– “… Até porque as ajudas sociais em Portugal deixam as pessoas na miséria e na dependência da caridade religiosa.”
Terminado o subsídio de desemprego e o subsídio subsequente, os desempregados de longa duração e com idade de “velhice” (50 anos) ou têm familiares que os acolhem e conseguem a sua sobrevivência ou então passam à condição de sem-abrigo, a viverem na rua, a dormirem num vão-de-escada ou debaixo das arcadas de um qualquer edifício, a pedir esmola e a irem à “sopa do Barroso”! É esta a actual dura realidade deste Portugal onde todos os políticos, sem excepção, se banqueteiam com boas mordomias e sem preocupações de sobrevivência.
🇵🇹 OPINIÃO
Apesar dos milhares de milhões de Euros provenientes do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e dos outros Fundos Europeus que estão a ser investidos / gastos, Portugal tem uma inflação baixa e está a entrar em recessão.
Percebe-se, assim, que não fora esta chuva colossal de dinheiro canalizado para as empresas, investimento que naturalmente induz inflação e crescimento, Portugal estaria em deflação e em recessão profunda.
É o que vai, muito provavelmente, acontecer quando o prazo de utilização do PRR acabar. É preciso que as empresas e as famílias se preparem para o que aí vem.
Com uma bazuca na mão o Governo conseguiu dar um tiro no pé. Em vez de crescimento e recuperação, mais atraso, recessão e recuo. É obra. Um desastre total. O trio Medina/Costa/Costa conseguiram esta inacreditável proeza. Mas claro, a culpa é da conjuntura internacional.
E com as taxas de juro a subir persistem em vender a ilusão de que vão baixar ao virar da esquina, sem perceber que nenhum agente económico racional, também os há irracionais, vai seguir o curso que lhes querem vender.
O que fazer então? As famílias endividadas e já em apertos deverão vender a sua casa ou tentar transformar contratos de taxa variável em taxa fixa. Na verdade já vão um pouco tarde. Demos esse conselho aqui em Setembro de 2022.
Com a recessão o desemprego vai agravar-se e a necessidade de emigrar volta a sentir-se. Se a empresa onde trabalha pode vir a ter que despedir é melhor mudar de emprego já ou emigrar.
Ficar à espera da desgraça é o pior que se pode fazer. Até porque as ajudas sociais em Portugal deixam as pessoas na miséria e na dependência da caridade religiosa.
As empresas, por seu lado, deverão aferir bem o seu mercado e as suas encomendas antes de investir. O correto preço de venda deve ter em conta a inflação principalmente nos países de origem das suas matérias-primas e produtos intermédios.
Com a ilusão da inflação em queda arriscam-se a não conseguir prosseguir o ciclo produtivo e abrir falência. Qualquer investimento deve ser muito bem ponderado. Se o país entrar em deflação, enquanto nos outros países a inflação for alta, qualquer investimento torna-se perigoso.
Este desastre explica-se pela incapacidade do Governo em duas áreas importantes.
A definição de objectivos e o planeamento estratégico com base na prospectiva, desenhando cenários e caminhos de acção para os cenários que se forem materializando.
O Plano de base do PRR foi desenhado por um único Costa sem envolvimento da sociedade. Obviamente não serve o país como está à vista.
E a boa governança e combate à corrupção. O PRR não está ancorado e protegido por uma rede actuante que permita identificar, julgar e condenar o uso fraudulento dos fundos.
Do dinheiro despendido quanto chega à economia real? O que se percebe é que da bazuca nada chega, nem chegará aos bolsos da imensa maioria dos portugueses.
Mais uma oportunidade perdida. Que tristeza.
DN
Jorge Fonseca de Almeida
11 Setembro 2023 — 16:26
Ex-Combatente da Guerra do Ultramar, Web-designer,
Investigator, Astronomer and Digital Content Creator
published in: 2 semanas ago