Declaração surge após uma aluna do secundário ter questionado o social-democrata: “Acha que eleições antecipadas podem dar força a partidos que ameaçam a democracia, como o Chega?”
Foi numa sessão no âmbito da iniciativa “Dia da Democracia – Oeiras, o lugar da liberdade!” que o antigo primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, disse que “o Chega não é um partido antidemocrático”, acrescentando que o partido “tem toda a legitimidade de existir”.
De acordo com a revista ‘Visão’, a afirmação de Passos Coelho foi proferida na sessão que decorreu, esta quarta-feira, na Escola Secundária Luís Freitas Branco, em Paço de Arcos, no concelho de Oeiras.
A declaração surgiu após uma aluna do secundário ter questionado o ex-líder social-democrata: “Acha que eleições antecipadas podem dar força a partidos que ameaçam a democracia, como o Chega?”.
Hoje o Dia da Democracia é na secundária de Paco de Arcos e conta com @passoscoelho. Apesar da resposta longa, política e pouco objetiva para audiência jovem, concordo que estamos perante uma crise política grave e sem sabermos ainda do que concretamente é o PM acusado. pic.twitter.com/m3svFTkVDr
Duarte Costa, líder do partido Volt, interpelou Pedro Passos Coelho, segundo a mesma revista, qualificando as declarações como “muito graves” e alertando que foram ditas “perante uma audiência de jovens do ensino secundário”.
Duarte Costa acrescenta que o antigo primeiro-ministro voltou a reforçar o que tinha dito: o” Chega foi eleito democraticamente” e é “um partido como os outros que estão presentes na Assembleia da República”.
Não pude deixar de lhe perguntar diretamente o que realmente quis dizer com o Chega não ser anti-democrático. Reforçou tudo. (mas impediu uma pessoa ao lado que gravava as respostas de divulgar). pic.twitter.com/73iIx8Um5q
O Presidente da República reuniu o Conselho de Estado e anunciou a dissolução do parlamento e eleições antecipadas o mais rapidamente possível, tendo em conta que o PS necessita de encontrar novo líder.
Razões para a dissolução do Parlamento. Marcelo explica
“Fi-lo por inúmeras razões”, disse o Presidente da República no final da reunião do Conselho de Estado.
Lembrando a “natureza do voto nas eleições de 2022, personalizado no primeiro-ministro”, que deu ao PS e a António Costa uma “esmagadora vitória”, Marcelo Rebelo de Sousa relembrou “assim o disse no dia 30 de Março do ano passado, falando em substituição” associada a “grandes vitórias”.
Para além disso, “a fraqueza da formação de novo Governo, com a mesma maioria mas não legitimado pelo povo, à semelhança do que aconteceu no passado”, “vivendo até lá como um Governo presidencial”, está fora de questão.
Marcelo deu assim a “garantia da estabilidade económica e social”, com a dissolução da Assembleia da República depois da aprovação do Orçamento do Estado, com a votação final global marcada para dia 29 de Novembro, para garantir a “execução do PRR, que não para nem pode parar”.
Para além disto, Marcelo assumiu que quer dar uma “maior clareza e vigoroso rumo” ao país, “devolvendo a palavra ao povo sem dramatizações e sem tumores”, através das eleições marcadas para 10 de Março.
“Tentei encurtar o mais possível o tempo desta decisão”, destacou o Presidente da República, assumindo que “tem a ver com o processo de substituição do partido do Governo” para “escolher os representantes do povo”, concluiu.
A Rede Expressos vai lançar uma nova ligação entre Porto e Madrid – passando por Aveiro, Viseu e Salamanca – desde 8€, numa viagem que durará entre oito a nove horas.
Yusuke Kawasaki / Wikimedia
A Rede Nacional Expressos (RNE) vai passar a ter uma rota Porto – Madrid, com passagens por Aveiro, Viseu e Salamanca.
De acordo com o jornal O Minho, haverá bilhetes a partir de 8€.
A transportadora diz que estas vão ser as viagens mais baratas de sempre entre o Norte de Portugal e a capital espanhola.
A ligação terá a duração de oito a nove horas.
