🇵🇹 OPINIÃO
O Parlamento Europeu aprovou ontem a sua posição sobre a Lei do Restauro da Natureza, destinada a recuperar os ecossistemas e solos degradados na Europa, essencial na estratégia de combate à crise climática.
Apesar do sucesso, a votação marcou um ponto de inflexão na política europeia, nomeadamente no que diz respeito ao compromisso climático.
É que o Partido Popular Europeu (PPE), casa onde habitualmente se encontrava a direita moderada, está a aproximar-se de tal forma da extrema-direita que começa a ser difícil distinguir as posições de uns e de outros.
Agitando desinformação e argumentos desmentidos pelos cientistas, a direita europeia alinhou-se com os grupos da direita radical e extremista para tentar derrubar esta lei. Felizmente, falharam.
Hoje, não há como alegar desconhecimento, falta de informação ou a necessidade de mais estudos para começar a agir. Não faltam provas sobre a urgência desta causa. Não é só a maior intensidade e frequência de eventos climáticos extremos, como as vagas de calor que começam a ser habituais.
São os dados científicos que o comprovam para lá de qualquer dúvida: o clima está a mudar devido à acção humana. O planeta não espera e, como dizem os jovens nas manifestações, não há planeta B.
É tempo de agir e concretizar as medidas que defendem o futuro do nosso planeta, as mesmas das quais dependem as gerações vindouras. Seria fundamental que tal não fosse alvo de polarização política.
Contudo, em vez de decidir a sua posição com base no conteúdo da lei, a direita já estava determinada a afundá-la.
Os motivos são simples (e tristes). O primeiro é de táctica eleitoral: para evitar que a extrema-direita lhe continue a roubar votos, a direita moderada adopta o programa extremista que julga agradar aos cidadãos. Mesmo que seja injusto, errado ou contra a evidência científica.
O segundo é de puro interesse pessoal. Manfred Weber, presidente do PPE, insiste em desafiar Ursula von der Leyen, apesar de serem da mesma família política.
Tudo remonta a 2019, quando Weber – o mesmo que tinha pedido sanções na força máxima contra Portugal – foi apresentado como candidato do PPE a presidente da Comissão Europeia, mas acabou preterido em favor de Von der Leyen.
Apesar de o presidente do PPE estar disposto a instrumentalizar a causa climática para a sua guerra pessoal, nem todos os eurodeputados do seu grupo cederam. Alguns votaram a favor da lei – entre os quais, lamentavelmente, não se conta ninguém da direita portuguesa.
PSD e CDS deixaram-se enredar nestes jogos de poder e, quando confrontados, tiveram de correr à procura de justificações a posteriori. Os argumentos, preparados em cima do joelho, eram trapalhões e falsos.
Há mais legislação fundamental a caminho, que enfrentará novamente esta aliança da direita com a extrema-direita. Já não são só os valores humanistas e a democracia que estão em causa; agora é o próprio planeta que colocam em risco.
14 valores
Descida da inflação
Nem tudo está resolvido, mas os sinais são positivos: em Portugal, pelo oitavo mês consecutivo, a inflação desceu. Encontra-se agora nos 3,4%, um terço do pico registado em 2022, e abaixo da média europeia. Com o contributo fundamental dos apoios à produção e redução do IVA nos bens essenciais.
Eurodeputado
DN
Pedro Marques
13 Julho 2023 — 00:17
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published in: 2 meses ago