174: O respeito não se exige, merece-se

 

🇵🇹 OPINIÃO

Todos os ofícios, desde que legais, são dignos de respeito. Os professores, pela nobreza da profissão que exercem, têm um lugar particular nesse contexto.

As sua profissão é hoje, talvez, mais complexa e relevante do que no passado, quando as crianças eram educadas em casa onde os pais lhes ensinavam a respeitar os professores.

Têm os professores múltiplas razões para protestar. Desde logo, o facto de ganharem miseravelmente, como todos os funcionários públicos. Bem como do sistema de colocações, que não confere a estabilidade profissional e pessoal a que têm direito, da precariedade, da ausência de subsídio de renda quando são enviados para longe da sua zona de residência.

É intolerável que existam casos de violência contra os professores. O Estado tem a obrigação garantir a sua segurança, recorrendo aos meios que para tal se revelem necessários. Os alunos que agridem professores e mais ainda as famílias que os apoiam, têm de ser punidos com severidade e de modo exemplar.

Já outras reivindicações dos professores não se me afiguram justas. Há dias ouvi na rádio um professor queixar-se de ter levado 28 anos a chegar ao topo da carreira.

Um tempo menor do que em carreiras como a diplomática, onde chegam ao topo menos de um terço dos profissionais, ou nas Forças Armadas, onde nem 1% lá chega. A ideia de todos chegarem ao topo não tem sentido.

Os professores devem ainda, como todos os outros servidores do Estado, ser sujeitos a um processo de avaliação.

A questão da recuperação total do tempo congelado é um problema comum à função pública, que, resolvido apenas para os professores, seria uma injustiça. Esta reivindicação revela uma ausência de cultura cívica por parte dos professores, que se não me afigura tranquilizadora.

Seria aliás interessante que a comunicação social se desse ao trabalho de dar a conhecer a situação real da carreira de professor, em comparação com as outras da função pública e de países europeus.

Os professores têm todo o direito de lutar pelas suas aspirações, incluindo, naturalmente, as que reputo deslocadas e injustas, recorrendo à greve, que se sabe só tem alguma eficácia se incomodarem.

Não têm é o direito de serem insensíveis e indiferentes ao bem estar e aos interesses dos alunos. A pandemia condenou os alunos a anos sucessivos de instabilidade, irregularidade e incerteza, que terá sido traumatizante. Fala-se no aumento do suicídio juvenil.

E no primeiro ano em que poderia haver um ano lectivo normal, os professores, ostentando, arrogantes e egoístas, o seu total desrespeito e indiferença pelos alunos, desencadeiam uma série de greves selvagens ou sucessivas que constituem uma escandalosa chantagem.

Respeito os professores que dão aulas e, sem deixar de lutar pelas suas reivindicações, põem os interesses dos alunos e o bem comum acima dos seus interesses corporativos.

Indignam-me, e não me merecem qualquer respeito, os que seguem os sindicatos que promovem estas greves, sem a mínima consideração pelo mal que estão a provocar aos alunos, às famílias, à educação, e à Pátria. Palavra que talvez não lhes seja familiar.

Embaixador jubilado

D.N.
Fernando d’Oliveira Neves
13 Junho 2023 — 00:38

 


Web-designer, Investigador
e Criador de Conteúdos Digitais


published in: 3 meses ago

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