A detonação de um “engenho explosivo caseiro” durante a manhã provocou o descarrilamento de 19 carruagens, 15 das quais ficaram danificadas, na região de Ryazan.
As autoridades russas abriram uma investigação sobre um “ato terrorista” depois de uma explosão ter provocado hoje o descarrilamento de um comboio de mercadorias numa região a sudeste de Moscovo, anunciou a Comissão de Investigação.
A detonação de um “engenho explosivo caseiro” durante a manhã provocou o descarrilamento de 19 carruagens, 15 das quais ficaram danificadas, na região de Ryazan, acrescentou a entidade na rede social Telegram. A Comissão de Investigação declarou ter aberto um inquérito sobre “um ato terrorista” e a aquisição, transporte ou armazenamento de explosivos.
Em consequência do descarrilamento, um funcionário ficou ligeiramente ferido, anunciou a empresa ferroviária estatal russa, acrescentando que o descarrilamento se deveu à “intervenção de pessoas não autorizadas”.
Desde que Moscovo lançou a sua ofensiva contra a Ucrânia, em Fevereiro de 2022, têm surgido numerosos relatos de sabotagem nos caminhos-de-ferro russos. Moscovo acusou repetidamente Kiev de ser responsável, mas neste caso as autoridades russas não acusaram a Ucrânia de ser responsável pelo sucedido.
Maioritariamente composta por nuvens de dióxido de carbono, a atmosfera do “gémeo” da Terra também conta com oxigénio — um oxigénio diferente do nosso que nos permite entender as diferenças entre Vénus e Terra.
Venus, captado pela sonda Magellan da NASA
Astrónomos detectaram pela primeira vez directamente sinais claros da presença de oxigénio na luz do dia de Vénus, acima das nuvens tóxicas do planeta.
No lado diurno do planeta, o “gémeo” da Terra conta com oxigénio atómico, verificou agora um estudo liderado pelo físico Heinz-Wilhelm Hübers do Centro Aeroespacial Alemão (DLR) e publicado na Nature Communications.
O oxigénio atómico encontrado no planeta vizinho é diferente do oxigénio molecular que respiramos (O2). Por sua vez, o oxigénio de Vénus consiste em átomos individuais altamente reactivos e transitórios, lembra o Science Alert.
Um processo semelhante de produção de oxigénio ocorre em Vénus: enquanto na Terra é produzido em grandes altitudes através da foto-decomposição — onde fotões solares separam o oxigénio molecular —, em Vénus a luz solar “divide” o dióxido de carbono em oxigénio atómico e monóxido de carbono.
O estudo recorreu ao Observatório Estratosférico para Astronomia Infravermelha (SOFIA) para recolher dados na gama de comprimento de onda terahertz.
As observações abrangeram 17 localizações de Vénus diferentes e confirmaram a presença de oxigénio atómico, assinalando a sua concentração máxima a cerca de 100 quilómetros acima da superfície, numa região que fica entre os dois padrões atmosféricos principais.
A descoberta fornece novas perspectivas sobre a dinâmica da atmosfera e os padrões de circulação de Vénus, que apresenta um contraste acentuado com as suas condições extremas, tais como temperaturas médias de superfície em torno de 464 graus Celsius e nuvens espessas compostas principalmente de dióxido de carbono.
Entender por que Vénus evoluiu de forma tão diferente da Terra é ainda uma questão chave para os cientistas.
“Juntamente com medições de oxigénio atómico nas atmosferas da Terra e de Marte, estes dados podem ajudar a melhorar a nossa compreensão de como e por que as atmosferas de Vénus e da Terra são tão diferentes”, escrevem os investigadores.
A descoberta de oxigénio atómico não é apenas uma conquista no estudo de Vénus, mas também proporciona um novo método para examinar a zona de transição da atmosfera do planeta.
“Observações futuras, especialmente perto dos pontos anti-solar e sub-solar mas também em todos os ângulos de zénite solar, fornecerão uma imagem mais detalhada desta região peculiar e apoiarão futuras missões espaciais a Vénus,” escrevem os investigadores.