A Rede Expressos tinha reactivado, recentemente, as rotas entre Portugal e Espanha com uma ligação até Sevilha, desde Lisboa.
Em Agosto, também foram anunciados três serviços semanais, até Tolouse (França), com partido do Porto e passagens por Bragança, Valladolid e Bilbao.
No site da transportadora, as ligações internacionais não estão, no entanto, disponíveis.
Segundo O Minho, no ano passado, a RNE transportou mais de nove milhões de passageiros através de 70,8 milhões de quilómetros em estradas nacionais e espanholas, italianas e francesas.
Fundada em 1995, a Rede Nacional Expressos faz ligações entre mais de 300 destinos em Portugal e no estrangeiro – mas, actualmente, vê os preços mais competitivos das companhias low-cost a tomar conta das preferências dos portugueses.
No mês passado, a FlixBus lançou bilhetes a 0,99€, para comemorar o lançamento de novas rotas em Portugal.
Salário mínimo aumenta 60 euros mensais e “corresponde ao maior aumento da retribuição mínima mensal garantida alguma vez verificado, de 7,9%”.
O aumento do salário mínimo nacional dos actuais 760 euros para 820 euros a partir de Janeiro do próximo ano foi esta quinta-feira aprovado pelo Conselho de Ministros.
“O Conselho de Ministros aprovou hoje o decreto-lei que determina o aumento do salário mínimo nacional para os 820 euros a partir de 01 de Janeiro de 2024, em cumprimento dos compromissos assumidos no âmbito do Reforço do Acordo de Médio Prazo de Melhoria dos Rendimentos, dos Salários e da Competitividade”, indica o comunicado divulgado pelo Governo.
“Este aumento representa um acréscimo de 60 euros mensais e corresponde ao maior aumento da retribuição mínima mensal garantida alguma vez verificado, de 7,9%”, realça o executivo.
A actualização do salário mínimo nacional é fixada por decreto do Governo, após ouvidos os parceiros sociais.
O valor de 820 euros para o próximo ano consta do reforço do acordo assinado em Outubro na Concertação Social entre o Governo e os parceiros sociais, à excepção da CGTP e da CIP – Confederação Empresarial de Portugal, que ficaram de fora.
A aprovação do salário mínimo para 2024 acontece em plena crise política, após o primeiro-ministro, António Costa, ter pedido, na terça-feira, a demissão ao Presidente da República.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, reúne esta quinta-feira o Conselho de Estado, estando previsto falar ainda esta quinta-feira ao país.
Governo aprova aumentos salariais da função pública para 2024
O Conselho de Ministros aprovou esta quinta-feira a actualização salarial dos trabalhadores da administração pública para o próximo ano, de um mínimo de cerca de 52 euros ou de 3%, apesar da actual crise política.
“Foi aprovado o decreto-lei que estabelece as medidas de valorização dos trabalhadores que exercem funções públicas, procedendo à alteração da base remuneratória e à actualização do valor das remunerações da administração pública para 2024, no quadro do cumprimento da negociação salarial”, pode ler-se no comunicado do Conselho de Ministros.
Segundo o Governo, “esta alteração da base remuneratória para 821,83 euros e actualização do valor das remunerações da administração pública para 2024 vão, novamente, além do compromisso firmado no Acordo Plurianual de Valorização dos Trabalhadores da Administração Pública, em 2022”.
A proposta negociada com os sindicatos prevê aumentos entre 6,8% na base remuneratória da administração pública até 3% no topo.
De acordo com o comunicado, foi também aprovado o decreto-lei que aprova medidas de valorização dos trabalhadores de um conjunto de carreiras especiais, cujas negociações ocorreram entre o Governo e os respectivos sindicatos.
“O Governo reconhece como necessário que as valorizações remuneratórias efectuadas na carreira geral de técnico superior tenham idêntica tradução, ainda em 2023, neste conjunto de carreiras especiais”, avança o documento.
Mesmo que a proposta de Orçamento de Estado não avance, a subida média de 6,2% das pensões já acontecer logo em Janeiro.
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A população pensionista de Portugal, que conta com cerca de 2,7 milhões de reformados, tem garantida uma actualização significativa nas pensões para o próximo ano.
