83: Maio, mês do Coração ❤️

 

– Muito importante a análise do cronista, Presidente da Fundação Portuguesa de Cardiologia, mas esta sua afirmação: “… Durante a pandemia da Covid -19, muitos doentes com problemas graves de saúde, em grande parte por medo de contágio devido a uma interpretação errada das ordens para “ficar em casa”, evitaram ou dirigiram-se em fases tardias das suas doenças às unidades de saúde de ambulatório e aos hospitais, o que contribuiu seguramente para o aumento observado da mortalidade global“, é assustadoramente negativista! Claro que as pessoas idosas e com problemas de saúde, tiveram medo de se dirigirem às USF’s ou aos hospitais, com receio de serem infectadas pelo SARS-CoV-2! Não se morria da doença, morria-se da cura ó sr. presidente?

🇵🇹 OPINIÃO

No nosso país as doenças cardiovasculares são responsáveis por cerca de um terço da mortalidade total. Não podemos ignorar que morrem, em média, cerca de 80 pessoas por dia, devido a patologia cardiovascular. Só o enfarte do miocárdio mata, em média, mais de 12 pessoas por dia.

Cerca de 8 em cada 10 óbitos de causa cardiovascular que ocorrem precocemente (antes dos 70 anos) podem ser evitados.

Durante a pandemia da Covid -19, muitos doentes com problemas graves de saúde, em grande parte por medo de contágio devido a uma interpretação errada das ordens para “ficar em casa”, evitaram ou dirigiram-se em fases tardias das suas doenças às unidades de saúde de ambulatório e aos hospitais, o que contribuiu seguramente para o aumento observado da mortalidade global.

É um facto que durante a pandemia, a procura das urgências e das consultas médicas, como foi largamente noticiado, diminuiu de forma acentuadíssima.

Num estudo realizado pela FPC, metade dos doentes cardíacos optaram por não procurar o médico por terem mais medo da pandemia Covid-19 do que da sua própria doença cardiovascular.

Muitas destas mortes podiam ter sido evitadas com a instituição, no momento devido, de cuidados médicos preventivos e especializados.

Este ano, a Fundação dedica o Mês de Maio ao Colesterol, tendo em atenção que cerca de dois terços da população adulta portuguesa têm o colesterol elevado. No entanto, este não causa sintomas.

Quando estes ocorrem, podem manifestar-se, por exemplo, sob a forma de dor no peito devido a angina de peito ou enfarte do miocárdio ou mesmo morte súbita. Estamos, pois, perante uma patologia grave em que é fundamental fazer prevenção.

O colesterol é uma gordura essencial existente no organismo que tem duas origens. Uma parte é produzida pelo próprio organismo, em particular no fígado, e outra parte é obtida através da alimentação, sobretudo pela ingestão de produtos animais, ricos em gordura, como a carne vermelha, os ovos e os produtos lácteos.

O organismo necessita de colesterol para produzir as membranas (paredes) celulares, algumas hormonas, vitamina D e até os ácidos biliares, que ajudam a digerir os alimentos.

No entanto, o organismo só necessita de uma pequena quantidade de colesterol para satisfazer as suas necessidades.

O colesterol das LDL é a fracção do colesterol vulgarmente conhecida como o “mau colesterol”, por ser aquele que, ao depositar-se na parede das artérias, provoca a aterosclerose.

Quanto mais altas forem as LDL no sangue, maior é o risco de doença cardiovascular. Este colesterol das LDL não é meramente um factor de risco, é a principal causa da aterosclerose.

Ao longo da vida, quando em excesso, vai-se depositando nas paredes arteriais, constituindo placas de aterosclerose (acumulações de colesterol) que reduzem ou interrompem o afluxo de sangue aos órgãos e tecidos do organismo.

Quando se formam nas artérias coronárias – que fornecem o sangue ao coração — temos a doença das coronárias.

Se o sangue oxigenado não chegar em quantidade suficiente ao músculo cardíaco pode ocorrer uma dor no peito — a chamada angina. Se a obstrução da artéria coronária for completa pode desencadear-se um enfarte do miocárdio.

Se ocorrem nas artérias carótidas do pescoço estamos perante a doença carotídea que pode provocar acidentes vasculares cerebrais.

Devido à existência de campanhas anti-colesterol que se propagam nos média e na Internet, os clínicos têm muitas vezes dificuldade em manter os doentes a fazer ou iniciar terapêutica, nomeadamente com estatinas, para controlar o colesterol.

O receio causado pelo alarmismo destas campanhas leva alguns doentes a abandonar a terapêutica, com graves consequências para a sua saúde.

Um estudo recentemente efectuado em Portugal, mostrou que mais de 90% dos doentes com risco cardiovascular elevado e muito elevado não tinham o seu colesterol LDL devidamente reduzido para os valores recomendados (inferior a 70 mg/dL para quem tem risco elevado e 55 mg/dL para quem tem o risco muito elevado).

Cerca de 20% dos doentes com muito alto risco não estavam sequer a fazer qualquer medicação para o colesterol!

Este ano, o objectivo da Campanha “maio, mês do Coração” é dar a conhecer o estado actual das doenças cardiovasculares em Portugal e qual a importância que o controlo do colesterol, factor de risco e mesmo causal, tem na prevenção das doenças cardiovasculares.

Uma grande parte do número elevado de óbitos não-Covid, em excesso, que ocorreu nos últimos anos, foi causada por doenças cardiovasculares com elevada letalidade, tais como, o enfarte do miocárdio e o AVC, que, salientamos, são na sua maioria evitáveis através de um estilo de vida saudável e do controlo dos factores de risco.

A Fundação Portuguesa de Cardiologia, em conjunto com a Associação de Apoio aos Doentes com Insuficiência Cardíaca e a Sociedade Portuguesa do Acidente Vascular Cerebral, querem tornar visível o que não se vê nem se sente.

O mau colesterol (LDL), só se vê que está elevado, quando fazemos análises para a sua medição, e o facto de estarmos medicados para o colesterol não significa que este esteja garantidamente normalizado.

Presidente da Fundação Portuguesa de Cardiologia

D.N.
Manuel Carrageta
11 Maio 2023 — 00:19


Web-designer, Investigador
e Criador de Conteúdos Digitais


published in: 4 meses ago

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