Conhecidas as contas dos cinco grandes bancos portugueses verifica-se uma escalada nos lucros, muito alavancada na subida dos juros dos empréstimos a famílias e empresas. Incertezas no curto prazo já levaram FMI e Banco de Portugal a pedir cautela na distribuição de dividendos.
Com a apresentação ontem dos resultados da Caixa Geral de Depósitos (CGD), confirmou-se que os cinco grandes bancos a operar em Portugal registaram lucros extraordinários nos nove primeiros meses do ano.
A escalada das taxas de juro garantiu resultados líquidos agregados de 3288,6 milhões de euros até Setembro, um crescimento homólogo (face a 2022) de 74,5%. Foram 12 milhões de euros de ganhos por dia.
O banco público, o último dos grandes a divulgar as contas da atividade nos três trimestres já decorridos de 2023, foi a entidade que mais lucrou neste período, contabilizando resultados líquidos de 987 milhões de euros, um aumento homólogo de 42,6%. Logo a seguir, posicionou-se o BCP, que apresentou lucros de 650,7 milhões (mais 624%).
Ao pódio, subiu também o Novobanco, cuja actividade originou um ganho de 638,5 milhões. O Santander não ficou longe das entidades bancárias mais lucrativas, com 621,7 milhões. Já o BPI somou 390,4 milhões.
Estes resultados eram já expectáveis e somam-se a um ano de 2022 em que os bancos em Portugal tiveram o melhor exercício desde a crise de 2007. A principal razão deve-se à subida das taxas de juro.
Como sentem há largos meses as famílias e as empresas, o custo do crédito pago à banca sofreu fortes aumentos e os bancos estão a beneficiar da política do Banco Central Europeu. Em simultâneo, não estão a onerar os depósitos na mesma dimensão.
Isso mesmo se comprova com os dados da margem financeira.
Os cinco grandes bancos que já apresentaram os resultados dos nove primeiros meses deste ano, registaram 6761,1 milhões de euros de margem financeira, ou seja, a margem dos juros teve um aumento homólogo de 78%. A CGD, que só ontem apresentou as suas contas, viu este indicador financeiro escalar 127%, para 2096 milhões.
Só o BCP apresentou melhor performance, com 2117,5 milhões registados de margem. Os outros bancos ficaram bastante aquém. No total dos cinco bancos, a carteira de crédito manteve-se relativamente estável na casa dos 210 mil milhões de euros.
Depois de sete anos negros, marcados por fortes prejuízos, com a inversão da tendência a ocorrer só em 2018, a banca nacional é já alvo de recados. A incerteza internacional vai exigir cautelas.
Esta é pelo menos a análise do Fundo Monetário Internacional que, esta semana, recomendou aos bancos portugueses (e não só) a criação de uma almofada para as dificuldades que se perspectivam de crédito malparado e falências.
Em Bruxelas, o director do FMI para a Europa recomendou à banca o aumento de fundos próprios e de reservas de capital, ao invés de distribuir pelos accionistas todo o lucro obtido neste período de elevadas taxas de juro.
O governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, concorda com esta tese. Quinta-feira aconselhou a banca a preparar-se para uma nova crise. “O ciclo pode mudar, vai mudar, não sabemos quando, mas temos de estar preparados”, disse.
Já ontem, aquando da apresentação das contas, o presidente da CGD, Paulo Macedo, respondeu a Centeno, frisando que o banco público está bem capitalizado. Como afirmou aos jornalistas, “relativamente a “buffers” [almofadas financeiras para prevenir eventuais perdas], o Banco de Portugal está bastante tranquilo connosco”.
Fruto da conjuntura, a carteira de depósitos destes cinco bancos emagreceu. No final de Setembro deste ano, somavam cerca de 247 mil milhões de euros em depósitos, uma quebra de 3,5% face ao mesmo período de 2022.
Para esta fuga terão contribuído as amortizações que as famílias portuguesas realizaram nos seus créditos para combater a escalada dos juros, mas também a atractividade dos certificados de aforro enquanto instrumento de poupança. A remuneração desses títulos acabou por ser reduzida de 3,5% para 2,5% em Junho, e, em simultâneo, os bancos começaram a subir a taxa de juro dos depósitos.