Mesmo com a demissão do primeiro-ministro e a possibilidade da proposta de Orçamento de Estado ficar na gaveta, foi confirmado que a subida média nas pensões será de 6,2% já em Janeiro, com uma provisão assegurada nos dinheiros públicos para cobrir os aumentos.
O reajuste das pensões, que representa um impacto orçamental de 2,2 mil milhões de euros, resulta da aplicação de uma fórmula baseada na inflação e no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), podendo ocorrer sem necessidade de aprovação governamental directa. No entanto, os fundos para este fim deverão constar no Orçamento do Estado, explica o Correio da Manhã.
Prevê-se que as pensões de até 2 IAS (Indicador dos Aumentos Suplementares), que corresponde a 1020,44 euros, aumentem 6,2%. Para as pensões que se situam entre 2 e 6 IAS (3061,32 euros), espera-se um incremento de 5,8%.
Já para as pensões acima de 6 IAS, o aumento previsto é de 5,2%. A grande maioria das pensões enquadra-se no primeiro escalão, afectando directamente cerca de 2,5 milhões de pensionistas, enquanto os demais escalões abrangem menos beneficiários.
Concretamente, os pensionistas que recebem 500 euros terão um acréscimo de 31 euros mensais a partir de Janeiro. Esta medida insere-se no contexto de uma subida geral de rendimentos, exemplificada também pelo aumento do salário mínimo nacional para 820 euros, uma medida já acordada na Concertação Social e que representa um acréscimo de quase 8%.
Por outro lado, as propostas de aumentos em outros sectores, como no Imposto Único de Circulação (IUC) e a redução nos primeiros escalões do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares (IRS), estão pendentes e só avançarão com a aprovação do Orçamento do Estado para 2024.
Com a demissão do Primeiro-Ministro, o futuro fiscal de Portugal depende agora das decisões do Presidente da República, que pode decidir se o Governo fica em funções tempo suficiente para aprovar a proposta de Orçamento de Estado.
Eu não quero fazer corte de investimentos em obras, se o Brasil tiver um défice de 0,25% ou de 0,5%. Isso é absolutamente nada, dificilmente, portanto, o Governo vai conseguir alcançar a meta de zero no défice orçamental em 2024″, disse Lula da Silva, presidente do Brasil, ao responder à última das perguntas dos jornalistas num seleto pequeno-almoço no Palácio do Planalto, por estes dias.
No nano centésimo seguinte, o hipersensível mercado fez a bolsa cair e o dólar subir. Horas depois, os holofotes das televisões encandearam Fernando Haddad, o ministro das Finanças que havia prometido o tal zero e que, com a declaração do chefe, passou por desautorizado e ultrapassado. A oposição foi para as redes sociais amplificar a crise.
Os políticos do Centrão, a entidade que mantém os governos, uns depois dos outros, reféns do seu apetite e suga tudo o que pode dos cofres do Estado, esfregaram as mãos, certos de que ninguém se beneficiará mais do que eles da implosão da tal meta. Os editoriais dos jornais denunciaram a “típica gastança do Partido dos Trabalhadores”. E o próprio PT, numa saia justa, disse que sim, que não, que talvez.
O problema está, sem dúvida, no emissor.
Lula cometeu a enésima gafe desde que se tornou presidente da República. Enésima não, a quadragésima, segundo contabilidade do site Poder360. Outros veículos de comunicação social falam num número de lapsos mais alto ou mais baixo, consoante o critério contabilístico.
Há quem divida os deslizes por categoria – ofensas a minorias, disparates diplomáticos, trapalhadas económicas, imprecisões históricas, faltas jurídicas. Os mais exatos optam por cálculos do tipo 1,2 gafes semanais, cinco mensais, 0,03 por minuto ou coisa que o valha.
Lula iniciou a carreira política a falar de megafone em cima do capô de carros estacionados em parques de estacionamento ao lado das fábricas metalúrgicas de São Bernardo do Campo. E, hoje, ainda é nos discursos roucos de improviso, aqueles que começam com “companheiros e companheiras”, que obtém os melhores resultados.
Aliás, a maioria das gafes listadas na comunicação social ocorreu quando ele estava, contra a sua natureza, de fato, gravata, óculos sobre o nariz e meia dúzia de papéis escritos por outrem à frente.
