– Quem são os países “amigos” da Moscóvia nazi? Todos aqueles que professam e seguem a mesma cartilha de ditaduras repressivas, sanguinárias, terroristas, onde a vida das pessoas e os seus bens não contam absolutamente para nada! Prende-se, envenena-se, assassina-se, destrói-se e invade-se países soberanos sem fundamentos de qualquer espécie. Apenas porque o psicopata russonaziturra, gerente do kremlin da Moscóvia, não passa de um demente sanguinário a quem o Ocidente permite todas estas barbaridades e crimes contra a Humanidade. Como é possível um Estado terrorista poder fazer parte da ONU, do Conselho de Segurança e com direito a veto?
🇵🇹 OPINIÃO
Que consequências políticas e económicas poderá ter a Cimeira de São Petersburgo?
Do lado russo há a intenção diplomática de cativar posicionamentos abstencionistas de países africanos sobre a guerra na Ucrânia. Estrategicamente, há o propósito de expandir a presença no Mediterrâneo (já concretizada com a aliança militar com a Síria), através do reforço de relações com o Egipto, a Argélia, a Líbia (Cirenaica) e Marrocos.
O mesmo se pode dizer sobre o Mar Vermelho, com o apoio aos governos sudanês e eritreu.
Do lado africano, a manutenção de relações com a Rússia é importante, mas menos impactante que a existência de boas relações com os EUA e com a União Europeia.
Para dar um exemplo desta postura, na Cimeira EUA-África de Dezembro de 2022, já bem depois da invasão russa da Ucrânia, participaram 49 países e estiveram presentes 35 chefes de Estado africanos, o que compara com o mesmo número de países, mas com metade das representações de alto nível na Cimeira de São Petersburgo.
Acrescentemos agora alguns dados económicos.
Em termos de dimensão e estrutura do PIB, a Rússia pouco tem a oferecer para modernizar as economias africanas. O PIB russo é pequeno, em 2022 terá sido de 2,2 milhões de milhões de dólares (sensivelmente o mesmo da Itália, com 40% da população).
Na verdade, a economia russa depende da exportação de matérias-primas (cereais e hidrocarbonetos), de fertilizantes… e de armamento.
Esta realidade é bem visível nas relações com África.
No domínio do comércio externo, os 14 mil milhões de dólares de importações e exportações com países africanos em 2022, não são equiparáveis aos 295 com a União Europeia, 254 com os EUA ou 65 com a China.
No domínio dos investimentos, a Rússia representa menos de 1% dos investimentos externos em África. Os esforços que tem vindo a fazer para vender centrais nucleares esbarram com custos proibitivos – com a possível excepção do Egipto, onde contratou um investimento de 60 mil milhões de US$.
O mesmo se pode dizer do investimento em hidrocarbonetos, que pouco tem passado do papel.
A reduzida dimensão dos números globais não significa que a composição das exportações russas seja despicienda para alguns países africanos – caso das exportações de trigo, de fertilizantes e de armamento.
Egipto, Argélia, Marrocos e África do Sul concentram hoje mais de 70% do comércio externo africano com a Rússia. Para os países do norte de África, os fertilizantes e o trigo russo (30% das importações deste cereal) são fulcrais.
A Rússia tem vendido cerca de metade do armamento comprado por países africanos, com Argélia, Egipto e Angola a representarem 94% do total. Já a “exportação” de serviços de segurança concentra-se na República Centro Africana, Líbia (região da Cirenaica), Mali e Chade – neste caso em apoio a grupos anti-governamentais.
Após a rebelião de Prigozhin, o futuro do Grupo Wagner é incerto e a guerra da Ucrânia dificulta o envio de unidades especiais do exército russo para solo africano.
Moscovo deverá oferecer trigo – até para lavar as mãos do fim dos acordos de trânsito de cereais ucranianos pelo Mar Negro. Porém, a Rússia não tem o essencial: capacidades económicas para contribuir para a modernização das economias africanas.
Os líderes presentes sabem-no bem, para lá da retórica e dos acordos que firmem. Em suma, os impactos da cimeira serão marginais, sem força para desequilibrar o cenário geopolítico.
Professor da Universidade Autónoma de Lisboa
DN
Fernando Jorge Cardoso
27 Julho 2023 — 00:27
Ex-Combatente da Guerra do Ultramar, Web-designer,
Investigator, Astronomer and Digital Content Creator
published in: 2 meses ago