No final de Setembro, estes cinco bancos empregavam 25 859 pessoas e detinham 1857 balcões, o que significa uma redução de 307 colaboradores e o encerramento de 43 espaços.
Com os elevados lucros que deverão registar no fim deste exercício, os bancos preparam-se para remunerar os accionistas em 2024. Paulo Macedo admite pagar ao Estado 461 milhões de euros em dividendos referentes aos resultados deste ano.
Dada a liquidez que está a registar, o banco público não afasta a possibilidade de realizar investimentos. No entanto, Paulo Macedo aproveitou ontem para esclarecer que a CGD não está interessada em adquirir o Novobanco.
“Respondemos como todos os bancos, não estamos. Estamos focados em crescer, em melhorar a qualidade de serviço”, disse. Para o gestor, “quando há capital a mais ou se devolve ao Estado ou se investe”. A CGD deverá investir, mas “os investimentos da Caixa têm implicações distintas dos de outros bancos”.
DN // Sónia Santos Pereira, Dinheiro Vivo
11 Novembro 2023 — 12:14
Ex-Combatente da Guerra do Ultramar, Web-designer,
Investigator, Astronomer and Digital Content Creator
– “… “O PS, como referencial de estabilidade no país, competia-lhe apresentar uma solução alternativa que permitisse poupar ao país meses de paralisação até às eleições, passando pela indicação de uma personalidade de forte experiência governativa, respeitado a admirado pelos portugueses, com forte prestígio internacional: O professor Mário Centeno”, especificou, na quinta-feira, depois de Marcelo Rebelo de Sousa anunciar a dissolução do parlamento e a realização de eleições a 10 de Março“.
Não sendo, nem de perto, nem de longe, apoiante ou simpatizante de António Costa e/ou do PS (sou ateu religioso e partidário), penso que este circo que instituiu a dissolução do Parlamento e a realização de eleições antecipadas, não tem qualquer tipo de cabimento em democracia. Porque quem votou PS, o boletim de voto não tinha a foto de António Costa mas o símbolo político do PS! Logo, apenas caberia a Marcelo Rebelo de Sousa solicitar a António Costa que lhe apresentasse um sucessor para continuar a governar maioritariamente o país. Isso não aconteceu porque desde que o PS ganhou a maioria parlamentar, as forças reaccionárias da pseudo esquerda burguesa e extrema direita, têm como único objectivo, criar situações de conflito para que o que agora está em curso, acontecesse. A Democracia está ferida de morte! Agora, é o Centeno que está sob a mira dos reaccionários? Há que eliminar tudo o que é PS?
🇵🇹 BANCO DE PORTUGAL // COMISSÃO DE ÉTICA // MÁRIO CENTENO
António Costa revelou que indicou o governador do Banco de Portugal para o suceder no cargo de primeiro-ministro. Uma opção que mereceu críticas e suscitou dúvidas relativamente à independência de Mário Centeno.
A comissão de ética do Banco de Portugal deverá reunir na próxima segunda-feira para avaliar a conduta do governador Mário Centeno, avança este sábado o Eco.
Fonte do organismo liderado por Rui Vilar adiantou à publicação que esta comissão já está a recolher informação pública para avaliar o caso, tendo a reunião sido propositadamente agendada para o início da semana com o objectivo de avaliar a condição de Centeno depois de António Costa ter revelado que indicou o nome do governado do Banco de Portugal para lhe suceder como primeiro-ministro.
“O PS, como referencial de estabilidade no país, competia-lhe apresentar uma solução alternativa que permitisse poupar ao país meses de paralisação até às eleições, passando pela indicação de uma personalidade de forte experiência governativa, respeitado a admirado pelos portugueses, com forte prestígio internacional: O professor Mário Centeno”, especificou, na quinta-feira, depois de Marcelo Rebelo de Sousa anunciar a dissolução do parlamento e a realização de eleições a 10 de Março.
Contactada pelo Dinheiro Vivo, fonte oficial do Banco de Portugal apenas confirmou que “compete à Comissão de Ética pronunciar-se sobre esta matéria”.