Mas o problema está também no recetor.
Se o presidente fala em gastos, o mercado eriça o pelo como um gato molhado, se fala em cortes, os sindicatos agitam bandeiras vermelhas, se toca na palavra “aborto”, os evangélicos benzem-se logo, se se esquece de dizer “companheiras e companheiros”, por esta ordem, as progressistas, a começar pela primeira-dama Janja da Silva, puxam-lhe a orelha imediatamente, se pede paz, o Zelensky ofende-se, se fala em negociações, o Netanyahu repudia. E se fica calado é sinal de que não tem o que dizer, que ficou sem palavras, que está velho, que deve estar doente.
Entretanto, desde a declaração sobre o défice, Lula já foi visto abraçado, com a mão colocada no coração do delfim Haddad, a fazer graças para a imprensa, em alegre reunião com o Centrão, muito longe de parecer preocupado com os lapsos. E os dirigentes do PT, ouvidos nos jornais, também os relativizam.
Afinal, se gafes fizessem perder eleições, o antecessor de Lula nem para vereador do Rio de Janeiro teria sido eleito.
Esta semana, sem saber ainda o que dirá o Presidente da República sobre esta crise política que se abriu, cabe elogiar o homem que nos conduziu pelas tormentas dos últimos oito anos.
António Costa, que no início começou a governar por entre desconfianças dos portugueses e dos europeus, construiu muito rapidamente a herança pela qual ficará para a História: afinal havia uma alternativa! Uma alternativa à política de austeridade da direita europeia e da troika.
A Europa viu, primeiro desconfiada e depois espantada, que tal resultava. E, assim, depois se construiu uma resposta à crise covid com muito menos sofrimento na sociedade. O que teria sido desta Europa se à pandemia se tivesse respondido com a mesma receita da crise financeira, com o cada um por si?
Este é, para mim, o legado maior de António Costa.
Mas será lembrado como primeiro-ministro por muito mais. Pela gestão da crise sanitária em Portugal, protegendo os portugueses o máximo possível da devastação do vírus.
Pelo recuperar da convergência económica e social de Portugal com a Europa. A década de convergência com que sonhou só foi interrompida por esta crise política, mas há-de cumprir-se já na sua ausência.
Há-de ser lembrado como o primeiro-ministro que escolheu como primeira reforma estrutural a redução das desigualdades sociais, e que, mesmo assim, bateu todos os recordes de investimento externo.
O primeiro-ministro que acabou (em definitivo, espera-se) com a ideia do Portugal poucochinho e pobrezinho.
António Costa cai às mãos de uma decisão do sistema de justiça cuja independência decidiu proteger sempre. Uma obsessão que mantém mesmo quando é esta que o leva a deixar o lugar em que prestou o serviço maior a Portugal. Protege a democracia, escolhe o caminho da dignidade.
Portugal perde. Perde um primeiro-ministro corajoso, um timoneiro nas borrascas mais duras, uma governação que oferecia vários anos de estabilidade para enfrentar esta crise de custo de vida que faz sofrer os portugueses.
Esta não é uma situação sem riscos. As instituições democráticas têm de retirar ilações desta situação, pois ela terá sérias consequências para o funcionamento da democracia.
Para que a nossa Democracia se mantenha minimamente saudável, é essencial que este processo-crime a um primeiro-ministro não tenha sido iniciado apenas com base, por exemplo, numa qualquer escuta em que o seu nome foi referido por terceiros.
A Justiça goza correctamente de total independência, essa é uma regra básica do Estado de Direito, mas deve ser possível escrutinar as suas decisões. Todas as instituições democráticas devem zelar pelo bom funcionamento de todos os pilares do regime, a começar por elas próprias.
Eu, por mim, estarei na linha da frente dos que jamais deixarão de lutar para que Portugal tenha uma democracia sólida, europeia e plural.
Gostaria de dizer que tenho a convicção de que este processo será esclarecido rapidamente. Não consigo.
Mas posso garantir que António Costa tem futuro. Deixa um legado demasiado importante para que não o aproveitemos.
