🇵🇹 OPINIÃO

É de todos bem conhecida a situação económica difícil em que vive actualmente grande parte da população da União Europeia, inclusive no que toca à alimentação, o que não se verificava há longos anos.

Mas, na verdade, circunstâncias diversas, incluindo a guerra na Ucrânia, que veio afectar tanto o abastecimento de cereais como o de fertilizantes, bem como a seca que se verificou em Portugal na campanha passada, contribuíram para a elevação substancial do preço dos alimentos.

Entre nós, o Governo esforça-se para aliviar o preço do cabaz de bens essenciais (hortaliças, fruta, carne, pão, etc.), tendo decidido, nomeadamente, que estes alimentos beneficiem até Outubro de IVA à taxa zero, prescindindo assim o Estado de cerca de 600 milhões de euros de receita fiscal, a que acresce um apoio de 140 milhões de euros aos produtores agrícolas.

Entretanto, os decisores políticos de Bruxelas colocaram em apreciação pública uma legislação que tem em vista permitir o alojamento dos frangos de carne em condições substancialmente mais espaçosas e criados em crescimento lento.

A eventual aplicação obrigatória destas medidas implicaria a necessidade de triplicar a área ocupada pelos aviários da UE e aumentar consideravelmente o consumo de ração por quilo de peso vivo do frango.

A aplicação da referida legislação, ora em discussão pública, exigiria um esforço financeiro enorme para triplicar os aviários actualmente existentes e, adicionalmente, o custo da alimentação dos frangos subiria de forma muito significativa, para além também do custo da energia necessária para o condicionamento ambiental – tudo concorrendo assim para que o preço de venda do frango mais do que duplicasse.

Note-se que é a carne mais consumida pelos portugueses que, por sinal, gostam mais dos frangos muito tenros, portanto de crescimento rápido, que consomem preferencialmente grelhados.

Não tenho notícia que até ao presente os nossos diferentes partidos políticos se tenham manifestado sobre esta matéria, que poderá vir a constituir um acréscimo muito substancial no custo do nosso cabaz de bens essenciais.

Mas como consumidor de frango, considero que seria muito pertinente que fizessem ouvir a sua voz junto dos decisores políticos de Bruxelas em defesa dos portugueses, que por sinal se distinguem como os principais consumidores de carne de aves per capita da UE.

Pedro Soares

Lagos

D.N.
Pedro Soares
07 Abril 2023 — 18:09

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