A revelação de António Costa mereceu críticas e suscitou dúvidas relativamente à independência de Mário Centeno no cargo de governador do Banco de Portugal.
“Isto é apenas mais uma demonstração, mas bastante mais grave, da falta de independência que o governador do Banco de Portugal tem”, acusou o líder parlamentar do PSD, Joaquim Miranda Sarmento, desafiando Mário Centeno a dizer se deu a sua anuência para que o primeiro-ministro propusesse o seu nome ao Presidente da República para lhe suceder na liderança de um novo executivo.
O líder parlamentar da IL, Rodrigo Saraiva, também foi crítico da solução apontada por António Costa ao Presidente da República, considerando que o futuro político de Portugal não poderia passar por “uma solução de secretaria”.
“Era o que mais faltava ter uma solução à italiana”, afirmou, acusando o PS de se “achar dono disto tudo”.
A deputada do PAN, Inês de Sousa Real, deixou também críticas à indicação do indicação do nome de Mário Centeno, frisando que o partido foi sempre contra as chamadas “portas giratórias”.
O presidente do Chega também acusou o governador do Banco de Portugal de falta de independência para liderar a instituição.
“Um erro absoluto”, afirmou, acrescentando que “mostra que na verdade Mário Centeno nunca foi um técnico independente, foi sempre alguém ligado à máquina socialista”.
Já pelo PS, o líder parlamentar, Eurico Brilhante Dias, defendeu que “qualquer português responsável” deve aceitar o desafio de ajudar o país.
“Se a Mário Centeno fosse pedida a liderança de um governo, a minha expectativa é que ele responsavelmente aceitasse. Dizer que, perante a circunstância que o país vive, não aceitaria o que é um trabalho em favor de todos, não me parece responsável”, considerou.
– Em tempo de greves na saúde, paralisações sucessivas, dissoluções políticas sem nexo, penso que o melhor seria os médicos não ficarem aderentes ao juramento de Hipócrates dado que este é desvirtuado na sua essência pelas condutas dos profissionais (médicos) de saúde. Uma verdadeira Hipocrisia! O mesmo se aplica aos enfermeiros. Quando as ideologias político-partidárias se sobrepõem ao dever de exercer a profissão em prol dos cuidados a prestar aos seres humanos, não existe qualquer tipo de dignidade no exercício da profissão.
🇵🇹 OPINIÃO
O meu pai era médico. E era um clínico geral fantástico, com uma especialização em tuberculose. Exerceu a sua actividade como clínico geral, depois de regressar de Goa, na Índia, após a invasão, primeiro num consultório na Praça da Figueira, que foi um desastre, e depois na Rua Luís de Camões na zona de Alcântara, que foi um sucesso.
Mas também fazia consultas aos doentes tuberculosos, no Dispensário da Ajuda, no chamado IANT, e umas Urgências Internas nocturnas no Hospital Pulido Valente, quando lá havia internados este tipo de doentes. Mas sempre me disse com imenso orgulho, apesar de na actividade anti-tuberculosa ser pago pelo Estado: “Eduardo, um médico nunca é um funcionário público.”
Com isto, não queria ofender aqueles que o são, queria apenas dizer que a nossa profissão não se balizava pelo cumprimento de horários rígidos, exigia disponibilidade permanente, compaixão e empatia quanto baste, e um enorme conhecimento e respeito pela natureza humana.
É verdadeiramente impressionante as vezes que me repetiu a frase: “Nós, os médicos, não somos funcionários públicos, mesmo quando é o Estado que nos paga em parte ou no total os nossos salários.”
Percebi desde muito cedo o que me queria transmitir, e nunca me considerei, na minha actividade no SNS, um funcionário público. Nunca pertenci a nenhum sindicato, nunca aderi a uma greve do funcionalismo público, tal como nunca fiz greve apenas por reivindicações salariais.
Embora reconheça que a Ordem dos Médicos não tem funções sindicais, a única vez que aderi a uma greve, foi quando os médicos foram acusados de ser adversários dos doentes e isso feriu de morte a nossa dignidade profissional. E, quando a fiz, fi-lo também na minha actividade privada, mantendo, no entanto, os atendimentos urgentes.
