258: Saúde Mental – Pais e Filhos

 

🇵🇹 OPINIÃO

A expressão popular “Quem sai aos seus…” — quando aplicada à saúde mental é, muitas vezes, real.

Sabemos que alguns problemas de saúde mental “trazem uma herança genética”, no entanto, o ambiente familiar contribui também, para o surgimento de doença mental.

Os pais e o ambiente familiar onde as crianças crescem, têm um papel muito significativo no desenvolvimento do ser humano.

E no âmbito da saúde psicológica, além das influências genéticas e hereditárias, o ambiente em que vivemos pode apresentar-se como um factor de risco (ou protector) no surgimento de sofrimento psicológico ou doença mental.

Sim, a ansiedade e depressão dos progenitores pode estar relacionada com o aparecimento de ansiedade e depressão nos filhos — as crianças são fortemente influenciadas (além da influência genética e hereditária) pelo ambiente onde crescem, incluindo a dinâmica familiar e as atitudes parentais.

Os pais são modelos comportamentais para os filhos e quando, por exemplo, os progenitores manifestam de forma constante: preocupação, inquietação, tensão, evitamento de situações mais desafiadoras, medo, pensamentos catastróficos, irritabilidade, tristeza, perda de interesse ou prazer pela vida, desesperança, pessimismo, diminuição da energia ou fadiga, dificuldades de concentração, instabilidade emocional, dificuldades na gestão do stress (…), os filhos vão desenvolver-se neste ambiente e interiorizar alguns destes comportamentos.

E se a dinâmica familiar, o comportamento (atitudes) e a saúde mental dos pais, podem ter grande impacto na saúde psicológica das crianças – mostra-se urgente o reforço e a consciencialização desta realidade, para que possamos procurar formas de minimizar o impacto e as possíveis consequências, para conseguirmos promover ambientes familiares mais saudáveis.

E ainda, que seja feita “uma monitorização” da saúde mental de crianças e jovens que crescem “nestes ambientes”.

Reconhecer os efeitos da ansiedade e depressão parental nas crianças por parte dos pais, pode ser o primeiro passo para uma procura de apoio ou intervenção adequada, seja a nível individual ou familiar — os pais devem lidar com a sua saúde mental, procurar ajuda e tratamento.

Desta forma, vão conseguir criar estratégicas mais saudáveis e benéficas para o crescimento e desenvolvimento dos seus filhos. Protegendo-os.

E ao investir na saúde mental e no cuidado parental, estaremos a construir um futuro mais saudável e resiliente para os “nossos miúdos”.

É urgente olhar a saúde mental como um dos pilares fundamentais ao bem-estar “geral”.

Psicóloga especialista em Psicologia Clínica e da Saúde

DN
Ana Carina Valente
16 Julho 2023 — 00:30



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65: Ansiedade e problemas financeiros

 

🇵🇹 OPINIÃO

Sem casa e sem pão, todos ralham e com razão.

Muitas pessoas e muitas famílias, sentem que os recursos económicos que dispõem podem não ser suficientes para responder aos tempos em que vivemos. E tantas outras, já vivem em situações vulneráveis socialmente — sem conseguir “pagar as suas vidas”.

Em 2022, dois milhões de pessoas viviam em situação de pobreza e exclusão social em Portugal — e se no pós Pandemia, algumas situações melhoraram, a inflação e a crise da habitação trazem novos desafios a muitas famílias e a todos nós.

Pode não ser novo, mas importa sempre reflectir, sobre a saúde mental dos portugueses — quando sabemos que os problemas financeiros são um factor de risco para o surgimento de sofrimento psicológico e outras psicopatologias.

Quando sabemos que crises financeiras diminuem os níveis de bem-estar, aumentam os níveis de ansiedade, relacionam-se com o stress e com estados de angústia e tristeza prolongada (…).

Todos nós, em algum momento da nossa vida, podemos vivenciar níveis de stress elevados e ansiedade financeira, por mudança de emprego, perda de rendimentos ou despedimento.

E são situações em que podemos sentir stress e ansiedade, por outro lado, a crise financeira que hoje vivemos, pode ter outro impacto, porque sentimos “que pode ser duradoura e que pode afectar qualquer pessoa”.

Posso até na verdade, não ter um problema financeiro real mas “vivo antecipando esse cenário”, reforçado, naturalmente, por toda a informação que vou recolhendo e vendo.

O que tem vindo a acontecer, de forma cada vez mais frequente, é que existem muitas pessoas que apresentam níveis muito elevados de sofrimento psicológico porque antecipam problemas financeiros — vivem (quase) permanentemente preocupadas, sentem que o seu emprego é precário e o rendimento pode diminuir (tal como na pandemia), os seus contratos de arrendamento vão terminar e não sabem o que se segue, o pagamento do empréstimo aumentou outra vez e sentem medo que o dinheiro não chegue, sentem-se inquietos, com maior irritabilidade, com perturbações do sono, alterações do humor, sensações de pânico, dificuldade em manter a atenção ou concentração, fadiga ou apatia, tristeza prolongada, angústia, aumento ou diminuição do apetite (…).

Podemos começar por criar planos de futuro, ver que recursos temos e o que precisamos para minimizar as consequências desta crise, devemos em muitos casos pedir ajuda, seja na nossa rede de suporte ou ajuda especializada quando estes e outros sintomas influenciam negativamente a minha funcionalidade e o meu bem-estar.

Pode ser urgente, olhar a saúde mental e criar respostas eficazes de apoio às pessoas — Precisamos chegar a quem precisa.

Em estudos que contabilizam a venda de psicofármacos em muitos países, Portugal aparece no grupo de países que mais medicamentos se vendem para tratar Ansiedade e Depressão.

E não nos precisamos comparar no que respeita ao acompanhamento psicológico quando pelo SNS podemos esperar mais de ano e meio para ter uma consulta de Psicologia — sabemos que “há muita estrada para andar” até ultrapassarmos esta fragilidade de respostas no âmbito da Saúde Mental.

Não há saúde sem saúde mental.

Psicóloga, especialista em Psicologia Clínica e da Saúde

D.N.
Ana Carina Valente
05 Maio 2023 — 00:23


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