🇵🇹 OPINIÃO
Embora em Portugal a comunicação social não o tenha evidenciado, a edição 2023 do European Innovation Scoreboard, divulgada há uns dias, mostra que a maioria dos Estados-membros da União Europeia (UE) continua a melhorar o seu desempenho em inovação mas que países com sistemas de inovação mais frágeis, como é o caso de Portugal, ficaram aquém da média da UE.
O European Innovation Scoreboard é uma referência central na análise do desempenho da inovação nos países da UE, facultando quer uma avaliação comparativa do desempenho quer uma avaliação vasta dos pontos fortes e fracos da inovação nacional dos diversos países.
Deste modo, este ranking europeu – que serve de guia para a concepção de políticas que reforcem a inovação em toda a Europa – vai destacando os progressos no desempenho da inovação nos diversos países, na linha do compromisso europeu em fortalecer uma cultura de inovação.
O European Innovation Scoreboard agrupa os Estados-Membros em quatro grupos de desempenho: os líderes em inovação (com um desempenho superior a 125% da média da UE); os inovadores fortes (com desempenho entre 100% e 125% da média da UE); os inovadores moderados (entre 70% e 100 % da média da UE); e os inovadores emergentes (abaixo de 70% da média da UE).
Em comparação com a edição do ano passado, a distribuição dos Estados-membros pelos grupos de desempenho manteve-se estável e o grupo dos líderes em inovação integra a Dinamarca, a Suécia, a Finlândia, a Holanda e a Bélgica.
Já a Áustria, a Alemanha, o Luxemburgo, a Irlanda, o Chipre e a França são considerados países “fortes inovadores”, com desempenho acima da média da UE e, no grupo abaixo, a Estónia, a Eslovénia, a República Checa, a Itália, a Espanha, Malta, Portugal, a Lituânia, a Grécia e agora também a Hungria integram o grupo dos inovadores moderados; por fim, a Croácia, a Eslováquia, a Polónia, a Letónia, a Bulgária e a Roménia incluem-se no grupo dos países “inovadores emergentes”.
Em 2021, pela primeira vez desde 2014, a economia portuguesa caiu neste ranking europeu da 12.ª posição para a 19.ª posição.
Ou seja, em 2021, o nosso país deixou de ser considerado “fortemente inovador” passando a “moderadamente inovador”. Em 2022 manteve-se “inovador moderado”, recuperando duas posições mas, ainda assim, ficando no 17.º lugar.
Ora, num país onde os sectores económicos que mais criam riqueza estão associados a salários baixos e a alguma precariedade, urge responder aos diversos problemas do nosso modelo de desenvolvimento económico, assim como aos diversos desajustamentos do mercado de trabalho.
Designadamente, a elevada precariedade laboral junto nos jovens, tem significativa influência na decisão de sair do país, uma vez que têm um grau de imprevisibilidade no seu futuro que os força a viver em permanente stress financeiro, comprometendo a estabilidade pessoal e familiar.
Assim, importa, particularmente, travar esta vaga de saída massiva de profissionais qualificados do país e reter estes profissionais em sectores onde a inovação esteja focada na transformação da economia por via da incorporação do conhecimento nas empresas, aspecto central para a competitividade do país, uma vez que só uma economia baseada na inovação garantirá essa competitividade.
A prioridade à inovação deve passar pela implementação e dinamização de actividades em áreas estratégicas que visem potenciar a base de conhecimento existente no país e impulsionar iniciativas inovadoras, apoiando projectos de investimento que contribuam para a transformação digital de empresas, bem como projectos de investigação industrial e de inovação organizacional.
Enquanto não houver uma mudança das políticas públicas nesta matéria, a situação só se agravará, prosseguindo a emigração dos nossos profissionais mais qualificados e, assim, comprometendo a capacidade de inovação do país.
Professora universitária e investigadora
DN
Glória Rebelo
21 Julho 2023 — 00:25
Web-designer, Investigator, Astronomer
and Digital Content Creator
published in: 2 meses ago