Senhor Bastonário, a Ordem dos Médicos tem de actuar. Não seja refém de um radicalismo sindical que, esse sim, pode destruir o SNS.
Respeito o direito à greve, tal como respeito a minoria dos meus colegas que são sindicalizados. Não tenho dúvidas de que os médicos são, desde sempre, muito mal pagos no SNS e que devem lutar por melhores salários, mas sempre achei que, mesmo sem funções sindicais, devia caber à Ordem dos Médicos a liderança de formas reivindicativas junto das tutelas governamentais que garantissem as melhores condições técnicas e deontológicas para o exercício da nossa profissão.
A Ordem dos Médicos não pode convocar greves, mas pode ser um interlocutor eficaz junto das tutelas, conseguindo fazer-se ouvir e respeitar, defendendo a classe médica, obrigando-as (as tutelas) a ter de dar condições para que possamos oferecer aos nossos doentes os melhores tratamentos.
Custa-me aceitar que os sindicatos médicos, tenham banalizado as greves como forma de luta para defender aumentos salariais. Tal como esta repentina escusa às horas extraordinárias me parece uma falta de respeito enorme pelos doentes. E custa-me ver os argumentos dos sindicatos, de que quer as greves, quer esta recusa às horas extraordinárias, são para defesa do nosso SNS.
É, quanto a mim, uma enorme hipocrisia. Estas radicais formas de luta, que prejudicam os doentes, são para defender interesses legítimos dos médicos, mas totalmente desproporcionais. Descredibilizam o SNS, prejudicam populações indefesas – a manterem-se, trarão, a curto prazo, incompreensões insanáveis.
Os médicos têm de defender os seus interesses, que neste momento passam por negociar melhores salários e arranjar um limite justo para o trabalho extraordinário, que nunca pode ser de apenas 150 horas anuais.
Somos poucos, e temos a nossa quota parte de culpa de ser-mos poucos. Os sindicatos parecem mais preocupados em competir entre si, do que tentar contribuir para uma solução.
Mas, por favor, parem com o demagógico argumento de que estão a defender o SNS. Não estão! Estão a aterrorizar grandes sectores populacionais, e não serve o argumento de que, a acontecerem tragédias, a culpa é apenas do Governo.
Recordemos o que dizia o meu querido Pai: mesmo pagos pelo Estado, os médicos não são funcionários públicos como os outros, mas devem ter direito a salários e regimes de trabalho dignos.
Agora, defender que 35 horas semanais e 12 horas de Urgência é, no momento actual, uma revindicação sensata é um absurdo total. Com esse regime de trabalho não servimos com competência quem precisa de nós, nem os mais velhos podem ajudar a formar, na maioria das especialidades, jovens médicos competentes.
A situação actual é insustentável e, independentemente das responsabilidades do Governo, o prestígio da classe médica está em risco. Senhor Bastonário, a Ordem dos Médicos tem de actuar.
Não seja refém de um radicalismo sindical que, esse sim, pode destruir o SNS. E os portugueses não nos perdoarão. Escrevi com o coração ao pé da mão – sou assim, não há volta a dar!
Quase dois anos depois do início da guerra na Ucrânia, começam a surgir as primeiras fracturas no apoio a Kiev. O impasse militar, a guerra no Médio Oriente e a luta política em Washington estão a pressionar os principais aliados a empurrar a Ucrânia para uma negociação de paz.
Este cenário arrisca-se a dar à Rússia “aquilo que ela quer” e tornar a região numa “bomba-relógio” que Vladimir Putin pode detonar a qualquer momento.
“A Rússia de Putin tem sido muito hábil a congelar conflitos. Esta tentativa de fazer a paz a qualquer preço tem dado invariavelmente maus resultados. A Rússia tem a ambição clara de reconstruir o império. Esse cenário torna a Ucrânia uma autêntica bomba-relógio”, alerta o major-general Isidro de Morais Pereira.