E o PS tem futuro. O legado destes oito anos perdurará na memória dos portugueses, será recordado cada vez mais, à medida que este processo for sendo esclarecido.
A seguir ao tempo, tempo virá.
17 valores
Primeiros socorros na Escola
De acordo com a Estratégia Nacional de Protecção Civil Preventiva, todos os jovens no 10.º ano de escolaridade vão ser instruídos para suporte básico de vida. O Município de Mangualde será o primeiro a avançar com esta iniciativa, que mais tarde se deverá estender a todo o país.
A invasão russa da Ucrânia já danificou ou destruiu 3.790 escolas e estabelecimentos de pré-escolar, segundo um relatório hoje divulgado pela Human Rights Watch (HRW), que descreve casos de unidades pilhadas, vandalizadas e ocupadas para fins militares.
O documento “Tanques no Recreio”, de 71 páginas, documenta os danos e a destruição de escolas e estabelecimentos de pré-escolar nas regiões de Kyiv (norte), Kharkiv, Chernihiv (ambas no nordeste) e Mykolaiv (sul), todas palcos de combates desde o início da invasão russa, em Fevereiro de 2022, onde a organização não-governamental entrevistou quase 90 funcionários escolares, representantes de autoridades locais e testemunhas de operações militares.
Os danos registados foram causados por ataques aéreos, bombardeamentos de artilharia, lançamentos de foguetes e, em alguns casos, munições de fragmentação, “causando estragos significativos nos telhados, desabamento de paredes e grandes destroços nas salas de aula”, tendo como resultado a grave interrupção do acesso à educação de milhões de crianças.
Na generalidade, segundo a HRW, os danos e a destruição de escolas ocorreram em consequência da captura pelas forças russas de cidades e vilas nas primeiras semanas da invasão, ocupando escolas.
Em vários casos, dispararam contra as instalações face à posterior reconquista territorial do Exército ucraniano e antes de se retirarem daquelas regiões.
O relatório assinala que, durante a ocupação de estabelecimentos escolares, as forças russas pilharam-nas, saqueando computadores de secretária e portáteis, televisões, quadros interactivos, outros equipamentos escolares e sistemas de aquecimento.
“O que não foi roubado muitas vezes foi partido. Após a retirada, as forças russas deixaram para trás salas de aula incendiadas e saqueadas. Eles também pintaram ‘graffiti‘ nas paredes”, normalmente expressando ódio aos ucranianos, descreve-se no documento.
É aliás referido o exemplo da escola Borodyanka, nos arredores de Kyiv, que foi atingida na troca de fogo entre forças ucranianas e russas, que, ao abandonarem o local, deixaram mensagens contra a Ucrânia e pinturas de bandeiras nazis, em alusão à “desnazificação” do país invocada pelo líder do Kremlin, Vladimir Putin, para justificar a sua “operação militar especial”.
“Foi impossível conter as lágrimas”, afirmou o director da escola, citado pela HRW. “No refeitório, eles [forças russas] fizeram uma banheira [no lava-louças]. Noutra sala havia sangue nas paredes. Partiram todos os computadores, encheram tudo de lixo e simplesmente roubaram os ‘laptops‘”.
Usar as escolas como alojamentos para tropas, armazenar munições ou estacionar ou posicionar veículos militares nas dependências das instalações aumenta a probabilidade de ataques às escolas, lembra a HRW, observando que as forças militares são obrigadas, segundo as leis da guerra, a fazer todos os possíveis para proteger dos efeitos dos ataques as unidades escolares e outras instalações civis sob o seu controlo.
A HRW recorda também que, em relatórios anteriores, já eram mencionados casos de escolas e instalações de pré-escolar, incluindo para crianças com deficiência, usados pelas forças russas como locais de tortura, violação ou outros maus tratos de prisioneiros de guerra ou como centros de detenção de civis.
Também há casos documentados do posicionamento de soldados ucranianos em escolas, ou de postos de comando nas suas proximidades, além da mobilização de um pequeno número de membros das Forças de Defesa Territorial para fornecer segurança a civis abrigados em unidades de ensino, “acções que podem aumentar o risco de ataques”.
