria fluvial do Betsiboka torna-o o maior rio do país, abarcando 525 km, desde a capital (Antananarivo) até a baía de Bombetoka. A coloração incomum atrai turistas, mas, apesar da beleza, há um aspecto trágico: é possível que as acções humanas possam ser a causa do tom enferrujado de suas águas, já que a desflorestação causou grandes erosões, atirando sedimentos do solo — rico em ferro — no rio.
Grupo de cientistas quer que galáxias-satélite da Via Láctea percam o nome do navegador português por ter sido “um assassino que escravizou indígenas”.
Há anos que nome do navegador Fernão de Magalhães está escrito nas estrelas, mas isso pode vir a mudar. As duas galáxias satélites da Via Láctea (muito brilhantes), observáveis no hemisfério sul , que têm o nome do português – Grande e Pequena Nuvem de Magalhães – estão a ser alvo de contestação por um grupo de astrónomos que querem retirar o nome do português do céu.
Defendem que o navegador do século XVI foi um assassino e que escravizou e incendiou as casas dos povos indígenas durante a primeira expedição de circum-navegação do planeta. Insistem, por isso, que o seu nome não deveria estar associado às galáxias.
Citada pelo jornal britânico The Guardian, a astrónoma Mia de los Reyes, do Amherst College do Massachusetts, nos EUA, diz que “Magalhães cometeu actos horríveis. Ele e os seus homens queimaram aldeias e mataram habitantes onde hoje são as Guam e as Filipinas”.
Magalhães liderou a expedição espanhola em 1519 que conseguiu a primeira navegação europeia para a Ásia através do Pacífico, e morreu numa batalha, em 1521, com os povos indígenas nas actuais Filipinas.
Num artigo na revista APS Physics, Reyes apela à União Astronómica Internacional – órgão encarregado de nomear os corpos celestes – para renomear as Nuvens de Magalhães.
“Eu e muitos outros astrónomos acreditamos que objectos e instalações do espaço não deveriam ter o nome de Magalhães, ou de qualquer outra pessoa com um passado colonialista violento.”
De acordo com David Hogg, professor da Universidade de Nova Iorque, não é apenas pelas acções de Magalhães que se deveria retirar o seu nome das galáxias satélites, mas sim porque “não foram descobertas dele”, disse ao site space.com.
Os povos indígenas de todo o hemisfério sul tinham os seus próprios nomes para esses corpos celestes. Só no final do século XIX é que receberam o nome do explorador português.
“Quando defendemos os nomes de pessoas, como Fernão de Magalhães, cujas vidas e legados causaram danos activamente, alienamos as comunidades que foram prejudicadas”, acrescenta Mia de los Reyes ao mesmo jornal.