O cansaço de guerra é real entre os aliados ucranianos. Apesar das repetidas promessas de apoio “enquanto for necessário” de algumas das maiores figuras políticas ocidentais, a ausência de conquistas territoriais durante a tão aguardada contra-ofensiva está a gerar algum cepticismo quanto à intensificação do apoio a Kiev.
E isso já começou a ter repercussões na esfera diplomática ucraniana. No dia 11 de Outubro, vários diplomatas americanos e europeus começaram a sugerir possíveis cedências que permitam atingir um acordo de paz, durante um encontro do grupo Ramstein.
Zelensky foi rápido a rejeitar a sugestão de que a Ucrânia pode estar a ser pressionada a fazer qualquer cedência, mas não esconde o receio dos efeitos de um mundo habituado a conviver com guerra na Ucrânia. “A exaustão da guerra avança como uma onda.
Vemos isso nos Estados Unidos e na Europa”, admitiu o líder ucraniano com frustração à revista Time. Agora, a situação pode mesmo agravar-se com o impasse militar que se vive no campo de batalha.
“A contra-ofensiva ucraniana correu francamente mal e isso deixa o Ocidente num impasse. É necessário fornecer mais material para permitir à Ucrânia recuperar o seu território.
Se essa reconquista não acontecer, acabará por dar aquilo que a Rússia quer: um cansaço de guerra que leve Kiev para a mesa de negociações”, alerta a especialista em Relações Internacionais Diana Soller.
E em nenhum país esse cansaço é tão notório como nos Estados Unidos. Uma sondagem conduzida pela Reuters, após a segunda visita de Zelensky ao país, mostra que a percentagem de americanos que continua a querer que o governo forneça armas a Kiev baixou para 41%.
Em Junho, no início da contra-ofensiva, essa percentagem era de 65% – Washington enviou 75 mil milhões de dólares de ajuda directa para a Ucrânia, dos quais 46,6 mil milhões são de natureza militar.
No início do próximo ano, a Ucrânia espera receber os aviões de combate norte-americanos F-16, que lhe permitam obter superioridade aérea. Mas estas armas chegam muitos meses depois dos pedidos ucranianos e podem não vir em número suficiente para mudar a situação no terreno.
Se essa reconquista de território não chegar, é possível que o nível de apoio venha a diminuir ainda mais. A situação pode agravar-se ainda com o desvio de apoio militar para Israel, após o ataque terrorista do Hamas a 7 de Outubro.
“Este processo já estava em curso ainda antes de deflagrar o conflito no Médio Oriente. Quando surge o ataque terrorista do Hamas, intensificou-se aquilo que já estava em curso. Percebeu-se claramente que começam a estar fartos deste apoio”, explica o politólogo José Filipe Pinto.
A piorar a situação ucraniana, a recente nomeação de um ultra-conservador para presidente da Câmara dos Representantes pode trazer novas complicações para o esforço de guerra da Ucrânia, com o atraso de mais apoio.
De tal forma que a União Europeia foi rápida a intervir pela voz do seu principal diplomata, Josep Borrell, que explicou que a Europa “não consegue tapar o buraco” criado pela falta de apoio enviado pelos Estados Unidos.
Uma vez que a guerra terá sempre de acabar numa mesa de negociações, este cenário de falta de apoio pode obrigar a Ucrânia a ter de fazer concessões para a Rússia de Putin.
“A visão romanceada da contra-ofensiva chocou com a realidade, a situação no terreno chegou a um impasse e começam a surgir as fracturas a nível interno na Ucrânia.
Do ponto de vista formal, os aliados vão empurrar a Ucrânia para uma solução de compromisso e isso pode tornar Zelensky parte do problema”, afirma o também professor José Filipe Pinto, , que recorda ainda que, dentro de um ano, os EUA vão a eleições e a vitória dos democratas “não é segura”.
Recentemente, o ex-presidente norte-americano Donald Trump surgiu à frente de Joe Biden nas sondagens em alguns dos mais importantes Estados, na corrida presidencial para 2024.