“As crianças ucranianas pagaram um preço elevado nesta guerra porque os ataques à educação são ataques ao seu futuro”, disse Hugh Williamson, director da divisão Europa e Ásia Central da Human Rights Watch, citado em comunicado da organização, acrescentando que “a comunidade internacional deveria condenar os danos e a destruição de escolas na Ucrânia e as pilhagens pelas forças russas”.
O relatório indica que, antes da guerra, o Governo ucraniano, ao contrário do russo, tinha adoptado a Declaração sobre Escolas Seguras, um compromisso político internacional que visa proteger a educação dos piores efeitos dos conflitos armados, e, um mês antes da invasão, mil oficiais foram formados para este instrumento, em concreto, para as Directrizes para a Protecção de Escolas e Universidades contra a Utilização Militar durante Conflitos Armados.
Já em Julho do ano passado, as autoridades ucranianas também emitiram uma ordem de alto nível com o objectivo de “não utilizar instalações educativas para alojamento temporário de quartéis-generais e unidades militares”, de acordo com o Ministério da Defesa da Ucrânia, citado pela HRW.
“As Nações Unidas e outros devem pressionar o Governo russo a cessar imediatamente os ataques deliberados, indiscriminados e desproporcionais contra civis e bens civis, incluindo escolas, e instar a Rússia a evitar a utilização de instalações educativas ucranianas para fins militares.
A Rússia deveria cumprir as disposições da Declaração e incluir os seus princípios na formação de pessoal militar”, apela a organização.
– Como é que um Estado pária, terrorista, genocida com um psicopata a geri-lo, acompanhado pelos seus fantoches russonazis amestrados, pode ter noção sobre o cumprimento da Declaração sobre Escolas Seguras ou Direitos Humanitários? Puro nazismo!
Dados do Ministério da Educação de Kyiv revelam que em Janeiro mais de 95% dos estudantes elegíveis estavam matriculados, “um feito significativo durante o tempo de guerra”, elogia a HRW.
Apesar destes esforços, muitos alunos de escolas danificadas ou destruídas “tiveram de continuar os seus estudos noutras escolas, estudando em turnos ou à distância, o que prejudicou a qualidade da educação, advertiu.
“Os ataques das forças russas às infraestruturas energéticas e os consequentes cortes de electricidade e Internet têm frequentemente impedido a aprendizagem à distância”, refere ainda a HRW.
A ONG salienta o “enorme esforço necessário” para ajudar as crianças ucranianas a recuperar a sua educação, após quase dois anos de guerra ininterrupta.
“Devolver as crianças às salas de aula aumenta a urgência para a Ucrânia, com o apoio de parceiros internacionais, restaurar e reconstruir instalações educacionais danificadas, de acordo com os padrões de segurança e acessibilidade”, sustentou a HRW.
“A maioria dos países do mundo, incluindo a União Europeia e os membros da NATO, comprometeram-se a proteger a educação contra ataques e deveriam ajudar a Ucrânia a atingir esse objectivo durante a guerra, este direito crucial deve ser protegido”, declarou Hugh Williamson.
Portugal está empenhado na reconstrução de uma escola secundária em Jitomir, a 150 quilómetros a oeste de Kyiv, que foi destruída num bombardeamento logo nos primeiros dias de guerra, num projecto da Parque Escolar em parceria com as autoridades ucranianas e a Estónia e que previa a formação de professores em Portugal.
🇵🇹 PORTUGAL // ⚖️ DEMISSÃO // 🗣️ PRIMEIRO-MINISTRO
Alguém entendeu – mesmo – os fundamentos do comunicado que originou a demissão de António Costa? O debate prolonga-se.
“No decurso das investigações surgiu, além do mais, o conhecimento da invocação por suspeitos do nome e da autoridade do Primeiro-Ministro e da sua intervenção para desbloquear procedimentos no contexto suprarreferido. Tais referências serão autonomamente analisadas no âmbito de inquérito instaurado no Supremo Tribunal de Justiça, por ser esse o foro competente”.
Não se sabia mas este comunicado da Procuradoria Geral da República acabou por originar a demissão de um Governo.
António Costa sai “surpreendido” por ser alvo de um processo-crime.
