🇵🇹 OPINIÃO

O Dia Mundial do Cérebro é celebrado, anualmente, a 22 de Julho, por iniciativa da World Federation of Neurology (WFN).

O objectivo é sensibilizar a sociedade em geral e, também, os decisores políticos, para a importância do investimento na investigação do Cérebro e na adopção de medidas que ajudem ao seu desenvolvimento e protecção.

Em 2022 houve a preocupação de chamar a atenção para as assimetrias existentes na área da saúde, resultantes, sobretudo, das desigualdades económicas e sociais, o que se traduz nas enormes dificuldades de acesso aos cuidados de saúde por parte da larga maioria da população.

Este ano, com a apresentação do tema Brain Health and Disability: Leave No One Behind, pretende-se prosseguir e, mesmo, alargar essa acção, reflectindo a preocupação com a dimensão das doenças do sistema nervoso, a que acresce, agora, o peso das limitações físicas e mentais que estas podem provocar.

Na verdade, estas doenças são, a par com as doenças do coração, a principal causa de morte e incapacidade a nível mundial.

Daí o apelo, recorrente, a que sejam seguidas políticas assistenciais, educacionais, sociais e económicas que permitam minimizar tais assimetrias e assegurar, em particular às pessoas com incapacidade, o acesso às terapêuticas específicas de que necessitam.

Medidas que se tornam cada vez mais urgentes porque, com o aumento da esperança média de vida, aumenta também o número de pessoas com doenças crónicas não transmissíveis ligadas ao envelhecimento, pessoas que apresentam uma maior vulnerabilidade física e mental, com reflexos óbvios nas taxas de incapacidade funcional.

Segundo dados recentes da OMS, o número de pessoas com mais de 60 anos duplicará, mil milhões para dois mil milhões, até ao ano 2050, altura em que representará perto de um quarto da população mundial.

Actualmente, cerca de 2,4 mil milhões de pessoas sofrem de algum tipo de incapacidade a necessitar de reabilitação, número que irá aumentar significativamente com o envelhecimento anteriormente referido.

A reabilitação é um elemento-chave na promoção da saúde, no universo das políticas de saúde em todos os grupos etários, da criança ao idoso. Pretende-se, com a reabilitação, proporcionar às pessoas com limitações a maior independência possível nas actividades da vida diária e a participação nas suas tarefas habituais.

Na presente campanha, a WFN, atenta às necessidades especiais das pessoas com incapacidade, propõe que as medidas a desenvolver sejam dirigidas para cinco áreas essenciais: melhoria da prevenção e tratamento das doenças do sistema nervoso; aumento do conhecimento e da informação sobre estas doenças; promoção da acessibilidade aos cuidados de saúde, nomeadamente à reabilitação; formação, nesta área específica, dos profissionais de saúde e dos cuidadores; defesa do direito universal à saúde do cérebro.

Estas medidas são tão mais importantes quanto sabemos que o investimento nesta área, para além de ir ao encontro das expectativas e dos direitos das pessoas com deficiência ou limitações, tem um retorno altamente positivo a nível económico.

Ao celebrarmos este Dia Mundial do Cérebro queremos manifestar a nossa solidariedade para com as pessoas com limitações e contribuir para a eliminação das barreiras físicas e mentais que possam impedir a sua plena participação e integração na sociedade.

Ao mesmo tempo apelamos à mobilização de todos em torno das grandes questões ligadas ao Cérebro, que possibilitem mais e melhor conhecimento.

Presidente do Conselho Português para o Cérebro
www.cpcerebro.pt

DN
António Freire
22 Julho 2023 — 00:19

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published in: 2 meses ago