O candidato republicano afirmou que seria capaz de terminar a guerra na Ucrânia “em menos de 24 horas” após a sua reeleição, deixando no ar a ideia de corte do envio de apoio para Kiev. Para Isidro de Morais Pereira, a reeleição de Donald Trump significaria que a Europa ficaria “abandonada”.
Mas um acordo não resultaria na paz, apenas num armistício. Numa primeira instância, as armas seriam silenciadas, mas o preço a pagar seria a legitimação da conquista territorial por via militar da Rússia. Para José Filipe Pinto, esta solução resultaria numa “solução indefinida” semelhante ao que acontece na Coreia.
“Ambos os lados terão de fazer cedências. O plano de paz de Zelensky é, na verdade, um ultimato. O que a Rússia pretende também não é minimamente aceitável. O mundo está cheio de problemas que não têm soluções definitivas”, observa José Filipe Pinto.
Para a Europa, este é possivelmente o pior desfecho. A cedência territorial à Rússia a troco de paz legitimaria a política externa da Rússia de Vladimir Putin, que não esconde as suas pretensões expansionistas.
Desde 2008, com a invasão da Geórgia, o Kremlin tem reacendido vários conflitos na antiga esfera de influência soviética, com a criação de repúblicas semi-independentes que utiliza para voltar a intervir na região.
Foi esse o destino da Ucrânia, em 2014, com a criação das repúblicas independentistas de Lugasnk e Donetsk, utilizadas em 2022 para justificar a invasão da Ucrânia.
A existência de minorias étnicas russas – um dos principais argumentos utilizados pela Rússia para intervir militarmente no Donbass – coloca vários países europeus na mira de uma possível expansão russa no futuro.
“A cedência de território conquistado seria uma grande derrota para o Ocidente. A Rússia sentir-se-ia legitimada para fazer incursões em território soberano de outros Estados, incluindo na Ucrânia, transformando o futuro em incerteza. Seria provável que a Rússia voltasse a atacar”, alerta Diana Soller.
Apesar de registar perdas materiais muito pesadas no campo de batalha, a Rússia tem aumentado significativamente a produção industrial militar, o que lhe permitirá recompor as suas forças armadas a uma velocidade que deve preocupar o Ocidente.
Para o especialista em assuntos militares Isidro de Morais Pereira, neste cenário a Rússia não perderia a oportunidade para “lamber as feridas”, reconstruir as suas capacidades militares e aguardar pelo momento certo para lançar uma nova intervenção.
“A história não se repete, mas muitas vezes rima”,recorda o major-general, que compara mesmo as consequências dessas negociações de paz ao acordo do então primeiro-ministro britânico Neville Chamberlain com o líder nazi, Adolf Hitler, em Munique, quando aceitou que os alemães anexassem a região dos Sudetas, na então Checoslováquia, a troco da paz.
Menos de um ano depois, explodia o mais violento conflito da história da humanidade. “Neste cenário só haveria um vencedor: a Rússia. O Kremlin iria ganhar tempo, lamber as feridas e recuperar a sua capacidade militar e voltar a intervir”, antecipa Isidro de Morais Pereira.
Além disso, a Europa teria de se preparar para uma guerra de infiltração de agentes do Kremlin nas suas instituições. Os especialistas apontam para que todos os olhos estejam postos no GRU, a herdeira do KGB que opera no estrangeiro.
Estas células permitem à Rússia não só obter informações privilegiadas acerca das intenções e dos planos ocidentais, como também permitem subverter e estimular o caos e a discórdia entre as instituições europeias. A conjunção destes desafios arrisca-se a pôr em causa a própria existência da União Europeia e da ordem liberal como a conhecemos.
“Nós temos um problema gravíssimo que não sabemos resolver. Em última análise, está em causa a nossa própria forma de vida. Esta ordem mundial em que há tolerância, direito à diferença, tudo isto pode estar em causa. A pior coisa que podemos fazer é dar por garantido a liberdade e a democracia”, frisa Isidro de Morais Pereira.
MSN Notícias
por João Guerreiro Rodrigues
11.11.2023
Ex-Combatente da Guerra do Ultramar, Web-designer,
Investigator, Astronomer and Digital Content Creator