Mas ainda ninguém entendeu o que está realmente em causa. Não se sabe porque o primeiro-ministro está a ser investigado.
É um inquérito autónomo no Supremo Tribunal de Justiça, é uma alegada intervenção para “desbloquear procedimentos” relacionados – aparentemente – com a investigação judicial centrada na exploração de lítio em Montalegre, porque foi “invocado” indirectamente.
António Costa não é suspeito, pelo menos para já. Há dúvidas.
Uma crise política inédita em Portugal, com consequências por apurar e com origens por entender.
Miguel Santos Carrapatoso, editor-adjunto de política no Observador, disse que o “regime é o maior perdedor” neste caso porque foi dada “uma machadada enorme no regime“.
E explicou porquê: “Não me sinto muito confortável em viver num país em que a Procuradoria-Geral da República e o Ministério Público condicionam assim um Governo em funções – seja de que cor for”.
Na rádio Observador, Miguel lamentou que se esteja a insinuar o envolvimento do primeiro-ministro sem mostrar indícios, sem mostrar factos, sem concretizar suspeitas.
“Há uma suspeita. Qual é a suspeita? O que se sabe é que foi envolvido por alguém numa conversa sobre um negócio ilícito. E assim se apresenta um processo que acaba por derrubar um primeiro-ministro e um Governo”.
Nessa sequência, fica o aviso: “Daqui para a frente, qualquer primeiro-ministro tem de se demitir, sempre que for suspeito – e para isso basta uma denúncia anónima no Ministério Público. Temos a certeza de que é este o país que queremos? Abriu-se um precedente”.
A nível político, o especialista não tem dúvidas: “António Costa fez a cama onde se deitou. Estava rodeado de activos tóxicos e sabia disso”.
O comentador Daniel Oliveira tinha seguido o mesmo rumo, ao escrever: “O primeiro-ministro demitiu-se por causa de um parágrafo vago sobre uma vaga suspeita que tinha o poder destrutivo de ter sido escrito por quem foi. Sem um esclarecimento total do que está realmente a ser investigado, não é um partido que fica fragilizado, é o sistema democrático”.
“E se António Costa, que nem sequer é arguido, nunca for acusado? Como fica a justiça e a democracia?”, perguntou Daniel Oliveira.
Os anéis de Saturno podem ser observados por qualquer um, desde que tenha em sua posse material astronómico básico. Mas o que provavelmente não sabe é que esta visão tem uma data de validade: 2025.
NASA / JPL-Caltech / SSI
Em 17 meses, os anéis de Saturno vão desaparecer… pelo menos das imagens. Devido à inclinação do planeta na sua órbita em torno do Sol, os seus icónicos anéis ficarão perfeitamente alinhados com a nossa linha de visão, desaparecendo da vista.
Os anéis mais brilhantes e visíveis de Saturno estendem-se entre 70 e 140 mil quilómetros, cobrindo uma área equivalente a 30 Terras. Contudo, apesar de vastos, são extremamente finos, tendo, na sua maioria, menos de 100 metros de espessura.
Segundo o portal Earth, em Agosto, o seu ângulo de inclinação era de cerca de 9 graus. A 23 de Março de 2025, cairá para zero.
A visão de bordo acontece em intervalos de 13,7 a 15,7 anos, e deve-se ao facto de a Terra atravessar o plano dos anéis. Dependendo da configuração, podem ocorrer um ou três cruzamentos em rápida sucessão.
Por exemplo, o cruzamento do plano dos anéis na década de 1990 ocorreu nos dias 22 de maio e 10 de Agosto de 1995, e depois novamente no dia 11 de Fevereiro de 1996. Depois de 2025, o evento seguinte será novamente um triplo: 15 de Outubro de 2038, 1 de Abril e 9 de Julho de 2039.
Ainda assim, a 23 de Março de 2025, a parte de baixo dos anéis e o pólo sul do planeta ainda estarão visíveis.
A mudança de inclinação não é novidade e tem sido objecto de muitas imagens ao longo das últimas décadas. É, de facto, uma boa oportunidade para tentar apanhar as luas do sistema de Saturno e obter uma visão verdadeiramente única do mesmo (pelo menos, durante a próxima década e meia).